Chávez disse que Angela Merckel "é descendente política de Hitler". Chávez, com o seu tremendismo passadista e a arte de insultar que bebe nos manuais maoístas ( populares chez nous), dar-se-ia bem em Portugal. Só tinha de aprender a dizer "fascismo" e "Salazar".
Um leitor que sabe que um livro meu está para sair, avisa-me ( em privado): "Você não devia hostilizar o Público". Quis saber porquê: "Dá-lhe cabo da carreira", explicou-me ele. O bom do leitor confundiu-me com a editora. A única carreira que me interessa é a de treinador no Football Manager 2008.
posted by FNV on 10:20 da tarde
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ODI ET AMO (LXXXV):
Podemos falar da traição. Com ou sem casamento, hetero ou gay, cyborg ou simiesca, ela existe sempre. Menos nos leões. O leão assiste o seu pride e nunca é traído enquanto vive ( já não assiste ao saque do invasor); também nunca trai as sua fêmeas, só acasala com as mulheres do grupo. Um arranjo interessante. As leoas são livres da esperança que ainda infecta as mulheres obedientes: podia ser que ele mudasse, esperei que ele ficasse mais carinhoso. Tudo em troca do perdão que assegurou a unidade da célula. Um arranjo não menos interessante. Os poucos homens que perdoam não esperam nada a não ser o segredo e uma imaginação misericordiosa; os leões pagam com a vida.
SE FAZEM ISTO AOS DELES, IMAGINEM O QUE NÃO FARÃO AOS OUTROS:
O jogador do FCP Paulo Assunção está hesitante em renovar contrato. Se não o fizer será um jogador livre no final da próxima época. O Paulo Assunção foi anteontem ameaçado à saída do centro de estágio do FCP ( no Olival) e queixou-se à polícia. O FCP diz que vai apurar os factos. Talvez, mas com calma: primeiro ainda tem de descobrir quem é que cercou e ameaçou Adriaanse, em 2006, também à saída do centro de estágio do FCP, no Olival ( parece que as imagens das câmaras de videovigilância são demasiado nítidas).
posted by FNV on 12:47 da tarde
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60 ANOS DE ISRAEL:
A crítica mais popular é a que aponta ao judaísmo um desejo de expansão, a segunda, menos assumida, reside na escolha do local. Em comum o pretexto: antes eram perigosos apátridas que renunciavam a Cristo, depois passaram a invasores da terra alheia. O resultado teria de ser, inevitavelmente, um conflito interminável. Uma novidade no entanto: se no passado os judeus foram atacados um pouco por todo o lado, com a criação de Israel passaram a habitar um couto de caça. E aí há sangue, muito sangue. No prólogo à edição hebraica de Totem e Tabu, Freud conta que um dia lhe perguntaram : "O que há em ti de judeu se já renunciaste a tantos elementos comuns com o judaísmo ?" Freud respondeu: "Muitas coisas, talvez todo o essencial". É possível, portanto, criticar excessos e fundamentalismos no sentido eisenstadtiano do termo ( auréola superior, missão salvífica, etc), que existem em todas as religiões, mas reconhecer, como Freud, o principal: têm direito a uma terra e têm direito a defendê-la.
É o mesmo jornal moralista, como tu alcunhas e bem, que dá honras de capa a esse paladino da moral e dos bons costumes que é o líder dos Super Dragões. Como é que era? "Há nele qualquer coisa de pop star", não era? É um jornal que tem a moral das alcoviteiras: para as amigas tudo, para outras o Inferno.
Manuela Ferreira Leite na SIC-N: há quanto tempo não se ouvia um político falar assim? Fico satisfeito porque a entrevista confirmou tudo o que tenho escrito: nem todas as eleições são para ganhar a qualquer custo, nem todos os políticos se fazem depois das eleições, nem sempre é preciso tratar o eleitor como um idiota.
O IDT colocou no seu sítio um "dicionário de calão" do drogado (ou do utilizador ocasional de drogas). Quem não usa drogas é apelidado de "careta" ou "cocó" e isso revoltou uma catrafada de associações de pais e quejandas. Desta vez com razão. A eficácia de um documento destes é nula: o calão aprende-se na rua, custa a aprender e é para quem lá anda. Para além disso, a diminuição identitária de quem não usa drogas é jogo baixo. O IDT devia usar o dinheiro para publicar outras coisas. Eu publiquei em 2003 um ensaio sobre uma parte da História do ópio ( parcialmente financiado pela FCT) e já tentei interessar editoras por um pequeno dicionário geral da História das drogas. Ninguém quis. Retomarei esse projecto aqui no Mar Salgado pois estudar e aprender é o que faz falta. O resto é folclore.
Manuela Ferreira Leite aparece como uma "reserva" do partido e esse estatuto tem-lhe custado diversas acusações: que é do passado, que é do sistema, que é mais do mesmo, que o partido não precisa de tutores. Tomemos como bom o argumento da "reserva" sem lhe atribuir uma contação negativa ( julgo que é justo). Temos de saber se o partido precisa de usar a sua reserva e se ela é efectiva. Partamos do pressuposto que que MFL é uma reserva capaz e analisemos se é essencial para a vitória ( a sobrevivência do PSD) utilizar um tal dispositivo. O combate político, como qualquer combate, prevê a utilização de reservas. Se seguirmos Clausewitz ( Da Guerra, Livro Terceiro, Cap. XIII) , uma reserva apenas deve ser utilizada em duas situações: para renovar o combate e/ou para fazer face a acontecimentos imprevistos. A demissão de Menezes ( eu diria a eleição de Menezes...) constituiu um acontecimento imprevisto que, por sua vez, exigiu a renovação do combate. A utilização de uma força de reserva - Manuela Ferreira Leite - é assim amplamente justificada.
Se for Eriksson - e não Scolari como aqui adiantei - também é uma solução apenas razoável. O sueco está em fim de carreira e para decadência com patine já nos basta a camisola. Um presidente com coragem e visão ia a Madrid buscar o Michael Laudrup (que está a estagiar no Getafe).
posted by FNV on 10:58 da tarde
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QUANDO AS VACAS NÃO VÃO AOS BOIS...
O programa de troca de seringas não teve aderentes e os guardas prisionais, que tanto o acarinharam, querem fechá-lo. É evidente que sem privacidade é difícil obter adesão a um programa destes, sobretudo numa cultura prisional que conta com a hostilidade aberta e declarada do pessoal das prisões. E numa cadeia não é conveniente incomodar a membrana da célula que faz a comunicação com o exterior. O obscurantismo nesta matéria é tanto que sinceramente já não me importo se o programa avança ou não. A História das Drogas encarrega-se de nos fazer pagar os erros mais tarde ou mais cedo. Vou continuar a seguir as experiências que fazem por esse mundo fora. Na Suiça, esse buraco subsedenvolvido e cripto-relativista, desde 1995 que se testa a distribuição controlada de heroína a drogados veteranos e resistentes ao tratamento. Por exemplo.
Primeiro era "velha", depois era não transmitia "energia", agora não discute "ideias". Manuela Ferreira Leite é acusada de não "sonhar devolver Portugal aos portugueses", de não querer devolver a prestação de "alguns" serviços ao Estado, de não pretender estimular a confiança dos agentes económicos, de não ser pela regulamentação do queijo da Serra da Parvalheira, de não exigir a deslocalização da Direcção Geral dos Impostos para a Ilha do Pico. Em resumo, MFL é acusada de não ter "ideias". É caso para aplicar a velha máxima: Humani generis mater nutrixque profecto stultitia est.
Foi bonita a do Rui Costa. Tão bonita que me pôs a sonhar com a do Luís Filipe. Já estou a ver a Catedral da Luz cheia como um ovo. De um lado o SLB actual, do outro o All Stars Game dos amigos do Luís Filipe: Bossio, Machairidis, Uribe, Scott Minto, Hadrioui, Pesaresi, Panduru, Samuel, Pepa, Pringle, Tueba. Como suplentes: Dudic, Okunowo, Tote, Rui Nereu, Sérgio Nunes. A treinar este dream team, Artur Jorge coadjuvado pelo sempiterno Prof. Neca. O homenageado entraria ao intervalo para a equipa que estivesse a vencer. Para equilibrar as coisas. De chupeta, como diria o Eça.
posted by FNV on 10:11 da tarde
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PALERMO, PALERMO:
O João Gonçalves interroga-se. E com razão. Partilho com ele e com os leitores uma divertida historieta ( há outra, muito mais interessante, que me foi relatada por um comissário de polícia que na altura era meu aluno, mas essa não posso revelar): Já lá vão muitos anos, resolvi um dia telefonar para a Bancada Central, da TSF, animada pelo Fernando Correia. Meti-me com o FCP e meia hora depois toca o telefone. Um sujeito pergunta se "eu era o Filipe Nunes Vicente que tinha ligado para a Bancada Central". Respondi que sim e o sujeito proferiu então uma vigorosa série de insultos e ameaças. Depois do telefonema passei a participar assiduamente, como é óbvio. O programa era na altura dominado por um punhado de rogues afectos ao FCP. E tão burros eram que enfiaram o barrete dizendo que não podiam ameaçar ninguém, porque "desconheciam o contacto dos participantes": na lista telefónica de Coimbra , pelo menos à época, só havia um Filipe Nunes Vicente. Este episódio apenas tem interesse para o estudo dos reflexos condicionados. Aqueles patetas não demoraram mais do que um minutos a telefonar-me, eu demorei-me dois anos no programa só para os chatear.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.