Quique Flores diz que o jogo de hoje "será semelhante a um Barcelona - Espanhol". E diz muito bem, o sr. Quique Flores. Tal como o Barcelona, recebemos hoje os nosso vizinhos que também têm uma referência nacional no seu nome, o que é próprio das pequenas agremiações ( à imagem do Atlético Clube De Portugal, por exemplo) . São uma turma aguerrida e contam com bastantes adeptos no seu bairro. Não devemos subestimá-los
posted by FNV on 11:45 da manhã
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O DERBY (II):
O verdadeiro hino, muito melhor do que aquela pepineira das papoilas saltitantes e das camisolas berrantes , o "Hino Vermelho", de 1929:
P'rá frente valentes rapazes do Benfica E carregar! E carregar! Jogai com alma, com fé, com genica Para ganhar! Para ganhar!
Vede nossa bandeira, rubro sol Encantador! Encantador! Que em todo o campo de futebol Tem mais esplendor! Tem mais esplendor!
Benfica! O teu nome é sagrado, É cheio de glória Benfica! Que orgulho há neste brado De Vitória! Benfica, és o mais querido e não tens igual, nesta terra tão linda de Portugal!
( letra de Carlos Beato, música da "Benfica Suporters Band" - Carlos Beato, Raul Monteiro e Mário Silva, 1929)
Note-se que é "vermelho" e não "encarnado", note-se que isto foi antes de Salazar se instalar , note-se que isto é belíssimo, belíssimo, belíssimo.
Um leitor desafia-me "a escrever antes, porque é fácil escrever depois". Pressuponho que tal invectiva se prende com as críticas que tenho feito à equipa. Isto é um erro. Tenho criticado a equipa, portanto, tenho dito o que penso antes do jogo de hoje. Espero que ganhemos aos orfãos de Stromp, mas isso não nos traz um lateral direito nem uma dupla de cérebros no meio campo. Como a força dos queixinhas reside precisamente no meio campo ( Rochemback e Moutinho, a Sara Bernhardt do futebol luso), o sobrinho da Tia Lola terá de respeitar a sociedade: jogar directo e pelas faixas. Será o que os deuses ( e o Quim) quiserem.
Leiam isto. Não há volta a dar. Se um gajo ( Clinton) era um tipo impecável e agora já não é, tem de existir um motivo de carácter pessoal. Não bastou embalsamar o Lenine, imprimir o Mao em chávenas de chá ou distribuir milhões de camisetas do pioneiro das tostaderas cubanas. A esquerda revolucionária teve sempre uma missão salvífica ( semelhante ao islamismo radical) , por isso os seus líderes exibiram sempre uma aura profética ( daí as dinastias) . O tempo passou, é certo, mas permanecem tiques. A desqualificação estritamente pessoal do adversário ( de ocasião ) - pressupondo que a andropausa seja um assunto do foro intímo - como no post citado, ou como no caso de Ortega, é o reflexo dessa aposta esotérica.
Ontem foi Garcia Leandro: em cada cem estrangeiros vem um "mau". Paulo Portas, em Aveiro, disse mais: um imigrante criminoso comete um "crime contra Portugal". Quantos maus portugueses há em cada cem portugueses, não sei; contra que país comete um crime um português criminoso, também já não sei. Gosto desta ideia de um país pacato perturbado pelos estrangeiros e pelos imigrantes. No dr. Portas a tese é recorrente ( em 1999, quando o dr. Canas mexeu na Lei da Droga, assegurou que seríamos invadidos por drogados ), no general não sei. Sei pouco sobre esta divisão do mal pelas bandeiras e pelas línguas.
Le taureau mugit Le dindon glouglote Et braille le paon La caille margotte Siffle le serpent
Toi, Sois belle et tais-toi.
(1958)
posted by FNV on 8:59 da tarde
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CIRCUM-EVOLUÇÃO:
O Magalhães afinal não é português? Mentirita inocente. O governo faz propaganda ao distribuí-lo nas escolas? Inevitavelmente: qualquer governo faria exactamente o mesmo. É bom ter computadores nas escolas? Claro. Pode-se sempre pensar, ouvindo os cânticos dos "estudantes" pelas ruas de Coimbra ( há claques de futebol menos boçais), que daqui a uns anos os labregos serão mais silenciosos.
Se Pacheco Pereira fosse à RTP debater a cobertura noticiosa das actividades governamentais alguém tinha um chilique. Ou estudas no privado e vês TV pública, ou estudas na pública e vês TV privada.
posted by FNV on 11:25 da manhã
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CASAIS MONTEIRO, SEMPRE:
Multidão de vontades que se aniquilam e nuncam chegam a perder-se em indivíduos.
Multidão de plantas de pântano que não se elevam acima da água.
Oh, este cansaço de não ter braços senão para estarem presos ao corpo.
Paulo Mota Pinto sugeriu a possibilidade da realização de um referendo sobre o casamento homossexual. Os politólogos e os spins dirão muita coisa: da oportunidade, da agenda (para a ano há vários actos eleitorais e este ano já não dá tempo), dos riscos de uma derrota para o PSD, de um oportunismo qualquer; também falarão de mera jogada táctica. Isso pouco me importa. Prefiro a expressão livre dos cidadãos ao lançamento de búzios, tal como escrevi no post anterior ( I). O assunto é trivial? Não será o mais premente dos temas, mas define uma orientação cultural e uma tradição social; e ainda que o casamento seja hoje pouco mais do que um ritual tauromáquico, existem questões de igualdade a observar bem como definições do papel do estado a considerar. Também é verdade que o referendo permitiria discutir a importância da família tradicional, coisa que não me parece ser um assunto trivial. Longe disso. Não somos mais nem menos do que os californianos e alguns políticos-gelatina e hiper-inteligentes estão a precisar de adquirir solidez e simplicidade.
E não se trata de birrinha. Quando se deu o último massacre escolar americano, um "psicólogo criminal" esteve na SIC-N a dizer que estas coisas eram obviamente o reflexo de uma sociedade americana violenta, neo-liberal (!!!) e adoradora de armas. Muitos disseram o mesmo.
posted by FNV on 4:17 da tarde
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A AGENDA DOS COSTUMES:
Para mim nada de requintes, mas apenas os saberes de que a cidade precisa, ensinava Eurípedes. Também não entendo o argumento da agenda no caso dos casamentos gay. Se é de supor que a maioria dos portugueses tenha outras preocupações nesta altura, também é de supor que os portugueses que são homossexuais tenham, também nesta altura, precisamente essa preocupação. Não cabe aos governantes decidir da escala das preocupações, não dispõem desse instrumento onírico. Cabe-lhes legislar sobre o que é bom para a cidade. Sem requintes de hipocrisia.
A ETA voltou a matar. Gostava que algum jornalista perguntasse ao dr.Louçã se ele ainda entende que a ETA apenas "responde ao terrorismo de estado". Hoje, em 2008, e na vigência do mui amado Zapatero. Gosto de imaginar jornalistas que fazem perguntas difíceis ao dr.Louçã.
Música, gente e converseta: assim foi o espectáculo socialista em Guimarães. O slogan é bom. Já sugeri, aqui no blogue, que o PSD devia aproveitar qualquer coisa em torno do antigo "La force tranquile" de Miterrand. Isto vai ser uma guerra de guerrilha. O PS ocupa o terreno, a propaganda, as estruturas e as posições defensivas. A população, no entanto, vive mal. Claro que a população não trocará o certo pelo incerto a menos que lhe seja demonstrado que é absolutamente necessário corrigir o tiro. O PSD não pode apostar em mudança numa altura de crise. Seria um erro crasso.* Sócrates não falou da crise porque a crise não rende votos. Deve ser o PSD a sublinhar que o terreno está minado. Ou seja, que o PS, para proteger a sua posição dominante, cerca e imobiliza as populações. A guerrilha ganha-se nos pequenos espaços, porta a porta, palavra a palavra. Tenho dúvidas. Não me parece que o PSD esteja, neste momento, disposto a abdicar de sonhos de grandeza; não me parece que o partido queira - ou possa - apostar numa estratégia de longo prazo, embora só assim se ganhe uma guerra de guerrilha.
* Claro que se poderia apostar num slogan do género "Mudar para melhor", fazendo eco da cantiga : "Para melhor está bem , está bem/ para pior já basta assim." O problema são as interpretações...
O FCP ainda só ganhou um jogo oficial em Portugal. Na Champions, contra os turcos, o timinho acabou a ouvir pateada da grossa. Queriam um penaltie claro? Perguntem ao Amair como são as coisas em Vila do Conde. Estes não metem medo a ninguém.
posted by FNV on 10:10 da tarde
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ODI ET AMO ( The Final Cut):
A série vai para o papel. O Francisco José Viegas e o dr. Sousa Homem vieram cá almoçar no princípio do Verão e combinaram tudo. O livrinho, revisto exaustivamente e acrescentado de alguns textos, sai em Novembro sob o título "Amor e Ódio - O diário do leopardo". Um sincero ( tanto quanto um leopardo o pode ser) obrigado aos leitores e um forte abraço à tripulação do Mar Salgado.
posted by FNV on 4:51 da tarde
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UNGARETTI, SEMPRE:
Il mio supplizio è quando non mi credo in armonia.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.