posted by FNV on 7:28 da tarde
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EM 2006: Escrevi isto:
Conta Rafia Zakaria, no mui indiano Frontline, que apenas jornais noruegueses noticiaram a estranha morte de Samira Mounir : caiu na linha de um comboio, nos súburbios de Oslo. Samira há muito tempo que era ameaçada pelos cães-de-fila do costume, não obstante ser cidadã norueguesa há mais de vinte anos e ser membro do City Council de Oslo. O crime de Samira, para a comunidade paquistanesa de Oslo ( e não só) , foi o de ter denunciado as pressões que as jovens norueguesas, quase crianças ainda, de origem muçulmana sofrem no sentido de perpetuar a tradição de obediência e subalternidade à retórica do hijab ( o véu islâmico). No verão de 2005, uma publicação Urdu, com o título Iblis ki Aulad ( Os Filhos de Satã) e editada pela All Pakistan Muslim Association, dispendia os habituais despautérios sobre a moral ocidental ( neste caso norueguesa), declarando que todas as crianças norueguesas eram "ilegítimas" porque concebidas "aqui e ali".
Agora, em Atenas, é o tumulto porque um polícia terá pisado o Corão. Façam as vossas contas. Eu fiz as minhas, incluindo as do silêncio cúmplice com que os chefes protestantes, como os católicos, receberam esta acusação fanática.
posted by FNV on 3:50 da tarde
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DA NATUREZA DE CERTOS FELINOS:
Pacheco Pereira, hoje, no "Público": " Blogues tradicionalmente muito críticos dos procedimentos europeus têm trazido descrições de um modo geral simpáticas, quando não apenas wishy-washy, da instituição. Um numeroso grupo de autores de blogues foi convidado a ir ao Parlamento Europeu a expensa de deputados no fim de mandato (...). Todo este dinheiro atirado para cima de "acções de esclarecimento" nada tem de inocente."
Ele há os que são atracção de circo e ele há os que nem lá metem os pés.
posted by FNV on 12:32 da tarde
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PORTUGAL ROYALE (I):
A favor: o caractér anómico, crente e deprimido. Albergamos uma enorme dose de crença A antiga estrutura rural e católica entrega o fermento da anomia. As revoluções, feitas em nome do povo e para o povo, foram sempre feitas pelos eléctricos das cidades ( talvez com a excepção do tumulto taborita). Assim foi na Rússia, na França, na Inglaterra, na Itália. A estrutura rural e católica, no nosso caso, nos séculos XIX e XX, constitui-se assistente nos processos. A crença religiosa pode ser um factor de mobilização? Pode, se , como vemos no Islão radical, uma elite desencantada ( Bin Laden criava cavalos de corrida, Zahiri é médico) a conduzir. Esta carruagem não existe entre nós. Os cardeais, os bispos e os padres há muito aceitaram a secularização. Resta-lhes mandar nas poucas consciências sobreviventes. A crença messiânica de Bion encontra em Portugal o equivalente sebastiânico. A crença, essa psico-imobilização ( salvo nas condições referidas anteriormente) de gema, está também ligada à anomia. Um bom exemplo é a leitura que António Quadros faz de um Camões - Fazei, Senhor, que nunca os admirados / Alemães, Galos, Ítalos, e Ingleses / Possam dizer que são para mandados, / Mais que para mandar, os Portugueses - precavido contra "um complexo de inferioridade que mais tarde desceria sobre o nosso espírito empobrecido". Quadros maneja um calendário, um "antes" e um "depois". Veremos.
(cont.)
posted by FNV on 11:10 da manhã
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UM BURACO NO AR:
O dr. Marinho, de início, era só sorrisos. Mansinho. Depois, de repente - não foi bem de repente, estas coisas crescem -, descobriu que o telejornal de Moura Guedes afinal é uma porcaria. Vale a pena tentar ver desde o princípio. Aprende-se muito sobre a ira.
Infelizmente só assisti à segunda parte mas, do que vi, fiquei com uma vontade enorme de arranjar a gravação e convidar um grupo de amigos para assistir. Aquilo é para ser visto com umas fresquinhas e uns pititis para roer, numa roda animada e bem-disposta.
Anda um tipo a ler a biografia condensada de Mussolini ( do Renzo De Felice, que escreveu uma em oito volumes) para ver estes meninos idiotas ( Bloco, PCP?) insultar a memória e o sofrimento de milhões de pessoas. Nas imagens da TVI pode ver-se o chefe da banda, de megafone em punho, a mandar chover. E são estes imbecis instrumentalizados que se acham acima da "política de hoje".
posted by FNV on 1:27 da tarde
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CLUBE MUNDIAL RECRUTA ELEMENTO REGIONAL:
Abusa da grosseria, desconhece a ironia e agora usa um dos dois argumentos dos fracos: o da idade ( o outro é o da autoridade). O sitemeter é que não arranca.
Este lip service ( e o que a autora se tem esforçado). Este é bom porque aproveita para fazer o serviçoquando ninguém realmente incomodou o chefe. Super deluxe.
Assisto à parte final. Mário Crespo entrevista José António Barreiros, na SIC-N, sobre o actual ministro da Justiça e Macau. Lembro-me de Orwell* e das viagens de Swift:
I am not in the least provoked at the sight of a lawyer, a pickpocket, a colonel, a fool, a lord, a politician, a whore-master, a physician, an attorney, a traitor, or the like: this is all according to the due course of things: but when I behold a lump of deformity and diseases both in body and mind, smitten with pride, it immediately breaks all the measures of my patience.
* Quem não conhecer que experimente: Imaginary Interview: George Orwell and Jonathan Swift, BBC African Service, 6 de Novembro de 1942, disponível em qualquer boa colecção dos ensaios de Orwell.
Estava a ler isto da Ana Gomes, muito sossegadamente, quando chego às últimas frases: AG conhece, aprecia e tem a melhor das impressões de Lopes de Mota. Não admira que o caso dos voos da CIA tenha ficado em águas de bacalhau. Talvez tenham estado envolvidos indivíduos que Ana Gomes conhece, aprecia e dos quais tem a melhor das impressões.
Agora gravam-se aulas sem o consentimento dos professores. Muitos do que assistiram com satisfação à denúncia talvez não achassem tanta graça se fossem apanhados - gravados - a gabar-se do que fariam à mulher do chefe ou à filha da colega. A liberdade tem muitos preços. Teria sido mais difícil incomodar a professora recorrendo a meios legais e honrados? Talvez, mas será certamente isso que desejamos para nós, não é?
Leitores/bloggers amigos (blogosfericamente falando) fazem duas provocações ( ver número anterior): Mais preservativos significariam mais grávidas? Serei eu, nesta história, o equivalente ao guarda prisional que não quer troca de seringas? São justas provocações, porque eu não tenho feito outra coisa. Vamos por partes. O sexo, o bom sexo, é descontrolo. Seja o romântico de ocasião, ou o higiénico de sábado à noite, é sempre alívio da excitação ( nisto sou freudiano). Quando há controlo, ele só pode vir do medo ou do interdito ( que pode envolver medo ou um imperativo categórico). É chato mas é verdade. Pensar que um meio mecânico resolve o problema é do domínio do xamanismo. Os números da infecção por HIV estão aí para o provar. Vamos às seringas. Um drogado numa cadeia tenderá a utilizar uma seringa esterilizada exactamente porque tem medo de acrescentar à sua longa lista de sarilhos uma preocupação adicional. Pode funcionar. Dir-me-ão que um casal de miúdos também pode beneficiar dessa excelente motivação e usar a camisinha. Erro. O prazer que resulta do alívio da excitação não é a mesma coisa do que a adição aos opiáceos. Salvo na poesia.
posted by FNV on 11:03 da tarde
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E AGORA CONSIDERAÇÕES POLÍTICAS, TAMBÉM?!?
Leio na imprensa que Cândida Almeida defende a manutenção de Lopes da Mota na Eurojust, atenta a importância do cargo que ele ocupa. Há quem não possa ver um microfone passar à frente...
posted by VLX on 2:55 da tarde
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FOMINHA DE APOIANTES:
Notícia para os palermas que se babaram com o falhanço do programa de troca de seringas nas cadeias (falhanço só possível pela chantagem e intimidação exercidas pelo staff prisonal). O que é grave é trocar seringas.
Lembram-se do sujeito que foi espancado na "Marcha do Benfica", coisa que na altura aqui referi? Este aprendiz do siciliano tem de voltar depressa para o negócio dos pneus. Uma única vantagem desta notícia: o assessor Gabriel está calado.
posted by FNV on 12:57 da tarde
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DA EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS (II):
Se o sucesso da distribuição de preservativos nas escolas tiver o mesmo sucesso na prevenção da gravidez precoce que teve na prevenção da infecção por HIV (em Portugal), então podemos esperar um belíssimo aumento da natalidade ( ou de abortos).
posted by FNV on 11:15 da manhã
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DROGAS, PROIBIÇÃO E CRISE(IX):
Variando um bocadinho. Enquanto nos gabinetes se caminhava para o controlo total ( o Opium Protocol de 1953 já estava à porta), como estávamos de costumes? Haxixe. Deixemos a lenda do parisiense clube de Gautier em paz. Os franceses relacionavam-se com o haxixe através da literatura. Baudelaire, claro, e até Flaubert, que, antes de morrer, em 1880,deixou notas para um romance - La Spirale - que narrava a história de um homem que entra em perdição por causa da canabis. O jogo desenrolou-se, uma vez mais, na América. Até à Grande Depressão, a marijuana tinha vivido em sossego. O Pure Food and Drug Act de 1908 limitou-se a exigir que a presença de canabis fosse bem assinalada no rótulo de qualquer preparação vendida ao público.Nos anos 30 a coisa entornou. Enquanto foram necessários, os imigrantes mexicanos foram bem recebidos nos estados sulistas. Depois, um pouco como nos primeiros tempos da Temperança ( segunda metade do séculoXIX), as questões étnica, religiosa e económica, meteram-se ao barulho. Também apareceram movimentos de moralistas fanáticos. Já não os WASP (do norte), mas os tradicionalistas do Sul: a Allied Patriotic Societies , a American Coalition e a Key Men of America pretendiam manter a "América para os americanos". Os imigrantes mexicanos foram descritos como perigosos viciados em marijuana. Não adiantou muito o contributo de Walter Bromberg, que explicou à American Psychiatric Association que os efeitos da cannabis eram semelhantes aos do álcool. O pretexto - a convulsão social, os estrangeiros, a ordem económica - era claro, o objectivo também: o Marijuana Tax Act, de 1937, estava a caminho.
Bibliografia: Earleywine (2005), Musto (1999), etc.
Entrego mercearias, não alimento correntes, sou um empregado razoável. Côté vida-blogue arrumado. Exceptuando as séries sobre a História das drogas, e as publicações de excertos de poemas, não mantenho amores blogosféricos. Dito isto, confio em pessoal extremamente qualificado ( Pedro Picoito, todo o Blasfémias, Pacheco Pereira, João Gonçalves, Eduardo Pitta, Pedro Vieira, Luís Januário,Vasco Lobo Xavier) para deslindar esta coisada toda.
posted by FNV on 9:42 da tarde
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NO TEMPO EM QUE OS GAYS NEM SONHAVAM COM MANIFS:
"Juro preservar e desenvolver as nobres tradições da medicina do meu país, guiar-me em todas as minhas acções pelos princípios da moral comunista, recordar-me sempre da alta vocação do médico soviético bem como da minha responsabilidade perante o povo e o Estado Soviético."
( Decreto de 1971 da Presidência do Soviete Supremo da URSS sobre o juramento do médico, in "La santé publique et l'assistance médico-sanitaire primaire en URSS", I. Lidov, A Stochik, G. Tserkovny, 1978, Ed. Mir, Moscou; trad. do russo M. Sokolova, trad. do francês por mim)
posted by FNV on 9:12 da tarde
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MARIA ÂNGELA ALVIM, SEMPRE:
Sentir que estás morrendo, ver teu luto, e repisar terreno devoluto onde o passo gratuito pronto ignora outro passo vizinho dado agora.
( Superfície, 1950)
posted by FNV on 9:09 da tarde
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A "IMPORTÂNCIA DE UM PATRONO":
Renato ameaça Bruno porque sabe que Juciara o apoia. Carlão desapareceu e em Tapibara ninguém sabe dele. Pedrosa assiste a tudo e leva um chá de urubu a Mocinha.
Há vinte cinco anos nem se atreveriam a sair à rua. Na ex-URSS, a terra de inspiração da esquerda tolerante, fraterna e anti-burguesa. E da igualdade, não era?
posted by FNV on 1:47 da manhã
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GENTE COM UMA "VIDA FORA DA POLÍTICA":
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.