Mário Soares: "Ó pá! Beijo de homem, isso é que não!". A vantagem de ter sido Soares ( e não Rui Rio, por exemplo) o autor é enorme. Evitou camionetas de estupidez raivosa.
posted by FNV on 9:35 da tarde
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POLÍTICAS DE DROGA, POLÍTICAS DE CIDADE (I):
Duas campanhas eleitorais - legislativas e autárquicas - e nem uma palavra sobre políticas de droga. Facto tão mais interessante quando sabemos que Portugal é hoje um vibrante entreposto de cocaína e que a criminalidade violenta das cidades é, sobretudo, devedora do narcotráfico. No relatório anual ( 2008) da PJ lemos:
"(...) 43,6% das rotas internacionais identificadas tinham como destino final Portugal (24 em 55), mantendo-se a tendência de que – em matéria de tráfico internacional – o território nacional é maioritariamente utilizado como ponto de trânsito para outros destinos finais: Espanha (12), Holanda (4), Reino Unido (4) Itália (2), França (2), Áustria (1), Alemanha (1), Bélgica (1), Hungria (1), Senegal (1), Guiné-Bissau (1), e África do Sul (1)".
No mesmo relatório podemos consultar a distribuição geográfica das maiores apreensões: urbanas (Porto e Lisboa) e Algarve. Exceptuando o caso do Algarve, que aparece por razões óbvias ( e a que já aqui aludimos), as grandes aéras metropolitanas concentram também, como foi sempre, as maiores taxas de criminalidade violenta. O tráfico veio acrescentar à realidade habitual um fardo pesadíssimo que os nossos políticos parecem ignorar. Por enquanto.
posted by FNV on 11:08 da manhã
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MAIS RECORDAÇÕES:
Tanta letra para no fim de contas se fazer desentendido. Como o Valupi percebeu perfeitamente o meu ponto - um desabafo privado é agora transformado numa ofensa pública - um tipo fica a pensar no que terá motivado a carga do cavaleiro Val. O que será feito do Fernando Venâncio? Bons tempos esses do Aspirina B.
As fraudes do RSI custaram ao Estado cerca de 16,7 milhões de euros. A cidade suporta bem isso, sobretudo se tal significar menos tumulto na fábrica social. Por outro lado, o Estado gastou 500 milhões no BPP. Montesquieu dizia que os erros dos bons governos nunca duram muito tempo e até podem ser úteis pelo espírito de atenção que à nação conferem. Se é o agathou que nos sensibiliza, os grandes erros são mais difíceis de corrigir ; se é a mercearia que nos move, é só fazer as contas.
A meio do texto: "um funcionário público levou um processo disciplinar por chamar nomes a um governante". F. Câncio fala do caso Charrua. Era capaz de jurar que o dr. Charrua não assinou isso em nenhum artigo, nenhum blogue, nenhum graffiti de WC; era capaz de jurar que o dr. Charrua não disse isso em nenhuma entrevista a jornais, a rádios ou a TV's; era capaz de jurar que o dr. Charrua se referiu ao tal governante no intervalo para o café, ou em conversa de sala de professores. Como muitos outros* funcionários públicos. Ainda bem que alguém me ajuda a recuperar a memória.
* os comentários ao post também refrescam a memória.
Domani all'alba l'ultima pisciata di giallo sul lampionaio impettito, l'ultima smorfia sotto gli scapellotti del sole vilissimo illuminatore di cose, contro te, lampione scultore, creatore di mondi originali di forme.
(Fiamma a gas, 1914)
posted by FNV on 11:36 da tarde
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CARA E COROA:
Dois debates ( RTP-N e RTP1), duas candidatas do PS: Ana Gomes e Elisa Ferreira. Assinale-se que nos podem deixar impressões diferentes. Muito. Elisa Ferreira copia o estilo em vigor no PS-Poder: em cinco minutos fala de 35 problemas e tem soluções para todos eles; Ana Gomes discute um assunto de cada vez e, pelo menos nos debates ( e já vi outro, se não me engano, na TVI), mostra-se muito mais respeitadora das regras de uma discussão limpa. Depois há o metálico detalhe. Ana Gomes é genuína, para o bem e para o mal, enquanto Elisa Ferreira ficou colada, por culpa própria, à ideia de frete.
Fátima Felgueiras, na TSF, diz que a oposição é desordeira, só se dedica à maledicência e não tem projectos; Augusto Santos Silva responde: populismo e demagogia. Nas legislativas, Santos Silva esteve do outro lado.
Em Portugal, os casamentos religiosos desceram 60% nos últimos dez anos ( os civis também desceram bastante) , mas as inscrições de meninos em colégios religiosos dispararam ( não percebi quanto). Um jornalista-padre explicou-me que as pessoas não se querem comprometer, mas não me explicou por que motivo essas pessoas confiam cada vez mais nos colégios religiosos. A explicação até é simples. Hoje queremos das coisas o lado agradável. Apenas e só o lado agradável. É por isso que hoje somos tão felizes, as neuras depressivas são coisa do passado - repressivo e hipócrita - e os psis, desempregados, distribuem as suas mezinhas pelas pombas dos jardins.
Um candidato independente ( Pina Prata) promete um aeroporto para Coimbra. Boa ideia. Imagino as moles de arquiburros e vesanos, de chinela de enfiar e ar de Rilhafoles, arribando em levas sucessivas. Vêm ver a Alta em decomposição acelerada e a torre da universidade mais importante do sul da Beira Litoral. Quanto às departures, salvo um ou outro investigador que por cá ficou preso, serão servidoras de industriais do tremoço, de prebostes municipais com pressa de ir a Lisboa pedir uma caneta emprestada e de clínicos gerais a caminho de mais uma acção de formação em Ibiza. O progresso é imparável.
Bom e conciso texto, embora o Valupi não fique nada atrás: no outro dia o Louçã era "um monte de merda" ( sim, sim, eu sei, o Val não é Presidente do Governo Regional...).
Em 2007: tanta gente que ficaria pobre se dependesse só do seu trabalho. Em 2009: tantos TGV's. Não é preciso saber de economia para compreender que nos têm impigido uma ficção. O Presidente da República, fez ontem um ano, avisou que quando a realidade se impõe como uma evidência, não há forma de a contornar. Os modernos cosmopolitas prometeram-vos TGV's, confiança no futuro, esperança, auto-estradas paralelas, vanguardas tecnológicas. A linguagem fez o seu caminho e vocês fizeram o vosso. O que é triste é que quando vocês acordarem todos com uma pérola no cu (como previa JSB), os amigos destes cúmplices da bilharziose estarão refastelados a grunhir a descoberta da última moda gastronómica parola ou a "twitar" alcoviteirices. Vocês que se amanhem.
Depois das chinelas, a praia. Este mês, na Ler. No próximo número apresentar-vos-ei o barão de Munchhausen e o barão de Munchausen. Lá mais para a frente, se os deuses o permitirem, um dos mais antigos ( ainda ando em pesquisa para saber se é o mais antigo) livros de caça afrikana. E é português.
O presidente do Sporting disse que o Fundo de Investimento de Jogadores criado pelo Benfica é uma fraude. Disse-o claramente e muito bem: juniores avaliados em cinco milhões é fraude pura. Pois bem, o sr. Vieira, adoptando a moda vigente em alguns lupanares, fingiu-se desentendido e acusou o seu homólogo de declarações insinuosas. Eu já assisti a desfiles desta moda.
Coisa que me interessa de sobremaneira. É , no entanto, por vezes , um preconceito, mas por outra razão: muita gente atormentada, que parece melancólica e triste, é gente igualmente devota do consumismo microcéfalo e da vida satisfeita. Só que é gente que é triste dentro do barco, que recusa o mar ( a coisa mais melancólica que os deuses inventaram) e rebusca o mini-bar suspirando por mais amendoins salgados fritos em mel.
posted by FNV on 10:29 da manhã
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PROPAGANDA & REALIDADE:
posted by FNV on 9:49 da manhã
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STASIS BENFIQUISTA:
1) De entre as melhores equipas do mundo ( três ou quatro) devemos ser a única que não tem laterais. Isto não seria um problema caso os adversários não tivessem o escorregadiço hábito de atacar pelas tais laterais.
2) Estamos especializados em lances de bola parada. Faz todo o sentido. Temos o Cardozo, o melhor avançado do mundo a jogar parado ( às vezes excita-se e trota).
3) O algodão não engana. A forma soberba ( literalmente) como a equipa entrou no jogo.
4) Recordo e recordo: se esta época corre mal, a opção do tudo ou nada financeiro sportinguiza-nos durante mil anos.
1) Em Olhão, o presidente do Fóculporto foi recebido no salão nobre da Câmara Municipal. Bonito e acertado.
2) O treinador do Olhanense disse que a sua equipa "tinha estranhamente acusado a pressão". E tem ele tantos jogadores emprestados pelo Fóculporto, um clube habituado a lidar com a pressão. Estranho, de facto.
3) Rabiola, jogador do Olhanense emprestado pelo Fóculporto, queixou-se de um penalti não assinalado contra o FCP. Futuro incerto para o rapaz ( bem me lembro do raspanete que levou o Hilário, na época 98/99, na altura emprestado ao Amadora ,quando festejou uma vitória sobre o FCP).
4) Adeptos do Fóculporto espancaram e assaltaram comerciantes de Olhão. As autoridades apenas identificaram oito pessoas. Não dava jeito nenhum estragar a cerimónia do salão nobre e sempre ficamos com mais cromos para o albúm. Das identificações.
Em 1986, Kühnen * publicou o manifesto Nacional-socialismo e Homossexualidade, onde explicava que os homossexuais eram mais aptos a assumir funções de chefia já que não tinham família, podendo assim dedicar-se completamente à sua causa. Hoje, no DN, escreve-se isto. Reparem: os homossexuais, em geral ( assim mesmo: " eles" são), não são ansiosos e neuróticos. Se lerem o resto percebem onde vai dar o caminho de pedrinhas. Kuhnen não é uma excepção. Nazis, fascistas, soviéticos e fanáticos muçulmanos achavam - e alguns ainda acham - que as características psicológicas e morais dependem, em regra, da orientação sexual do indivíduo. É tenebroso que depois de tanta luta para contrariar esta ideia, tenhamos de ler coisas como as que o DN hoje publica.
Recta final. É uma "eleição de pessoas", dizia-me no outro dia um candidato serrano. Deve ser por isso que as cidades estão transformadas em estúdios pimbas. "Pessoas" , fronhas, caretas, por todo o lado. Se vivesse em Sintra votaria em Ana Gomes: apesar do desgraçado estilo nacional, seria muito melhor presidente do que o enriçado Seara ( uma tromperie que sobrevive à custa de vários factores que me são penosos de desfiar). Aqui está a prova que não é uma eleição de pessoas. Isso é o que querem que pensemos.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.