posted by FNV on 2:41 da tarde
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AS BOAS INTENÇÕES:
Pacheco Pereira resume, hoje, no Público, o impacto de MFL na representação político-partidária do último ano. Concordo com tudo, pois também o fui aqui escrevendo desde que MFL se candidatou à presidência do partido. O penúltimo parágrafo é certíssimo, mas fica-se a pensar nas responsabilidades de pessoas como JPP: o que têm feito para anular a progressão de gente que não seria absolutamente nada sem o circuto da carne assada?
O Nuno Mota Pinto que se encarregue de adicionar à barra do lado, sff.
posted by FNV on 1:02 da manhã
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O FIM DA FAMÍLIA - ou a função e o desastre (IV):
A família tradicional é o melhor lugar ( no sentido de Marc Augé) para educar crianças. Corresponde a um mandato natural ( um casal heterossexual), assenta num princípio de colaboração, diversa e recíproca, e inclui mecanismos de solidariedade mecânica ( aperfeiçoados relativamente ao conceito original de Durkheim). Pode assumir outras formas? Claro que pode. Quando duas mulheres decidem casar, vão a um banco de esperma buscar espermatozóides, uma delas engravida e decidem criar um filho de pai incógnito, ninguém pode dizer que não farão uma boa faena. O mesmo se aplica ( en passant os ajustamentos óbvios) a um casal de homens. O problema não são os casos particulares. O problema nem é a engenharia. O problema é a violência da representação. A reivindicação LGBT do direito a constituir família interpreta correctamente a decadência da estrutura. Esta decadência começou na própria família tradicional quando incorporou a aspiração ao prazer, à felicidade e à liberdade individual. Criar filhos, e não caniches, e viver muitos anos com outra pessoa não é uma partitura compatível com a cultura sobre-capitalista e hiper-consumista dos nosso dias. É uma massa feita de tédio, trabalhos e dias, resistência, abdicação. Também é certo que ninguém é obrigado a tal, mas isso fica para outro post.
Li hoje um documento que, se for verdadeiro, não prova outra coisa senão o baixíssimo nível do chefe da banda lá em Lisboa: não consegue sair da lógica genital para qualificar adversários.
Debate na AR. Sócrates gere Louçã como Jardel geria o Jorge Soares e Kostadinov geria o Hélder. Assim que falou a Louçã da fraqueza pequeno-burguesa dos revolucionários que fazem PPR's no quentinho da casita enquanto os verberam em público, Louçã amofinou-se. Foi para o balneário. E foi sorte. Mais um pedaço e lá voltávamos a outro crudelíssimo hábito dos revolucionários: não têm empregadas domésticas, têm senhoras que vêm ajudar.
Eu sabia que o que tinha não era a norma. Pelos vistos, em Inglaterra havia muitas mulheres fora da norma, quase se podendo calcular que eram elas a norma. Normalíssima, esta obsessão pela norma. Lerpa a vagina como lerpa o cigarro, o touro, o sal no pão, o nariz adunco, a virgem, o tigre do circo. A dificuldade ocidental em lidar com os desvios - assassinos, artistas, fanáticos, ciganos, modestos, ascetas - deve muito a esta efabulação normativa que vamos desenhando.
Pois certamente que os referidos e-mails foram obtidos de forma ilegal, pois certamente que era suposto permanecerem privados, pois certamente que a intenção foi obter ganhos políticos. Muito bem.
posted by FNV on 12:55 da tarde
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NA CADEIRA (V):
Por vezes - foi sempre assim- sentimo-nos entre dois mundos. O antigo, familiar, mas ao qual reconhecemos defeitos e imperfeições, e o novo, remexido e alegre, mas que nos inspira cuidados e o mesmo receio de uma dor indeterminada no pulmão. Acontece que por vezes existem coisas que pensamos serem do mundo antigo e afinal são do mundo novo: um jornal trazia hoje, com orgulho, a notícia que cada vez mais mulheres portuguesas vão engravidar a Espanha de pai incógnito. Poder-se-ia julgar que era do mundo antigo não se conseguir fazer uma família na nossa terra: falta de trabalho, solo árido, bandos de saqueadores. Afinal é do novo.
Em vez de dizermos "Aprende na juventude, guarda na velhice", propomos: "Memória para os jovens, recordação para os velhos". As lunetas do velhote foram feitas para ver ao perto; quando a criança usa óculos é para ver ao longe, pois falta-lhe a força da recordação, cujo papel é interpor distância entre nós e as coisas, colocá-las à distância.
(In Vino Veritas, 1845)
posted by FNV on 10:13 da tarde
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ORDEM NA MINHA:
Marinho Pinto faz um ataque desabrido às magistraturas com o qual não concordo mas o homem não me representa a mim, só a ele. Contudo, não consigo ficar calado quando apregoa que as magistraturas têm uma agenda política.
Não é só por não acreditar que magistrados judiciais e do MP se unam estranhamente numa combinação maquiavélica contra políticos deste ou daquele quadrante: entendo é que se Marinho Pinto não tem provas cabais sobre a existência dessas cabalas que divulga aos quatro ventos não pode estar a denegrir a Justiça dessa forma.
É que as pessoas devem acreditar na Justiça. E os advogados também. Se o próprio Bastonário dos Advogados vem com este tipo de coisas, as pessoas deixam de confiar na Justiça. E nos advogados.
posted by VLX on 2:02 da manhã
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SLB VOLTA A BAIXAR DE POSIÇÃO:
Um dos problemas de se tentar alicerçar sempre uma determinada equipa ao primeiro lugar antes de acabar a jornada é a possibilidade (também muito vista) da mesma equipa regressar macambúzia aos lugares de baixo mal acaba a jornada. Uma vez mais aconteceu.
posted by VLX on 1:35 da manhã
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OUTRA VERSÃO DE NIEMOLLER:
Quando quiseram erradicar os judeus, calei-me; quando apedrejaram as adúlteras, calei-me; quando perseguiram as mulheres que usavam calças, calei-me; quando fuzilaram os homossexuais, calei-me;
1) Apliquemos à violência doméstica a mesma lalangue jurídico-filosófica e socio-psicológica que aplicamos quando as vítimas são velhos sozinhos, burgueses endinheirados atrás dos muros das suas vivendas, senhoras que passeiam o cão, polícias que acorreram a uma chamada: Estes maridos e companheiros precisam de se entendidos, estudados e reintegrados. Esta violência é um fenómeno social que está relacionada com fenómenos culturais, económicos e meta-urbanos. O aumento das penas, a paranóia securitária e, quiçá, a própria prisão, não resolverão nada.
2) No DN, a jornalista Paula Carmo apresenta assim o homem que ontem matou a mulher e um GNR : "Mário, de 41 anos , conhecido por ser amante de cavalos e touros". Espero que em futuras descrições de homicidas a jornalista não introduza assim: "Beltrano, conhecido na terra por ser amante de homens e activista gay".
Dado que o grande maestro António Carlos Jobim terá desaparecido sem conhecer fundamentadamente a nascente de Pisões, concelho de Moura, imagino que a maior afinidade entre os dois seja o medo pavoroso de andar de avião. Só que ele, ao aproximar-se do então Galeão, ainda conseguia construir versos e melodias fabulosas.
Tenho por certo que isso só foi possível por, na altura, se permitirem lugares para as minorias fumadoras, coisa que a ventilação moderna possibilitaria hoje com muito maior facilidade e qualidade para todos, se não fosse o estúpido politicamente correcto imposto até no interior dos aeroportos.
Sem o charuto que sempre o acompanhava e um red vermelhinho carregadinho de gelo, Jobim certamente não teria conseguido elaborar no avião este sambinha fabuloso que, curiosamente, não me sai da cabeça.
posted by VLX on 1:13 da manhã
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TREMEM VERMELHOS COMO VARAS VERDES:
Nos últimos anos, a escaramuça é sempre do mesmo tipo: nós vamos invariavelmente à frente desde o início e o único gozo é estar a verificar quantos pontos levamos de avanço e quanto cresce a vantagem ao longo das semanas até ao fim do campeonato. Depois, dissecar animadamente as desculpas dos derrotados no final (ou em Abril) e apreciar os seus sonhos para o ano seguinte.
No último quinquénio, esta coisa de andarmos a perseguir a cenoura é nova mas dá luta e também tem a sua piada. Até porque o inimigo se convence muito vaidosa e facilmente da sua imaginária invencibilidade e, quando equipas que julga menores o fazem tropeçar, voltam a angústia, o medo, a ansiedade e o desassossego, enfim: o cagaço habitual.
posted by FNV on 11:11 da tarde
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MORTE, FUTEBOL E ESTUPIDEZ:
Um minuto de silêncio, hoje ,no Calhabé, em memória de três pessoas. Até as moscas se sentaram e desligaram as antenas. Pessoas de Coimbra, uma ainda nova, e um silêncio tão sentido que quase nos fez sentir humanos. Depois, ao intervalo, nas colunas de som, um discurso atamancado. Ainda pensei ser o resto da homenagem, mas não: a Académica permite que noivos, ou namorados, vão para o centro do relvado trocar juras de amor. E os sócios têm de ouvir , já que podem sempre virar as costas ou enfiar os olhos no jornal ( foi o meu caso). Da humanidade à imbecilidade, à velocidade do som.
posted by FNV on 9:10 da tarde
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O BLOGUE DE ORWELL:
O patriotismo não tem nada a ver com o conservadorismo. É, aliás, o seu oposto, uma vez que constitui a devoção a algo que está em mudança permanente enquanto mantém, apesar de tudo , o seu quê de místico. O patriotismo é a ponte entre o futuro e o passado. Nenhum verdadeiro revolucionário foi internacionalista.
(The Lion and the Unicorn, 1941)
posted by FNV on 7:40 da tarde
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FALTA DE TEMPO?
As empresas do sr. Godinho têm sido multadas ao longo dos anos por sistemáticos atentados ao estado de ambiente. Os jornalistas, talvez por falta de tempo, não se têm lembrado de perguntar ao governo - chefiado por um ex-ministro do Ambiente- qual o preço corrente da vergonha. Os lobistas da ecologia, também por falta de tempo, não se têm ouvido. Os comentadores profissionais, mais entretidos em fazer apostas sobre se MFL cumpre o mandato, divertem-se a caçar borboletas. A empáfia ecológica não tem uma face oculta: está bem à mostra.
posted by FNV on 11:01 da manhã
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STASIS BENFIQUISTA*:
1) Mais um jogo a doer ( nem sempre se pode jogar contra o Setúbal do Azenha) e mais uma extraordinária exibição do Cardozo, não foi? A elegância, a rapidez, o primeiro toque, a raça, a forma decidida como salta com os centrais.
2) E o que dizer dos nossos laterais? Experientes na posição, rápidos, apoiando o ataque, cruzando muito bem, etc. Também não seria de esperar outra coisa do sr. Rui Costa e 50 milhões de euros depois.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.