Não é proibido , obviamente, ser do PS e não constitui blogo-atentado usar pseudónimo. Se há quem o use para unica e exclusivamente insultar ( não é o caso de todos os assessores do PS) oposicionistas, gays e judeus, e por isso tem vergonha de assinar o que escreve ( não era seguramente o caso de Torga) , que faça bom proveito. Já dei para esse peditório. O osso é outro. Um dissidente resolveu denunciar o anonimato dos seus ex-amigos. Esse dissidente é ele próprio um anónimo: apagou todos os registos ( escaparam umas migalhas afixadas em casa alheia) da sua antiga colaboração.
posted by VLX on 4:32 da tarde
#
(4) comments
A ÚLTIMA SÉRIE ( XX):
Hesse sobre a morte do irmão de Mann, Heinrich. Estamos em Maio de 1950, os dois escritores têm já uma relação longa e grossa. Hesse começa por cantarolar umas banalidades (" na velhice temos mais amigos lá em baixo do que cá em cima"). Mais à frente, desejando longa vida ao amigo, admite o nervo: todas as perdas e todas as tristezas não nos marcam tanto como o nosso egoísmo. Temos fera. Hesse tem razão. Quando nos morre alguém, viramo-nos para o resto dos nossos cristais. Suponho que imaginarmos a perda de outros preciosos é um espasmo de auto-defesa. Há leões que antes de morrer ainda mordem raivosamente um galho seco. Ou o ar.
No quinto comentário ao post, quando perguntam a RF por que motivo o regime não permite outros partidos, o autor do texto retoma a tese israelita de Carlos Vidal: "E por que haveria de permitir?". Isto é que é consistência orgânica.
No que toca aos nobres sentimentos pelos pencudos, a aliança - entre estalinistas, neonazis, discípulos de Drumont e beatos ferozes - faz parte da ossatura do século XX. Não há nada de novo debaixo do sol. Leiam a referência ao livro de Roger Garaudy, outrora amigo de Estaline e agora convertido ao Islão, esse bom divulgador de teses negacionistas da Shoa. Não entendo a surpresa por haver textos semelhantes nos blogues portugueses.
Todo o lambreta e sua Leonor martelam sem cessar : o povo está alienado pelo Mundial,o futebol é o ópio do povo. De repente, centenas de bloggers ( alguns procarióticos, mas desavergonhados porque passam a vida a escrever sobre o tal ópio) leram as teses sobre a introdução à crítica da filosofia do Direito de Hegel. Se se preocupassem mesmo com o povo, saberiam que o povo não esquece as prestações em atraso nem a subida do preço do leite por causa de uma bola ao poste. Isso é antropologia política de veranda e de copo na mão . E mais: parafraseando o autor da tese, diríamos que é uma infâmia classificar de intoxicação todo o prazer do servo diante do knut.
posted by FNV on 10:50 da manhã
#Dr. K.A. MORE (X):
" Ele é muito inseguro, precisa de muita atenção. Tenho de decidir se vou com ele. Sinto-me apertada, mas ao mesmo tempo não quero deixar de tentar um projecto com ele. Ele é muito emocional, chora imenso. É uma relação desgastante".
Acredito. Parece aquelas antigas sessões de cinema em que as mães davam de mamar na sala e se levava farnel para as crianças. Siga o seu instinto. Ele, o instinto, vai provavelmente dizer-lhe que ele, o moço, é manejável. E é claro que você não tem dúvidas. O que você tem é medo. O seu instinto também lhe diz que um homem desses não é de deitar fora. Em mais de um sentido.
Não incomoda nem sobressalta, ou chegámos a esse estado de torpor animi em que é necessário afixar a marca Sócrates para as pessoas se interessarem? Coloco isto exactamente no mesmo plano do caso TVI. Os permanent persuaders são diferentes, os objectivos específicos são diferentes, mas o ilusionismo é o mesmo: vemos o Estado, mas quem lá está não é o Estado.
A carta é toda ela estranha. Hofmannsthal começa por agradecer a Rilke as palavras amáveis. Acontece que a carta é de Dezembro de 1915 e Hofmannsthal não recebia correio de Rilke desde Fevereiro de 1914. Depois, o tom angustiado. Com o eclodir da guerra, Rilke fica encravado na Alemanha e não pode regressar a Paris. Hofmannsthal tenta ajudar através dos príncipes Taxis e do Conde von Belobreska. E, depois, uma morte. Hofmannsthal tinha acabado de perder o pai e utiliza uma fórmula acobreada: Perdi toda a minha juventude; enquanto meu pai viveu ela esteve sempre lá. A fórmula é banal na descrição da ordem natural das coisas ( nem sempre certa), mas armadilhada na despedida. A cinza da nossa juventude depende menos dos anos que passam do que daqueles que transportam esses anos.
Os cidadãos que no início escreveram que a abordagem foi feita com armas de paintball, lerparam de cínicos e dementes sionistas para baixo. Agora discute-se o efeito letal do paintball.
Como muitas pessoas, também já aqui, no Mar Salgado, fiz a mesma pergunta. Os governos civis são a reserva de caça ( de espécies que vêm comer à mão) dos mesmos ( como diz o Luís) que ridicularizaram a CPI em que participou JPP. São até o inverso da CPI: não servem para nada , mas têm de continuar.
"Já não tenho prazer com o meu marido. Estamos juntos há nove anos, as coisas já não têm chama. Tenho amigas que se divorciaram, mas não sei se estão melhores agora. Eu trabalho, chego a casa, faço o jantar, oriento a miúda, falamos de coisas que têm de se fazer; aos Domingos almoçamos fora, ou em casa da minha da sogra, de vez em quando vamos para a cama. A vida é só isto?".
Claro que não. O seu marido pode ter um cancro no esófago, você pode ser despedida, a sua filha pode engravidar aos 14 e a sua sogra pode demenciar e ir viver consigo. A vida pode ser muita coisa, importa é saber o que estamos preparados para receber. Eu, por exemplo, neste momento, estou satisfeito porque os meus frigoríficos estão a funcionar e a minha cadela está deitada aos meus pés. Falemos de si? Claro, desculpe. Há quanto tempo deixou de ser adolescente?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.