posted by FNV on 12:41 da tarde
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OS CHUPISTAS:
Já aqui há tempos trouxe o testemunho de um amigo que organiza eventos por esse país fora. É empresário de vários cantores, outrora "de intervenção" e hoje "anti-sistema". Descobriram agora que os municípios fartam-se de oferecer concertos ao povão? Bom proveito. O que é assinalável e verificar como, durante todos estes anos, esses cantores anti-sistema, anti-capitalistas e demais tretas, mamaram - sim, o termo é excatamente esse - alegremente no erário público. Enquanto apregoavam a revolução e as utopias, naturalmente.
Uma sociedade sem centro dará lugar a uma sociedade com múltiplos centros. Os atenienses começaram a coisa com o demos, o recenseamento, de forma a evitar a prevalência das tribos dominantes ( e dos seus reizinhos). Como não há dinheiro nem recursos, a ambição das comunidades será a sobrevivência. Depois sonharemos com castelos em Espanha. Organização económica? Os mosteiros inventaram o capitalismo a partir dos excedentes das vendas dos seus produtos , os nobres avançaram-no com a mania de comprar posições e títulos dentro da Igreja. Ou seja, se houver mosto far-se-á vinho. Por enquanto viveremos com o que temos. Nem Índias, nem ouro brasileiro, nem escravos, nem euros da UE. Uma nova classe de mandarins será inevitável. Já não os actuais, imberbes e imbecis recompensados com palácios rolantes e cartões mágicos. Mandarins, sim, mas à chinesa: dez anos de reclusão, a pão e água, até saberem tudo . Depois, bem, depois vigiarão a koinonia.
O cerco, como fui aqui escrevendo, evoluíu desfavoravelmente para os sitiantes. Não se puderam colar, talvez por pudor, à atempada denúncia feita por MFL e desbarataram tempo e energia a discutir uma estapafúrdia revisão constitucional. Grandes cabeças. Há um episódio antigo que pode ajudar a compreender a delicadeza da coisa. Os apoiantes de Tucídides lideram a revolta popular contra Péricles, sobretudo por causa dos gastos excessivos ( parece que a estátua de bronze de Atena e o Propileus, entre outras coisas , foram caríssimos). Péricles enfrenta a assembleia e pergunta aos cidadãos se são dessa opinião. O povo diz que sim, que é uma vergonha, etc. Péricles declara solenemente: " Se assim é, apenas o meu nome ficará inscrito nos templos sagrados". O episódio, contado por Plutarco, ilustra o que o PSD gostaria que o governo fizesse : o nome "Sócrates" gravado na testa de todos os famintos, desempregados e indivíduos que tiverem de vender um dos Mercedes. Acontece que, como se diz em Coimbra, agora é tarde, Inês é morta.
posted by FNV on 11:54 da tarde
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NOBEL VARGAS LLOSA:
Até gosto mais do político do que do escritor. Está bem: não é marxista, parece que é conservador e amigo de Israel. Não impressiona. Deviam dar o prémio ao Cormac, que até há pouco tempo ainda contava os tostões e já não está muito bem da saúde, ou ao De Lillo. Isso é que era generosidade.
Foi muito zurzida, até dentro da direcção do PSD, esta iniciativa do meu colega Zé Canavarro, mas não percebo porquê. Estão sempre a dizer que é preciso ouvir o povo, mas, no fundo, querem é que o povo os ouça. E zurre.
posted by FNV on 11:45 da tarde
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Dr. K. A. MORE ( série 2):
O meu pai era alcoólico e espancava a minha mãe. Casei aos 17. Com um homem violento e alcoólico. Divorciei-me, com um filho pequeno. Um colega de trabalho, solteiro, interessou-se por mim. Ajudou-me a suportar a renda de uma casa. Ficámos amigos e, depois, amantes. Vivemos junto dois anos, era carinhoso e foi um pai para o meu filho. Um dia , foi trabalhar e morreu num desastre - um camião varreu-o. Voltei a casar, tenho mais um filho, mas o meu marido actual não é bem certo, se entende o que quero dizer. O que é isto?
É sorte. Você tem sete vidas. Sobreviveu a dois bombardeamentos, um massacre e um cerco. O massacre, a morte do único homem bom ( já telefonou a Abraão?) que conheceu, deve levá-la a tomar em consideração o conselho de um dos meus Mestres: Deves deixar esta vida, ou a vida.
Rui Moreira tem coluna vertebral, que é coisa que actualmente falta a muita gente.
E por isso não podia aceitar que António-Pedro Vasconcelos, lá do fundo do poço de 7 pontos em que o seu Benfica se encontra afundado, viesse repescar desse lodo umas quaisquer escutas já demoradamente tratadas nos órgãos desportivos e nos Tribunais a sério, com os resultados que se conhecem.
O moderador Hugo Gilberto avisou o comentador benfiquista de que a lei não lhe permitia fazer aquilo. Cortês e delicadamente, Rui Moreira fez o mesmo e disse que não ficaria se fosse para discutir futebol (??) naqueles termos.
Mas o comentador benfiquista continuou, com aquela impunidade arrogante de lampião que sabe nunca vir a ser perseguido pela justiça, a não ser que o Benfica queira (como aconteceu com Vale Azevedo). Rui Moreira não podia fazer outra coisa que não fosse abandonar o lampião e o seu discurso ignóbil.
Espero que Rui Moreira volte ao Trio d’Ataque, pois faz falta e eu gosto de o ouvir. E espero que volte a sair sempre que o ignóbil vier com aquele discurso lampião.
Neste número da Ler, o meu tributo a Joseph Roth. No próximo: galegos, orgulho e uma tasca em Muros.
posted by FNV on 11:58 da manhã
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Dr. K. A. MORE (série 2):
Namorámos cinco anos, estamos casados há quinze. Fizemos a serralharia a partir do zero, construímos a nossa casa, temos dois filhos ainda na escola. Estou farta. Ele trata-me como uma empregada ( faço a contabilidade da firma) e ainda quer serviço completo de vez em quando. As outras é que são boas, e eu, eu sou lixo.Então por que não me deixa em paz?
Nestes casos costumo aconselhar um namorado ( dantes dizia-se amante). Um tipo simples, de preferência também casado e com amor para dar. Vista-se à maneira, vá ao cabeleireiro, dê uma volta a esse corpinho. Você tem-se desleixado um pedacito, não tem? Pois. É o que acontece ao lixo.
posted by FNV on 11:16 da tarde
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O NOVO PORTUGAL (V):
Orgulho. De que massa é feito? De muitas, certamente, mas a nossa será esta: a vergonha. Estranhais? Não desesperais, que já entranhais. Depois de muitas voltas, o cão acaba por se deitar onde já se tinha deitado. O nosso orgulho nascerá, como a esteva, da impossibilidade de sermos outra coisa qualquer. Tentámos ser ricos, socialistas e novos-ricos. Como o cão, voltamos sempre ao mesmo sítio - a pobreza. Envergonhemo-nos, portanto, de termos vergonha de ser o que somos. O orgulho de encontrar , finalmente, uma causa - ancestral e familiar. A pobreza fará com que , por necessidade, voltemos a respeitar coisas que até hoje desprezámos. Nem todas materiais. Somos um conjunto antigo de língua e História. Os miúdos sabem quem são o Batman e o Che Guevara , mas nem sonham com Gonçalo Mendes da Maia. Cosmopolitismo de chinela e palito nos dentes. Há ganguelas com mais orgulho e conhecimento do seu passado.
posted by FNV on 8:07 da tarde
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ARAGON, SEMPRE:
Todo o poema ( Absent de Paris, 1964) roda na morte, umas vezes com gasolina banal, outras com aditivo. Esta contracção ( o terceiro verso) é vintage:
La mort et non l'amour est l'unique domaine Oú l'homme se démasque et se découvre enfin Les traits décomposés d'un enfant qui a faim La mort et non l'amour nous rend la face humaine.
1) Tenho um plano. Quando jogarmos com o Fóculporto, o César Peixoto e o Roberto atiram-se aos stewards . São suspensos e nós passamos o resto da época a lamuriar-nos fingindo não ver o bom futebol dos tripeiros.
2) Neste momento, depois do primeiro empate, os superdragões já estão a atirar cadeiras aos stewards. Isto é que é uma obsessão. O ex-secretário técnico das Ilhas Virgens ( Britânicas) já está a fazer beicinho. Recordações dos tempos em que a TVI tinha uma redacção na Torre das Antas e Pinto da Costa, volta e meia, descia uns andares. Quando é que começa a rasgar camisolas? É na página 23?
3) O tractor a pedal que se deixe estar sossegado em casa com o pé engessado. Mais um plano. De manhã vês vídeos do Nené, à tarde vês vídeos do Falcão.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.