Em 1977 e, por coincidência, também em Janeiro. É compreensível que muita gente não se interrogue sobre os motivos pelos quais , de repente, se instalou na Àfrica no Norte e no Médio-Oriente ( uma criação de um historiador da Marinha americana em 1902) um desejo de democracia. É curioso: a série mais antiga que mantenho aqui no Mar Salgado, a antena islâmica, nunca me proporcionou debates, discussões ou um número significativo de comentários. À minha ( reduzida) escala, perguntei muitas vezes (aqui, por exemplo) por que motivo Soroush e Shabestari continuavam a ser ignorados na Europa. É tudo humano, as perguntas perturbam a paixão das convicções. Não deixo de assinalar como notável , e orientalismo puro e duro, de novo, meter no mesmo saco os Imaziguhen argelinos , os beduínos jordanos e os xiitas duodecimanes ( ortodoxos) iranianos , amalgamando a categoria - " todos são árabes e andam de camelo e agora querem a democracia". Se, no entanto, e ainda que por um instante, esta gente , ou a parte que o deseja, viver em liberdade, os tumultos já serviram para alguma coisa. Tal não nos deve, porém, impedir de continuar a perguntar , estudar e suspeitar. Sim, suspeitar, suspicere: olhar de cima, olhar melhor.
Esta letra e melodia, ambas fabulosas, parodiando a vida discreta e sem stress, só eram minhas conhecidas na versão original de Miguel Araújo Jorge, gravadas no seu quarto, ainda de pijama e de ligeira ressaca matinal (isto, claro, segundo afirma o próprio no seu blog, http://oblogdomendes.com/ , link que o Filipe, quando tiver tempo, irá pôr aí à direita.
posted by VLX on 4:57 da tarde
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ACHMET, ONEIROCRITICON, 236:
"Se alguém sonhar que bebeu leite do camelo, e se for um homem comum, receberá de um magistrado riqueza, medo e doença; se sonhar que matou um camelo em sua casa, receberá do magistrado castigo,medo e doença. Se for o magistrado a ter o sonho, receberá a propriedade de um inimigo."
posted by FNV on 4:27 da tarde
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PEDE POENA CLAUDO (III):
É isto mesmo, mas. E logo dois "mas". O primeiro envolve a cautela. A peça do jornal é antropologia de veranda: não sabemos exactamente o que foi dito nem como foi dito. O segundo "mas" tem a ver com o risco da situação: como se pode verificar, existem divisões que denunciam a delicadeza da escolha final. O erro reside no falar demais, o que é estranho tendo o partido tantos mestres de comunicação. Passos podia ter-se limitado a a dizer que não vota moções travestidas. O excesso verbal deve-se, calculo, ao incómodo: se o governo é infecto, como convencer as pessoas de que podemos desperdiçar a primeira oportunidade de a tratar a infecção? Passos Coelho pode estar a exibir desnorte ( que vai ser aproveitado com gusto no sítios do costume) ou, a conselho de alguém que sabe muito, a aplicar uma velha regra da política árabe: beija a mão que não podes cortar.
posted by FNV on 7:27 da tarde
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ACHMET, ONEIROCRITICON, 132:
"Se alguém sonhar que morreu, será agraciado por uma grande fonte de poder e será rico, ainda que venha a sofrer de oftalmia ( porque a morte cega); se sonhar que foi enterrado , ficará rico na proporção da quantidade de terra que o cobriu."
posted by FNV on 2:57 da tarde
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TOTOLOTO-BOLA:
posted by FNV on 10:10 da manhã
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PEDE POENA CLAUDO (II):
A dissonância entre as afirmações grandiloquentes da gravidade do momento e o tacticismo ( Miguel Portas fala até de "uma moção táctica de alcance estratégico" como se fosse um general do Pentágono) parece não incomodar os cidadãos. A redução da dissonância implicaria a coragem da simplicidade. Um PSD que quer reformar deve fazer uma de duas coisas: ou derruba o governo que considera responsável por levar o país para o abismo ( sempre as tiradas gongóricas) ou colabora com ele todos do dias da semana ( e não apenas em alguns dos dias ). A verdade é que os partidos, todos, estão apenas preocupados com os resultados das próximas eleições. O que é notável é que se portam, descaradamente, como se estivessem preocupados com o país. E a culpa é nossa.
"Eu sou puta, a minha mãe não é". Só uma mulher consegue esbofetar um homem com o rigor da forma.
posted by FNV on 1:17 da manhã
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PEDE POENA CLAUDO:
Os partidos da oposição representados na Assembleia da República transmitem aos portugueses uma imensa preocupação com o destino. Deles. Será estimulante verificar até quando os cidadãos compreenderão que os partidos apenas discutam qual a altura em que a queda do governo mais lhes convém. Tantos orfãos de Sá Carneiro, tantas citações de Churchill ( e incompletas, não esqueçam), tantas promessas de coragem. Afinal, as guildas estão apenas preocupadas com resultados e percentagens.A nossa patológica falta de sentido colectivo é visível na AR. Os cidadãos são da mesma igualha? É possível. Note-se, no entanto, que os cidadãos são humanos e, por isso, tendem a analisar subjectivamente os seus defeitos e objectivamente as falhas dos outros. Quando as coisas aquecerem, a culpa será, inevitavelmente, do populista de serviço.
Lá está Said a dar voltas na tumba. Qual intelectualidade? Toda? Parte? E que parte? E com que critérios? Os que concordam comigo não são sobranceiros e os outros são? O essencialismo era o pecado capital do orientalismo, um arquivo de simplificações com o poder de representar o outro; ou seja, uma forma preconceituosa de nomear os outros e decidir o que são. Via média. Podemos pensar, não é proibido. E supeitar do carácter apolítico da revolução ( por que razão começou agora e só agora em tempos de crise?) e podemos suspeitar, porque é um clássico, que existem movimentos que sabem a arte de cavalgar em toda a sela. E podemos ler mapas e ver a Síria, o Irão e a Líbia (ditaduras longas, não são?) sossegados. Só que também podemos recordar Berlin: a liberdade é a liberdade , não é um par de botas. E assim ficarmos. Satisfeitos. Por enquanto.
A filha do Nené é linda. Acontece que era filho. Sei que sou suspeito, porque, como já disse várias vezes, o Nené é o único homem a quem eu meteria a louça na máquina. Só conheceu o Benfica ( qual Eusébio qual carapuça) , festejava os golos levantando discretamente o braço direito e uma vez espetou três ameixas ao FCP numa final do Jamor. A dúvida é: a filha do Nené é linda, o Nené é lindo. Em qual dos casos estou em "rota de colisão com a natureza biológica"?
Nunca maço os leitores do blogue com as minhas crónicas, julgo suficiente a publicidade mínima. Neste número, um elogio ao isolamento. Não percam a entrevista a Pedro Tamen: honestíssima. No próximo, na edição comemorativa dos 100 números, um texto sobre o acolhimento. Vem a calhar.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.