DESCULPEM QUALQUER COISINHA: João Pereira Coutinho explica no Expresso de hoje, aos "cínicos" como eu, porque é que "ao adeus de Portas os militantes desataram em choro prolongado". Diz ele que a relação do partido com o seu líder é "pulsional", "até sexual", "porque existe em cada militante o desejo confesso de uma orgásmica vitória pela ranhura da urna prometida" . Penitencio-me pelo post* no qual que meti com o "O Acidental". Não tinha percebido.
* Aí em baixo, anteontem, salvo erro. O post original do O Acidental era "Quo Vadis CDS?"
posted by FNV on 6:08 da tarde
#
(0) comments
INGENUIDADES? O Público faz hoje a pré-publicação em Portugal ( na Amazon já há quase um ano que está disponível por 11 US $) do livro ( sem grande rasgo, diga-se, mas aceitável) de Anne Applebaum - "Gulag; uma história" - e pergunta em cabeçalho: "Porque é que conhecemos mal o "Gulag" apesar de os campos de concentração soviéticos terem durado de 1918 até meados dos anos 80?". Talvez porque já no início dos "anos 80", em Portugal, lembro-me muito bem que quem falasse "nisso" era em certos círculos (hoje como ontem muito apaixonados pelos direitos humanos e com malmequeres graciosamente presos aos cabelos) apodado de reaccionário vendido à propaganda capitalista.
Ao leitor que assina o 1º comentário: A frase é do jornal, não é minha. Mas o seu sentido é fácilmente assimilável: se depois da amnistia de 27 de Março de 1953 decretada por Béria, o "Gulag" oficialmente acabou, os campos de concentração, sobretudo ( mas não só) para os presos por delito de opinião, continuaram até aos anos oitenta.
O QUE VERDADEIRAMENTE INTERESSA: Greve na Polícia Judiciária na semana do FCPorto x Benfica, diz-me a Leonor Pinhão.
posted by FNV on 12:08 da tarde
#
(0) comments
É TRISTE MAS É CACHORRO: Quem o diz é a vizinha do velho batido pela mulher, na peça de hoje do Público sobre violência doméstica: parece que 15% das vitímas são homens. Curiosa forma de abordar a coisa. Sei, profissionalmente, que em casais de idosos a pancada é por vezes democrática, mas daí a explorar o tema pelo prisma da igualdade de género, vai um grande passo. As estaladas, os empurrões, os pontapés, nos casais portugueses, vão normalmente do macho para a fêmea, e só não vão mais porque o divórcio se instalou nos últimos trinta anos ( vejam-se os exaustivos trabalhos sobre o divórcio em Portugal, de Anália Torres e Maria Emilia Costa). Mas uma das razões pela qual na velhice a pancada se democratiza, é porque a relação de poder se extingue no plano físico mas também no plano económico - no fundo os dois grandes territórios de predominância do antigo macho. Agora, ambos fracos e dependentes de pensões, os velhos cúmplices vivem finalmente uma verdadeira história de amor: até que a morte os separe.
"Os Portugueses, admitindo que tenham usurpado pela violência a navegação do Mar Índico, prescreveram esse direito com a longa duração do tempo."
Por outro,
"Os Holandeses são uma raça nociva, que nasceu para saquear as províncias alheias."
Da tradução de Miguel Pinto de Meneses ( Lisboa, 1960, adquirida graças à incansável ajuda do JPBaeta) do original de Frei Serafim de Freitas, De iusto imperio Lusitanorum Asiatico , publicado em 1625. No texto latino ( adquirido também com a ajuda do JP Baeta) reeditado um ano depois da tradução, em 1961, podemos ler o original de "raça nociva", sem surpresa: genus noxium. Adivinhava Frei Serafim que as raças nocivas se sucederiam: Malaca, Ceilão e Cochim cairiam nas décadas seguintes.
posted by FNV on 4:09 da tarde
#
(1) comments
"HUGO CHÁVEZ QUER ENCONTRAR-SE COM SÓCRATES": Anunciou a SIC-N há pouco. Tem graça: vindo a Portugal, sempre pensei que ele, Chávez, quisesse conhecer o Alberto João. Pelo sim pelo sim, vou fazer uma reserva de jornais. Diversos e plurais.
O SISTEMA: A exemplo do editorial de 28 de Janeiro, da sua autoria, no excelente editorial de hoje do Público,Eduardo Dâmaso volta a acertar - ainda que de forma lateral - no tema que, em minha opinião, é urgente discutir e incluir na agenda política: a reforma do sistema político. No anterior editorial, E. Dâmaso focava a urgente necessidade de se fazerem as reformas estruturais que o país carece, no âmbito de uma crítica ao anterior governo. Hoje, no âmbito de uma análise implacável ao PSD pós-Cavaco, o mesmo autor ilustra os malefícios do aparelho partidário, referindo aquelas personagens que "... para lá de inacreditáveis figuras que pontificam como presidentes das distritais do PSD, homens que têm a força e os votos necessários para eleger delegados a congresso, escolher candidatos a deputados e autarcas ou, ainda, impor as suas escolhas para as nomeações que enxameiam a administração pública de inigualáveis mediocridades." Espero que um dia E. Dâmaso acerte na mouche e deixe de abordar estes temas "dentro do sistema" - i.e. apenas no âmbito das suas criticas ao PSD, por mais gozo que isso lhe dê - e passe a abordá-los no prisma que, em minha opinião, é mais fiel à realidade e mais eventualmente mais proveitoso quanto aos seus efeitos: quem mandou ou deixou mandar neste país nos últimos vinte anos foram os famigerados "aparelhos" partidários do PS e do PSD. E, esta triste realidade, reconduz-nos à inevitável questão da falência do actual sistema político, em que não há representatividade e, por via disso, também não há responsabilização. Não havendo responsabilização, não haverá nunca reformas e o sistema político será apenas e cada vez mais uma coutada da rapaziada dos referidos aparelhos. Não esquecer que a uma classe governate mediocre interessa uma população mediocre, como forma de se perpetuar no poder.
posted by Neptuno on 6:46 da tarde
#
(1) comments
QUE É QUE ESTES QUEREM? Leio no "Farpas" que a União das Cidades Taurinas de França decidiu no passado dia 5, vetar a ganadaria portuguesa Palha, porque esta terá afeitado as defesas ( cornos) dos toiros apresentados em Nimes, numa corrida ocorrida em Junho passado. Folque de Mendonça já jurou pela sua honra que nenhum toiro foi objecto de qualquer tipo de manipulação. E basta. No mundo dos toiros ( ainda )é assim.
PS: 4,5 e 6 de Março, em Olivença, abre a temporada extremeña. Este ano juro (?) que vou lá ver o novo Cordobés, Juli Benitéz, que vai alternar com dois consagrados novilheiros do escalafón: Ismael Lancho e Ambel Posada.
NÃO VEM MAIS BLEDINE PARA ESTA MESA : Em alguns cantos da blogosfera, como n'O Acidental , canta-se Paulo Portas como o "último dos tribunos" ( sic) e o mais honrado entre os honrados "desde os tempos de O Independente", esse jornal que fez o seu director passar mais tempo no tribunal ( onde foi muitas vezes condenado, e só não foi mais porque se fartou de pedir desculpa depois do mal já feito) do que no cinema, de que tanto diz gostar. Leiam a peça toda - "Quo vadis , CDS?" - no referido blogue e garanto-vos que não perdem o vosso tempo. É difícil acreditar que aquilo é escrito por adultos.
posted by FNV on 10:09 da tarde
#
(1) comments
O PRÓXIMO CONGRESSO DO PSD, SEGUNDO ÉSQUILO, NO AGAMÉNON:
O Destino já afia noutras pedras a justiça, para castigar novo crime.
posted by FNV on 3:19 da tarde
#
(2) comments
QUANTO TEMPO FALTA? Até alguém do staf de PSL ou de Meneses, lembrar que Marques Mendes era o tal que Belmiro de Azevedo "não queria nem para porteiro da Sonae"?
posted by FNV on 3:08 da tarde
#
(1) comments
LINGUAGENS: Confesso que de início me pareceu forçada a expressão "guerra civil" usada por Pacheco Pereira para descrever o clima pós-eleitoral no PSD, clima e guerra essa da inteira resposabilidade, segundo JPP, de Santana e dos seus apoiantes. E pareceu-me exagerada porque JPP tem evidentemente a sua agenda na discussão que já começou. Engano meu, Pacheco tinha razão. Ainda há minutos estava embrenhado a desenhar caracteres chineses ( preparando mais um teste no âmbito do meu doutoramento em Estudos Asiáticos) quando ouço na TSF um senhor chamado Virgilio de Sousa, presidente da Concelhia de Braga do PSD. E que disse o senhor? Que os críticos ( utilizou outros termos, mas enfim...)que prejudicaram o partido nestes últimos meses "vão sentir-se tão mal no próximo congresso que serão eles próprios a ter vontade de abandonar a sala". Isto para mim não é chinês. Não é não senhor.
posted by FNV on 11:44 da manhã
#
(1) comments
ELEIÇÕES: Concordo com a maior parte da análise do nosso PC sobre os resultados eleitorais, apresentada no post anterior. Penso, contudo, que se devem acrescentar ou sublinhar dois aspectos que, em minha opinião, ajudam a explicar a hecatombe do PPD/PSD e do CDS/PP. Por um lado, o unanimismo contra Santana - devidamente "alimentado" pelo próprio e pela sua equipa - com especial relevo para a comunicação social (!) e... para o próprio partido (imagine-se Sócrates em campanha com a oposição de Mário Soares, Cravinho, Magalhães e Guterres, por exemplo). Por outro lado, penso que esta votação veio mostrar, sobretudo, que a dimensão da crise que o país vive é bem superior àquela que se consegue aperceber nos principais centros urbanos. A deterioração das condições de vida da generalidade da população é uma realidade bem mais profunda, que determinou não só a maior afluência às urnas (uma coisa é o discurso político, outra coisa é sentir a realidade na pele) mas também uma necessidade urgente de mudança, na esperança que isso aconteça já com um governo de cor diferente. Resta falar de Sócrates. Até hoje, sempre pensei tratar-se de um homem de poucas ou nenhumas convicções, ideias ou projectos. De um "pistoleiro" com um projecto de poder pessoal mas com os miolos necessários para o conseguir. Este tipo de políticos - tal como Santana - é um verdadeiro tiro no escuro. Sabem como "escalar" e como chegal lá. Uma vez no poleiro, só então ficaremos a conhecer as suas capacidades de liderança (inexistentes em Santana) e de bem (ou mal) decidir. Penso que Sócrates aparenta ser frio e calculista e, sendo inteligente e ostentando o capital político de ser o primeiro lider socialista a conseguir a maioria absoluta para o partido, terá condições ideais para mostrar o que vale. O primeiro - e decisivo - teste acontecerá já na formação do governo, cuja escolha irá marcar indelevelmente o seu mandato: vai buscar caras novas credíveis ou ficará refém da velha e sinistra equipa de Guterres?
PERSONAE, NON VERBA: Ainda não tive tempo de ler, depois das eleições, muitos dos blogues que costumo visitar. Mas o que vi por aí, sobretudo nos de cariz mais marcadamente político, são análises que não me convencem muito. E como aqui cada um tem direito às suas asneiras, aqui vai a minha: 1) Com a provável excepção do caso do BE, os resultados destas eleições não foram determinados por mensagens políticas, programas eleitorais ou conteúdos ideológicos. A faixa oscilante, que - saudavelmente - não casa com um partido político para a vida, não achou que os "objectivos" do PS fossem mais credíveis do que as "propostas" do PSD; nem achou que o programa do PCP tivesse evoluído desde 2002; nem achou que o PP tivesse menos condições para governar do que tinha nas últimas eleições. 2) Os eleitores da tal faixa oscilante, a que se juntaram alguns anteriores abstencionistas, votaram em, ou, sobretudo, contra pessoas. No PCP, porque Jerónimo de Sousa é mais simpático do que Carvalhas, ou porque lhes seria insuportável votar em Sócrates. No PS, porque votaram contra Santana Lopes e, na menor proporção que lhe cabe, Paulo Portas. Travestir esta evidência, à esquerda e à direita, em vitória / derrota de um programa, de uma mensagem ou de uma ideologia, sobretudo depois da campanha eleitoral que se fez, é viver numa outra realidade. 3) Claro que esta leitura é inconveniente para o sector da direita derrotada: o PP em peso e o PSD fiel a Santana. Ser-lhes-ia mais leve uma derrota ideológica - do que uma derrota pessoal. Mas também é incómoda para o PS vitorioso. É que boa parte dos seus eleitores não votaram no Partido, nem sequer no líder: votaram para afastar a dupla Santana/Portas. E, para isso, era-lhes mais ou menos indiferente que o candidato fosse Sócrates, Vitorino, o Rato Mickey ou António José Seguro. 4) Enfim, esta leitura não vale para os extremos. Haverá certamente outras razões a explicar a grande subida do BE e, sobretudo, a explicar a descida de 17% do PP em relação aos votos de 2002, que continua a ser, para mim, o maior enigma destas eleições. Não vislumbro razões para que os votantes do PP em 2002 tenham agora mudado o seu sentido de voto, especialmente se levarmos em conta a união do partido em torno do seu líder. Supus que, além desses eleitores, o PP cativasse mais uns 1,5% a 2% de eleitores do PSD. Se esta transferência existiu, a descida torna-se ainda mais intrigante. 5) É impossível prever se esta personalização do voto - ainda que pela negativa - se manterá em futuras eleições. Mas uma coisa parece certa: tende a aumentar o número de eleitores voláteis ao centro, que não têm um compromisso cego com uma bandeira. Isso é bom, porque pode aumentar a exigência em relação aos dois partidos que, disputando o centro, assumem o poder rotativamente. E porque, na comprovada ineptidão de ambos, abre espaço ao nascimento de um novo partido político ao centro.
posted by PC on 3:13 da manhã
#
(1) comments
ACONCHEGO XI: O frio está a chegar, a praia acabou. Com os baldes e pás das criancinhas façam o que vos apetecer desde que caiba tudo lá dentro. Esqueceram-se da avó à beira-mar? Ide buscá-la antes que congele e acabe numa qualquer arca de hipermercado: avóceps lineus/pescada em Atlântico Nordeste/val.até2008. Dizem-me que o frio não vai demorar, que esta terra não é amiga do modelo nórdico. Pode ser que sim, mas nunca fiando: pelo sim pelo não, ponham o bacalhau de molho.
UMA MAIORIA, UM GOVERNO, UM PRESIDENTE: Com a credibilidade e seriedade que o povo português já deu provas de lhe reconhecer, Santana Lopes prepara-se, finalmente, para, agora na "frente interna", concretizar o sonho de Sá Carneiro (à l'envers)...
MAIS DE 100.000: A seguir ao Bloco de Esquerda, o voto branco foi o que apresentou maior subida relativa por comparação com 2002, de 1,01% para 1,81%; ou seja, uma subida de 80%. Foi também a sexta expressão de voto, à frente de todos os partidos que não elegeram qualquer deputado, e atingiu quase 1/3 dos votos do partido que elegeu menos deputados. Será que, com 1,81% dos votos, podemos dizer que elegemos um não-deputado?
PROTESTO! Os locais de voto deviam ter à saída um biombo com um funcionário, uma urna e uma resma de boletins de voto. Para quê? Para permitir aos arrependidos alterarem o voto que fizeram na sua secção, minutos antes. É que isto de votar é horrível. Começa na intimidação: à hora em que eu voto, longos corredores da minha antiga escola secundária, silenciosos e solenes, atravessados por velhos desdentados, freiras e cegos. E um tipo a lembrar-se das coisas que fez naqueles corredores vinte e tal anos antes; fica-se logo deprimido. Depois a própria secção de voto: três indivíduos hirtos como entrevistadores estalinistas e que nos recordam as caras dos nossos antigos professores, mandam-nos entrar e identificar. Gelados ficamos. Claro está que na altura de votar (se nos esquecemos da nossa, temos de utilizar a caneta da secção, uma autêntica prostituta política cheia de dedadas de tipos constipados) estamos confusos, ansiosos, o raciocínio político alterado. Temos por fim o próprio processo de decisão, que qualquer pessoa que já disse o sim numa igreja ou num cartório, sabe como morde. E para mais, e se o dedos se autonomizam, porque o cérebro está distraído e raivoso a rever o penaltie roubado ao Belenenses na 6ª feira passada? Por isso é que eu acho que deveria existir a tal mesa do arrependido à saída do local de voto. Enganei-me, perturbei-me, só quando desci as escadas é que compreendi ou me decidi? No problema, oferecem-me uma segunda oportunidade. Era ou não era uma maravilha?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.