A MIM NÃO ME APANHAM: Parece que estão oito mil telefones sob escuta em Portugal. Deviam estar mais, os portugueses são incontinentes telefónicos. Eu não tenho telemóvel, falo muito rararamente no fixo e em média nunca mais de um minuto.
posted by FNV on 4:58 da tarde
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TRADUTTORE, TRADITORE: O FCP está em blackout porque os "media têm deturpado as declarações de Adriaanse". É verdade. Toda a gente disse que o holandês afirmou na TV que Jorge Costa era o quarto central do plantel, quando na verdade o que Adriaanse disse foi que Jorge Costa "tinha um quarto central no plantel". Mas como o Bicho também percebeu mal, foi para Liége.
posted by FNV on 4:26 da tarde
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MANUEL ALEGRE À PRESIDÊNCIA (II): Manuel Alegre não é doutor nem tem o mestrado, nem sequer, suspeito, uma pós-graduação. É como a maioria dos portugueses, um curioso. E que diz ele ( retomando o último ponto do post anterior da série)? Entre outras coisas criminosas, fala de Pátria e do orgulho nacional, fala da identidade portuguesa. Como era de esperar, intelectuais mais ou menos provincianos agitaram-se: populismo, disseram uns, bolor marialva, disseram outros. Por falta de informação, de viagens e de estudo ( não necessariamente por esta ordem), estes conceitos são associados a uma visão do mundo passadista e fechada, quando não à "direita tradicional" ou à xenofobia. Ou seja, vibrantes universitários ainda carregam a ideia de Pátria do Dr. Salazar. A verdade é que uma das áreas de estudo e de intervenção que mais cresceu nos departamentos universitários americanos e europeus nos últimos quarenta anos, prende-se com isto. Os estudos pós-coloniais e os area studies, berços de críticas violentas ao passado colonial da Europa e ao imperialismo americano, radicam precisamente na (re)construção das identidades nacionais das nações outrora desqualificadas; no seu orgulho, na sua História, na sua identidade cultural. Que um Presidente que não pode governar nem legislar ( para isso existem outros) se proponha a fazer o papel de Leopoldo (da Bélgica ou do Senegal), não é demeritório. Ainda para mais sendo esse Presidente um escritor. O provinciano, dizia Ortega y Gasset, é aquele que viva onde viver ( e pode ser Londres, Paris ou Leiria), pensa que vive no centro do mundo. O namoro a uma reeducação das idiosincracias nacionais só pode ajudar a combater essa ideia provinciana: somos todos centros, como já fomos todos berlinenses. Esta diversidade só assusta quem vive o sonho de um mundo uniformizado e obediente às suas ilustradas concepções sobre como todos devemos viver.
MANUEL ALEGRE À PRESIDÊNCIA (I): Vamos então a isto, começando pelas dificuldades. Alegre, mais do que não ter uma máquina partidária, não tem o peso simbólico de Soares e de Cavaco; dito de forma crua, fora de círculos restritos, é pouco conhecido. Isto vai reflectir-se nas acções de rua, não tão irrelevantes como se julga: elas vinculam o espectador a uma ilusão de pertença, a uma categoria identitária. Como caçador, Alegre sabe que se não tem um braco para levar às perdizes, mais vale ir caçar coelhos. Com podengos. Assim talvez seja boa ideia os serviços de candidatura pensarem em poucas mas boas reuniões populares, em espaços abertos. Uma outra consequência negativa do anonimato é a tendência para gerar indiferença no eleitorado. Isto pode ser compensado por uma estratégia comunicacional menos defensiva do que a que tem sido seguida. Por exemplo, não ter medo ( até pelo efeito histérico que gera na candidatura de Soares) de insistir na matriz cultural-nacional. Abordaremos isto no próximo post da série.
posted by FNV on 10:25 da tarde
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APRENDER ATÉ MORRER: Lembram-se quando Soares disse que só tinha compreendido o défice depois de ver na TV o Peres Metelo a explicá-lo? Pois bem, espero que que o aluno Mário Soares esteja a ver na TVI a cordata lição de economia proferida pelos Profs.Drs. Anacleto Louçã e Cavaco Silva.
posted by FNV on 9:49 da tarde
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DECLARAÇÃO DE VOTO: Disse aqui há tempos que não escreveria sobre as eleições presidenciais. Tenho cumprido a promessa, pois que me tenho limitado a assinalar aspectos comunicacionais, num tom mais ou menos irónico. Reparei contudo que de cada vez que critico um ou outro aspecto da candidatura de Soares, atraio nas caixas de comentários atitudes ou sobranceiras ou agressivas ou intimidatórias. Pois bem, assim me convenceram a votar dia 23 de Janeiro: Manuel Alegre. Obrigado pelo empurrão.
posted by FNV on 9:03 da tarde
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EU, JOSÉ FAVINHA... Todos conhecem a resposta de Freud quando lhe perguntaram se não se sentia mal com o facto de os nazis andarem a queimar os seus livros: " Progredimos: uns séculos antes queimavam-me a mim." O debate presidencial faz o mesmo aos modestos escritos deste vosso insignificante blogger: se me meto com Cavaco, com a sua mandatária, ou com o ex-futuro -presidente -poeta, nada acontece. Se levanto o pêlo à candidatura de Mário Soares, aqui d'el Rei que sou um cripto-cavaquista. Podia ser pior. Sei lá, convidarem-me para jantar com o Luís Filipe Vieira.
posted by FNV on 3:55 da tarde
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INTERESSES: O Pedro Picoito no Pulo-do-Lobo ( link se o PC puder) tem razão: quando o 24Horas se interessava pela patognomonia de Paulo Pedroso, era lixo organizado em urdidura; agora que se interessa pela oftalmologia da mandatária de Cavaco, já é um jornal sério. Não que me espante minimamente esta double talk, falada por uma área política que sempre se interessou pela desqualificação pessoal : "está ligado a interesses", "se não sabe gerir a a família não sabe gerir o país", "se não tem filhos não pode falar sobre o aborto", etc.
posted by FNV on 11:45 da manhã
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PÃO E VINHO: Estou aqui em casa a organizar um debate com a Carmelinda e o Garcia, ambos Pereiras. Gosto de pereiras, têm maneiras. À falta da Judite trouxemos o ursinho do Benfica para a mesa. Passámos em revista o modelo albanês e a conspiração sionista, tudo pianinho. A coisa só entornou quando o tinto escolhido foi mandado embora e eu sugeri branco: o Garcia percebeu mal mas a Carmelinda socorreu-me. Não trouxeram mandatárias e assim não incomodámos os vizinhos. Para a semana voltamos a encontrar-nos.
JÀ ERA TEMPO: A Srª Mandatária vai finalmente falar: Drª Kátia Guerreiro, no São Luís, em concerto nos próximos dias 9 e 10 do corrente mês. Quaisquer perguntas mais densas encontrarão resposta nos discos já editados.
posted by FNV on 10:24 da tarde
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É A SALA QUE ESTÁ TORTA... Soares queixa-se agora que as regras estabelecidas para os debates, e com as quais concordou previamente, favorecem o "candidato que não quer debater".
posted by FNV on 10:15 da tarde
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TRESLENDO: O Presidente do Irão é um leitor fiel de Treitschke: os judeus são a nossa infelicidade. Mas o que Treitschke quis dizer, em 1879, foi que os israelitas se deviam tornar bons alemães.
posted by FNV on 9:27 da tarde
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EXTRA, EXTRA! A RTP-Memória está neste preciso momento a passar uma entrevista a Mário Soares ( o amigo de Carlucci) e a uma jovem promessa do PCP, Jerónimo de Sousa. No RALIS está tudo calmo, na LISNAVE também, a unidade sindical é que está um bocadito tremida.
posted by FNV on 8:59 da tarde
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ACELERAR ATÉ AO HADES: Para quando a proibição de publicidade a automóveis nos termos em que ela é feita: "sente a adrenalina", diz o spot da Opel que a TSF passa. Será que é preciso um psicólogo para explicar que isto é pior do que a ausência de traços contínuos?
posted by FNV on 7:22 da tarde
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HOSSANAS? Pelo que fui lendo, parece que Portugal vai ficar mais laico porque vão retirar as cruzes das escolas. Ainda não dei por nada. Também é má altura, estamos no Natal.
posted by FNV on 6:51 da tarde
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"Ó ORELHAS, ESTAMOS AQUI": Nos oitavos da Champions...
AFINAL, AINDA HÁ JUSTIÇA!: Por favor, ignorem todos os meus posts anteriores sobre a degradação e a vergonha que é a nossa justiça. Não podia estar mais enganado! O STJ condenou hoje o S.L. Benfica a pagar 7 milhões de Euros ao cidadão Vale e Azevedo (lá se vai o Simãozinho no Natal...). Para dizer a verdade, sempre achei que aquele cavalheiro era uma vítima da instituição, do sistema, digamos assim. Mas, a verdade, tal como o azeite, vem sempre à tona. Será uma manobra do STJ para destabilizar a equipa antes do importante jogo com o Manchester? Bom, sempre são sete milhões que ajudam a conservar o Lucky Me...
posted by Neptuno on 4:49 da tarde
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FOTOVERDADE (IV): As cefaleias são baleias que nos entram pelos ouvidos.
posted by FNV on 4:21 da tarde
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FOTOVERDADE (III): Quando o filho cresce, morremos; quando o filho morre, descemos.
posted by FNV on 4:18 da tarde
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FOTOVERDADE (II): Se me disseres o que quero saber, esqueço tudo o que te queria perguntar.
posted by FNV on 4:16 da tarde
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FOTOVERDADE (I): Era tão boa, tão boa, tão boa, que onde pisava nasciam banqueiros generosos.
posted by FNV on 4:10 da tarde
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EU É QUE VOU DORMIR DESCANSADO: Louçã é ( lembram-se dele na tribuna da Luz ao lado de Vale e Azevedo?). Alegre também, assumido. Jerónimo sem dúvida, embora sob pseudónimo ( Néné), que é para não influenciar as massas trabalhadoras. Restam Cavaco e Soares. Fontes bem informadas que leram o Pulo-do-Lobo com um scanner utilizado no Exorcista 2 e manipulado por um bisneto do Saussure, asseguram-me que Cavaco também é. Soares não gosta de futebol, mas como anda meio avermelhado e gosta de irritar o sobrinho, não vai ser difícil vender-lhe um kit. E pronto, o Sport Lisboa e Benfica estará, é absolutamente certo, na Presidência da República; nem poderia ser de outro modo. Os outros clubes podem entreter-se a disputar o Garcia Pereira e o José Maria Martins.
posted by FNV on 12:32 da tarde
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ALEGRE vs. CAVACO: O único ponto assinalável no debate de ontem foi o facto de Cavaco ter finalmente percebido e conseguido aligeirar a imagem que os seus adversários lhe tentam colar, de ser exclusivamente um tecnocrata. Independentemente dos poderes não-governativos do PR, as pessoas estão fartas de belas conversas políticas - que apenas alimentam... os próprios políticos - e querem ver na presidência alguém que seja competente, que perceba do assunto. E o assunto é a economia. Cavaco soube ler bem este asset e adoptou a estratégia eleitoral correcta, esquivando-se a tricas políticas e concentrando-se em ignorar questões "menores", passando a tal imagem de tecnocrata competente. No entanto, tudo isto é muito vago, bem como o discurso generalista que acompanha esta pose. Ontem, Cavaco já soube enquadrar politicamente o discurso exclusivamente economicista que vinha praticando. Ao fazê-lo - e caso consiga manter a mesma consistência no debate com Soares - terá, provavelmente, eliminado o último obstáculo eleitoral.
posted by Neptuno on 12:21 da tarde
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CAMARATE: Os 25 anos decorridos sobre a morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa assumem-se, talvez, como a melhor imagem da vergonhosa degradação da justiça (?) portuguesa. No entanto, todos os anos ouvimos a mesma lengalenga sobre a investigação, falhas por omissão e dolo, incompetência, atrasos, falta de profissionalismo. E sempre com a mesma risível conclusão de que se "é preciso apurar responsabilidades".
SÃO TODOS MEUS IRMÃOS: Na tabela das quinze maiores audiências televisivas da época figuram sete jogos do Benfica, quatro da selecção, dois do FCP e dois do Sporting. Se todos estes jogos do Benfica tivessem sido transmitidos pela RTP-Internacional, poderíamos constatar que o universo Benfiquista, de Caminha a Timor, de Fall Rivers a São Paulo, da Praia a Quelimane, de Paris a Basileia, andará à volta, pelas minhas contas, dos vinte milhões de almas.
posted by FNV on 12:44 da tarde
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O NOVO ACORDO SYKES-PICOT E A ESTRATÉGIA AMERICANA PARA O MÉDIO-ORIENTE: Em Maio de 1916, a França e a Inglaterra desenharam o mapa de influência no Médio-Oriente com base no acordo negociado por Georges-Picot e Mark Sykes, em Novembro do ano anterior. A partilha imperial ( depois alargada à Rússia e à Itália) tinha como objectivo impedir a existência de um grande estado árabe na região. A Palestina ficou sob controlo internacional, a actual Síria e o Líbano ficaram para os franceses, aos ingleses coube o Iraque, parte da Jordânia e de Haifa. As fronteiras a desenhar acabaram por impedir o que fora prometido a Sheriff Hussayn: o tal grande estado árabe na região. O texto integral* do acordo ( que pode ser lido em www.mideastweb.org/mesykespicot.htm) é bem explícito: a área compreendida é uma espécie de pequena comunidade inter-arábica, sem alfândegas ( !), e regida em exclusividade pelos assinantes do acordo Sykes-Picot, que passariam a dispôr dos direitos exclusivos de construir caminhos-de-ferro, importar mercadorias, movimentar tropas, etc. Este arrazoado vem a propósito daquilo que hoje em alguns círculos islâmicos se designa como o sendo o objectivo da administração norte-americana para o médio-oriente: a divisão. O Iraque dividido em três zonas :curda, xiita e sunita . O Líbano partilhado entre os maronitas e uma outra zona sob influência drusa e sunita . Um artigo aparentemente simples, publicado na Foreign Affairs de Julho/Agosto de 2004 por Eliot Cohen - History and the Hyperpower - dava razão às acusações que hoje são feitas. Cohen explicava que a "república imperial" ( como Aron designava os EUA) do século XXI já não pode aspirar a ter colónias, a projecção do poder sobre outro país já só podendo resultar não do desejo de ter uma colónia, mas do medo do caos. O papel dos EUA na região ( a alternativa seria a retirada total, o que Cohen considera e provavelmente bem como uma sentença de morte para a própria região) terá assim de ser o de evitar a anarquia. A acusação segundo a qual se está perante um novo acordo Sykes-Picot não é assim tão tola. O www.freearabvoice.org, uma página ultra-radical mas muito bem escrita ( dizem logo ao que vêm: "Your voice in a World where Zionism, Steel, and Fire have turned Justice Mute"), publicou em Maio passado um artigo de Abu Iskandar, no qual se denunciava a política franco-americana para Darfur como componente da nova estratégia: dividir para reinar. Os próximos anos confimarão ou não o regresso do acordo Sykes-Picot. Mas para já veremos se os chineses têm razão quando diziam ser impossível determinar a idade de um rio, já que as águas nascem todos os dias.
* É deliciosa a observação final no texto do acordo: "His Magesty's government further consider that the Japanese government should be informed of the arrangements now concluded".
IMPRESSÕES DA BEIRA-RIO (II): Por outro lado, gostei do sentido de humor da pessoa encarregada das decorações de Natal da cidade. Este ano, os plátanos da Avenida Navarro, da Portagem até ao fim do Parque, ostentam, do alto, uns testículos electrificados, elefantisíacos, nunca antes vistos. Dizia-me uma amiga que são uma homenagem aos ícones da terceira idade que se celebram nesta quadra (o Pai Natal e o São José); dizia outra que são pindéricos, em todos os sentidos possíveis (aí se incluindo a sugestão fonética) da palavra. Eu achei a ideia engraçada, porque o Natal é uma génese. E este, e este, também haviam de gostar.
IMPRESSÕES DA BEIRA-RIO (I): Há já algum tempo que não ia à Baixa. Hoje reparei nas mandíbulas da nova "ponte pedonal" sobre o rio. Parece que não é mesmo possível fazer uma obra boa (o aproveitamento da margem direita do Mondego) sem a estragar de seguida com uma aventesma. Tinha visto a maquete da ponte e sempre supus que seria baixa, aninhada sobre a água, quase invisível. Mas não: é suficientemente alta para tirar a belíssima vista do rio que se estendia até à Ponte Europa, da Santa, ou lá como se chama. E feia. Quem for agora aos bares e restaurantes do rio verá reproduzido ali, em redução física, o casulo claustrofobogénico em que a cidade se tornou. É terrível perceber uma ponte como um corte. Valeu a exposição colectiva de fotografia no Quebra-Costas (gostei de um cristo lânguido deitado em frente a um crucifixo, de autor que não consegui identificar, e de um auto-retrato de André Bonirre), e os ritmos de Rui Murka.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.