DA NATUREZA DO CERCO: A Al Qaeda declarou guerra ao Ocidente a propósito do Líbano. Os que fazem o cerco compreendem sempre mais depressa a situação do que os cercados. É óbvio. Entretanto convinha que não se perdessem as ligações. Continuar a falar com iranianos como Karim Soroush, continuar a falar com os paquistaneses que vivem em Oslo e que não acreditam que todas as crianças norueguesas são bastardas ilegítimas. Continuar a suportar o enfado dos europeus que estão fartos de tanta liberdade que já nem se lembram do que é - literalmente - perder a cabeça por um livro, por uma saia ou por uma antena parabólica. Continuar, sempre. A romper o cerco.
posted by FNV on 8:28 da tarde
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ZOOSPÓRIOS: Andam por aí, lépidos e azougados, alguns zorates aflitos porque a "esquerda não se uniu contra Israel". Coitados dos zotes: ainda vivem no tempo do bem ordenadinho Index.
posted by FNV on 12:40 da tarde
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A REGRA DO JOGO: Num zapping ligeiro, a velha imagem de Jane Fonda, sentada e sorridente em cima de um canhão norte-vietnamita. Depois, com a imprensa, indignada e comovida com os bombardeamentos americanos. O resto da história é conhecida: o delírio vermelho e a chacina habitual. Jane não voltou a Hanói. A regra é: os corações moles endurecem quando os americanos partem.
posted by FNV on 2:19 da manhã
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THICKET: Mato, zona arbustiva, chanato, simbirre. Do alto da árvore é o que o leopardo vê. Muita confusão, desespero, sofrimento, é do que se queixam os homens que escrevem e falam na rádio. E a tal solidão de que padece tanta gente. O leopardo está sozinho no cimo da acácia e está bem. Tem fome, não tem companheira, não sabe se chega à época das chuvas , mas está bem. Porquê? Porque está vivo, porque uma bala expansiva de uma 375' ainda não o encontrou. E esse é um bem inestimável porque não depende de nada do que ele faça. Para trabalhos já bastam os que se conhecem.
EU, JOSÉ FAVINHA: Agradecia que a venda do Laurent Robert ficasse decidida esta semana para poder ir de férias descansado.
posted by FNV on 12:08 da tarde
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AVISO: Via Tiago ( www.kontratempos.blogspot.com) descubro que os patrulheiros não gostam de "posições pouco claras" nesta história libanesa. O problema é com a Fernanda ( www.gloriafacil.blogspot.com) e ainda bem. Eu só tenho posições turvas, enroscado nos galhos da minha acácia.
posted by FNV on 11:55 da manhã
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O PROBLEMA DO ABRUPTO: Fascina-me por três razões:
1) A fabulosa qualidade dos conhecimentos de informática envolvidos. 2) A vontade que alguém tem de tentar perturbar um blogue em especial. 3) A relativa indiferença da blogosfera de primeira linha: não perguntes por quem os sinos tocam...
CALA-TE: Pode ver-se nos comentários, nos artigos, nos posts, que o ódio permance. Nem podia ser de outra forma. Até ao holocausto ( que começa a ser apresentado como "um mito"), que foi buscar à Inquisição a ideia do vestuário identificativo, exceptuando homens como Vieira ou Zola ninguém levantou um dedo em defesa dos judeus. Depois Israel criou um estado num sítio onde expulsou palestinianos e onde ficou com as melhores terras, isto é um facto. Mas o antigo ódio apenas foi beber, hipocritamente, na diáspora palestiniana; isto é outro facto. Duas formas de aferirmos o ódio: o argumento de autoridade e a desqualificação. Quem defende o direito de Israel a defender-se é "contra a paz" e um belicista, um falcão, um reaccionário, um sionista. Podem estar a morrer 600 crianças por dia no Zaire ( numa guerra sem americanos nem judeus) que isso não os comove, como não organizaram cordões humanos nem manifestações durante as múltiplas chacinas vermelhas dos anos 60 e 70.Tanto pior para a paz. A desqualificação serve outro propósito: nada do que digas é válido porque eu decidi que és isto ou aquilo. Se repararem bem, é um remix da retórica comunista com a inquisitorial, já revivida no episódio dos cartoons, e que termina sempre da mesma forma: cala-te!
posted by FNV on 3:47 da tarde
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QUOTAS A SÉRIO: Esta semana regressou a arenga fracturante dos casamentos homossexuais. Concordo com o objectivo, mas já que esta esquerda gosta de quotas para tudo ( as mulheres políticas foram as últimas a beneficiar da coisa) , proponho mais: cada partido que apresentasse uma lei visando legalizar os casamentos lesbian-gay seria obrigado, sob pena de não poder legislar sobre o assunto durante 10 anos, a apresentar três pares de deputados candidatos. Ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, claro está. Afinal não foi o dr. Louçã que afirmou, em certa ocasião, que se tem de ter experiência pessoal sobre os assuntos familiares?
posted by FNV on 12:46 da tarde
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O EIXO DO BEM: Katsouranis - Rui Costa - Miccolli.
posted by FNV on 2:41 da manhã
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"A ESCRITA DE DEUS": É a de um pequeno texto de Borges, dedicado a Ema Platero, no qual o argentino me fala de uma causa próxima: a rede de tigres. O tigre, embora o tradutor não o mostre compreender, é o jaguar, um dos atributos de Deus. Enfiado no pequeno cárcere, Borges é agora Tzinacán, mago da pirâmide de Qaholom, aquele que entende a escrita do tigre: por isso não lhe importa a sorte daquele outro, a nação daquele outro, se ele agora é ninguém. Um belo leopardo, o Jorge Luís. Mas isso já vocês sabiam.
A DIAPSALMATA* DO LEOPARDO KIERKEGAARD (VI):"Quando me levanto de manhã, regresso logo à cama. Estou no meu melhor à noitinha, quando acendo a luz e me destapo. Uma vez mais endireito-me, olho em redor do meu quarto com indescrítivel satisfação e então, boa noite: mergulho de novo sob o édredon."
SÉRIE AFEGÃ (IV): A pouca atenção mediática dada ao território não esconde os problemas. O ópio, como tem acontecido desde ao anos 80, continua a ser o motor das transformações. Analisemos hoje as razões do fracasso dos vários planos de erradicação da cultura do ópio postos em prática desde o início dos anos 90. O primeiro projecto do UNDCP ( United Nations Drug Control Program) foi lançado em 1989. Dinheiro, escolas, hospitais, enfim, a parafernália habitual. Continha, como novidade, a célebre cláusula da papoila : era condição prévia de acesso ao financiamento o fim imediato da cultura de ópio. Ou seja, as populações de Kandahar, Helmand, Kunar e das outras províncias tinham de deixar de produzir ópio antes mesmo de obterem ajuda financeira para... deixar de produzir ópio. Como é óbvio, deu asneira e dupla: não só o plano não funcionou como muitas comunidades rurais passaram a chantagear o UNDCP ( "se não me dão dólares, produzo ainda mais"). Em 1997 um segundo plano arranca. Compreende já fundos destinados ao estabelecimento de unidades policiais anti-droga para além dos normais financiamentos ao fim da produção. O plano, que se estendeu até 2000, acabou dinamitado por diversas razões nem sempre fáceis de descodificar dada a linguagem burocrática deste tipo de agências. Sinteticamente: o terreno era perigoso, o clima político volátil ( nada de imprevisível, mas enfim...) e os lavradores mais ricos obtiveram o acesso privilegiado - e quase exclusivo - aos fundos da ONU. Depois da invasão anglo-americana, o governo de Karzai, a ONU e os militares ocidentais fizeram uma fusão das tentativas anteriores acrescentada de alguma originalidade. Lançaram as ACEO ( Agressive Crop Erradication Operations) e os ALP ( Alternatives Livelihood Programes). O Senlis Council, crítico da actual política de combate ao ópio afegão, alerta para uma evidência que já aqui referi: os habitantes de zonas brutalmente pobres, como Helmand ou Kandahar, já não distinguem as forças de segurança que os libertaram dos talibã das brigadas anti-ópio que lhe querem tirar o sustento. Resultado: a propaganda talibã é alimentada e o ópio floresce, agora num quadro de resistência " cultural". Nos anos 50 o Helmand foi alvo de uma requalificação agrícola e hidro-eléctrica patrocinada pelos dólares americanos. O projecto foi abandonado e, para ajudar à missa, o caudal do rio Helmand passou de 2.221 milhões de m3 em 1991 para apenas 48 milhões em 2001. Numa região destas não espanta que, em 2005, os 26.000 ha de ópio tenham rendido 144 milhões de U$ enquanto que 80.000 ha de trigo tenham gerado apenas 44 milhões de U$. Em Helmand, cerca de 380.000 pessoas vivem das receitas do ópio. A situação está de tal maneira que no mês passado os talibã já faziam checkpoints rodoviários a apenas 20 km da base britânica situada em Lashkar Gah, a capital provincial do Helmand. Na província, os ocidentais e o governo já não controlam os distritos de Musa Qala, Kajaki, Dishu e Naw Zad. Que fazer? Rezar para que as tropas da coligação recuperem o controlo do país ( a bem dizer aquilo são vários países, mas isso será motivo para outro post) e depois não cometer os mesmos erros. Uma das possibilidades é ensaiar a Experiência Turca. Este post já vai longo pelo que essa experiência terá de ser explicada noutra ocasião, mas a ideia, alimentada pelo Senlis Council, tem pernas para andar: significa instalar uma produção controlada de ópio destinada a fins legais/ medicinais como aconteceu na Turquia nos anos 70. Será apenas uma panaceia ( e pequena, ao contrário do que pensa o Senlis Council que mistura tempos e realidades diferentes) , mas ao menos uma panaceia eficaz.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.