O filme passou relativamente despercebido, o que não admira. Fosse uma baboseira do sr. Moore e outro galo cantaria. Em "As Vidas dos Outros" ( Alemanha, 2007), o capitão Wiesler, instrutor da STASI, pergunta a um desgraçado - o prisioneiro 227 - se "acha que um regime humanístico como o nosso seria capaz de encarcerar cidadãos sem motivo". Até tinha razão. A cena passa-se em 1985. Já havia TGV, Maradona, Cavaco, eu tinha vinte anos e lembro-me muito bem. Muitos pulhas que hoje berram contra o "pensamento único" e a "claustrofobia democrática" eram na altura homens feitos e maduros e diziam da RDA o que o bom muçulmano diz do Corão.
Os imigrantes são o que mais se aproxima da classe trabalhadora dos tempos de Marx. Chegam em bandos, trabalham 18 h/dia, não são sindicalizados nem têm segurança social. O Bloco ignora-os em favor dos LGBT e o PCP prefere os clássicos e os reformados. Porquê? Porque os imigrantes não votam.
posted by FNV on 5:10 da tarde
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ODI ET AMO (II):
Não existe comida afrodisíaca. Os chineses inventaram isso para que os homens não sofram de ejaculação precoce e para que as mulheres não lavem a louça logo a seguir. A arte da cavilação é a única coisa verdadeiramente excitante.
posted by FNV on 12:20 da tarde
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ODI ET AMO (I):
As cabeleireiras de trinta anos são o ideal de mulher. Só convivem com mulheres, cheiram bem e têm mãos que parecem pombas. O problema é que sofrem todas de disfunção sexual.
1ª) O desprezo, ao contrário do estardalhaço habitual, com que foi recebida nas redacções lusas a proposta de Zapatero de incentivo à natalidade ( 2.500 euros por nascituro). 2ª)A quantidade de golos que vamos poder ver este ano no Manuel Ruiz de Lopera.
posted by FNV on 10:23 da tarde
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VIRTUDES A PÉ, VÍCIOS A CAVALO:
Ao fim de quase dois anos de mandato, o PS vacilava nas sondagens mas Sócrates parecia intocável. Muitos sectores estavam descontentes mas a coisa corria bem. O objectivo foi claramente delineado : desacreditar a figura do PM, porque os portugueses não votam em partidos mas em pessoas. Sócrates colhia a popularidade na imagem de político honesto e decidido, eram essas qualidades que tinham de ser arrasadas. O primeiro passo consistiu no caso do diploma de engenheiro e funcionou bem. Tão bem que já foi arrumado. O segundo foi inventar a "deriva autoritária" ( um sucedâneo do ortodoxo "desvio de direita" comunista). A estratégia foi simples, o resultado evidente: o homem passa a ser um aldrabão prepotente. Tudo isto faz parte do combate político e é perfeitamente legítimo, não sendo necessário que muitos mestres e veteranos destas lutas nos tomem por parvos. Eu não gosto.
posted by FNV on 11:29 da manhã
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FONTES LUMINOSAS:
Uma das mais evidentes expressões do poder mediático, mas também da sua duplicidade moral, pode ser encontrada na investigação aos casos de violação de segredo de justiça. Gente capaz de saber com quem Cristiano Ronaldo bebeu o 3º copo na discoteca ou quantas rasuras tinha o trabalho de inglês de Sócrates nos tempos da Indepedente, não consegue, estranhamente, um furo que seja sobre a autoria da famosa violação.
O GOVERNO PS ESTIMULA A CONSCIÊNCIA CÍVICA: Estes episódios pirosos de que o Governo de Sócrates, volente nolente, se tem conseguido rodear, já tiveram um efeito positivo: à esquerda e à direita, pessoas para quem a liberdade de expressão não costuma ser, ou não foi sempre, digamos, uma prioridade, escrevem em sua defesa com o ardor dos primeiros liberais. Mais vale tarde do que nunca. Hoje os funcionários públicos, amanhã os membros do Partido, depois de amanhã os bispos heterodoxos.
Leio nos jornais - não, na crónica de Marcelo Rebelo de Sousa - que o PSD madeirense não deixa que se façam perguntas ao governo no parlamento regional.
posted by FNV on 12:48 da tarde
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QUEM SABE, SABE:
Quando Campos e Cunha, ministro das finanças de um governo cuja preocupação quase exclusiva era as finanças, se demitiu ao fim de alguns meses, onde estava a agora agressiva e inquisitiva classe jornalística? Calada e sossegada. Como a nêspera do Mário-Henrique Leiria. Tem sido sempre assim. Nos primeiros tempos de um governo forte, os media acotovelam-se para ocupar os melhores lugares da pantomine tournoi. Tudo permitem, tudo deixam passar. O povo legitimou o chefe e eles não querem estar contra o povo. Assim foi com os primeiros anos das maiorias absolutas de Cavaco ( como ele próprio conta); assim foi com a actual ministra da educação que abanou logo os professores, nessa altura ignorados pelos media. Quando a coisa começa a aquecer, os media reassumem a posição de controlo. É uma forma de poder como outra qualquer. Os media só têm poder quando transmitem o natural desconforto de alguns sectores do "povo" ou quando amplificam - distorcendo se puderem - as mais irrelevantes historietas. O poder é um atributo que depende da situação dos actores, e nada torna mais irrelevante o peso mediático do que os primeiros anos de um governo de maioria absoluta. Por outro lado, quando a agenda do governo cobre os temas caros às redacções - normalmente os "fracturantes" - a vigilância abranda. Quem sabe, sabe. Se Sócrates voltar a ganhar folgadamente, assistiremos ao eterno retorno, com direito a champagne no avião para Luanda e tudo. Nos primeiros tempos.
MOMENTO DE ANTOLOGIA DO DISPARATE AUDIOVISUAL: Estou a viver fora de Portugal. O que me poupa ao bombardeamento quotidiano sobre as eleições intercalares no Concelho de Lisboa. Sou eleitor nesse concelho o que espero me coloque a salvo de ataques de bairrismo com que normalmente são brindados os que protestam contra a notória macrocefalia que se vive no País. Não tenho escrito no blogue mas ontem, através da net, apercebi-me que o debate dos candidatos à autarquia de um concelho com cerca de 500 mil habitantes (por volta de 5% da população do país) estava a ser transmitido em directo no horário nobre do principal canal de televisão público. Não me consigo conter. Porque é que os portugueses que vivem fora de Lisboa são obrigados a ter uma noite inteira no principal canal público (pago com os impostos de todos) ocupada com o debate dos candidatos à Câmara Municipal do Concelho de Lisboa? Não havia outros canais interessados? No cabo por exemplo? Ou o próprio canal 2, também público e (neste caso apropriadamente) destinado a minorias? Ainda por cima com as novas tecnologias podem transmitir-se eventos online costumizados apenas para os potenciais interessados (por ex. eleitores emigrados como este Vosso escriba) - como aliás a RTP ontem fez, o que torna ainda mais estranho e até redundante a transmissão via Canal 1 e RTP Internacional. Mesmo que a matéria interesse aos habitantes da Grande Lisboa (e é duvidoso que todos estejam interessados nesse debate tão parcelar relativamente aos seus problemas) isso abrangerá 20 a 25% da população do País. Claro que muitos poderão dizer que a Câmara Municipal de Lisboa é maior que muitos ministérios e que tem mais funcionários e um orçamento superior a muitos organismos do Estado. Mas isso diz mais sobre a má organização administrativa do Estado, o possível excesso de funcionários municipais e o mais que provável exagero de campos de intervenção da Câmara Municipal de Lisboa do que sobre a relevância da coisa. Estou certo que o futuro da Emarlis, da Gebalis, da Lisdesporto e do plano Baixa-Chiado e mais umas quantas siglas acabadas em lis deixaram em suspenso milhões de portugueses, no País e na diáspora, do Minho a Timor (como requinte sádico do disparate, o debate foi transmitido em directo pela RTP Internacional e RTP África). Eu não gosto muito de usar adjectivos deste tipo mas, para além de outras considerações, isto é essencialmente um acto parolo e pacóvio. Produzido pelas brilhantes e cosmopolitas mentes que comandam o nosso sistema político-mediático. Ortega Y Gasset dizia que o provinciano era aquele que, estando onde estivesse, se julgava no centro do Mundo. Pois bem, Lisboa (ou melhor, uma eleição para a Câmara de Lisboa) esteve ontem, através dos diversos canais da RTP, no centro do mundo audiovisual lusófono. Alguém descobre a(s) provinciana(s) mente(s) que resolveu(eram) que isto tinha algum interesse para os cidadãos lusos e lusófonos do Porto, Coimbra, Faro, Bragança, Portalegre, Luanda, Maputo, Newark, San Jose, Macau, Rio de Janeiro, Paris ou Dili ? Isto é serviço público. Mas do tipo rádio local. Infelizmente com projecção mundial. Ou seja, durante 2 ou 3 horas quem quis ver televisão em português fora do País ou o serviço público em Portugal ficou condenado a assistir a uma troca de argumentos de alto coturno sobre magnas questões de interesse global como o túnel que talvez, quem sabe, venha a passar sob o Jardim da Estrela. Um problema, está visto, de transcendente importância e impacto à escala planetária. Que belo uso é dado ao dinheiro dos nossos impostos!!!
posted by NMP on 4:30 da tarde
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A ESPADA DE BRENO:
O discurso do PNR assenta em dois bordões que ainda não funcionam - "fechar fronteiras" e "patriotismo" -, e em dois que os meninos babosos - o eleitorado do Bloco - e a gente pobre agradece: "morte ao capitalismo" e "isto é só corruptos". Ou seja, virtude monolítica por oposição ao virtuosismo multicultural da extrema-esquerda. Como são a mulher peluda da feira, os media estão a gostar. Com ou sem cerco ao Capitólio, ainda pagaremos, e bem, o peso desta espada.
posted by FNV on 10:54 da manhã
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ANTES DO TEMPO:
Recolher pedaços que sabemos que serão um dia pretexto para o sorriso ou para o aço. Por exemplo, o bilhete do primeiro jogo de futebol a que o levámos ou a redacção na qual ela se estreou a opinar sobre o estado do mundo. É um exercício perigoso. Estas coisas chantageiam o tempo: são o presente, mas guardamo-las para o futuro para servirem de passado. São, no fundo, a única coisa que podemos fazer para iludir o nosso envelhecimento. Esta é a versão benigna. Num outro planeta, este exercício é uma antecipação do Mal. Recolhemos voluntariamente para não termos de recorrer obrigatoriamente. Esta é a versão catastrófica.
SOL ENCOBERTO: Fico estupefacto perante o argumento de José António Saraiva (JAS), escrito no Sol. Diz JAS que o professor escorraçado da DREN não deveria referir-se em calão ao Primeiro-Ministro por este não deixar de ser, de certa forma, o seu "patrão" (aspas no original).
Imagino que JAS não se tenha dado conta de que o seu raciocínio faria emudecer uma imensidão de pessoas. Todos os funcionários públicos e todos aqueles funcionários que gravitam na órbita das centenas de empresas em que o governo estranhamente participa; acrescente-se-lhes ainda todos os trabalhadores da CGD (porque não, alguém tem dúvidas?) e, por força da golden share, a malta da PT, e muitos, muitos, muitos outros teriam de ficar calados para não ofenderem o "patrão".
Ora, o PM não é "patrão" de coisa nenhuma: o PM é quem as pessoas põem naquele lugar para as servir, não para ser servido. Pelo que, em verdadeira democracia (aquela em que JAS acredita), a generalidade das pessoas é que seria o "patrão" do PM, e não este seu "patrão".
É que mesmo vendo a situação pelo prisma pretendido por JAS, terá este último de reconhecer que o PM não é dono do país nem sequer o accionista maioritário: é um estranho posto no cargo pela maioria dos accionistas, accionistas esses que, a todo o tempo ou no tempo certo, o podem destituir do cargo. Por outras palavras, são os accionistas os "patrões" dele. E, assim, podem elogiá-lo ou vaiá-lo, mesmo que se discorde da utilização do calão (de resto, atento o calão utilizado, convém referir que o mesmo, em certas zonas do país e com determinada entoação, pode até constituir um rasgado elogio).
De outra forma, grande parte da população arrisca-se a ser ferozmente perseguida pelos Governadores Civis e sua trupe (como o de Braga, nos recentes episódios de Guimarães) aquando da inocente aposição das populares barbichas, bigodaças e corninhos nos cartazes de propaganda eleitoral. Leva com a pena capital o desgraçado do funcionário que for apanhado a escurecer um dente ao sorriso afável do patrão, perdão, do PM.
A inversão que JAS fez deste estado de coisas é, por isso, incompreensível (particularmente nele), e parece constituir apenas mais uma forma sub-reptícia e pobre de tentar legitimar certas atitudes censórias e persecutórias que este governo tem assumido, com a estranha conivência (até) de pessoas sérias (onde incluo, obviamente, JAS). É triste.
posted by VLX on 6:54 da tarde
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EQUIVALÊNCIAS:
É tão certo dizer que em Lisboa António Costa é o delegado do governo quanto considerar que Negrão é o emissário ( veremos se boucle) de Marques Mendes.
posted by FNV on 2:40 da tarde
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ERRO DE CASTING:
Encontro na rua um conhecido que me diz que ando muito amigo do governo ( parece que lê blogues). Ainda tentei dar-lhe exemplos de críticas que por vezes faço, mas népias. Que me ando a bater a um cargo qualquer. O tipo é um político regional encartado, é natural que pense assim. Os outros, os nacionais, também fazem esse exercício com outros alvos. Os meus amigos de uma vida devem estar a rir-se com gosto: mais depressa o FCPorto me contratava para assessor de imagem, do que um partido - qualquer - me convidava para o que quer que fosse.
posted by FNV on 12:49 da tarde
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PERIGOSO RELATIVISMO:
Este ano já foram apreendidos 4,8kg de estupefacientes nas cadeias portuguesas. Se apenas 2kg forem heroína, e sabendo que a dose individual é uma quarteira ( 1/4 de grama), foram apreendidas 80.000 doses. Sabendo tambem que um drogado vive muito bem com uma dose diária, isto significa que a quantidade apreendida serviu para sustentar 2666 drogados durante um mês. Nada disto incomoda os puros e duros. Gostam deste regabofe, embora eu fosse capaz de jurar que muitos são conservadores e tradicionalistas. Para eles, estranhamente, quem mete a droga na prisão é quem oferece seringas esterilizadas e consultas de desabituação.
O Eduardo Pitta tem toda a razão. Na primeira vez que fui ao Gambrinus recebi uma lição de profissionalismo. Cheguei acompanhado da minha mulher, com a casa cheia, sem reservar mesa. Não somos famosos nem sequer conhecidos, mas o chefe de sala pediu para aguardarmos um pouco e sugeriu uma bebida ao balcão. Depois fez isto: fechou uma segunda entrada do restaurante ( ou uma passagem para qualquer divisão, não me recordo bem), desocupou uma mesa que estava a servir de apoio e sentou-nos. Assim, só.
posted by FNV on 12:58 da tarde
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FADUNCHOS (III):
"Emquanto cantarmos o Fado, de cigarro ao canto da boca, olhos em alvo e paixão a arrebentar o peito, não passamos de um povo inferior, incapaz de comprehender a vida moderna das nações avançadas" ( Antonio Arroyo, "O canto coral e a sua funcção social", França Amado Ed., Coimbra, 1909). Inferiores, sim, mas sem cigarros nem touradas. Para parecermos civilizados.
Na candidatura de Fernando Negrão. Quem viu o diário de campanha de ontem na SIC-N - o candidato a dançar uma polka paralítica, a falar com um cabelo espetado e a "sair de palco antes de acabar o discurso" ( sic) -, ficou convencido de uma de duas coisas: ou o conselheiro de imagem de Negrão é do PS, ou é do PS.
MARAVILHOSO PORTUGAL MARAVILHOSO: Pondo termo a meses de angustiosas dúvidas, foram finalmente divulgadas, em cerimónia realizada no Estádio da Luz (o Jamor já não é o que era) e na presença de todas as oficiais luzes da Nação, as 7 Maravilhas de Portugal. Só não percebo o que está a fazer, naquele conjunto, o Palácio da Pena - essa modernice.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.