Em hebraico significa "(tu) morrerás de morto". Apesar do ódio e da violência sobre pretos e homossexuais, as suas sepulturas não são apetecíveis. O que tem a campa de um judeu de tão especial? Talvez porque o ódio seja subterrâneo - tem-se visto até na blogosfera lusa - e talvez porque o judeu encontra finalmente um pedaço de terra, mas nem a essa tem direito.
posted by FNV on 2:14 da tarde
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ODI ET AMO (XXXVI):
Dizem-me: mas a mentira não mata o amor? Um pouco difícil. Ela funda o amor. Quando julgamos que vamos ver crescer os nossos filhos ou quando estamos certos que ela é só nossa, que fazemos nós senão mentir? O que conta é o tempo, e a mentira dá-lhe espessura. Experimentem dizer sempre a verdade a quem tanto querem e verão quanto tempo dura o vosso amor.
LUIS FILIPE MENEZES: Quem não deve estar nada contente são os tais 164 Yanomami da pequena reserva localizada no Rio Grande do Sul, ali mesmo na fronteira com o Chile.
posted by PC on 1:18 da manhã
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A TÉCNICA MASAI:
Ao contrário do que pensa o europeu banana, os masai não perseguem e matam leões sozinhos. Quando querem ajustar contas com o simba, os masai juntam-se num magote e fazem uma batida. O leão é empurrado para um local onde não tem alternativa senão carregar os caçadores. Nessa altura, um desgraçado avança e suporta sozinho os 200 kg albardados com garras e dentes. Enquanto o desgraçado é devorado, os restantes aproximam-se e dezenas de lanças trespassam o leão. No final todos louvam a coragem do defunto. Nos próximos dois anos o dr. Menezes estará em África. Em maus lençóis.
posted by FNV on 1:06 da manhã
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BEM PODEM TENTAR:
Sócrates só cai em 2009 se conseguirem provar que roubava chupetas na creche.
O director da SIC-N está neste preciso momento a fazer o panegírico do dr. Menezes. Isto significa que o dr. Menezes ganhou ( o sr. Ricardo Costa sabe sempre de que lado sopra o vento).
posted by PC on 2:46 da manhã
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SURAMIA ECHEVÁRRIA:
É o nome de uma "professora emergente". Estes professores são uma novidade no sistema de ensino cubano, o mesmo que ainda há uns meses recebeu loas nos sítios do costume. A reportagem da TVE mostra os miúdos a cantar o hino nacional à porta da escola ( só cá é que a esquerda fixe se irrita com estas coisas). Uma vez dentro da sala de aula, os garotos têm direito a uma-1-uma hora de televisão. São os minutos de ódio: Castro primeiro, e a seguir, nesse dia, um outro ministro qualquer. Depois começam a estudar matemática. A jornalista da TVE acaba a peça a elogiar o maravilhoso sistema de ensino cubano. Tudo velho, tudo repetido.
A mentira é essencial numa relação amorosa. Nos bons tempos, ela organizava o espaço e permitia zonas de sobrevivência: ele contentava-se com o sexo fácil ocasional, ela com uma paixão secreta pelo colega de escitório. Nenhum deles impunha a verdade dos seus grunhidos e suspiros. Hoje, como somos todos muito intimistas e verdadeiros, somos incapazes de conter as convulsões. A verdade exige que as nossas histórias sejam reescritas continuamente. A autonomia das entranhas devolve-nos, no final, uma vida estilhaçada. Mas verdadeira.
posted by FNV on 10:29 da manhã
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A VERDADEIRA SANTANETE:
Ana Lourenço, pivot opiaceamente sobreavaliada da SIC-N, foi posta no lugar por um improvável Santana Lopes: o homem não gostou de ser interrompido pela chegada ao aeroporto de um treinador de futebol. Espero que a madame não seja a próxima jornalista a queixar-se à imprensa de fim-de-semana ( naquelas entrevistas intimistas habituais) da "boçalidade reinante no país".
Adenda: A direcção da SIC diz que foi só um minutinho e que interrupções acontecem nas entrevistas em directo. São os larguíssimos critérios jornalísticos. A verdade é que os políticos são tratados como sopeiras. Alguns merecem.
JAMOR, MAIO DE 2008: Terminou há momentos a final da Taça Cergal, disputada entre o Benfica e o Sporting, vencedores das meias-finais contra, respectivamente, o Cabeça-Gorda e o Trancosense. O Sporting sagrou-se vencedor, por 1-0, após a marcação de 76 penalties para cada lado, através de um golo marcado por Ricardo, antigo guarda-redes do clube de Alavalade, cuja participação nesta grande festa do futebol foi aceita pelos encarnados na condição de jogar no onze titular e durante os 90 minutos do jogo. No final do recontro, Paulo Bento enfatizou a importância de ter levado a Taça Cergal "a sério", onde fez sempre alinhar "hãã, os jogadores, hããã, que integram a equipa, hããã, titular". Os adeptos leoninos celebraram efusivamente a "dobradinha" (Supertaça + Taça Cergal), exigindo já a conquista, no próximo ano, da Taça de Portugal. Camacho deu os parabéns a todos, jogadores incluídos, e preferiu salientar a realização do objectivo desenhado no princípio da época (levar o clube à Champions League com o 3º lugar no campeonato nacional). A actuação do árbitro Duarte Gomes não esteve isenta de erros, ao assinalar três penalties inexistentes para cada lado, sem porém ter tido influência no resultado (0-0 no final do tempo regulamentar).
posted by PC on 11:58 da tarde
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BAIXA ESTATURA: Entre tantos insultos dirigidos ao carácter, à personalidade (ou falta dela), às (in)capacidades intelectuais, à falta de carisma e de liderança, é curioso que seja a referência à estatura (i.e., altura) a mais ofensiva das invectivas. Faz-me lembrar um filme do Trinitá (a idade não perdoa...) em que Bud Spencer desanca um personagem que chamou "cabra estúpida" à sua mãe. Quando Trinitá pergunta o porquê de tanta violência por um comentário com alguma verdade, Bud responde que ela "não era assim tão estúpida."
É curioso que na "era tecnólogica" as primeiras directas no PSD não tenham merecido um par de debates em canal aberto. "Era tecnólogica" significa não só a parafernália propriamente dita, mas também uma evidência que toda a gente repete: as pessoas estão afastadas dos partidos. Ainda há uns meses doutas teses se escreviam sobre as intercalares lisboetas e o triunfo dos independentes. Agora, com a faca e o queijo na mão, os políticos preferiram os ( velhos) ossos do ofício. Isto acontece, em parte, devido a um velho princípio do renovamento político-organizacional. Quando a renovação ( virtuosa ou infame, isso não interessa) avança, representa geralmente a periferia, cabendo ao poder instalado a ocupação do centro. No caso do PSD isto foi visível: Meneses/ periferia, Mendes/ centro. O núcleo central do poder social-democrata, sabendo disto, evitou, e bem, os debates televisivos abertos e concentrou energias no controlo do pagamento das quotas. Um par de debates televisivos em canal aberto permitiria aos movimentos periféricos um nivelamento posicional; a tónica em questões burocráticas, classicamente centralista, mostra quem ( ainda) manda.
Adenda: Meneses a discursar em directo para as televisões num setting azul-bebé mostra como até as melhores agências de comunicação sofrem com a periferia.
posted by FNV on 7:47 da tarde
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A SITUAÇÃO DO PSD:
Pensemos para lá de 2009. Poderíamos pensar em 2013, mas com os nossos chefes de governo nunca se sabe. Para olhar em frente temos de olhar para trás. E o passado, desde o tabu de Cavaco, ensina-nos uma coisa: a oposição em Portugal é obrigada a praticar a caça de espera. Esta modalidade não é muito do agrado do sportsman. Ficar horas empoleirado numa mutala ( ou machan, na Índia), à espera que o leopardo ou o leão apareçam, é pouco leal. A esta modalidade o verdadeiro caçador só recorre quando já é velho, quando o tempo urge ou quando tem convidados pouco experientes. A esta modalidade recorrem com frequência os não-caçadores: funcionários que sonham com um troféu fácil e atiradores furtivos. A estes, o bicho, e muito bem, obriga-os frequentemente a esperas longas e desconfortáveis; às vezes até caem da árvore.
posted by FNV on 11:08 da manhã
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UMA VIAGEM INTERESSANTE:
"No Irão não existe esse fenómeno", disse Ahmadinejad numa universidade americana, numa declaração fixada para a posteridade pelas televisões. Referia-se à homossexualidade. Mas não é só no Irão. Na Palestina controlada pelo Hamas também não há disso. E não há gajas de mini-saia. Nem drogados. No outro dia, uma jovem, sentada de pernas ao léu numa esplanada, às 2h da manhã, rodeada de rapazes prestimosos, dissertava ruidosamente acerca da superioridade da "cultura muçulmana" sobre a "ocidental". Se eu pudesse oferecia-lhe o bilhete. De ida.
A SERINGA É UMA ARMA ( As munições são fornecidas pela casa):
Já aqui argumentei o suficiente sobre o assunto, sabendo que ,quando o programa arrancasse, os críticos ferozes da coisa não estariam interessados em argumentos ( muito menos nos meus). A minha formação na área incluiu a prática ( distribui seringas na rua em 1993, trabalhei na prisão em 1994 e numa unidade de desintoxicação durante cinco anos) e a teoria ( tenho um dos melhores arquivos nacionais sobre história e geopolítica das drogas). Argumento de autoridade? Nada disso: apenas a prova de que me interesso suficientemente sobre o assunto para gostar de discutir. Argumentos, claro. Não considero este programa das coisas mais úteis ou mais interessantes que existem na política de drogas. É apenas uma medida sanitária que decorre da opção que temos feito: o envio do consumo de drogas para a obscura ilegalidade. Porque as drogas são ilegais, muita gente se mete em sarilhos e acaba na prisão; porque as drogas são ilegais, são um bom negócio; porque são um bom negócio, os funcionários prisionais introduzem-nas nas prisões; porque os funcionários corruptos não são assistentes sociais, o resultado, em meio fechado, é a degradação das condições sanitárias. O programa é uma forma de reduzir os danos provocados pela opção inicial. O historiador das drogas sorri sempre que lê ou ouve proclamações inflamadas sobre a certeza científica da guerra às drogas. Desde o início do século passado, nas Filipinas, que as interdições mais brutais foram experimentadas ( não contabilizo sequer o édito imperial que Yung Chen assinou em 1729) . Mas os bravos do pelotão persistem em apontar aos cépticos a responsabilidade pelos falhanços sucessivos. São uma espécie de marxistas científicos ( alguns andaram por lá, de facto).
O Cardozo do Benfica carrega a alcunha de tacuara, que em guarani-tupi significa "cana alta e seca". Adequado. Os guarani ( antigos carijós) falam três dialectos: o Mbya, o Kalowa e o Nandeva. Os guarani que falam Mbya têm uma linguagem ritual elaborada, a ayvu porã, que em português soa a "ai a porra!" e que é basicamente o que eu digo quando vejo o Cardozo falhar golos. Se o nosso índio , em vez de tupi-guarani, fosse umotina ( subgrupo Bororo do tronco Macro-Jê), seria melhor jogador. Os umotinas eram conhecidos como barbados: tipos rijos que usavam uma barba postiça feita de pêlos de macacos. O nosso Cardozo parece mais da tribo dos parecis ( que em português soa a "imbecis" e que é o que somos por termos enterrado 9 milhões no gajo): tipos dóceis e material escravo predilecto dos antigos bandeirantes.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.