O João tem razão e já muitas vezes referi isto aqui no blogue. Não é só porque as pessoas se conhecem todas e o meio é pequeno ( basta ver o beau monde lisboeta que se auto-convida para quase tudo no meio de salamaleques capazes de enjoar o califa mais resistente), mas também porque todos têm algo a perder. Claro que o João não ajuda muito à normalização, porque arreia desalmadamente em quase toda a gente ( salavam-se o Papa e o Gore Vidal).
posted by FNV on 9:41 da tarde
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AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ: Numa célebre citação, Churchill afirmou: "Americans can always be counted on to do the right thing...after they have exhausted all other possibilities." Hoje é o dia final do mês de Outubro de 2008, o mês desde o início da guerra do Iraque com menos vítimas mortais entre os soldados americanos naquele país (13). Nota: corrigido após chamada de atenção de leitora. Os republicanos bem suspiram pelo tempo em que a guerra do Iraque era o tema dominante da campanha eleitoral. Com a crise financeira e as sombrias perspectivas na economia a maior parte dos americanos parece decidida em enviar o Partido Republicano para uma (bem merecida, já agora) cura de oposição. Os resultados na eleição para o Congresso aprofundarão a maioria democrata para um nível de controle político há muito não visto. Na eleição presidencial apenas uma combinação improvável de resultados nalguns estados poderá prevenir a derrota de McCain (parece adquirido que McCain perderá a maioria do voto popular - resta-lhe ter esperanças de um milagre nas contas do colégio eleitoral). O futuro dirá se esta aposta em força e concentração de poder no Partido Democrata é "doing the right" ou mais uma fase de "exhausting all other possibilities". Mas, no actual clima, pior parece impossível relativamente à desastrada Administração Bush.
posted by NMP on 4:36 da tarde
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VOTE/DON'T VOTE: A dias de umas eleições que deverão ter uma participação recorde, uma campanha original e bem criativa de apelo ao voto. Com rostos e vozes bem conhecidas:
posted by VLX on 12:34 da tarde
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COISAS SÉRIAS: Enquanto os cães ladravam, Paulo Rangel levou avante a sua caravana: o cumprimento da lei e das regras, coisa tão pouco ao gosto do governo socialista. Este último teve de se submeter e sujeitar, por imposição do próprio Jaime Gama, e estará agora num canto escuro, de cauda murcha, lambendo as feridas com raiva. Os deputados que proponham a alteração do "lapso" do governo socialista feito por mão desconhecida e que possibilitava os donativos aos partidos em dinheiro vivo.
ÚLTIMAS: Empresa de Alijó salda sacos de plástico azuis para evitar falência. Pastas de couro XL e caixas de sapatos 46 biqueira larga a preços módicos e com descontos para quantidades. Não se aceitam cheques nem cartões bancários.
posted by VLX on 12:05 da tarde
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JORNAL DE NEGÓCIOS:
Manuela Ferreira Leite esteve muito longe de Menezes na entrevista que deu à SIC-N. Não lançou 28 projectos nem desenhou 1334 ideias para o país. Quando sabia do que falava, falou; quando não sabia, calou-se. Não prometeu o paraíso, não sorriu 67 vezes, não se auto-definiu a cada cinco segundos, não precisou de dizer "os portugueses conhecem-me". Não disparou sobre os adversários, os "traidores" e as "cavalgaduras". MFL, a falar assim, não vai lá. Nós estamos mais cá, obcecados em confundir gravatas com lenços de assoar, como dizia o Alexandre.
"Há americanos que não querem que Obama seja o seu Presidente. São esses tais extremistas brancos": Luís Costa Ribas, SIC, agorinha mesmo.
posted by FNV on 8:16 da tarde
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GOSTO PELOS ANIMAIZINHOS: Eu gosto muito de animais e, por isso mesmo, entendo que devem ser tratados com imenso cuidado. O capão, por exemplo, seca com enorme facilidade se não se tiver cuidado. O fofo coelho, se não for estufado em abundante e rico molho, faz perder a graça das torradinhas que o devem acompanhar em cama alegre. O lombo da vaca deve ser frito em lume forte, formando uma crosta exterior mas mantendo-se praticamente cru por dentro, com todos os sucos e sabores. E, se for destinado ao bife à portuguesa, só deverá ser colocado na frigideira no exacto momento de ir para a mesa para evitar que coza. A cozedura é importantíssima: é célebre o número de pratadas de percebes que são devolvidos à cozinha por terem cozido demais. Há marisco que cozido já morto não se pode tragar. No cozido à portuguesa não se devem pôr as carnes todas ao mesmo tempo na panela, cada uma tem a sua hora. E depois há a primeira abordagem ao animal. A tripa da lampreia tem o seu segredo para ser bem tirada. Já a cabeçorra da galinha é mais fácil, desde que não fuja e a faca esteja devidamente afiada. Na matança do porco convém sempre ter a postos bacias para o sangue, para tudo se aproveitar e nada deitar fora (como para a cabidela de galinha ou de leitão, esta última muito famosa na Bairrada). Cru também (recordo-me agora ao olhar pela janela) se deve comer o pombo, eventualmente com um molho doce. Já os coelhinhos do bacorinho se devem passar bastante. O fígado do peru, devidamente emborrachado, deve ser tratado com esmero pois dele sairá o delicioso foie gras que o irá rechear e deliciar-nos na mesa. Quem pensa que cozinhar é fácil nunca tentou abrir ovos de codorniz para os fritar; aquilo é mais difícil do que abrir latinhas de ovas de salmão, não tenham dúvidas. Nem nunca tirou o anzol da boca de um robalo ou da pescada (é muito difícil de o fazer sem estragar, principalmente se o peixe ainda estiver a estrebuchar). Uma cabeça de pescada em que se note o estrago do anzol perde metade da piada na mesa e desonra o pescador. Tratar bem os animaizinhos é muito difícil, necessita de muito sacrifício nosso, requer muita aprendizagem, exige que lhes ofereçamos muito do nosso tempo à volta da panela mas é uma obrigação que inexoravelmente se impõe ao ser humano.
posted by VLX on 5:31 da tarde
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HISTÓRIAS BESTIAIS: Estou a achar uma delícia o pagode que aí vai a propósito dos bichos. Imagino uma pequena história: um avião despenha-se numa ilha deserta onde não há qualquer tipo de alimentação. Os sobreviventes (um magricelas da Animal, um reco de 120 quilos e grossas pernas para fumar e um enorme e suculento capão de fazer inveja aos de Freamunde) vão ter de se comer. O tipo da Animal sugere que tirem à sorte. Eu torço para que lhe saia a palhinha mais curta.
Dezassete feridos na Universidade de Navarra, obra da ETA. É como diz o dr. Louçã ( e outros militantes dos direitos humanos) : a ETA responde com o terrorismo ao terrorismo do estado espanhol.
posted by FNV on 12:17 da tarde
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NICOLAU TOLENTINO, SEMPRE:
Sem causa, entre dentes trazes a grande arte das batalhas; murmuras de seus sequazes; e, quando a guerra ralhas, outra com a língua fazes.
( Sátiras, 1801)
posted by FNV on 11:34 da manhã
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OS SODOMITAS:
O general Loureiro dos Santos diz que os jovens oficiais podem vir a praticar actos impróprios contrários à democracia, porque estão descontentes com a perda de direitos. Em linguagem de caserna significa que querem mais graveto. Julgo que é a primeira vez que ouço esta ameaça velada ( na altura do PREC havia muito barulho em minha casa). Deixo a indignação para as macacas de auditório. Registo apenas que a expressão "actos impróprios e contrários à democracia" é boa. Tem qualquer coisa de sodomita, de coprofílico.
PARA ATÉ OS ANIMAIS PERCEBEREM: Como o que é realmente sério não se discute e é varrido para debaixo do tapete, vai pela blogosfera uma violenta discussão acerca das opiniões de Paulo Rangel sobre os animais, quando o deputado se limitou a dizer o óbvio e, de resto, aquilo que decorre da nossa ordem jurídica: os animais não podem ser titulares de direitos.
Aliás, acrescentaria eu, segundo a nossa legislação não podem ser titulares de direitos os animais e os bebés até às dez semanas de gestação.
posted by VLX on 6:23 da tarde
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UM FILME ACTUAL: Em "A Canção de Lisboa" o espertalhão do sapateiro, em conluio com o ambicioso alfaiate, sentencia gravemente, referindo-se à massaroca das velhotas: "ou há moralidade ou comem todos". Pretendiam eles assim chantagear o simpático estudante de medicina: ou ele os ajudava a aceder ao pilim das velhotas ou eles botariam a boca no trombone, denunciando às tias as trafulhices do fadista doutor, que sem diploma já se fazia passar por veterinário e receitava canjas às girafas (embora, neste caso, não assinasse as receitas, suas ou de outros).
Agora imagine-se que o sapateiro é a comunicação social, o alfaiate a oposição, o fadista doutor sem diploma é... vá lá, alarguemo-lo a todo o governo e a certos dirigentes municipais, o dinheiro das velhotas é o dos contribuintes portugueses e "A Canção de Lisboa" é..., enfim..., a canção de Lisboa. Era capaz de dar um filme, não?
posted by VLX on 2:59 da tarde
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PODE OUVIR-SE UM ALFINETE A CAIR: No curto espaço de duas semanas, e referido assim, apenas de memória, os contribuintes portugueses ficaram a saber que os partidos políticos que desbaratam Lisboa ofereciam casas aos amigalhaços, que os administradores de uma empresa pública deficitária lisboeta (de habitação social, não se esconda o caricato humorístico) torravam a massaroca pelos melhores restaurantes e que, ainda não satisfeito, o governo socialista se preparava dissimuladamente para permitir novamente donativos aos partidos políticos através da entrega de notas em pastas de couro (preferencialmente que caibam nas malas de automóveis gama média/alta), sacos de cores variadas (recicláveis ou não, que se lixe o ambiente) ou meras caixas de sapatos (desde que 46 biqueira larga).
O invólucro em concreto parece-me de somenos. Já a constatação deste "fartar vilanagem" e o enorme silêncio que sobre toda esta podridão se faz me parece ligeiramente esquisito. Mas certamente o problema é meu...
posted by VLX on 2:42 da tarde
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ATENDENDO AO PAÍS REAL, NÃO CHEGA PARA OS CHARUTOS: Pretendendo deliberadamente tomar a árvore pela a floresta, Sócrates vem insurgir-se contra os que criticam o aumento do salário mínimo para o próximo ano eleitoral em cerca de 25 euros por cabeça. "É mesquinho", diz Sócrates, provavelmente por considerar que a quantia não chega sequer a uma das gorjas que os administradores da Gebalis costumam atirar, quase diariamente, nas cantinas que frequentam.
posted by VLX on 11:45 da manhã
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OMNIS SATURATO MALA:
Um eleitor urbano, razoavelmente informado e interessado, vê e ouve o presidente do grupo parlamentar do PSD voltar à carga sobre os telefonemas de Sócrates aos jornalistas. E regista não só o tempo gasto como o tom indignado. Já enjoa. Esses assuntos deviam ser tratados por outras figuras. Sócrates telefona muitas vezes, o que obrigará, no futuro, o dr. Rangel a falar outra vez sobre o mesmo. O tal eleitor gostaria de ouvir o presidente do grupo parlamentar do PSD ocupado com outras coisas. Por exemplo, não deixar cair o debate sobre a malaise nas zonas suburbanas; por exemplo, avançar uma proposta de criação de um ministério das cidades que permitisse coordenar esforços que estão hoje desbaratados e sujeitos à guerrilha feudal-administrativa. O calibre faz o caçador.
There are outsiders, always. These stars - these iron inklings of an Irish January, whose light happened
thousand of years before our pain did: they are, they have always been outside history.
(1990)
posted by FNV on 10:09 da tarde
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FILOSOFIA BARATA (III):
Os amigos são para as ocasiões? Não, não são. É obsceno este entendimento da amizade como uma reserva de gasolina no depósito (ou como um estojo de primeiro socorros). Ó meus amigos, não há nenhum amigo!, gritava Aristóteles e repetia Montaigne. Derrida tem um ensaio divertido sobre os problemas da familiariedade ( a oikeiótes), mas não vos quero maçar com citações. Fiquemo-nos pela negativa: os amigos não são para as ocasiões. Os amigos são raríssimos e preciosos. Não lembra ao mafarrico que estejam presentes apenas nas ocasiões. Uma bengala, uma ambulância, um telemóvel, um táxi, talvez. Os amigos não. O valor de um amigo não é medido pela prestação em caso de necessidade ( nossa). O valor de um amigo é precisamente o da eternidade: está lá sempre, mesmo quando não precisamos dele. Os amigos têm o direito de nos abandonar e isso pode acontecer numa situação difícil ( para nós). Um bem precisoso e único reflecte uma obrigatória incerteza. É o preço.
É o número de imigrantes que os italianos interceptaram este ano. Prenderam-nos e, calculo, recambiaram-nos. A Espanha continuam a tentar chegar barcaças de africanos. Também são presos e recambiados. Isto é novo, isto é estranho. A Europa sempre se debateu com problemas de imigração. Entre 1750 e 1850, a Rússia ocidental ganhou cerca de 80 milhões de novos habitantes. O eixo Inglaterra-França-Alemanha recebeu milhões de imigrantes durante o século XIX. O mercado de trabalho ditava as rotas. Braudel relembra a descrição pavorosa que Stendhal fazia das hordas de famélicos que cruzavam as estradas da Mittleuropa. Homens novos, viúvos e mulheres solteiras compunham a horda. No Vale do Ruhr, Duisburg cresceu de 7000 habitantes em 1831 para 92,500 em 1900. Esta é a nossa História (*). Este movimento ocorreu porque a Europa tinha trabalho para oferecer, agora ocorre porque ainda tem algum trabalho - que os europeus desdenham - e por causa de um factor novo: uma ideia de sociedade. Um maliano prefere ser desempregado em Bruxelas do que na sua aldeia. Por muito que se critique cá o modelo social europeu, ele é considerado um paraíso lá. Ao recusarmos os imigrantes estamos a desenhar uma relação nova da Europa com os outros espaços, sobretudo o africano. De certa forma, estamos a criar uma Europa artificial e asfixiada. Ratzinger já o reconheceu. O Papa está particularmente interessado na abertura pois sabe que de outra forma a asfixia atingirá também a Igreja.
* com a ajuda de A.Lees e L. Lees, Cities and the Making of Modern Europe,1750-1914, Cambridge2007
NÃO É UM EPISÓDIO NEM UM PORMENOR: Está a tratar-se com demasiada bonomia esta tentativa do governo socialista de alterar por via do Orçamento de Estado o financiamento dos partidos. Recorde-se que às notícias publicadas pelo Diário Económico o governo reagiu com a ferocidade habitual, desmentindo e negando primeiro, silenciando-se mais tarde, e desculpando-se por fim considerando o assunto um mero lapso e atribuindo as culpas a um ser misterioso, não identificado nem identificável. Ora isto só tem duas explicações: ou o governo socialista mente escandalosamente aos governados, coisa que em si me repugna mas não me repugna admitir porque espero tudo deste governo, ou está num tal desgoverno que admite com candura inacreditável que qualquer um pode inscrever o que lhe apetecer no Orçamento de Estado e que a coisa passa sem que ninguém dê por isso e sem que se consiga descobrir o autor da façanha. Não há terceira hipótese e as duas possíveis são miseráveis para o governo socialista. Só não percebo o silêncio da comunicação social e dos outros partidos políticos: se fizessem bem o seu trabalhinho já teriam uma lista de trapalhadas deste governo socialista que faria o menino guerreiro parecer de coro.
posted by VLX on 4:29 da tarde
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FELICITAÇÕES: Não gosto de perder nem estou muito habituado a isso mas, tendo de ser uma vez por outra, que seja com amigos e vizinhos. Parabéns, Leixões.
posted by VLX on 4:25 da tarde
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TRIVIALIDADES: É evidente que Paulo Rangel tinha coisas muito mais importantes para partilhar com os leitores mas não posso deixar de louvar a entrevista que dá ao Sol. Deve ser muito difícil responder civilizadamente a quem não consegue perceber o que distingue o ser humano do animal irracional.
posted by VLX on 4:24 da tarde
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STASIS BENFIQUISTA:
Há quem do sofá veja o que outros não conseguem bispar da bancada ( como o autarca da Marinha Grande que aqui costuma comentar assinando Prof. Carlos Queiroz). Quique Flores, hoje, em "O Jogo", confirma o que tenho escrito: "Podíamos estar muito pior do que estamos". Evidentemente. Um cegueta bem pode usar um telescópio que não lhe serve de nada.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.