Com este fumo todo no mundo político e na comunicação social, as pessoas distraem-se e perdem o essencial da coisa. E, para mim, a questão relevante é: para que queria Manuel Alegre um par de Purdeys? Não lhe bastava uma? Seria para imitar John Wayne, no Velha Raposa? Disparar com as duas shotguns ao mesmo tempo? Uma em cada mão? Seria para terem shoks diferentes? Dois números sequenciais? Não consigo perceber.
Na propaganda feita ao BPP, Alegre compara o seu ardente desejo ao daqueles que gostam de jipes ou carros caros. Mas algum tolo fica embasbacado numa montra de automóveis a babar-se por pretender um par de Ferraris? Ou um par de Roll Royce Phantom? Isto lembra ao careca? Estamos a falar de shotguns que podem custar 100.000, 150.000 euros (e upa, upa...), teria mesmo Alegre de ter duas? Não lhe bastaria uma? É esta a esquerda despesista que nos governa? É este o candidato de Louçã? Uma pessoa que não se basta com uma, quer logo duas Purdeys?
Isto é que deveria estar a ser discutido, com inquirições sérias (exemplos: "se, acaso venha a ser PR, tiver de ir a uma caçada com Putin, irá sobrecarregar o erário público com duas Purdeys para não fazer má figura?", ou "se, enquanto PR, Kadafi lhe oferecer um par de Purdeys, deixa-as a Belém quando sair?", ou ainda "acha bem comprar Purdeys em tempo de crise?", "considera correcto que a banca financie aquisições de Purdeys?", "as Purdeys devem ter uma taxa de IVA mais baixa?" e por aí fora).
Como sempre, neste país, os políticos e a comunicação social esquecem-se do essencial. É por isso que estamos como estamos.
posted by VLX on 6:09 da tarde
#
(10) comments
ALEGRE SERIA CÓMICO, SE NÃO FOSSE TRISTE:
Todo este infeliz episódio em que Alegre se deixou meter, devidamente aconselhado pelo "bloco socialista", acabou numa mão cheia de nada: ao contrário do que apregoavam Alegre e Louça, não se vislumbra favor algum na aquisição das acções que Cavaco detinha.
Tudo isto daria vontade de rir se não fosse o facto de me incomodar que Manuel Alegre se tenha deixado enveredar pela campanha suja, imprópria dele, e da qual só ele sai mal. Caiu-lhe a verdade em cima, caiu-lhe o BPP em cima, caiu-lhe a violação do Estatuto dos Deputados em cima, e, atolado nisto tudo, Alegre só deixou cair explicações contraditórias e fracas. É triste. Só espero que agora Manuel Alegre abandone de vez a campanha suja dos seus conselheiros.
posted by VLX on 1:56 da tarde
#
(4) comments
POLITICS IS A CONTACT SPORT *
"Próximos da Cavaco foram responsáveis por gestão criminosa", assegura a comandita PS-Alegre-BE ( Pedro Silva Pereira fez o resumo) . Bem, acho isto muito preocupante para Armando Vara e Penedos pai ( e filho, já agora).
* (Bill Clinton)
posted by FNV on 12:56 da tarde
#
621534%(%IJYHFGYHJOO:
O Balatazar morde nos donos e por isso é falso. É um cachorro da moda, um Golden Retriever. Os donos descobriram "que não adianta bater-lhe mas são contra a violência", uma combinação muito comum nas polícias de choque. Também descobriram ( via personal trainer) que o Baltazar é muito inteligente. Querem dá-lo para uma quinta. Ora bem. Isto é que é um projecto educacional. Grande simpatia pelo Baltazar que desonra a classe desses maricas dos Goldens. Grande simpatia também pela constatação que os donos fizeram: por vezes não podemos nada - amor, treinador ou ração extra. Por fim, o envio para a quinta: nada como um cão para nos sentirmos humanos. Bem sei.
Em 2005, a Câmara do Porto realizou diversas obras na Avenida da Boavista (entre o Castelo do Queijo e a Fonte da Moura), colocou novos passeios, novo tapete de asfalto, e Rui Rio decidiu ainda retirar as árvores que existiam na faixa central da avenida, asfaltou aquilo tudo e plantou outras nos passeios laterais, embora gente avisada o avisasse do disparate que fazia.
Seja como for, melhor ou pior, aquela zona da Boavista ficou arranjada.
Passados apenas 5 anos, Rui Rio anuncia que vai voltar a haver intervenção exactamente na mesma zona: vão retirar as árvores que colocaram nos passeios laterais e plantar novas de novo na faixa central.
Eu gosto de ver os políticos a brincar com o dinheiro dos contribuintes, faz-me lembrar quando em criança brincava com o dinheiro do Monopólio. Com a diferença de que eu tinha vergonha de gastar disparatadamente e perder.
posted by VLX on 5:31 da tarde
#
(2) comments
POR UMA CAMPANHA LIMPA:
João Miranda, no Blasfémias, aponta com notável síntese o disparate completo que tem sido a estratégia socialista nesta campanha presidencial e Francisco Mendes da Silva, no 31 da Armada, desmonta com enorme clareza todo o conjunto de estapafúrdias explicações que Manuel Alegre tem vindo a balbuciar sobre a sua relação com o BPP.
Com efeito, tratar a mensagem publicitária do BPP (que era genial, diga-se de passagem) por "texto literário" e falar de direitos de autor só com muito humor se pode aceitar. Dizer que devolveu o cheque (não por ser ilegal ou imoral mas) por uma questão de princípio é mentira ou revela desconhecimento total do estatuto do cargo em que se sentou acomodado durante três décadas. Defender-se com o facto do BPP não ter aceitado a devolução do cheque é infantil. Esta surpreendente colecção de tiros no pé deveria fazer Alegre constatar que a opção pela campanha suja (certamente sugerida pelos seus amigos socialistas e bloquistas) não é a melhor estrada para trilhar e deveria ser definitivamente abandonada para a campanha presidencial se centrar no essencial.
Para mais, quando Alegre tenta convencer-nos de que aceitou um convite de uma agência de publicidade para escrever sobre dinheiro numa revista sem saber que era publicidade, ou está a fazer de nós tolos ou está a fazer-se a ele próprio de tolo.
Em qualquer das hipóteses, a estratégia de Alegre é péssima porque os portugueses não pretenderão para presidente da República um tolo nem alguém que tome por tolos os portugueses.
Isto começou de chinela ( a mulher do sogro de Cavaco na ficha da PIDE) e continua de chinela ( uma comentadeira recorda não sei o quê de uma publicidade de Alegre sem interesse nenhum). Não contem comigo, só uso pantufas.
É tão óbvio que apenas uma teoria conspirativa pode justificar a estratégia. O Bloco, prevendo a inevitável e desvantajosa comparação, usa a campanha de Alegre - e alguns inocentes ( para ser bem educado) - para acabar com Sócrates. Sem dar um tiro.
posted by FNV on 4:57 da tarde
#PARA A LAREIRA (VII):
Trouxe-o de Bruxelas há uns meses e tenho-o digerido a espaços. Um guia prático, e bem escrito, com entradas sintéticas, mas completas. Foi nele que descobri, entre outros, o esloveno Boris Pahor e o seu Necropolis ( 1967, edição inglesa da Dalkey, 2010) que depois mandei vir. É uma revisitação mental, e real ( Pahor volta lá vinte anos depois), da experiência do autor como médico e prisoneiro no campo nazi de Belsen- "os alemães, os nossos pastores escondidos". A edição inclui algumas notas proveitosas sobre a literatura eslovena para os ignorantes como eu.
1) Convém não esquecer que Alegre começou por ser o candidato do Bloco. A insistência para que Cavaco divulgue detalhes de uma operação financeira que executou quando era um mero cidadão, insere-se no modus tollens bloquista: se negociar na bolsa significa o diabo, não negociar significa a santidade (que é negada a Cavaco).
2) Do ponto de vista estritamente eleitoral, é dos livros: quando não há mais nada, e não há, usa-se o que há. Muita da raiva nem sequer vem do povo socialista. Velhas contas para ajustar, ligadas aos media ( caso Escutas), pessoais ( alguns jornalistas) e aos fracturantes ( o casamento gay engolido com rícino e o saneamento de Lobo Antunes da Comissão de Ética), ajudam a compreender a aposta.
3) É claro que, no deve e haver da promiscuidade política/negociatas, o núcleo duro de Sócrates tem muito a temer ( para não falar do regresso das escutas do Face Oculta), mas o Bloco e o beau monde lisboeta fracturante é para o lado que dormem melhor. O que lhes é realmente insuportável, tal como na anterior eleição, é que o parolo de Boliqueime ganhe outra vez e com mais votos.
O valor deste tipo de coisas não pode ser definido em função das necessidades do Estado só porque andou a desbaratar o que tinha e o que não tinha. Isto desvirtua a função, é uma vergonha, é um saque por decreto.
Mas este povo manso parece aceitar toda a bordoada vinda dos socialistas...
posted by VLX on 7:53 da tarde
#
(2) comments
OS GODOS INVADEM O PAÍS DOS GODOS:
E, de repente, Cavaco já não é o" candidato Cavaco Silva", mas S.Exa .O Presidente , obrigado "ao decoro". Obélix está cada vez mais confuso:
posted by FNV on 12:06 da tarde
#OS GAULESES DO NORTE SÃO OS GODOS DO SUL:
Já é mania. Defensor de Moura, do PS, está na TSF a queixar-se que Cavaco devia ter demitido Sócrates (" por muito menos Sampaio demitiu Santana Lopes"). Deve ser caso único: um candidato apoiado pelo PS ( Alegre) e um segundo, deputado do PS, acusam um terceiro de não ter demitido o primeiro-ministro do ...PS.
Neste número da Ler, diverti-me a especular sobre a situação de alguns políticos portugueses em 2020 ( quando a crise regressar). No próximo, de novo coisas pouco sérias: da teoria geral do isolamento.
Espero que este pedido do Bloco não seja rotulado de demagógico e frento-populista, porque, nesse caso, concluirei que o império da lei e o Estado de Direito só são chamados quando se trata de justificar a antecipação da distribuição de dividendos.
posted by FNV on 8:25 da tarde
#OIYOI=()/OUIYHNIOuHUVGH:
Diz o Eduardo que Cavaco não prescindiu da mensagem de Ano Novo em período de pré-campanha. Também li, em muitos sítios, que foi uma mensagem eleitoralista. Uma vergonha e tal. Pois é: o PS apreciou muito o tal discurso eleitoralista. Conclui-se, sem esforço, o que o PS quer: que Cavaco ganhe , mas não muito, e que Alegre perca, mas não muito.
Julgarão a classificação exagerada. Dir-me-ão que era apenas um comunista que advogava e, portanto, fazia o seu trabalho. Pois eu respondo que a memória colectiva demencia quando ignoramos exemplos como este; e que as leis estão muitas vezes erradas. A memória colectiva não é a recordação de receitas de aletria da avó. Não serve apenas para homenagear figuras consensuais ou pendurar recordações nos feriados nacionais. A memória colectiva fornece identidade social e é um elemento que narra a história das sociedades. Que o coro ( os media) seja capaz de assinalar dez anos de carreira de um treinador de futebol, mas permaneça insensível à luta de homens como Arnaldo Mesquita, diz bastante sobre os espectadores da tragédia.
É assim, porque nas proibições de costumes o objectivo raramente é o mais perigoso, cedendo o passo ao mais fácil de executar. O dr. Luís Patrício , que não vejo há muitos anos, foi sempre um bom profissional ( e um homem bom). Tenho pena que não tenha estado comigo, no ano passado, no congresso português de pediatria. Acabei a minha apresentação sobre política de drogas com um aviso aos pediatras: se estivesse no vosso lugar, a minha principal preocupação não seria com nenhuma das drogas de que falei, mas com o álcool.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.