DA BLOGOSFERA PARA O MUNDO: É sempre recompensador e estimulante para a nossa auto-estima tomarmos conhecimento de produtos portugueses que se internacionalizam com sucesso. Sobretudo se têm origem na blogosfera.
Segundo esta notícia do Mil Folhas, o "Meu Pipi", que já vendeu 45 mil exemplares em Portugal, foi agora publicado no Brasil e será proximamente publicado em França. Aliás, neste último caso sob um título que, parafraseando o próprio, é um bocado «roto» ("Mon Zizi").
Fazemos votos para que o anónimo génio, assim que termine os roadshows de promoção e as inevitáveis negociações contratuais com editoras estrangeiras, retome o seu blogue para partilhar com a blogosfera antecipadamente novos textos para um futuro "Meu Pipi - Tomo 2".
posted by NMP on 7:17 da manhã
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A DOR TRANSFORMADORA: Há 3 anos muitos europeus proclamavam que nunca esqueceriam os horríveis actos de 11 de Setembro de 2001. Mas a origem das diferenças que rapidamente surgiram dos dois lados do Atlântico não reside na memória. Mora no impacto emocional.
Para a maioria dos europeus, o 11 de Setembro foi um acto terrível, mas que não provocou uma alteração de monta na sua visão do mundo. Para os americanos, nada será igual.
Transcrevo um trecho de um texto de um obscuro comentador publicado num jornal da Flórida no dia 12 de Setembro de 2001. É uma citação interessante porque está lá tudo o que o 11 de Setembro libertou na América: a perda de inocência, o sentimento de injustiça, a determinação de um povo voluntarista, a presunção arrogante fruto de um poder bélico inigualável, o rugido vingativo de um leão adormecido e despertado violentamente.
Estas frases resumem o ambiente que, com mais ou menos nuances, ainda hoje se vive na América, que mudou o mundo e muitos europeus preferiram fingir não perceber. Um clima que se viverá durante muito mais tempo (com Kerry, Bush ou outro qualquer). E que explica grande parte da tragédia e da esperança que atravessam os dias de hoje, 3 anos depois. Na Europa, nos EUA, em Israel ou na Palestina, no Iraque ou no Afeganistão.
What lesson did you hope to teach us by your coward's attack on our World Trade Center, our Pentagon, us? What was it you hoped we would learn? Whatever it was, please know that you failed. Did you want us to respect your cause? You just damned your cause. Did you want to make us fear? You just steeled our resolve. Did you want to tear us apart? You just brought us together... So I ask again: what was it you hoped to teach us? It occurs to me that maybe you just wanted us to know the depths of your hatred. If that's the case, consider the message received. And take this message in exchange: You don't know my people. You don't know what we're capable of. You don't know what you just started. But you're about to learn.
CRISE: Como muitos leitores têm reparado, este blogue tem estado em serviços mínimos. Uma sucessão de nefastos acontecimentos como a escrita de outras peças, o necessário empenho no trabalho e profissão, uma tese de doutoramento e outra de mestrado, atacaram a tripulação, qual escorbuto imparável.
O blogue ir-se-á mantendo sob este ritmo durante mais algum tempo. Assim que a coisa amainar, o regresso à actividade bloguística normal ocorrerá lenta mas naturalmente.
posted by NMP on 9:01 da tarde
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DE PÉ, Ó VÍTIMAS DA FOME que os vossos mais ilustres auto-proclamados representantes na blogosfera comemoram 1 ano. Ao contrário do que eles pensam, não são aqueles cujas propostas mais contribuem para vos colocar comida na mesa, mas isso não é conversa para hoje.
O que interessa é realçar o bom gosto do template, a combatividade dos escribas, a escrita elegante e fluída e o sentido de humor ocasional mas certeiro. Sem eles, a blogosfera não tinha metade da vivacidade e graça. E afinal, o que seria a vida sem utopias, pá ?!
Um grande abraço bloguístico de toda a tripulação para o inconfundível, inimitável, insubmisso, impertinente e insubstituível Barnabé.
posted by NMP on 8:44 da tarde
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AUXÍLIO: Para quem pretender ajudar as crianças vítimas de um acto de terrrismo tresloucado, as suas famílias ou os que delas têm cuidado, aqui fica a indicação de um site que recolhe doações e tem caução oficial: Moscow Help.
RANCORES: Parece-me pacífico que, num plano exclusivamente político, o Ministro Portas não foi muito hábil a lidar com o "barco do aborto", conferindo-lhe um inesperado, inusitado e mui desejado protagonismo mediático. No entanto, também me parece pacífico que Portas capitalizou, politicamente falando, com a decisão do Tribunal Administrativo de Coimbra, que sancionou a legalidade da decisão tomada.
Há quem apenas queira ver um lado da questão, desvalorizando a decisão do tribunal em prol da brilhante jornada mediática de propaganda pró-aborto, protagonizada pelo dito barco. Desvaloriza-se assim a necessidade de um debate sério sobre um assunto tão sério, em prol do folclore radical pró-aborto que - ao arrepio de qualquer consideração moral, científica ou outra sobre o terminar de uma vida (ou não) - reduz a questão a um mero direito objectivo e absoluto da mulher grávida de abortar.
Em suma, alguma imprensa, ao valorizar as posições e manifestações radicais do barco do aborto acaba por padecer do mesmo extremismo e radicalismo que tanto gosta de apontar ao ministro Portas.
posted by Neptuno on 1:01 da tarde
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ANTÓNIO BARRETO NO PÚBLICO: Enquanto os Sindicatos dos Professores produzem o costumeiro alarido sazonal (gostei daquela dos professores deverem ir para as escolas antes do início das aulas para conhecerem melhor os alunos. Existem muitos alunos nas escolas antes do início das aulas?...), António Barreto produziu dois dos melhores artigos sobre o ensino em Portugal (e a sociedade) que tenho lido, sob o sugestivo título: "A esquerda enganou-se". Não possuo, evidentemente, os dados e os estudos de que António Barreto se socorreu mas tenho a certeza de que quase tudo aquilo que ele escreveu é verdade, sinto-o. E há muito tempo.
Quem quiser pode ler os artigos no jornal Público de Domingo e de Segunda-feira.
Espera-se que os artigos não tenham acabado pois ainda falta muito dizer. Deixo aqui, à laia de sugestão, que opine sobre a porcaria dos textos que geralmente são postos nos livros da primária (acho que agora lhe chamam primeiro ciclo), cheios de imagens literárias ininteligíveis para crianças de 6, 7 ou 8 anos que deviam estar mas era a aprender o essencial e não a perguntar porque é que a velhinha do texto tinha algodão na cabeça...
Um outro capítulo podia ser dado às constantes alterações dos livros, que tanto sobrecarregam as finanças familiares. Para quem aprendeu de livros passados por três irmãos (que os tinham de poupar), é incompreensível que hoje, de um ano para o outro e para dois filhos seguidos, se tenha de comprar novos livros para os mesmos anos. Um subtítulo pode ser oferecido aos livros habilmente impingidos que promovem os exercícios nas próprias páginas: esses então terão necessariamente de se deitar fora por ficarem todos rabiscados (era realmente poupadinho, o hábito de se escreverem as perguntas no quadro para serem passadas para os cadernos e respondidas de seguida). Passamos a vida a discutir o custo de vida e as despesas que temos e não percebemos que é o próprio Estado a impingir-nos uma quantidade de despesas que eram absolutamente desnecessárias. Considero os textos de António Barreto sobre o assunto uma enorme e corajosa pedrada no charco - era bom que não se deixasse o pantanal acalmar outra vez.
posted by VLX on 1:49 da manhã
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CORREIO DOS LEITORES: Dado que o bote se vai embora (e admitindo-se academicamente que até só cá tenha vindo para o debate), que não se perca o momento e aproveite-se a altura para transcrever parte da mensagem enviada por um dos nossos leitores, abaixo identificado. Fica-se com a leve sensação de que o leitor em causa também não acha grande graça ao mau ambiente nas nossas águas naturais. Ou que as águas rebentem apenas quando devam naturalmente rebentar...
Exmos. Senhores,
Estou atónito. Imaginava eu um grande navio hospital (por causa das fabulosas condições...), modernamente dedicado à extinção da vida - não de uma forma ilegal mas no vazio legal das águas internacionais - e aparece-me ao largo da Figueira da Foz um bote ferrugento com umas quantas abortadeiras a gritarem, histéricas, pela intervenção das altas esferas da Eurocracia, secundadas pelas histéricas Portuguesas com assento em Bruxelas. É sempre a mesma coisa. Badala-se tanto por tão pouco e por coisas tão medíocres. O meu País vem-se dedicando nas últimas décadas a discutir exactamente a mediocridade. Estamos a pagar hoje os erros da última geração. A próxima pagará os da nossa. Com tanta coisa séria para se discutir, para se pensar e para se preparar para o futuro, entretemo-nos com o problema dos toiros de Barrancos (que há séculos que não representam qualquer problema) . E enquanto defendemos ferozmente a vida dos bovinos, temos algumas dúvidas acerca do direito de viver que deve ou não deve assistir a uma criança, pelo simples facto de ser demasiadamente pequena, por não estar cá fora, não ser visível, não se queixar. Somos tão medíocres que até para a tão propagada democracia que defendemos cansativamente desconhecemos o que significa verdadeiramente a palavra: mediocremente não sabemos o seu significado. O referendo foi feito a pedido da democracia e foi democraticamente decidido que o aborto continuaria a não ser permitido pelo simples desejo. Tenha ou não validade constitucional, aqueles que verdadeiramente se interessavam pelo assunto pronunciaram-se e ganharam as crianças! Mas os democratas não aceitam o resultado das suas próprias regras. Nem pensaram nas sequer consequências, tal como acontece aos medíocres. Salvo as devidas e merecidas excepções, impera a mediocridade dos dirigentes, das oposições, das instituições. Condecoram-se medíocres, libertam-se medíocres e, de uma forma muito medíocre, não entendemos sequer a razão pela qual Portugal está nesta situação medíocre, que os medíocres - evidentemente - ignoram, a banhos na Figueira da Foz. É assim o meu País.
António Furtado de Mendonça
FIM DE FESTA: A barcaça vai-se embora, enxotada até pelos meios judiciais. Já não era sem tempo, pensarão alguns directores dos órgãos de comunicação social, certamente incomodados pela despesona das férias excepcionais (pagas) dos seus repórteres na Figueira da Foz. É que eles estiveram por ali dias a fio sem qualquer notícia de relevo que não fosse ouvir a rapariga do Não te prives ou os do Clube safo (ou seja, sem qualquer tipo de interesse para as audiências que justificasse os custos).
Registe-se que a organização da coisa, carregadinha de mau perder, vai retaliar colocando no seu site da internet a receita para o aborto, demonstrando assim que aquilo que efectivamente pretendia fazer em Portugal eram abortos e violar a lei. Qualquer um percebe que quanto mais facilmente a pessoa se aproximar do aborto, mais precipitadamente o decide fazer: se todos se dizem contra o aborto, onde está o tipo que defende semelhante coisa?
Registe-se ainda a postura do Governo perante a situação: fez cumprir a lei e reduziu os críticos ao pouco que podiam fazer - unicamente produzir reparos aos meios utilizados, alegando que eram desproporcionados e que só serviram para dar alarido ao caso. Só que isso está por provar.
ps: Ao Comandante, relativamente a um post anterior: não penses nas coisas como uma comparação mas antes como uma constatação: num determinado país, as pessoas preocupam-se com os seus problemas, no outro, preocupam-se com outros. Preocupar-me-ia se me afligisse com os primeiros, mas aflige-me que nos preocupemos com os segundos.
posted by VLX on 11:36 da tarde
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A BLOGOSFERA alarga-se e regenera-se. O Bruno, uma referência da blogosfera, regressa com o seu Desesperada Esperança depois de superar um triste acto de pirataria bloguística.
Dois novos blogues de grande qualidade: o Cum grano salis espaço votado à análise do mundo jurídico e o cinéfilo António Reis dedicado à memória deste realizador português.
Merece menção (algo atrasada), pela originalidade e por trazer notícias sempre bem-vindas do outro lado do nosso mundo, o Casa em Construção, diário de um médico da AMI em Timor-Leste.
Recentes chegadas à blogosfera são também as do Lápis de Minas, do Ardazorelhas e do The Dying Animal. A visitar.
QUEDA DO PEDESTAL: Parece que finalmente a maioria dos portugueses começa a perceber os riscos que corre de poder ser vítima da arbitrariedade dos tribunais. Para além do penoso arrastar de cada processo judicial, as pessoas começam a verificar como podem ser diferentes as decisões sobre processos idênticos (ou sobre o mesmo processo!) consoante o juiz responsável. E tudo isto a coberto da viciosa protecção corporativa, que impede que se sancionem decisões (ou mesmo carreiras...) erradas. Esta realidade já tem alguns anos mas parece que só agora o público começa a olhar para os juízes sem aquela aura reverencial que antigamente lhes era reconhecida.
Sendo o poder judicial e o seu bom exercício um dos pilares da sociedade, facilmente se conclui que urge melhorar esta situação. O desrespeito pelos juízes e, consequentemente, o desrespeito pela justiça em geral terá consequências sociais catastróficas.
Há uns anos atrás, o Dr. Castanheira Neves terminou as aulas do curso de Introdução ao Estudo do Direito - por si leccionado na Fac. de Direito da Universidade de Coimbra - dizendo o seguinte (grossomodo e com a ressalva de não me ser possível traduzir neste texto o brilhantismo da exposição): o Direito radica na consciência axiológico-jurídica da comunidade, i.e., existe uma ideia do direito, da distinção entre o certo e o errado, do dever ser sobre o qual é construído o sistema jurídico - por oposição à ideia de que o direito é algo que nos é exteriormente imposto e que a sua observância se justifica apenas pelo receio da cominação inerente à sua violação. Atendendo a tudo o que se passa com a justiça - atrasos, arbitrariedades, etc. - e aos seus reflexos na sociedade em geral, Castanheira Neves concluía que, hoje em dia (no século passado...) não há direito! Na altura, embora devidamente fundamentada, tal afirmação soou-me a desabafo...
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.