O BELO DE CABELOS AO VENTO: Nuno "Gomes", depois do golo, batendo com a mão no peito e beijando a camisola no sítio onde está cosido o emblema do Benfica. Um homem pode dormir descansado, tem seis milhões nos seus sonhos.
posted by FNV on 11:22 da tarde
#EMPENHADÍSSIMOS: Em abortar o aborto. O PCP e o BE animam esta sábado noticioso com uma discussão sobre quem é que (não) tem o melhor aborto. O pessoal da sotaina e do voucher para Badajoz agradece penhorado.
posted by FNV on 10:03 da tarde
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E TUDO DISTRAÍDO COM A MORTE DA BEZERRA: Julgo que foi Pacheco Pereira quem, há pouco tempo, alertou o comum dos mortais para uma coisa que aqueles que acompanham o Diário da República sabem de há muito: é nos tempos mortos (férias, Agosto, Natal, Páscoa), quando todos estão distraídos e a pensar que não se passa nada, é nessa altura que é necessário estar com verdadeira atenção pois é aí que os governos tentam fazer passar as coisas sem alarde.
Sócrates aprendeu bem a lição e a semana correu-lhe esplendidamente bem: enquanto a nossa oca comunicação social (nunca perceberei se é cega ou se simplesmente não quer ver...) se entretinha - e nos entretinha - com a candidatura presidencial de Cavaco Silva, o discreto Sócrates acabava de vez com o pouco que ainda restava das suas inúmeras promessas eleitorais.
O orçamento seria sério, claro, transparente, rigoroso e sem artifícios? Claro, não é ele outra coisa... O governo socialista não ia aumentar os impostos para resolver o défice? Viu-se; o agravamento da carga fiscal é brutal e é principalmente com as receitas fiscais acrescidas que se irá tentar sanear as contas públicas. O governo socialista não se cansou de prometer que se manteriam as SCUT's (essa ideia descabelada de Cravinho)? Pois começou esta semana o princípio do seu fim, o anúncio da sua morte, a preparação do seu enterro. A possibilidade do aborto a pedido seria objecto de referendo? Mas já se planeia violar o anterior referendo em plena Assembleia da República. O governo socialista não iria recorrer a receitas extraordinárias? Claro. Recorre antes a "não-despesas extraordinárias"... Com efeito, e bem vistas as coisas, o que é o congelamento das progressões nas carreiras senão uma "não-despesa extraordinária" e a consequência óbvia do governo preferir afectar negativamente a população ao invés de vender os monos que polulam no imenso património do Estado ou as participações que detém nas empresas semi-monopolistas que nos sugam e exploram diariamente? Quando podia gerar receitas, o governo socialista prefere carregar sobre as pessoas. Esclarecedor. E "os maus" eram os outros...
Espantosamente, enquanto tudo isto se passou o país entreteve-se com a morte da bezerra.
Parabéns, Eng. Sócrates. É bem certo que o Senhor conta com uma comunicação social muito gentil, provavelmente amedrontada, cheia de medo de que a ela lhe aconteça parte do que tem acontecido ao resto da população, ou receosa de que não lhe sejam concedidas as licenças ou as autorizações necessárias para os seus negócios, ou apenas subserviente ao poder, mas o Senhor também tem um certo valor ao escolher o momento ideal para fazer as coisas pela calada.
CALIGRAFIA: Que é como quem diz, a arte de escrever/pintar os zi. Não sou, decerto, nenhum Paul Claudel ou Victor Segalen, mas parece-me bem que o José Pacheco Pereira, no seu Abrupto ( quem me faz o link, qingwèn xièxie?), preste homenagem à caligrafia chinesa. A China da Tradição Central foi o único sítio onde o homem de letras enriqueceu. O domínio da caligrafia - 489.000* caracteres, mais coisa menos coisa, na época da restauração dos "grandes exames" por Zhu Yuanzhang - era coisa muito dura. Depois de anos de aprendizagem semi-familiar, os candidatos a mandarins ao serviço do Imperador eram encerrados um par de anos em celas individuais, nos edifícios preparados para o efeito nas capitais provinciais. Aos que conseguiam dominar a caligrafia e as subtilezas filosóficas das nove escolas ( jiua jia), herdadas do período dos Yiwen zhi ( Os Tratados das Letras) , esperava-os uma vida boa e folgada. Conquanto escrevessem as coisas certas, para o imperador certo, na altura certa...
* existem hoje apenas 50.000, sensivelmente.
posted by FNV on 8:50 da tarde
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É OFICIAL: Segundo as rádios, "galinhas e outras aves fora das feiras e dos mercados a partir da próxima 2ªfeira". Isto quer dizer que o Ricardo já não é transferido em Dezembro?
posted by FNV on 6:58 da tarde
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ATENÇÃO, PATRULHA ROSA: Serve o presente para avisar que futuros comentários a "postas" que não se destinem a comentar especificamente as ditas cujas e que consistam apenas na reprodução de panfletos, certamente retirados do Acção Socialista, serão liminarmente apagados. Poupem forças para acorrer ao conforto do super candidato, que anda por terras onde faz muito frio. Se formos visitados por alguma patrulha laranja - o que ainda não aconteceu - a mensagem será a mesma, mutatis mutandis (não, não tem nada a ver com mamutes...)
posted by Neptuno on 5:02 da tarde
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O CHATO: O chato destas coisas é que para quem não seja um grande entusiasta de Cavaco Silva, o discurso soube a pouco. Talvez melhore.
posted by VLX on 1:41 da tarde
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INCOMPREENSÕES: Não se compreende que, tendo Mário Soares andado por aí uns bons dois ou três meses a falar para as paredes e para as bailarinas e a queixar-se de que Cavaco não anunciava a sua candidatura, no momento em que este o fez Soares tenha remetido para o porta-voz da sua campanha as suas primeiras declarações sobre o novel candidato. Mesmo admitindo que lhe estejam ainda a explicar o discurso de ontem, a coisa é gratuitamente ofensiva e sublinha a cores vivas dois pontos do discurso de Cavaco: que ele seria o seu único porta-voz e que não o ouviriam dizer mal de Mário Soares. Também não precisa, o próprio oferece-se.
posted by VLX on 1:39 da tarde
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O PARTIDO SOCIALISTA: Se há partido político que nunca deixará de me surpreender, esse partido é o Socialista. Segundo a sua muito particular ideia de democracia, o Partido Socialista (ou "alguém" por ele) acha que Manuel Alegre não deveria estar presente nas reuniões da Comissão Política, à qual ele pertence por direito próprio, porque alguns dos seus membros poderiam estar lá a discutir estratégias relacionadas com as questões presidenciais e Alegre não deveria ouvi-las. A coisa é idiota de todo. Manuel Alegre tem o direito de estar ali; se os outros não querem discutir determinados assuntos à sua frente, que os vão tratar para outro lado (o sótão do Guterres deve estar vago, pode ser que ele o ceda baratinho?); o que não se pode é impedir a participação de quem por direito próprio deve estar na Comissão Política do PS.
A coisa é ainda idiota porque alguns dirigentes do PS parece que não querem aceitar que, mesmo calados ou assumindo posições públicas muito diferentes, inúmeros membros da Comissão Política do PS vão natural e animadamente votar em Manuel Alegre e não em Soares, pelo que era desnecessário ter-se dado esta triste ideia da liberdade e democracia no interior do PS. Que farão quanto a esses os fervorosos adeptos de Mário Soares na Comissão Política? É que se não afastarem também da Comissão Política os suspeitos do costume, estes últimos irão revelar a Alegre as "fabulosas estratégias" para as presidenciais (coisa que, de resto, é inócua pois os dirigentes do PS costumam, com uma candura que raia a ingenuidade infantil, revelar por completo as suas estratégias, por mais absurdas que sejam). Aliás, semelhante posição ofende o próprio Soares que disse esta semana às televisões que servilmente o acompanham por todo o lado que não gostava de segredos.
A coisa é, por fim, idiota porque demonstra uma subserviência do PS a Mário Soares que não se percebe muito bem: é que sendo evidente que Soares combinou com Sócrates e o PS a candidatura presidencial e o apoio do PS, virem agora os próximos de Soares (e do PS) apresentar como estratégia fundamental o afastamento da candidatura presidencial relativamente ao PS e ao governo socialista é apenas a maior forma de desprezo que Soares poderia demonstrar face ao partido. E o PS gosta, agradece e abana a cauda, todo sorridente.
Sendo extraordinário que o PS não se incomode que aquele que alimentou lhe morda a mão com este inusitado à-vontade, espera-se do eleitorado que perceba estes estratagemas. Ou alguém acredita que este afastamento de Soares relativamente ao PS mais não seja do que uma tentativa infantil de tentar enganar o pagode?
posted by VLX on 1:28 da tarde
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JÁ PERCEBI: Que a campanha presidencial da blogosfera não vai fazer prisioneiros. Lamento, mas não tenho candidato, ninguém me recrutou nem me contratou. Assim, se me prenderem, nem digo o posto nem o número mecanográfico: desconheço-os.
CAVACO: Tem muitas características cinzentonas, saloias e desajeitadas que o tornam num pequeno ódio de estimação dos media iluminados e modernos. Mas, o que realmente o tornará insuportável será mesmo a competência e a seriedade.
posted by Neptuno on 10:54 da tarde
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PINCHAZO? A SIC-N está a fazer uma mini-biografia de Cavaco. Assim como Soares a faria, não sei se me percebem...
posted by FNV on 10:16 da tarde
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ET CE N' EST PAS PÉCHER QUE PÊCHER EN SILENCE: Neste caso, nada secretamente. O Público anuncia hoje um documentário a exibir pela SIC-N ( uma autêntica reunião de Tartufos) sobre o "povo cubano", que de um tabuleiro de alumínio consegue fazer uma antena de TV. Tudo isto devido "ao embargo americano e à debilidade da economia cubana" (apesar de nos anos oitenta, a tal "débil economia cubana" ter tido a capacidade de ganhar uma guerra à África do Sul). Aprendo imenso com esta gente. Por exemplo, que na Roménia de antanho o problema era a chuva e a debilidade da economia romena; na Bulgária a coisa partia devido à altura dos passeios e à debilidade da economia búlgara; já na Albânia a maçada era o tamanho do focinho dos porcos e a debilidade da economia albanesa. E etc...
posted by FNV on 9:48 da tarde
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SOARES É MELHOR DO QUE OS SEUS SOLDADOS: Rui Branco, no blogue Super Mário ( blogue oficioso de apoio à candidatura de Mário Soares), com as habituais subtilezas defensivas de linguagem, compara Manuel Alegre ao louco que se acha Napoleão ( sim, sim, ele não diz exactamente isso). A ânsia de mostrar serviço leva a estas coisas.
posted by FNV on 9:41 da tarde
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A LÓGICA: Do evento. Como já não existem festivais, comícios, festas, arraiais, desfiles, assassinatos em massa, casamentos, baptizados, reuniões, funerais, coroações, bailes. Como já só existem eventos, teremos um presidente, eventualmente em Janeiro.
TELEVISOR HONESTO: Pressentindo que seria uma noite de descarrego, chego desaustinado ao quarto de hotel para ver, ao menos, a segunda parte. Sintonizo a RTPi e dou com um desgraçado a desfazer-se em fados. No canto superior esquerdo do ecran, em letrinhas vermelhas, avisava-se: "Mono".
posted by PC on 9:17 da tarde
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VIVA! Carmelinda Maria dos Santos Pereira, candidata à Presidência da República. É a melhor porque é inocente do desenho do IP3 como um caminho de cabras, não escreveu maus poemas ( nem bons) e nunca cavalgou tartarugas no Oceano Índico. Com Carmelinda Pereira, o país não cai na asneira. Força Carmelinda, minha linda. Carmelinda, Maria, contigo Portugal não pararia!
posted by FNV on 9:13 da tarde
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MELILLA E OS BÁRBAROS: O meu caro Pedro Picoito da Mão Invisívelpõe os bárbaros às portas da Europa. Penso que eles sempre cá estiveram. Já no século XX, estiveram em Sedan, batalha de uma guerra gizada nas chancelarias por príncipes e plebeus desocupados, nos campos da morte nazis, na Berlim comunista, nas balas na nuca disparadas pelas pistolas da ETA, em Sbrenica. Julgo que o problema se pode colocar de outra forma, e julgo que a generalização de Montesquieu ( escolhida por Hirschman para epígrafe de um dos seus livros) se adequa: "E é uma felicidade para os homens estar numa situação em que, mesmo que as paixões lhes inspirem o pensamento de ser maus, têm no entanto interesse em não o ser." Eles, os bárbaros do Pedro Picoito, entram por todos os poros na nova Europa ( é uma loucura pensar como "a velha Europa" um continente com 20 milhões de muçulmanos, aberta ao outro lado do Danúbio e implicada num pára-arranca da extinçãodas antigas fronteiras culturais); resta saber se temos ou não interesse em os ter cá. Mesmo que não os desejemos.
CORRUPÇÃO: Por vezes, ao ler certos textos astrológicos sobre o nosso signo, experimentamos aquela sensação de reconhecimento ou identificação. Essa sensação também acontece com países. Com a devida vénia à Veja, passo a transcrever um excerto de uma resposta de Peter Eigen - ex-director do Banco Mundial e actual presidente da Transparência Internacional, principal o.n.g. de combate à corrupção no mundo - na sua entrevista publicada na edição desta semana: "A corrupção é o maior obstáculo actual ao funcionamento das democracias. Ela provoca a desconfiança dos cidadãos no processo político. Se elas descobrem que os seus representantes submetem as suas decisões a propinas ou favores, elas perdem convicção e interesse no jogo político. Democracia sem participação deixa de ter sentido como tal e os líderes perdem a legitimidade. Um anbiente corrupto exime as lideranças de prestar contas dos seus actos, torna difícil para a polícia e para a imprensa a investigação dos factos, enquanto o sistema judicial favorece a impunidade. Tudo isso em óbvio prejuízo para o cidadão comum."
...DE CARRINHA: Habituado à prazenteira e despreocupada vida de solteiro e bom rapaz, o veículo carrinha, com o seu interminável habitáculo a tresandar a útil, sempre me pareceu uma ameaça a um nihilista way of life. Pouco espaço inútil, travel light, uma boa dose de cavalos, alguma estética e já está. Chegada a possibilidade de um descapotável, é avançar! Para quê uma carrinha? Ter uma carrinha sem precisar é como querer assumir muita responsabilidade por coisa nenhuma. Qual é a pressa? No entanto, a bela vida que se leva em boas formas pode levar-nos a conteúdos que justificam uma carrinha. E, só mesmo um bom conteúdo para nos fazer gostar de uma carrinha. Quem sabe, talvez haja um tipo de veículo para cada espécie de viagem.
posted by Neptuno on 10:52 da tarde
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TEMPO PERDIDO: Nunca se uniram para protestar contra dezenas de reformas demenciais nem contra as centenas de escolas sem condições. Mas unem-se agora, pela primeira vez em democracia, os três sindicatos de professores de sensibilidades políticas diversas. E unem-se porque o governo quer obrigá-los a gastar na escola, o tempo que até agora dispendiam a dar explicações generosamente remuneradas. Ou a passear. Ou as duas coisas. Note-se que sendo eu docente do ensino superior privado, compreendo bem que os professores se achem muito mal pagos: a menos que fosse para matar a fome ( bem, nesse caso preferia ser cozinheiro) , não aturava os nosso meninos. Mas os professores nunca se "uniram" antes, e por isso perderam a autoridade moral para o fazerem agora.
posted by FNV on 7:11 da tarde
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FAERA: Aí está ele, o medo, para já travestido em angústia. Quando chega e como vai chegar, pensamos, porque o mais importante ainda recusamos: será que chega? Na angústia, alteramos sempre a ordem das perguntas, já que não podemos alterar o destino. Observem as pessoas, sempre tão faladoras, agora em pacto de mudez. Não falam muito disso, nas ruas, nos cafés, nas salas ao pé das crianças. E avisava Hesíodo, também as doenças trazem aos mortais o mal, em silêncio, pois Zeus, prudente, lhes retirou a voz.
BABÉLIA: Uma vez tivemos, aqui na nau, uma conversa animada com a Bomba Inteligente acerca de etimologia, estrangeirismos e utilização de expressões estrangeiras. Há uns tempos atrás, dei comigo a agradecer a uma colega de trabalho certa atitude que teve. Porém, assim que disse " Quero agradecer-lhe...", percebi - tarde demais - que nada havia, realmente, a agradecer. Não havia por que estar-lhe grato. A gratidão implica sempre uma qualquer forma de dívida, ou, ao menos, o reconhecimento por algo que não era devido. Por isso, também, o termo reconhecimento, como forma atenuada de gratidão, não me servia. O que eu queria dizer era I appreciated that. Não estava grato, nem reconhecido;sensibilizado era demasiado formal (leia-se pretensioso) para usar em discurso directo com uma amiga, e agradado pecava por altaneiro - mas eu tinha mesmo appreciated aquela atitude. Não era devida, nem sequer como obrigação natural, era talvez esperada, mas dentro das balizas de um arbítrio justificadíssimo. Ora, apreciar, em português, só se usa para a fruição estética, sobretudo visual, seja uma paisagem ou uma allure (ai! cá vamos nós outra vez), e serve para significar o paradoxo da contemplação sobressaltada, sem distância entre o observador e o objecto. Não era o caso. Alguém tem uma boa tradução? I would appreciate it.
ESPESSO: Passado quase um ano, voltei a comprar o espesso mas, já lá dentro, descobri que o caminho para a credibilidade só começa em Janeiro próximo. Para além disso, por vezes o distanciamento ajuda-nos a ver melhor. Aquele jornal é pesado, denso, antigo e aborrecido. E encontramos melhores cronistas no Público e no DN. Tirando partes da Única e o caderno de economia, não suscitou qualquer vontade de voltar a ser cliente.
posted by Neptuno on 11:33 da tarde
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CUIDA-TE: Não sei se esteve ou não embevecido pela infanta D. Beatriz, mas o conselho de Bernardim Ribeiro, fidalgo do Torrão, tem o seu quê da escola do Arco:
As cousas que não têm cura Amador, não cures delas; e as que não têm ventura não te aventures por elas.
posted by FNV on 12:18 da tarde
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AINDA MELILLA: As coisas têm tendência para cairem no esquecimento, o conformismo natural e a agenda mediática assim o ordenam. Mas parece-me que se numa festa de anos, uma das salas tiver doces, brinquedos, aquecimento, refrescos e apenas meia dúzia de crianças lá dentro, e a outra estiver porca, esburacada, com as mesas vazias e uma centena de miúdos lá enfiados, o natural é que se assista a uma transferência. E não serão os pais nem os avós do festejado que o conseguirão impedir. Não se trata assim de defender os oprimidos, ou de ter uma visão romântica sobre a realidade, coisa que seguramente não tenho. Trata-se precisamente do contrário: de cuidar que a sala boa, aquecida e repleta de iguarias continuará boa , aquecida e repleta de iguarias. Nunca li em parte nenhuma que tijolo e arame farpado são os ingredientes de uma boa sociedade. Mas também é verdade que não sou economista.
O RESPEITINHO: Lamento não me poder associar ao coro de hossanas que agora o Benfica recebe. No devido tempo, expliquei aqui em curtos posts e em comentários, que o FCP me parecia uma equipa mal estruturada e mal orientada (embora também tenha escrito que apreciava o risco ofensivo de Adriaanse e a qualidade de vários jogadores portistas.) Basicamente: maus centrais, laterais adaptados e Lucho a jogar a trinco. Mas o resto é bom e está bem mecanizado. A mistura dos dois planos é que não resulta satisfatoriamente, apenas isso; se o Artmedia ganhou no Dragão, sinceramente não vejo por que razão o Benfica não o poderia fazer. O Benfica fez há uns anos nas Antas, com Souness, um jogo muito melhor e perdeu, salvo erro, por dois a um ( com um golo hilariantemente anulado a Kandaurov). O espantoso Ribeirinho ( Rui Santos), comentador da SIC-N, ainda há semanas arrasava Koeman e endeusava Adriaanse, mesmo depois da derrota frente ao Artmedia. Agora, hegelianamente utilizando a força como critério de correcção, faz precisamente o contrário. Ora, Adriaanse não mudou nada, mas o espírito português também não: estar sempre ao lado de quem ganha.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.