TRAMARAM-NOS:Manos, estou deveras preocupado: a partir de 1 de Janeiro, a nova lei da pesca desportiva limita as capturas por dia, por pescador, à irrisória quantidade de 10 kgs., ou seja, três robalos daqueles mais pequenitos que costumamos apanhar. Para pescar um dia inteiro, vai ser preciso soltar muito peixe.
AO CONTRÁRIO: No outro dia defrontámo-nos com mais uma situação limite: a mulher era paranóica ou não? O contexto era delicado, envolvia crianças, questões judiciais, etc. Ao contrário do que se pensa, o delírio paranóide não é coutada do louco. Encontramo-lo, aligeirado, nas nossas relações familiares, profissionais e pessoais. Tal como o ciúme - e sua célebre escala que culmina no shakespeareano Síndroma de Otelo -, também o delírio paranóide é graduado. As formas benevolentes - comuns nas personalidades histérico-narcísicas - diluem-se no quotidiano, trazendo mais incómodo a quem as sente do que aos outros. Nos quadros severos passa-se frequentemente o contrário. Assim, aos vossos familiares , amigos e conhecidos que eventualmente sejam dados ao delírio paranóide ligeiro, ofereçam apoio, compreensão e até algum combustível: permanecerão satisfeitos e saudavelmente entretidos.
posted by FNV on 11:58 da manhã
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PROVÉRBIO DO DIA: A puta e o cão estão sempre a olhar para a mão.
posted by FNV on 11:53 da manhã
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A SITUAÇÃO: Com o PCP entricheirado, o Bloco em crise surda e o CDS/PP retalhado, restaria o PSD para fazer oposição efectiva. Por diversos motivos, essa oposição efectiva não aparece: Marques Mendes não tem as costas protegidas, o comboio foi apanhado em má altura, o carisma não ajuda, a crise do CDS/PP não o estimula a fazer melhor e os analistas acham que o PS já ganhou as próximas eleições. Neste quadro, no entanto, um elemento poderá perturbar a placidez da análise. É um clássico nas ciências que estudam a influência social que a persistência de um agente inovador rende frutos: quanto mais tempo resistir, melhor se posicionará diante de uma eventual alteração conjuntural desfavorável à maioria. O problema é que as teorias e os paradigmas experimentais da psicologia social ignoram a lógica partidária: muitos dos que deveriam ajudar a suportar a lança estão interessados em quebrá-la, o velho paradigma de Moscovici não suportando a entretela do PSD. Os adversários internos de Marques Mendes apostam mais no efeito renovador em cima das próximas eleições do que na construção temporal de um bloco coeso.
P:A pingúrria, sobre o pinguelo, agarrada à pinhoca, pipila. Eu pipilo, tu pipias, ele pipoca.
posted by FNV on 10:11 da tarde
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A ALDEIA INFERNAL: O "Público" traz a hoje a saga da "pobre secretária" que decidiu contar, em blogue e em livro, o que fez na cama com um "poderoso" senador. A desgraçadinha vítima do abjecto male power já enriqueceu, publicou um romance e posou para a "Playboy". Venham mais livros "muito importantes" , não é?
posted by FNV on 12:37 da tarde
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PROVÉRBIO DO DIA: Por causa dos nossos avós pagamos nós.
posted by FNV on 12:22 da tarde
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ANTENA ISLÂMICA: Hoje, degolar é preciso.O fim do ano coincide com um feriado religioso muçulmano, o Eid-Ul-Adha, que assinala o termo da peregrinação anual a Meca, o Hajj. Nesta data é costume sacrificar animais, o que coloca um problema aos muçulmanos que vivem na Europa e nos EUA: não podem andar pelas ruas a a degolar carneiros porque a lei não o permite e os inimigos das touradas, calculo, idem. Vai daí, algumas organizações tiveram uma ideia genial. A Al-Khidman e a Alamgir disponibilizam, via internet, a partir do Paquistão, o sacrifício da ordem. Um muçulmano residente em Paris ou em Antuérpia pode comprar on-line o direito a ver sacrificadas uma cabra ( 100 U$) ou uma vaca ( 450 U$). O problema, diz Rizwan Edhi, é que as compras on-line envolvem cartões de crédito e estes cobram juros, o que é interdito pela lei islâmica. Amanhem-se.
(Podem consultar www.magharebia.com, www.subzeroblue.com ou ainda a Reuters CNET News, de 19 de Dezembro)
POIS DEVEMOS SER: O dr. Miguel Frasquilho, comentando a mensagem de Natal do primeiro-ministro, conseguiu dizer que "o país vive uma situação de crise inimaginável há uns anos atrás ". Se bem me lembro, o dr. Frasquilho já era deputado do PSD quando o dr. Barroso chegou ao parlamento com "o discurso da tanga". De onde se conclui que o dr. Frasquilho entende que os portugueses são todos taralhoucos.
posted by FNV on 12:30 da tarde
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UMA PROFISSÃO ESSENCIAL: A do "Verme", de Pascoaes:
" Eu vivo no interior das negras sepulturas. Só eu sei conhecer as grandes amarguras Dos que pedem à terra a paz e o esquecimento... Na sua antiga dor encontro um alimento... E nas suas lágrimas sombrias e geladas, Como nos lagos ou nas fontes prateadas, Às vezes mato a sede... E o mau ar que respiro Tem o amargo sabor dum último suspiro... Por isso, bem conheço a dor do homem..."
posted by FNV on 12:03 da tarde
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PROVÉRBIO DO DIA: Enquanto ladra o cão, coze-se o pão.
LIBERDADE E PODER: Francisco José Viegas escreve um artigo no Jornal de Notícias (com link também na Origem das Espécies) onde alerta para o perigo de, num futuro próximo, nos virmos a encontrar nostálgicos da liberdade. Alinha vários perigos para a liberdade, num medley (evidentemente exemplificativo) que vai do cartão único à "auto-censura" que certas instituições se terão imposto relativamente à celebração do Natal, passando pelo episódio dos cartoons dinamarqueses. Não conheço a lei do cartão único (creio que ainda não foi publicada), excepto pelo que se disse nos jornais, e por isso não posso falar sobre ela. Claro que, em matéria de protecção da privacidade, há uma lei de bronze segundo a qual o perigo cresce na razão directa da concentração dos dados pessoais (ou dos respectivos suportes de acesso). Mas confesso que, neste aspecto, me preocupa mais o facto de qualquer gato pingado exigir, para os propósitos mais desvairados, o nosso número de contribuinte, sobretudo quando o netbanking teima em utilizá-lo como validação (!) das operações bancárias: hoje, a primeira e a terceira letra do último apelido têm quase o mesmo grau de confidencialidade do que os algarismos do número de contribuinte. No que diz respeito à "auto-censura" nas celebrações de Natal, parece que se trata de mais um mito urbano, ou quase, assente em duas ou três anedotas (o caso de Birmingham pode ver-se aqui e o caso de Zaragoza aqui). Não chega a ser epifenómeno, quanto mais sintoma. Enfim, resta-nos o caso dos cartoons, em relação ao qual disse na altura que, acima de tudo, me assustavam as coligações espúrias contra a liberdade de expressão. Mesmo que os exemplos dados por FJV possam não ser muito significativos, a ideia que está na base do artigo - a resistência contra os carcereiros de cérebros - é cada vez mais importante. Tenho escrito sobre o assunto algumas vezes, embora os ângulos que me interessam não sejam sempre populares. E, neste ponto, não posso estar mais de acordo com FJV: tudo é um problema de liberdade. Só que a questão não acaba aí: começa, apenas. Porque este é o caminho mais exigente: seria facílimo invocar a liberdade de celebrar o Natal, ou de publicar cartoons, como decorrência da "nossa" cultura (entenda-se: da cultura reconhecida pelos poderes), em versão sofisticada do bordão "quem está mal, muda-se". Mas quando se põem as coisas no plano da liberdade, como devem ser postas, "the pattern becomes more complicated". É que - digo-o com pedidos de clemência a todos os que vêem na Revolução Francesa o tremendo erro da Humanidade - a liberdade só o é quando supõe a igualdade. E esse é o passo que nem todos estão dispostos a dar. A título de exemplo: só podemos convencer alguém de que não é ofensivo celebrar, nas escolas públicas, o nascimento de Cristo, quando não nos sentirmos ofendidos com a celebração, nas mesmas escolas, de acontecimentos homólogos exaltados por outras religiões. A partir daqui, torna-se óbvia a extrema delgadeza da linha que separa a liberdade "dos outros" da contrariedade à "ordem pública", aos "costumes" e noções semelhantes. Nem por isso ficamos dispensados de examinar e ponderar, em cada caso, os interesses em confronto. Isto é uma questão de princípio, para que a Liberdade não seja só a "nossa liberdade", ou, mais precisamente, o poder disfarçado de liberdade. Mas não é só um princípio: é também um factor de pacificação (de co-integração) entre comunidades e culturas diferentes. Onde, melhor do que nas escolas, se pode aprender que o companheiro de carteira não é necessariamente um bombista suicida, um assassino de crianças ou um bebedor de sangue humano?
posted by PC on 11:59 da tarde
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SERVIÇO PÚBLICO: O documentário "Ainda há pastores?", de Jorge Pelicano, exibido ontem na SIC-Notícias. Conheci ( e conheço) alguns pastores da zona de Folgosinho: são exactamente assim. Depois, texto e fotografia soberbos e uma quente locução de Fernando Alves.
posted by FNV on 9:24 da tarde
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NO PASA NADA: Agora que todos estão entusiasmados com a futura prestação de Maria José Morgado, talvez fosse bom recordar um episódio. Foi quase no início do ano que agora finda, que o treinador do FCP, Co Adriaanse, foi emboscado à saída do centro de estágio. Murros, pontapés, câmaras de video-vigilância, promessas de inquérito célere. Já os apanharam ou estão à espera que alguém escreva ( mais) um livro?
posted by FNV on 12:22 da tarde
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FOGOS DE ARTIFÍCIO: Dizia Nietzsche, nos Escritos Sobre Retórica, que chamamos retórico, sempre com um sentido pejorativo, a alguém que utiliza constantemente artíficios ( Kuntsmittel) no discurso. A TSF e SIC ( pelo menos) têm uma retórica anti-Rui Rio assaz constante. Agora foi porque o homem trabalhou no dia 26 e, logicamente, os restantes funcionários da município idem. Fosse um autarca socialista a fazer o mesmo, num alarde de cooperação com "o esforço nacional de produção ", e outro galo cantaria. Artificiosamente.
Actualização: Ao repórter da SIC-N não ocorreu perguntar ao sindicalista que acabou de dizer que Rui Rio "convocou reformados" ( sic) para fazer a recolha de lixo no dia de Natal, como é que o autarca conseguiu esse milagre.
posted by FNV on 12:11 da tarde
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CAÇADAS: As mesmas comanditas que querem civilizar o Natal embirram com o consumismo da saison. Não se entende: a melhor forma de trivializar a quadra é precisamente consumir ainda mais do que o habitual. Daqui a três meses têm a Páscoa para se entreterem. Calculo que vão perseguir os coelhos, incluindo os da pilhas Duracell.
Em tempos, de boca grossa, Perkun veio, uma pena na barba, veio nos cascos do alce, o gago veio, andou pelos rios, arrastando a escuridão, uma rede de pesca, atrás de si.
Eu estava lá. No tempo antigo. Nunca nada de novo começou. Sou um homem, com a sua mulher um corpo, criando os filhos para um tempo sem medo.
( "Sarmatische Zeit ", 1961, trad. de João Barrento, Cotovia 1990)
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.