Augusto Santos Silva esteve na RTP1 a explicar por que razão "não considera Cunhal um democrata" ( o que é óbvio). Isto, pasme-se, a propósito de uma reforma na educação. Como se chegou a este isto?
1) Por culpa da nomenklatura opinativa agregada aos media lisboetas. Quem não se lembra da frase recente de António Barreto - "Não sei se Sócrates é fascista" ? Pacheco Pereira falou de fascismo higiénico, Pulido valente avisou que a liberdade estava em perigo ( por causa dos cigarros) e muitos outros foram atrás. Uma elite universitária e política que o melhor que encontra para combater a política do governo é, trinta e quatro anos depois do 25 de Abril, o fantasma do regresso ao fascismo anuncia o pior. Temos o que merecemos porque os ouvimos, lemos e compramos.
2) Outro factor é o peso do PCP e dos seus Robertos ( os esquerdistas arrependidos só na folha salarial e as correias de transmissão sindical). Este peso pesa porque os comunistas em Portugal continuam a ser os mais estalinistas da Europa e sem vergonha nenhuma. Sobre o passado do maior genocídio da História do século XX arranca-se-lhes, a custo, um " talvez tenham sido cometidos alguns erros". Sobre o presente não há negócio: Cuba e Coreia são exemplos a seguir. Livres da culpa, conseguem apresentar-se como campeões da democracia e, naturalmente, capazes de denunciar as práticas "fascistas" deste governo.
3) Televisões, rádios e jornais na sua maioria feitos por desdentados adolescenciais ( do princípio e do fim da seta do tempo) produtos do tal Portugal miserável que os pessimistas-visonários citados no ponto 1 tanto abominam. Nenhum telejornal hoje é verdadeiramente nacional: abre com notícias - " O Ti Joaquim foi ontem burlado em Vila Maria" que fariam ontem a capa do Jornal do Fundão. O jornal de referência da Sonae e do país deu honras de capa a um sujeito que se notabilizou pela quantidade de estações de serviço que vandalizou: isto nem nos gloriosos tempos do Jornal do Fundão.
4) Por último, a fraqueza política deste governo. Gente sem densidade, sem passado, sem miolos, sem livros, sem dinheiro - dos ministros aos rapazitos do shopping - e que assiste impotente a este desvario. Há excepções, claro, mas são mais raras do que o broche de pino.
No Expresso de hoje, o sr. Pinto Coelho do neofascista PNR queixa-se dos juizes. O Daniel Oliveira do BE, na mesma semana, também. O Daniel Oliveira deve precisar tanto dos meus conselhos como de um produto para fazer cair o cabelo, mas ainda assim aqui vai: afasta-te desse cálice.
A CGTP organizou um piquete que foi chamar "fascista" a Augusto Santos Silva, ontem, em Chaves, à porta da sede do PS. Mais tarde recordaremos quem andou estes meses a caucionar esta pobreza de espírito. Para já fica a vergonha, num país que passa a vida a encher a boca com a "memória do fascismo".
Se eu fosse professor do ensino secundário também protestaria amanhã. Já aqui o disse e repito: o sistema de avaliação pretendido é burocracia pura e dura. Vai esconder os maus professores, atrapalhar os bons e desmotivar os excelentes.
posted by FNV on 5:38 da tarde
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A QUEM INTERESSAR:
Um assassino palestiniano matou oito pessoas ontem numa escola ( Merkaz Harav) em Jerusalém. Quando não se usam as pedras à mão nem os rockets à distância, o resultado torna a contabilidade mais fácil. Parece que há quem se interesse por este factor.
No telejornal das 13 horas da SIC esteve um polícia para esclarecer o mistério de polícias recolherem informações sobre uma manifestação que terão de policiar. O entrevistador, indiferente às respostas do polícia, começou e acabou como quis: "o método é inaceitável numa democracia". Por que razão o polícia não se foi embora a meio da entrevista só a gravitas institucional explica. Por que razão o entrevistador se julga o CheGuevara de Carnaxide só um complexo poderá deslindar: será talvez um moço que leu algures histórias da resistência e que não se conforma com o hiato biográfico. Duas coisas são certas: ele não está lá para fazer perguntas e ainda bem que é apenas um jornalista ( ou coisa parecida).
posted by FNV on 1:16 da tarde
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PLANO PARA SALVAR A DEMOCRACIA:
A democracia está em perigo: 50.000 professores - incluindo administrativos e contínuos - vão manifestar-se amanhã em Lisboa exigindo a demissão da ministra. Isto não pode continuar. É preciso salvar a democracia de coisas destas.
posted by FNV on 10:45 da manhã
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STASIS BENFIQUISTA:
1) Disseram ao tractor a pedal para ser mais agressivo e o rapaz compreendeu com a inteligência que os deuses lhe deram.
2) O Rui Costa vai ser o treinador para o ano. Já toda a gente sabe. Vai durar três meses.
GETAFE: Abreviatura espanholizada da expressão inglesa "get the f**k out of here!".
posted by PC on 10:34 da tarde
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QUE SHALKA, CARAGO!
No dialecto da Little Italy do norte, "shalka" vai substituir "azar" ou "má sorte" ( que é um tipo de sorte).
posted by FNV on 2:28 da tarde
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AQUI NINGUÉM CONTRARIA NINGUÉM:
"Eu sou um salto no desconhecido" ( L.F. Menezes, no JN de hoje). Os tais "livros" de que Menezes fala não lhe ensinaram que isto talvez não seja a abordagem, digamos, ideal?
posted by FNV on 2:22 da tarde
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SELIMA HILL, SEMPRE:
When I ascend the terrace steps of Potsdam between the yew trees clipped to look like polyps, or a colony of polyps, by cold water, with no one about on the steps except myself, having no language but this - I certainly need you.
Menezes acaba de dizer que "o PSD ainda não merece ser governo, o PS já não merece ser governo", que "ninguém merece ser governo" e que "há um vazio emPortugal". É caso para dizer que o partido-empresa ( e a "sede nova", quando vem?) ainda só está no papel e que era exactamente isto que se esperava dele e da sua comissão política. Mas se o PSD ao fim de três anos de oposição "ainda não merece ser governo", Menezes não é o único responsável. Não é não senhor.
posted by FNV on 12:52 da tarde
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UMA BOA EDIÇÃO:
O Público de hoje mostra como Pacheco Pereira soube motivar os jornalistas para descobrir novos factos no caso do Casino de Lisboa. É bem verdade: há sempre qualquer coisa que nos escapa. Já a sondagem aos jovens revela que eles "não acreditam no casamento, no país e nos outros". Pois não. São filhos de uma revolução cultural que veio com 20 anos de atraso e vão demorar outros 20 a crescer. Estes sim, vão ser os verdadeiros pessimistas.
posted by FNV on 11:35 da manhã
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SELIMA HILL, SEMPRE:
At the top of the bank a blond airman is doing sit-ups in the tenderest of early-morning sun. I want to squash him flat. He's like my Uncle Pat's gold cigarette-case that flies open when you touch it.
( Not All the Women of England, 1988)
posted by FNV on 11:24 da manhã
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ESCLARECIMENTO:
O post anterior era apenas uma pequena provocação destinada a dar toda a sorte do mundo ao FCP para o jogo de hoje.
Tal como o Belenenenses ( "caso Meyong") , o FCP deveria ser punido com a derrota ( o-3) em todos os jogos em que utilizou o Leandro Lima e ainda com a perda de três pontos ( sanção administrativa). Se a Liga respeitar os regulamentos quea provou e ainda que a principal testemunha ( e denunciante do caso) entre porengano na jaula do tigre. O campeonato estaria relançado se os regulamentos desportivos não se aplicassem apenas ao Beleneneses.
posted by FNV on 9:55 da tarde
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ODI ET AMO (LXXV):
O pessimismo é uma disposição maliciosa. Quando pessoal - o resultado de uma biópsia ou de um jogo de futebol - é assumido sem delongas; quando político ( ou sociológico) é cuidadosamente revestido de um olhar desencantado sobre a História. De certa forma é compreensível. Se é o nosso pequeno mundo que está em causa, o falhanço das soturnas expectativas resulta em nosso benefício; se é sobre a cidade dos outros que traçamos as nubígenas previsões, há sempre um desgraçado a quem elas assentam como uma luva.
Tanto Israel como o Hamas visam alvos. O Hamas visa apenas civis, Israel visa o Hamas e atinge por vezes civis. É um facto. No entanto, o ponto preferido dos media portugueses é este: Israel mata mais. Isto é deveras espantoso. O Hamas só está em baixo na contabilidade macabra porque não tem as armas de Israel. Ou alguém pensa que um tipo que odeia o vizinho e lhe atira pedras todos os dias desdenharia usar uma metralhadora?
1) Cardozo fez hoje o seu melhor jogo em Portugal. Fez o que sabe - lutou, rematou, tabelou - e foi incapaz de contrariar os genes: ser malicioso, veloz e consistente. Nada mau se tivéssemos pago apenas meio jogador.
2) O Sporting está feito à imagem de Moutinho: irreverente, rápido, histérico, teatral e queixinhas.
3) Camacho acertou o timing da entrada do Luis Filipe: o minuto 92.
4) O BenficaxSporting é Oderby. Que interessa se em primeiro lugar está o FCP, o Boavista ou o Passarinhos da Ribeira? Nada.
A Pública, do "jornal de referência" cujo director passa a vida a queixar-se do "clima de dissolução moral" e do "abastardamento cultural da sociedade portuguesa", dá hoje honras de vedeta a um chefe de uma claque de futebol conhecida pela pela violência que exala. Deve haver aqui uma "mensagem" do director do jornal que me escapa.
posted by FNV on 7:00 da tarde
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A RELVA É NOSSA (II):
É escusado que não consigo fingir agressividade num BenficaxSporting. Há um ar de garage party nestes jogos com o Sporting, com o Belenenses ou com o Atlético. São vizinhos pequenitos que nos convidam, temos de levar bolo ou ácidos e sim, talvez lá partamos qualquer coisita. Mas não conta. Com o FCP é diferente: o estômago embrulha-se-me, a garganta pede vitamina B fermentada com lúpulos activos. É uma batalha pela Civilização, pela Cultura e pela Paz, contra tipos perigosos que comem tripas e assustam treinadores do Chelsea. É outra louça.
posted by FNV on 6:40 da tarde
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ODI ET AMO (LXXIV):
Perdoar é um acto de poder. Por vezes não podemos, como não podemos suportar uma perda, uma traição, ou uma sucessão de dias felizes ( Goethe). Afastarmo-nos, apagar do nosso ritmo diário quem nos fez mal, é uma alternativa ao perdão. É um governo provisório que gere os assuntos correntes, uma coligação entre a realidade e a dignidade. Se alguém nos tratou como sua propriedade, perdoar não está em cima da mesa. Os escravos não perdoam, não têm esse direito.
posted by FNV on 11:30 da manhã
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A RELVA É NOSSA:
Na nossa grande-área matar tudo o que se mexe, na grande-área deles incendiar tudo o que não se mexe.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.