Não estarei na festa de lançamento da revista porque o leopardo não é fã de croquetes ( nem podia porque não fui convidado), mas desejo vita beata ao projecto do Francisco José Viegas. A minha próxima crónica é sobre livros de caça grossa.
posted by FNV on 5:14 da tarde
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MILAGRE À MODA DO PORTO:
João e Valentim Loureiro geriram o Boavista durante mais de duas décadas. Passearam-se por entre a fauna do PS e do PSD portuense, fizeram parte do inner circle de Pinto da Costa - o FCP utilizou, se não utiliza ainda , o pavilhão de Gondomar para as competições ditas amadoras - e gabavam-se da melhor gestão do futebol português. Meses depois de João Loureiro sair, o clube descobre-se em estado comatoso ( o que já se suspeitava nos últimos tempos). Completamente falido e atolado em processos judiciais e desportivos ao pé dos quais os do FCP parecem peanuts. Não sei qual o grau de responsabilidade dos personagens em causa nem faço julgamentos de café, mas não deixa de ser espantoso a forma como os media - tão afoitos a analisar subsídios de políticos do tempo da Maria Cachucha - tratam o assunto: como se a hecatombe do Boavista fosse de origem alienígena.
A "vaga de fundo", no futebol, na política ou no condomínio, é uma manifestação do pressuposto messiânico tal como Bion ( um psicanalista inglês) o descreveu. Apresenta , no entanto , uma variação: enquanto o pressuposto messiânico descreve a crença que todo o grupo tem num salvador, a vaga de fundo radica na esperança - redentora - que o salvador deposita no grupo. É mais ou menos como o doente pensar que cura o médico.
posted by FNV on 11:25 da tarde
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O LUÍS DO PATHOS:
Pacheco Pereira, que tanto gosta do pathos, deve estar satisfeito. A entrevista que Luís Filipe Menezes está a dar a Mário Crespo na SIC-N está carregadinha de pathos: furioso, calamitoso, nervoso, tremendista, insultuoso, verdadeiro, ingénuo. É muito bonito, sim senhor.
Cinco semanas não chegam? De quantas precisou Cavaco?
posted by FNV on 11:26 da manhã
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A LEBRE METEOROLOGISTA:
Aguiar Branco, convidado a correr quando ainda estava a fazer o aquecimento, é interrogado pelos jornalistas sobre se será candidato contra os pesos pesados ( agora mesmo na TSF): "Hoje chove , amanhã faz sol". Isto promete.
Dizia o António ( comentador/blogger) aí mais abaixo e bem: velocidade, velocidade. Menezes está na minha televisão a falar contra um fundo laranja ( e não azul...) e a classificar-se como um líder de circunstância que não teve tempo. É curioso, porque tempo é precisamente a única coisa que um líder de circunstância tem. Clausewitz explica. Os rivais de Menezes acreditaram sempre que melhores tempos viriam para as suas ambições ( alguns já se arrependeram) ou para os ( justos) interesses do partido, e isso é guerra defensiva. Menezes também acredita que melhores tempos virão, mas para os seus adversários. Isso é guerra ofensiva e, neste caso, com data marcada: 24 de maio
Há coisa de um mês, os media já falavam de um cenário de seca relacionado com o "aquecimento global". O Público, pelo menos, traçava um panorama apocalíptico. Agora chove torrencialmente. Tenho a impressão de que Abril-águas-mil vai dar rapidamente lugar a mais uma manifestação do diabólico "aquecimento global".
A única possibilidade é um cadastro. Todos os que fizeram parte das comissões políticas de Santana e de Menezes ficam impedidos de pertencer a qualquer orgão do partido até 2020. Nessa altura já devem ter acalmado a ambição ou arranjado outro partido para a servir.
Aguiar Branco é candidato à liderança do PSD. Quem correr com a lebre, perde; quem vencer a lebre, perde. A tartaruga vem lá atrás, ronceira e bamboleante. Gosta de coelho à caçadorà moda da Alsácia.
posted by FNV on 10:24 da tarde
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FIAT JUSTITIA, RUAT CAELUM:
Depois de Pinto da Costa, foi a vez de Avelino Ferreira Torres apelar à justiça divina.
posted by FNV on 3:08 da tarde
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ODI ET AMO (LXXXII):
A crueldade é militar. Vive mais da relação de forças do que da consistência moral. Uma mãe que abandona o recém-nascido na lixeira ou um filho que se mostra insensível ao sofrimento do pai são processos sem juiz. A crueldade pode portanto ser crime ou afecto, mas é sempre eficácia em movimento. A decisão, o ataque à garganta, a escolha do momento absolutamente certo. Pode ser própria do mais fraco, mas bem executada altera a correlação das forças. Clausewitz demonstra como Frederico II, em inferioridade numérica, ganhou a batalha de Leuthen : enviou o grosso das tropas ao coração dos austríacos. A crueldade é, frequentemente, o que em cada momento é necessário fazer, e o momento não se julga; quando muito, há-de julgar-nos.
Esta faz lembrar uma antiga, também do Público, que dizia que os franceses não tinham gostado da intervenção da - na altura - mulher de Sarkozy no caso das enfermeiras líbias. Se bem se recordam, a sondagem era afinal a opinião de dois ouvintes da Rádio Montecarlo. Hoje o Público dedica duas páginas à visita do Papa aos EUA. A "reportagem" , assinada por Rita Siza, tem como título " Bin Laden ameaçou o Papa mas alguns pensam que o Papa é pior do que Bin Laden". Quem são esses alguns? Os membros do "Ministério Internacional Crescendo em Graça" , uma organização "que pensa que o seu líder é a segunda manifestação de Deus". Imaginam a mesma jornalista a assinar a reportagem que fizesse sobre a vinda a Portugal de um chefe de estado homossexual ou negro com os títulos: "Alguns pensam que Fulano é mais bichona do que Gore Vidal" ou "Alguns pensam que Beltrana é mais preta do que Satanás" ? Quem seriam esses alguns ? Os rapazes do PNR, por exemplo.
posted by FNV on 5:51 da tarde
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MANUEL MACHADO, SEMPRE:
Y el terminarse las peleas con transacciones lamentables. Y el hallar las mujeres feas y los amigos detestables.
Y el odiar la aurora violada, bobalicona y sonriente, con su cara de embarazada, color de agua y aguardiente.
Y el empezar a ver cuando los ojos se quieren cerrar. Y el acabar de estar soñando cuando nos vamos a acostar.
E Alberto J. Jardim contará, como tem contado até agora, com a compreensão de muitos. Pacheco Pereira, na Quadratura, costuma dizer que são apenas "excessos de linguagem" e que Jardim "dá o flanco"; a direita marialva, num alarde homoerótico envergonhado, adora o estilo "corajoso" e "politicamente incorrecto". E assim ficamos, numa espécie de colonialismo endémico que permite aos outros o que não toleramos em nossa casa. Quando um participante numa manifestação não autorizada for identificado pela polícia ou quando a ASAE fechar uma fábriqueta de beldroegas enlatadas ouviremos então os lamentos (carregados de autoridade moral) pelo estado calamitoso da pobre democracia continental. Quanto a Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, deve estar muito satisfeito com mais esta "manifestação de excelência do espírito democrático". Talvez copie o exemplo e mande fechar a AR da próxima vez que cá vier o rei Juan Carlos. Pode ser melhor para o turismo.
O caso Câncio nada tem de surpreendente. Escrevi aqui várias vezes que desta direcção do PSD ( Menezes não faz sozinho o jogo baixo) não se pode esperar outra coisa. O que é interessante é que desta direcção sairá gente para as direcções que hão-de vir pois nela está gente que já esteve em direcções anteriores; os wannabe, por seu lado, contam com a usura do tempo para reaparecer um dia destes. São todos profissionais.
posted by FNV on 11:28 da tarde
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BANDITISMO: No Público de hoje, António Barreto cumpre o dever cívico de divulgar um livro de Américo Cardoso Botelho (Holocausto em Angola, Edições Veja, 2007) que irei comprar e devorar mal me cruze com ele.
Nesse livro publica-se, em fac simile, uma carta do (na altura) Alto-Comissário Rosa Coutinho, de Dezembro de 1974, dirigida a Agostinho Neto, presidente do MPLA. Nessa carta, e porque o complexo de inferioridade só se venceria "matando o colonizador", Rosa Coutinho escrevia que numa reunião secreta com camaradas do PCP tinha sido decidido (por forma a "instaurar a nova sociedade socialista") aconselhar os militantes do MPLA a, de imediato, "aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando (...). Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos." António Barreto, chocado, prossegue a transcrição, eu fico-me por aqui.
Sou dos que já pouco se espantam com Rosa Coutinho e com as acções do PCP e demais esquerda radical, particularmente nesse período, por mais chocantes e abjectas que sejam. Limito-me a cumprir também o dever cívico de divulgar a canalhice e os canalhas.
posted by FNV on 4:52 da tarde
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ODI ET AMO ( LXXXI):
Escolham uma hora sossegada - ou muito tarde ou muito cedo - e sentem-se no vosso lugar predilecto, na vossa sala de todos os dias. Com os olhos bem abertos e virados para o silêncio, recordem as últimas pessoas que perderam. Tragam para a sala os gestos, os rostos, os cheiros, as vozes. Mais tarde ou mais cedo serão vocês os habitantes dessa reunião mental, o anfitrião alguém que sentirá a vossa falta. Levantem-se da cadeira e ponham água ao lume. Façam café ou chá. Vão trabalhar.
posted by FNV on 11:38 da manhã
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OVOS & OMELETES:
A esquerda virtuosa acha que as empresas contratam políticos com um objectivo específico: obter vantagens nos negócios com o estado. Talvez seja. Mas a mesma esquerda ( alguma reciclada dos paraísos albaneses) pugna por uma forte participação do estado na vida empresarial pública. Então quem ficaria à frente das empresas? Comissários nomeados pelo dr. Louçã?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.