Falamos para uma pessoa, mas queremos que outra pessoa nos ouça. Um chato pede o número do telemóvel à Mónica. Sem alternativa, a Mónica lá diz o segredo, mas em voz alta, na esperança de que a bela Rita, sentada a dois metros, tome devida nota. Dito isto, Cavaco recomendou um programa de governo a Manuela Ferreira Leite. Sei bem que a crise é real , nas não esqueci a arrogância parola com que Sócrates tratou quem avisava sobre o estado das coisas; também me recordo como jactantemente criticou quem suspeitava de obras megalopatas. Agora partilha o número com a Rita. O cheiro a enxofre. Se Cavaco diz que "é preciso proteger a família", é porque "está contra o casamento de homossexuais". Não fazia ideia: do que fui lendo e ouvindo, julguei que os homossexuais também queriam a família.
Mas chegamos às auto-estradas e os preços são todos iguais, quilómetro após quilómetro após quilómetro após. A tal autoridade funciona ao metro ( empresas de restauração colectiva ). É mais baixinho e não incomoda tanto.
posted by FNV on 5:17 da tarde
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UM BOA MEDIDA DO GOVERNO:
posted by FNV on 1:03 da tarde
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CONSIDERÁVEL MUNDO NOVO:
O solstício de Inverno foi muito estimulante. Reunimo-nos muma velha fábrica abandonada. O João chegou mais cedo, porque está grávido, e a Paula, o marido dele, veio mais tarde. Como não houve a tristeza pequeno-burguesa da ceia natalícia, optámos por pôr uma mesa de fusão. Servi algas wakame em crosta de térmitas de Guadalajara cristalizadas. Bebemos ice wine canadiano. O meu filho preferiu ficar em casa dos pais da namorada , comer bacalhau e ir à missa do galo. Estas gerações mais novas ainda têm muito que aprender. O reveillon é que não pode falhar. Está previsto irmos para casa da Tchibomba, uma aluna de doutoramento que conheci anteontem. A Tchibomba está a investigar o efeito do imaginário imperialista da Barbie e do Action Man nas concepções cristãs de imigrantes malianos que vivem em Chelas. O Rui traz os dois filhos que partilha em time-sharing com um casal holandês que vive na Serra do Caldeirão. Não existem provas de que as crianças não podem ser criadas no regime de time-sharing. Antes pelo contrário: assim recebem mais amor e só quando os pais estão disponíveis. Bom ano novo para vocês.
posted by FNV on 8:56 da manhã
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ANTÓNIO OSÓRIO, SEMPRE:
O hitleriano, que barafusta. O solícito, que dirige o trânsito. O maníaco fala-só.
O idiota que se baba, explicado pelo psiquiatra gago. O legatário de outros, o que nos governa.
António Osório ( que também é jurista e até da área do ...ambiente) assina o prefácio de uma reedição dos poemas de Maria Valupi ( conhecem o nome, não é?). Um dia destes trago-a cá.
posted by FNV on 1:29 da manhã
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"IL PLEUT, IL PLEUT, BERGERE / RENTRE TES BLANC MOUTOUNS":
Foi com estas palavras que Fabre d'Eglantinesubiu ao cadafalso. O homem que escreveu o calendário revolucionário foi mais tarde guilhotinado pelo Terror. São palavras adequadíssimas a todas as vítimas de todas as revoluções.
posted by FNV on 11:16 da tarde
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UM CASO SÉRIO:
Um cronista do DN, Ferreira Fernandes, descobriu que os revolucionários do 5 Dias são agentes do imperialismo americano ( parece que da McDonalds) quando não estão a estudar o Programa de Gotha. Será uma contradição insanável, mas também uma anti-dialéctica promissora. Como temer revolucionários que ganham a vida não a vender hamburgers, mas a vestir a camisola de uma multinacional? O DN está um caso sério de marcação cerrada aos adversários de Sócrates e da sua coudelaria blogo-mediática. E muito bem, faz parte do jogo, não fora o jornal continuar com esta mania de vasculhar a privacidade dos adversários ( mails, carreira profissional e, não tarda, cama...). Não haverá ninguém lá no jornal, cioso da privacidade e inimigo das insinuações torpes, que possa distribuir um manual de boas maneiras?
Pinto da Costa diz que no Fóculporto não há petróleo. Haver há, deve é também haver piratas:
"O FC Porto é o clube que, de longe, recebeu mais dinheiro de outros clubes pelos seus jogadores. Uma política de contratos longos e talentos jovens fazem do time portugûes uma verdadeira força financeira: 266,1 milhões de euros foram aos cofres do tradiconal clube campeão europeu de 87 e 2004, uma média de mais de 53 milhões por temporada! Em 2004, logo após o título europeu, o clube ganhou 99 milhões deste dinheiro de uma vez só – vendendo os seus jogadores Ricardo Carvalho (Chelsea), Deco (Barcelona) e Paul Ferreira (Chelsea) por 81 milhões… fora os 10 milhões que o Corinthians pagou por Carlos Alberto, que hoje pertence ao Werder Bremen e joga no Rio. Maniche foi vendido no próximo ano, por 16 milhões – e em 2006, Diego só custou 6 milhões aos cofres do Bremen. Foi em 2007 que o Porto “brilhou” com vendas novamente: 30 milhões por Pepe (Real) e 31,5 milhões por Anderson (Manchester) mostram o poder de negociação invejável deste clube! Com isso, Anderson é até hoje o jogador mais caro que o Porto já vendeu!"
posted by FNV on 11:11 da manhã
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ASSINALAR, UMA VEZ MAIS:
Como é que era a lengalenga? "Não devemos impor aos outros as nossas concepções ocidentais de democracia" , não era? A maçada é que não é preciso. Esses outros já as têm, não podem é exercê-las.
Ameaça seria, de facto, impossível, João: sou um anónimo blogger independente da província que anda nisto por amor à arte. Mas acho que V. tresleu a minha provocação. Não tenho dúvidas sobre a fluidez do mercado da opinião e se V., sempre bem informado, já sabe para onde vai o JMT, isso é óptimo. Não costumo ler o homem e não gosto do estilo. A bem dizer , quem trabalha sob a direcção do sr.Marcelino, ex-director-do-Correio -da -Manhã- que-decapitou-o-PS-no-processo-CasaPia, não me interessa nada.
posted by FNV on 5:34 da tarde
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STASIS BENFIQUISTA*:
1) Hulk está em apuros por causa de um segurança do Benfica. É uma ironia da História o Fóculporto, casa do Guarda Abel ( o caça-Pinhões) , estar em dificuldades num assunto deste género. E com razão: na Little Italy do Bolhão não é costume responder pelas agressões - o "inquérito" (hi hi hi...ré ré ré...) ao ataque ao Co Adriaanse já dura há 1324 anos.
2) Por falar em ironia da História, vamos ao Spórtingue. Depois de contratar o treinador português mais parecido com o Louis de Funès, os malucos da academia arregimentaram um exército de estouvados: João Pereira, Pongolle ( que vem "para se mostrar") e até o Manuel Fernandes. Entre emprestados e mal-contratados ninguém se vai salvar.
3) Há petróleo no Beato. E na Luz. Ele é avançados, ele é sucessores do Di Maria ( que ainda não ganhou nada), ele é Aírtons. Quando a pasta acabar, o governo nacionaliza o Benfica (o sr. Vara já tinha ajudado com a Caixa Futebol Campus) e os sócios barricar-se-ão dentro do estádio a exigir a devolução do dinheiro das quotas.
Da autoria dos demónios que fizeram The Wire. E a mesma receita: as coisas como elas são, a partir do testemunho de alguém que sabe do que fala ( neste caso um ex-marine). Uma mini-série que descreve o percurso de duas companhias de marines naquilo que foi o passeio até Bagdad, sem uma única cena de Rambo ( excepto as rídiculas do Cap. America) ? É verdade. As conversas de chacha dos soldados? Claro. Só quem não foi à tropa pode acreditar em cabos e sargentos a discutir o conceito hegeliano da força como critério de correcção. Não há história, há um diário. Atravessa toda a série, mas aparece mais no último episódio: a crítica à opção de Bush. Nada na manga e é assim que deve ser. O último episódio, pese a orientação ideológica da série, é um manual de instruções para percebermos por que motivo as coisas, depois, correram mal.
A teoria ( Doise, Moscovici, etc) demonstra que o conflito é o caminho mais seguro para uma solução sólida ( os teóricos chamam-lhe consenso, mas evitemos o termo porque assumiria uma conotação negativa). Basta recordar o debate no PS que levou Sócrates à liderança. É um exercício recomendável até pelas actualizações obrigatórias: quem mudou de campo, quem se converteu, etc.
O sr. Paulo Barbosa, empresário do jogador Miguel, fala de "racismo". Pessoas destas fazem pior à causa da igualdade do que um batalhão de skinheads. Quando era o branco Yuran a despistar-se bêbado de madrugada, também era racismo, não era?
posted by FNV on 12:36 da tarde
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A PROPAGANDA COMEÇA EM CASA:
Como a república. Refiro-me ao aperitivo servido em quantidades industriais: "O PSD não existe politicamente". Esta palavra de ordem é falsa, claro, e é operacional, também é claro. A falsidade destapa-se facilmente: ainda o novo governo não tinha tomado posse e já a propaganda fazia circular a ideia de que a direcção do PSD não existia. A operacionalidade é óbvia. A falange coelhista ( hiper-mediática) pretende passar uma mensagem salvífica, pois sabe que é a única forma de se fazer ouvir. Com uma certa razão: se as pessoas estiverem desesperadas engolem qualquer coisa. O problema é que MFL tem dito o que é preciso, tem insistido no que é necessário e tem-se mantido fiel ao que explicou aos cidadãos durante a última campanha. É o que o país espera de uma pessoa dedicada, sem ambições pessoais e responsável, que podia há muito ter ido para casa, mas não foi. E isto irrita, não é?
Foi a minha. Quase tão bom como o Caol Illa. E vai ao mail, tens lá uma pergunta.
posted by FNV on 7:01 da tarde
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OS MELHORES(II):
A descoberta do ano: "O Natal está transformado na quadra da intolerância cristã por excelência". Ainda hesitei. Havia a descoberta de um crucifixo escondido num açucareiro do refeitório da C+S de Amieira das Loucas, mas julgo que acabei por escolher bem. Os milhares de motins, espancamentos e arruaças justificam a opção.
A revista do Público, interpretando o melhor da pussy generation, titula: "Um ano para esquecer". A fotografia da capa mostra a tecla "delete", indo ainda mais longe na sugestão. Nem passo pela evidência de assinalar que os anos, maus ou bons, são tudo o que temos e apagá-los ( como às rugas) é apagar pedaços de nós. Há mais. Se pensarmos em tudo o que de terrível poderia ter acontecido - e não aconteceu - não há razão para execrar o ano. Dir-me-ão: também podia ter sido muito melhor. Pois. Ou muito pior. Na Europa, por exemplo, viveram-se anos terríveis no século passado. Cidades inteiras arrasadas, homens queimados em fornos, ou executados em nome de uma sociedade melhor, fome democrática. Já não conta, não é? Queremos sempre mais. É disso que tenho medo.
posted by FNV on 10:59 da manhã
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OS MELHORES (I):
O debate do ano: Pedro Marques Lopes x Luís Delgado. A tradição do melhor comentarismo português plasmado em duas gerações: a finesse, a independência, a classe. Um excerto:
- PML: Acho extraordinário... - LD: É absolutamente extraordinário... - PML: Não, é absolutamente extraordinário... - LD: Sim, também acho. - PML: Pegar no PSD...assim de repente...tirando pessoas com o meu primeiro nome e acabados em Coelho...não estou a ver... - LD: O senhor engenheiro Sócrates , famoso até nas Berlengas pela sua determinação, apreciaria certamente essa solução. - PML: Acho extraordinário... - LD: Acho absolutamente extraordinário...
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.