Émile Bréhier ( 1876-1952) perdeu um braço na guerra ( nunca cheguei a saber em qual) e dedicou-se ao estoicismo. Parece banal e é. Foi professor de liceu até 1909 e depois sucedeu a Bergson na cátedra da Sorbonne. Nada vulgar foi o seu trabalho como tradutor de clássicos.A Gallimard reeditou, há quatro anos , uma antologia de 1962 sob o título Les Stoiciens. Foi essa maravilha que me chegou às mãos há umas semanas. São 670 páginas que valem, do que já li, sobretudo pela tradução de Zenão (de Cítia, claro) e Diógenes. Cícero e Séneca também lá vivem, mas repetem textos que já tenho. O estoicismo é muito mais do que suportar o sofrimento. É todas as manhãs uma celebração da vida enquanto a entendermos como algo que não nos pertence para além do entardecer.
Sem palavras. Todos os anos tenho tidos iguais a estas, marteladas. Este ano, o sr.Paixão não pôde e eu estou muito triste. Pão e azeitonas autênticas e até o César Peixoto parece um jogador de futebol. O blogue? Já nem sei, parece-me agradável. Estou muito perturbado.
posted by FNV on 5:35 da tarde
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TODOS TEMOS DE FAZER SACRIFÍCIOS (VII):
Um bom post e uma boa discussão na caixa de comentários ( sim, os de Nogueira Leite são muito bons e resumem o dilema do cirurgião). Não me intrometendo na discussão económica, tenho aqui referido o lado simbólico ( reparei que Francisco Assis pensa o mesmo) das políticas públicas em situações excepcionais. Até acredito que as leis laborais venham a ser sejam revistas contra a segurança do emprego, mas se tal for acompanhado à viola por manifestações de desprezo pelo sacrifício dos mais frágeis, então os decisores ( e actores como empresários, lobistas, etc) terão a resposta que merecem.
posted by FNV on 8:42 da manhã
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ANÁLISE METAEXPRESSIVA (II):
Eu tenho muitos defeitos mas isso não sou. Estamos sempre dispostos a ser não importa o quê, desde que não sejamos o que os outros entendem que somos. A tipa é má, invejosa, colérica e ciumenta, mas burra é que não. Por que motivo troca tanto por tão pouco? Porque assumindo o resto, o tão excessivo resto, fica logo em vantagem. Caramba, tem direito a não ser burra: se quis tirar a casca aos ovos antes de os cozer foi por pura distracção.
posted by FNV on 12:37 da manhã
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O nosso mundo começa cá dentro da nossa porta...
posted by VLX on 11:44 da manhã
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A REPÚBLICA DOS CORVOS:
Como no caso dos mafiosos de Leiria, ela volta a aparecer no caso Face Oculta. Gosto deste termo - "falta de competência territorial". É legal mas imoral ? Então deve estar certo. Somos um país muito legalista.
posted by FNV on 11:38 da manhã
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ANÁLISE METAEXPRESSIVA (I):
Não ponhas esse ar de virgem ofendida. Esta expressão já não faz sentido. Para encontramos virgens temos de ir às escolas do 2º ciclo. E mesmo que bispemos uma virgem madura , por exemplo, na pastelaria, como é que a ofendemos? Dizemos-lhe: "Ó sua grandessíssima virgem..."? Querem levar a coisa para a desfloração? Bem, seria muito difícil que uma virgem bem madura se ofendesse, não vos parece?
posted by FNV on 11:00 da manhã
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HÁ QUALQUER COISA QUE ME ESCAPA NISTO:
"A experiência parece que não serviu para grande coisa e os avisos também não», apontou Manuel Alegre, criticando que Cavaco Silva não tenha «usado os poderes presidenciais que detém», o que interpreta como «uma experiência falhada».«Embora o candidato Cavaco Silva queira lavar as mãos como Pilatos, ele é co-responsável pela crise e pela situação em que se encontra o nosso país», acusou".
A campanha de Alegre tem sido pouco analisada e é pena. Desde a de Otelo , que se candidatou contra o regime ( leiam o episódio do avião com Carlos de Azeredo...) , que não havia nada tão confuso.
Freud e Reich, dois novecentistas, fartaram-se de estudar o papel da pulsão sexual. Ambos concordaram num ponto: a repressão sexual serve a ordem . Reich visou o aparelho capitalista e a sua trela da moral burguesa ( que é quase toda...) , Freud apontou para o verniz cultural - a sublimação da agressividade. A evolução encarregou-se de desmentir ambos. O sexo , hoje, serve sobretudo para passar o tempo. Por isso foi despido dos constrangimentos inoportunos, liofilizado, empacotado e explicado em letras miúdas. Ratzinger já percebeu isto.
posted by FNV on 8:44 da tarde
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2011 ( bold meu):
posted by FNV on 12:37 da tarde
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DA PREVENÇÃO GERAL:
Isto acontece frequentemente naquele tibunal e naquela rua. E continuará acontecer porque os cidadãos de etnia cigana são discriminados: estes comportamentos são tolerados em virtude da sua matriz cultural ( racismo claro) e porque a polícia não toma (sempre) as providências necessárias. Faroeste crónico, portanto, na baixa de Coimbra. O ferido que é mencionado na notícia é um desgraçado que ia a passar e não tinha nada a ver com o assunto: levou uma cabeçada.
posted by FNV on 11:16 da tarde
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PRESIDENTE DO SETÚBAL PÕE FIM À DISCUSSÃO:
O Presidente do Setúbal iliba o árbitro de qualquer irregularidade na grande penalidade que resolveu apontar ontem ao Futebol Clube do Porto, no Dragão, aos 90 minutos.
A seu ver, o grande responsável pelo que sucedeu (não terem conquistado um empate) foi o jogador do Vitória de Setúbal, que não estava concentrado e se antecipou ao apito do árbitro.
O treinador justifica o desastre na Champions com base na falta de experiência, dado ter sido o primeiro ano da equipa nessa competição. O resto das pérolas (dá para fazer um colar) está aqui.
Adenda: ouvido é muito melhor. Esqueçam o texto da notícia.
O fim do "grande sonho", do futebol e estratégia "muito pobres, muito abaixo das exigências de uma competição com as características da liga milionária", o regresso do Benfica "à vida real" e as exibições do Roberto dão hoje em canal aberto.
Não é preciso ler Marx: para o efeito, Zola e Dickens chegam. As ditas" garantias dos trabalhadores", incluíram - historicamente ganhas contra o capital - coisas como o horário de trabalho razoável, férias pagas, baixa por doença, etc. Noto que a direita inteligente, a verdadeira, a da Bayer, entende essas garantias como tralha marxista dispensável e nociva. O PSD aplaude? Nada como a clarificação.
Noto que muitos raciocinam com se estivéssemos ainda em 2008. De certo modo comprende-se. Não foi apenas o PS que mascarou a situação. A esmagadora maioria da opinião publicada, confortada pela ( então) quinta coluna do PSD, acantonava na "trupe do Pacheco e da Manela" a visão miserabilista de Portugal. Não esperava que esses muitos compreendessem agora a situação e, naturalmente, dispenso as lições de hoje como dispensei as de ontem. Não me assusta a reflexão moral, mas não é dela que necessito. O que está em causa é mobilizar as pessoas para atingir um objectivo comum. Essa mobilização tem de ser transversal à sociedade, porque vivemos ( e vamos viver ainda mais) tempos muito duros. Os cegos , e os malfeitores, estão convencidos de que podem utilizar os antigos códigos políticos, legais e teóricos. Não podem, não poderão. A pobreza linfática que nos vai invadir gerará revolta e desânimo e só um aldrabão o pode negar. Apesar de tudo, uma sinalização colectiva de partilha das dificuldades tem boas posssibilidades de conseguir diminuir o caos resultante desses dois sentimentos. Se forem necessários novos instrumentos, legais ou políticos, que os escolhamos sem receio. Grandes males, grandes remédios. Ou não é assim?
posted by FNV on 8:52 da manhã
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TODOS TEMOS DE FAZER SACRIFÍCIOS (IV):
Escolas a fazer solidariedade social. Na mesma semana, notámos a excepção açoriana, também protegida pela lei. E outras virão, acarinhadas pelos nababos-rolhas que flutuam em qualquer quadro político. Não se preocupem com o lado moral, preocupem-se com a lei, com o escrupuloso cumprimento da lei. Se tudo correr bem, o povo comerá leis: as vossas.
Este mês, na Ler, o meu artigo é sobre escritores e coisa e tal: criação, destruição , depressão e repressão. No próximo número, uma visão : onde e como estarão os políticos portugueses em 2020. Diverti-me à brava.
posted by FNV on 7:44 da tarde
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NARCOANÁLISE V ( série 3):
Um aparte: é verdade, uma categoria. E também é verdade que existe uma diferença entre redução de riscos e facilitação de meios, mas as políticas de prevenção podem, e devem, ser reavaliadas. Ficar sentado com a cara enterrada nas mãos é que nunca falha. Por outro lado, os bêbados, os beberrões e os que gostam de vez em quando, apenas têm à disposição as garrafas e os copos. Os miúdos de 12 e 13 anos, por exemplo, não têm nenhum kit safe quando saem à noite Nem uma fralda para amparar o vomitado. O Expresso ( de ontem) lá traz, claro, a habitual missa contra as políticas de droga portuguesas. O estatuto proibicionista, que dura , de forma redonda e mais ou menos global , desde 1962, não conseguiu nada a não a ser a demonstração de que a estupidez humana não conhece limites. Nem num único território, que produz mais de 90% do ópio mundial, enxameado com os melhores exércitos do mundo, a "guerra contra as drogas" foi ganha. Não chega para curar a estupidez. E mesmo que por hipótese a cultura fosse erradicada do Afeganistão, renasceria noutro lado qualquer. Já assim foi e assim será. Nos próximos números, à medida que formos acompanhando a evolução actual das tendências, faremos também um debate sobre a mudança possível. Uma coisa é certa: os anti-proibicionistas que julgam ser possível resolver o problema por decreto, legalizando simplesmente, são mais perigosos do que os defensores do estatuto actual. Nenhuma política de droga terá sucesso se não for estabelecida , primeiro, uma política de produção . Basta conhecer o histórico do drug control. Lá iremos.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.