RETOMANDO UM COSTUME ANTIGO DO NOSSO COMANDANTE: "... Au coeur de l'homme, solitude. Étrange l'homme, sans rivage, près de la femme, riveraine. Et mer moi-même à ton orient, comme à ton sable d'or mêlé, que j'aille encore et tarde, sur ta rive, dans le déroulement très lent de tes anneaux d'argile - femme qui se fait et se défait avec la vague qui l'engendre...
[...] Vaisseau, mon beau vaisseau, qui cède sur ses couples et porte la charge d'une nuit d'homme, tu m'es vaisseau qui porte roses. Tu romps sur l'eau chaîne d'offrandes. Et nous voici, contre la mort, sur les chemins d'acanthes noires de la mer écarlate... Immense l'aube appelée mer, immense l'étendue des eaux, et sur la terre faite songe à nos confins violets, toute la houle au loin qui lève et se couronne d'hyacinthes comme un peuple d'amants!
Il n'est d'usurpation plus haute qu'au vaisseau de l'amour".
ORA AÍ ESTÁ: Via Blogo Existo, chego ao texto definitivo sobre José Mourinho. Por maradona, claro, aos 14 deste mês. De bónus, algumas considerações judiciosas sobre a imodéstia e a arrogância.
A RAZÃO DE SER DA FUNÇÃO JUDICIAL: A Câmara dos Lordes deu hoje provimento (8 votos contra 1) ao recurso de 9 estrangeiros detidos no Reino Unido à ordem do Anti-Terrorism, Crime and Security Act, de 2001. Esta lei, de que já aqui dei conta noutra ocasião, permite às autoridades britânicas deter, por tempo indeterminado, sem acusação nem julgamento, os estrangeiros que sejam suspeitos de actividades terroristas (internacionais), não sendo todavia aplicável aos nacionais britânicos. Nas palavras de Lord Nicholls of Birkenhead, "indefinite imprisonment without charge or trial is anathema in any country which observes the rule of law. It deprives the detained person of the protection a criminal trial is intended to afford". Além disso, a lei é claramente discriminatória "on the ground of nationality or immigration status" e, por isso, é incompatível com a Convenção Europeia dos Direitos do Homem (Lord Bingham of Cornhill).
Ora aqui está um bom "presente" para Charles Clarke, no seu primeiríssimo dia como Home Secretary (mais desenvolvimentos aqui).
posted by PC on 11:45 da manhã
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BLASFÉMIA? NEM TANTO: F. J. Viegas, Vital Moreira e Rui Oliveira comentaram nos seus blogues, com preocupação e em sentido que julgo substancialmente coincidente, eventuais propostas de lei destinadas a restaurar o crime de blasfémia no Reino Unido e nos Países Baixos. Fiquei perplexo com a notícia e lembrei-me do Título LXXXXVIIII das Ordenações Afonsinas: "ElRey Dom Donis, com Conselho da sua Corte manda e pooem por Ley, que quem quer que descreer de DEOS, e de sua Madre, ou os doestar, que lhes tirem as lingoas pelos pescoços, e que os queimem".
Andei por aí a escarafunchar e, pelo menos no caso britânico, parece que as coisas não são bem assim. De acordo com o que aqui se diz, a polémica lei inglesa pretende apenas passar a punir o incitamento ao ódio religioso, tal como já pune o incitamento ao ódio racial. Tal como, aliás, o artigo 240º do nosso Código Penal pune, desde 1998,
"1. Quem:
a) Fundar ou constituir organização ou desenvolver actividades de propaganda organizada que incitem à discriminação, ao ódio ou à violência raciais ou religiosas, ou que a encorajem"; e ainda
"2. Quem, em reunião pública, por escrito destinado a divulgação ou através de qualquer meio de comunicação social:
a) Provocar actos de violência contra pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional ou religião;
b) Difamar ou injuriar pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional ou religião, nomeadamente através da negação de crimes de guerra ou contra a paz e a humanidade;
com a intenção de incitar à discriminação racial ou religiosa ou de a encorajar".
Notar-se-á que não se trata aqui de crimes contra os sentimentos religiosos das pessoas (punidos nos artigos 251º e 252º), nem de proteger minorias étnicas ou religiosas, mas sim de crimes contra a Humanidade (desgraçadamente alcunhados, desde Julho deste ano, de "crimes contra a identidade cultural e integridade pessoal", expressão margarina light que nada diz à tradição portuguesa nem ao direito internacional; mas isso são contas de outro rosário).
Ora bem. Mesmo que a dita lei inglesa não venha a munir-se das cautelas do Código português (necessidade de propaganda organizada, ou publicidade da difamação ou injúria, consoante os casos) e incrimine apenas o incitamento ao ódio religioso, não vejo que o direito de crítica e a liberdade de expressão possam ficar em perigo. Estes direitos, como todos os outros, também são limitados, e não incluem, seguramente, o incitamento ao ódio religioso, como não incluem a vulgar injúria, nem a apologia pública de um crime, nem, na Alemanha e na Áustria, a negação do Holocausto.
De maneira que não me parece que se trate de um excesso do "politicamente correcto". Só o momento da proposta é que foi, politicamente, muito incorrecto, levando algumas pessoas a interpretar como concessão ao Islão aquilo que, noutras circunstâncias, seria considerado normal. O que provoca, evidentemente, um aumento da tensão social acerca do tema.
Se somarmos a essa inabilidade política as preocupações dos secularistas e a má compreensão, por parte de comediantes e articulistas, daquilo que verdadeiramente se proíbe, é fácil perceber como nasceu esta improvável coligação (link corrigido).
[Última hora: D. Blunkett demitiu-se. Mas não foi por causa da lei]
posted by PC on 4:35 da manhã
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OS OUTROS III: A Tatie, do Sem Pénis, nem Inveja, avança, e bem, com os medos; que eles nos prometem portos de abrigo demasiados solitários, que eles nos sugam a força. Vamos a isso, omitindo quaisquer dados que possam ofender a privacidade:
Conheci-a há um par de meses, vinha para um colega: dores de cabeça. Puxa daqui e coisa e tal, como se não fosse importante, fico a saber que lhe raparam já há dez anos o útero e os ovários. Como se o bastardo persistisse, tiveram que lhe cortar a mama esquerda, e desde aí , períodos sucessivos de quimio e radioterapia lhe animam os dias. Vigiar sempre.
Esta mulher tem uns olhos verdes capazes de pôr o mais contido a escrever versos idiotas, e também tem um filho, um marido e uma profissão liberal extenuante. Tem 30 e poucos anos. A certa altura tive de lhe perguntar: mas olhe lá, como é que você vive? "Muito bem; Trabalho, divirto-me, faço amor com o meu marido.. Chegamos à conclusão que ela é uma estóica iluminada: despede-te ( chora) do dia que passou, não esperes nada do dia de amanhã ( se quiserem o original em latim vão a Horácio, Odes, I, II, 8).
Na altura em que escrevo estas linhas a festa acabou, as dores de cabeça afinal eram metástases do bastardo localizadas no tronco cerebral; a minha estóica iluminada já nem sequer articula sons, do alto horizontal da sua cama de hospital.
Defendo que se pode aprender em qualquer situação. Deve ter sido ela que inspirou Séneca na sua 14ª Carta a Lucilius: não devemos viver para o corpo nem julgar que podemos viver sem ele.
Assim, Tatie, quer-me parecer que os medos de que falas, a bem dizer, não são medos: são gatos no peito. Já esta mulher conheceu os leões, coisa da qual estamos provisoriamente dispensados. Poderás dizer: "obrigadinho ó psi armado em filósofo de citações, mas como é que fazemos sem ter de entrar na jaula?" Não sei, claro; mas suspeito que passa por saber que se nasce dentro da jaula.
PRESSÁGIO: Uma raposa foi anteontem apanhada dentro de Coimbra ( Diário as Beiras de ontem). O animal mordeu o GNR que a capturou. Não se sabe o que estava a raposa a fazer num quintal, dentro da malha urbana da cidade, como Hemingway não sabia a que negócios tinha ido um leopardo encontrado enterrado nas neves do Kilimanjaro. Capstick conta-nos que os leopardos por vezes visitam os caixotes do lixo dos arredores de Joanesburgo; Henrique Galvão falava-nos de um que foi bispado em cima da prateleira de uma sala, numa casa perdida lá para as bandas do Moxico.
Esta raposa entrou na cidade e foi detida para averiguações. Perguntaram-lhe ao que vinha, de onde vinha, se estava ligada ao Bin Laden ou ao Apito Dourado, se queria apoio judiciário. Ao que sei, a raposa disse ter-se enganado: confundiu a cidade com um imenso galinheiro. Confundiu?
posted by FNV on 11:52 da manhã
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UM ANO DE MA-SCHAMBLOG: E já que estamos em maré de aniversários, um caloroso abraço de felicitações, em nome de toda a tripulação, para essa exuberante oficina da língua portuguesa que dá pelo nome de Ma-Schamba, gerida pelo activíssimo JPT, um blogamigo cá da nau. Navegação segura, JPT!
posted by PC on 2:09 da manhã
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A MARCA AMARELA: A comunicação conjunta de Santana Lopes e Paulo Portas foi um momento político de grande importância futura. Não tanto pelo conteúdo - afinal, a comunicação foi mais uma manobra mediática de grande (?) impacto para desvelar um segredo de polichinelo -, mas, sobretudo, pelo modo como decorreu.
Do lado esquerdo, falando primeiro, Santana Lopes apareceu com um ar solene, demasiado solene, quase acabrunhado, mais interessado numa definição azeda do passado (a injustiça praticada pelo PR, a oposição dos grupos poderosos, a perseguição, etc.). Santana Lopes envelheceu muito nos últimos meses. Longe está o homem do discurso repentista, da reacção espontânea, do populismo optimista. Manifestamente, o ambiente institucional não é o seu meio.
Do lado direito, falando depois, Paulo Portas apareceu sorridente, quase jovial, mais interessado numa definição esperançosa do futuro (um momento que marca uma nova etapa no processo político português, uma estratégia transparente que dá mais opções ao eleitorado - perdoem, mas esta é de mestre -, um projecto para formar um governo credível depois das eleições). Paulo Portas envelheceu muito nos últimos meses. Longe está o homem de pose de Estado artificial, ansioso por mostrar como é suficientemente maduro para governar. Manifestamente, o ambiente institucional começa a ser o seu meio.
Dirão alguns que esta é uma avaliação impressionista, talvez até forçada, de aparências. Mas há um momento crucial, de apenas um ou dois segundos, que tira todas as dúvidas. No fim da comunicação, uma jornalista dispara uma pergunta qualquer sem importância. Ninguém sabia, ao que parece, que os dois intervenientes iriam assinar, em directo, o anunciado protocolo. Santana Lopes, uma vez mais, fica atarantado, sem saber se deve responder (ainda ensaiou puxar o microfone) ou prosseguir com o acto. Olha para Portas e murmura algo, com ar interrogativo. Portas inclina a cabeça e, sempre sorridente, cicia uma resposta.
A jornalista ficou sem a resposta e o protocolo foi assinado. Foram só dois segundos, mas podem demorar alguns anos.
posted by PC on 1:29 da manhã
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AGORA DIGAM-ME LÁ: O que é que a gente faz a um amigo, hã, que tem o telefone sistematicamente fora do descanso, hã, e que só dá ocupado? E se além disso, hã, o indivíduo nem respeita a data do próprio aniversário, não deixa que lhe mandem um abraço vocal, hã, e não paga sequer uma água de vidago? E se ainda por cima o filisteu, hã, tem o supino desplante de se deitar a escrever posts na noite desse dia, em blogues de má fama, hã, em vez de estar a tronitruar numa leitaria miserável, rodeado de amigos e de copos de cerveja?
A perdiz passa a duas. C'est ça, ou le pal.
"Etre une chose, c'est - inexorablement - ne pas être toutes les autres choses; l'intuition confuse de cette vérité a induit les hommes à imaginer que ne pas être est davantage qu'être quelque chose, qu'en quelque façon c'est être tout."
( Jorge Luis Borges, "Le rêve de Coleridge et autres essais", in Les Temps Modernes, nºs 114-115, Juin-Juillet 1955, pp 2123-2148)
OS OUTROS II: No mundo das psicoterapias, não são as grandes perdas nem as grandes convulsões - leia-se a morte, o desemprego, a doença incapacitante - que suscitam os pedidos de ajuda. Tal acontece, é certo, mas menos frequentemente do que outro sismo: a deterioração da relação com os outros. Pais e mães, maridos e mulheres, filhos e namoradas, amigos e cunhadas, colegas e empregados, constituem o reservatório da desafeição. Porque somos (estamos) tão sensíveis? Em boa medida porque esperamos demasiado dos outros.
E isto, meus caros, liga-se no mundo ocidental ao sobreinvestimento que nos ensinam a fazer, desde pequeninos, no desejo e na sua satisfação: os outros não se distinguem muito de qualquer objecto que é suposto nos dar prazer, de preferência sem grande trabalho, de preferência continuamente. No mundo rural de antanho os pais tinham filhos como forma de assegurar uma velhice descansada, hoje têm-nos para que eles - filhos - sejam aquilo que eles - pais - não puderam ou não souberam ser.
Crescemos assim investidos da função de sermos felizes, reagimos mal ao espelho relacional. Sobretudo, perdemos a capacidade de pesar a tristeza, a frustração, o desencanto, como elementos estéticos ( no sentido de subversão da forma) da existência. O sucesso dos químicos ( os legais e os ilegais) passa muito por aqui.
(a continuar)
posted by FNV on 11:40 da tarde
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REVISTA: A futebolização da vida política é um facto. Sampaio, há cinco meses, era um "presidente sério e ponderado", agora é um "banana excitado". Lendo alguns blogues, em revista por aí, é o que se conclui.
A futebolização exprime-se não na crítica, mas nas desconsiderações de carácter pessoal bem como no processo de intenções ( quem não se lembra de um certo presidente de clube que até sabia o que o fiscal de linha X comia ao pequeno almoço e que daí deduzia um sem número de corolários?).
Ou seja, se me favoreces ou aos meus, portaste-te bem; se não, és um vendido, ou na melhor das hipóteses, um chalupa. Confesso que esta infecção me preocupa.
posted by FNV on 2:19 da manhã
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ENCORE: Depois de ler tão eufórica expressão do meu bom VLX, renovo os meus parabéns ao FCP pela conquista da taça Toyota frente ao Caldas. Para que fique claro, porque isto do desportivismo é um direito que nos assiste.
posted by FNV on 2:14 da manhã
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FINALMENTE BELÉM JUSTIFICA-SE: Estava aqui a escrever umas linhas, com o ruído de fundo entregue à SIC Notícias, e não posso deixar de partilhar com os leitores estas pequenas partidas do destino que nos adoçam a vida. Lá estava, no programa desportivo, Rui Santos uma vez mais a balbuciar umas desculpas esfarrapadas para certa equipa, naquela voz atrapalhada e embargada que o caracteriza nestas ocasiões. O homem está manifestamente perturbado, completamente transtornado e eu quase que fico com pena dele: parece que vai rebentar num choro nervoso, tirem-no do ar! Interrompam o programa! Salvem-no!
Deixo de lado o facto de estarem mais preocupados com o problema de hoje em Belém do que com a conquista de hoje daquele clube do norte que se limita simplesmente a levar de novo o nome de Portugal a todo o mundo. Parece que lhe vão conceder 5 minutinhos no final, "que o FCP hoje merece" - diz Rui Santos.
Mas é extremamente curioso constatar que este país esteve a semana toda à espera de ver na televisão justificações de Belém para ter de acabar a semana a gramar justificações para Belém...
A importância do futebol sobre a política patenteia-se nesta triste realidade: o país queria explicações de Belém e dão-lhe explicações para Belém. Tudo indica que os quatro pastelinhos secos de Belém com que foram humilhados os seis milhões merecem maiores e mais abundantes justificações à comunicação social do que o pastelão de Belém atirado para cima dos ombros de dez milhões de portugueses. É triste, mas é o país que temos.
post scriptum: parece incrível mas é verdade: o programa desportivo acabou por se concluir sem aqueles cinco minutitos a que tinham feito referência tão nobre. Mas se calhar também não era relevante: que importância pode ter para um programa desportivo o facto de um clube nacional ter conquistado o chamado título mundial de clubes?
NOIVAS DE SANTO ANTÓNIO: Uma das melhores e mais marcantes características das gentes do Porto é a sua extraordinária capacidade para virem para a rua festejar alegremente, qualquer que seja a hora do dia, qualquer que seja o dia do ano.
É que esta boa gente não se limita aos já habituais festejos anuais de Maio e Junho, antecipando o S. João: esta gente está sempre preparada para festejar, qualquer que seja o momento. Pode acontecer que seja no meio de Agosto, quando o resto do pessoal só pensa em férias, sol e banhos; nessa altura dá o portista um saltinho distraído a Coimbra e pumba: grande noitada de festa, júbilo e glória aos vencedores. Pode ainda acontecer que seja em Dezembro, quando o pagode só pensa em torrar o subsídio em homenagem a uma muito vaga ideia que se tem da época natalícia: quando menos se espera, às vezes até em horário pouco próprio, e zumba! - festejos, buzinadelas, festa e alegria transbordam nas faces das gentes do norte.
Esta característica feliz, única no país, individualiza bem as gentes do Porto.
Não sei como é que é nas outras cidades, não sei com o que é que as pessoas se distrairão. Julgo até que nem na opulenta capital é possível esta maneira de ser, com diversos festejos ao longo do ano, todos os anos, à noite, de tarde ou pela manhã. Deve ser por isso que as pessoas da capital têm um ar triste, quase resignado, um ar que piora a cada época que passa, deteriora-se a cada década em que se cimenta a infelicidade e a dura realidade, habituando-se àquele travo amargo.
Hoje, por exemplo: imagino que o pessoal lisboeta tenha passado o dia a arrastar-se pelos centros comerciais a desfazer o cartão de crédito, ou a ressacar, a atirar pão aos pombos, a pensar na morte da bezerra, na década de sessenta, a morfar com dificuldade (fazendo bola) quatro pastelinhos empastelados de Belém, enfim... ? um dia igual aos outros todos e todos esses outros igualmente maus.
Pois daqui se diz a essa gente: levantem-se! Parem de se lamuriar, alegrem-se, divirtam-se, festejem como nós! Sejam felizes como as gentes do Porto!
E não venham dizer, tentando diminuir esta característica nortenha, que para nós é fácil ser assim só porque o nosso clube ganha tudo por onde passa, em qualquer competição, nos quatro cantos do mundo, todos os anos, em qualquer altura do ano e a qualquer hora do dia. É provável que isso ajude à festa, claro, não podemos negar estas façanhas nem a alegria que nos dão. Mas certamente que aí em baixo se arranjaria também qualquer coisita simpática para festejarem: que tal dividirem ao longo do ano aquilo das noivas de Santo António?...
posted by VLX on 11:54 da tarde
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OS OUTROS: A nossa história de vida só nos pertence na medida da nossa ignorância. Por isso o "eu acho", o "eu penso", o "eu sinto", nunca foram tão abundantes. Uma vida a meio ensina-nos no entanto que só somos o que fomos com os outros, e o que os outros foram conosco. A angústia que se desprende desta constatação é talvez cruel para quem julga fazer o seu destino, mas é uma angústia esclarecedora. Permite-nos, entre outras coisas, cortar as abas largas do chapéu, deixar que a sombra se faça a si mesmo.
O sentimento de orfadade e de impotência é inevitável: então não temos uma palavra a dizer? Claro que sim: na reconstrução paciente das relações com os que amamos e odiamos, na transformação da indiferença em curiosidade. Tudo é preferível à fantasia que nos adorna a ignorância: a de que nascemos para sermos amados, façamos nós o que fizermos.
Talvez por isso a velhice seja simultâneamente libertadora e predadora. Velhos, sabemos que já pouco há a jogar, refastelamo-nos de copo na mão a observar e a aceitar as consequências. Há excepções, claro: os que nunca desistem de permanecer ignorantes.
Conhecem algum?
posted by FNV on 8:45 da tarde
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BRAVO!!! O FC Porto acaba de conquistar a Toyota Cup no Japão. Mereceram, há que dizê-lo com toda a frontalidade, porque o O.Caldas ( bolivianos ou colombianos, não fixei) nada fez para discutir a partida.
posted by FNV on 1:06 da tarde
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IMPRESSÕES DE CAMPANHA: De um psi, logo exageradas já se vê.
Jerónimo: acerto de casting. Carvalhas, sendo refém da linha dura, não se parecia com um duro, Jerónimo sim. Bate a bota com a perdigota, o que permitirá ao eleitorado comunista uma mais fácil identificação entre o que é e o que parece.
Santana: penso que a campanha vai lhe correr bem, pior é impossível. Por outro lado tem uma vantagem apreciável: os inimigos internos, que estiveram muito activos durante estes meses, estão agora numa posição desconfortável uma vez que estamos em campanha. Explicando melhor: os inimigos internos acertaram-lhe cómodamente, até agora, com críticas a políticas, projectos-lei, nomeações e trapalhadas; agora o alvo desapareceu. O reino das promessas é imaterial.
Portas: inesperadamente, portou-se até agora um pouco como a personagem central do Pauis de Gide: o que serenamente escreve o livro dos loucos. Tem cada vez menos cabelo, o que só o favorece junto do eleitorado mais velho.
Sócrates: pegam com ele porque vai ao ginásio, que "parece um ex -modelo" e outras parvoíces. Num país de barrigudos, flácidos, asténicos e falsos pícnicos, parece que é crime ter bom aspecto: nunca percebi porque é que se somos analfabetos ao menos não investimos no corpinho. Sócrates não vai mais para o ginásio porque vai para o governo, mas não estranhará a mudança: em ambos os poisos se trata mais da aparência do que o do essencial.
Bloco: Tem tudo para subir, agrada a (quase ) todos. Há o asceta Louçã, o flanneur Portas, o avô Rosas, a sussurrante Drago. É assim como que o Mac Donald's: para quem só come disso tem múltiplas combinações à escolha e os meninos mimados até lá podem fazer festas de anos.
Os Cromos: Vamos ver se Garcia Pereira ainda tem gás e se os atlânticos e os da "Terra" ainda mexem. O circo está animado com a chegada de uma "nova" figurante "democrata": a mulher peluda nunca pode faltar.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.