ELEFANTE ASSADO COM BATATAS A MURRO: "Deve colocar o animal de molho dois dias antes do repasto, para ganhar sabor. Pode abusar nos temperos, que o bicho é um "destempero" total. Pela embalagem, ficamos a saber que este animal passou por um mau bocado, o que explica a tromba meio partida. Até chegar a este triste destino, este elefante levava uma animada existência como tocador de sineta do zoo, a troco de uma moeda. Mas, um belo dia, o director do zoo, visivelmente embriagado e ao arrepio do regulamento do zoo, decidiu que o elefante deveria ser cor-de-rosa. Nada a fazer, portanto. É certo que, por vezes, se atrasava, se deitava tarde, não cumpria o seu papel. Mas a maioria dessas histórias eram inventadas pelos seus inimigos chimpanzés, essa macacada mentirosa que tudo faria por uns amendoins. Bons tempos em que ele é que distribuía os amendoins. De qualquer modo, nunca esteve tão mal como a anterior raça de elefantes, que obrigou o zoo a vender a própria sineta. É este elefante que agora nos vem parar à mesa. Embora avelhentado, a carne ainda é rija e o marfim - embora de fancaria - ainda é reluzente, fruto de esfrega constante. As batatas que o acompanham são o melhor e o pior da refeição. Quando estiver hesitante e com dificuldades para engolir, lembre-se que a alternativa seria um jaquinzinho, talvez acompanhado com uma indigesta salada russa... Tenha um copo de cicuta à mão, para qualquer eventualidade."
"ARMADILHA A CAVACO": Depois da rábula das manchetes do Público com os "estados de espírito" de Cavaco, a mais recente edição do Expresso vem confirmar a linha de seriedade, isenção e rigor seguida nos últimos tempos por aquele jornal. Pegando na "não notícia" sobre Cavaco, eis que terceiros confidenciaram ao Expresso que a própria da "não notícia" era em si mesma uma armadilha a Cavaco, perpetrada por aqueles que, aparentemente, seriam as principais vítimas da referida notícia virtual. Mais uma primeira página e, mais uma vez, nem uma palavra do próprio Cavaco. Na página 19 da mesma edição, um artigo sobre as investigações que decorrem relativamente ao eventual envolvimento de Sócrates num caso de corrupção, ao tempo em que era ministro. Segundo o que o Expresso apurou, parece que há factos que justificam uma investigação mais profunda deste caso pela judiciária. Jornalismo do bom!
posted by Neptuno on 1:25 da tarde
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PRÉMIO PULLITZER: Para a jornalista da TVI que tentou entrevistar um arcebispo a meio de um funeral a que presidia. Embora a tentativa não tenha sido consumada, por falta de resposta do entrevistado - o que foi desvalorizado pela protagonista, aduzindo que não haveria muito a acrescentar e que o entrevistado, sendo italiano, mal percebia português - não deixa de ser meritória a actuação da jornalista, não se detendo perante nada (mesmo!) na prossecução do superior bem absoluto da informação, que resultaria de um comentário naquelas circunstâncias. Há sempre novas fronteiras para explorar...
PORTAS 15 ANOS, AMADURECIDO EM CARVALHO FRANCÊS: Na mediocridade bocejenta do debate de ontem, houve dois momentos que me fizeram ter um pequeno sorriso interior. O primeiro, quando Santana Lopes repreendeu Sócrates pelo seu mau feitio - e o Eng.º teve grandes dificuldades em disfarçar o embaraço. Nos truques retóricos do género "Donos da Bola" ou "Bancada Central", não há dúvida que Santana é imbatível (ainda se lembram do imortal "Zé Manel, ficas com uma lição para a vida..."?). Que saudades deve ter, nestas lides, de Pôncio Monteiro e Fernando Seara. O segundo, quando Portas, apelando à estabilidade da política externa do País, acusou o PCP do escandaloso pecado de ser contra a integração europeia. Mas, no fim dos anos 80, princípios dos anos 90, alguns dos que agora blogam já liam jornais. Ou não?
TENS SEMPRE O HERMAN-SIC: Segundo a nossa blogo-colega e jornalista do Público Maria José Oliveira, registou-se "espantosamente uma debandada na assistência do comício do BE" quando Pedro Abrunhosa começou a cantar. Espantosamente, MJO?
THE BELIEVERS: Santana Lopes é o único crente que está de gravata preta. Portas leva uma azul, impecavelmente casada com o zingarelho amarelo do cenário atrás dele: seria difícil um designer do CDS/PP fazer melhor. Louçã mostra a goela, Jerónimo tapa-a com pano cor-de-burro-quando-foge. Sócrates usa uma coisa de cor indefinida ao pescoço: será um garrote?
posted by FNV on 9:37 da tarde
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SÓ TÊM GARGANTA: Os especialistas em dichotes pseudo-freudianos de feira devem estar por esta altura a afiar a faca para Jerónimo de Sousa e para o seu problema vocal. Por mim, prefiro quem não fala porque não pode a quem fala porque não sabe.
posted by FNV on 9:16 da tarde
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NA PURIFICAÇÃO*: Explicava Empedócles, o autarca, médico, filósofo e poeta de Agrigento ( "a mais bela das cidades mortais" segundo Píndaro):
"Impossível é que surga algo que não existe, e é inexequível e inaudito que pereça o que existe; pois existirá sempre, no sítio onde alguém o colocar"
Em Agrigento, instalada em terraços, o patamar mais baixo era reservado aos deuses. O amor era religião de estado: existirá sempre no sítio onde alguém o colocar. Bela terra.
*Com a incalculável ajuda de Maria Helena Rocha Pereira ( Hélade, 2003) sem a qual a tradução de Diels-Kranz permaneceria um mistério para mim.
O MAIOR CINISMO: De todas as mensagens eleitoralistas que medram por aí, a mais repugnante é que alardeia resolver, ou mesmo melhorar, a situação do desemprego através de "estágios pagos" a jovens licenciados em empresas e organismos privados. E não há ninguém que aponte o dedo à nudez horrível desta medida: são estágios temporários, de um ano, que terminam com o estagiário no olho da rua, porque a seguir a ele entra outro estagiário parcialmente pago pelo Estado e, por isso, mais barato para a empresa. Seremos mesmo parvos?
posted by PC on 7:02 da tarde
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O COMBOIO DE AMANHÃ PASSOU ONTEM: Desde Julho que três verdades axiomáticas ( passe a a tautologia) têm sido rezadas com fé. Com muita fé. A primeira foi-nos muito bem vendida: a demagogia, o aparelhismo, e a incompetência, apareceram com Santana Lopes e desaparecerão com ele. A segunda garantia que o mesmo Santana Lopes era uma fera eleitoral, um predador de campanhas, um campeão da coisa. Nota-se: Jerónimo parece um cinturão-negro ao pé do bébé chorão. A terceira das verdades versava sobre a independência dos jornalistas; está bem abelha: se em campanha, com mil olhos postos sobre o seu trabalho se portam desta forma tão independente, imaginamos como se comportarão no recato dos corredores. Perdemos o comboio outra vez.
SAIS DE FRUTOS: As frases do Bispo-Auxiliar de Lisboa (geralmente - e erradamente - apresentado como Bispo das Forças Armadas...) e do Bispo Emérito de Setúbal andam, uma vez mais e por sua exclusiva culpa, a ser alegremente utilizadas por quem invariavelmente escarnece da Igreja Católica e das convicções dos seus fiéis. Eu, se estivesse no lugar dos aludidos Bispos, ao ler-me em determinados textos, ao ver determinada gente invocar as minhas palavras para justificar as suas posições, estaria provavelmente a flagelar-me com violência, penitenciando-me, odiando-me por não resistir a dizer baboseiras de cada vez que via um microfone. Eles, os citados, estarão possivelmente a tomar os seus sais de frutos ou essas coisas que farão depois do jantar.
posted by VLX on 11:35 da tarde
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QUEM, O QUÊ, COMO, ONDE, QUANDO E PORQUÊ OU PARA QUÊ: Se bem me recordo das aulas de jornalismo do Liceu, estas eram as perguntas básicas que o jornalista devia fazer em primeiro lugar. Se ainda são, não consigo perceber o motivo pelo qual jornalistas tão ilustres como serão os do Expresso e da Única não terão colocado estas questões a Mário Bettecourt Resendes quando este, sobre Luís Delgado, disse que "Quando o convidei para escrever a coluna "Linhas Direitas" tive pressões do governo (na altura PS) de que esse espaço não deveria continuar."
Aliás, eu não percebo sequer como é que nenhum jornalista deste país se apressou a fazer a MBR estas perguntas tão simples, será que não lêem o Expresso? A coisa parece-me de alguma importância, tanto mais que o império da Lusomundo foi colocado na PT pelo governo socialista (o tal que depois terá feito pressões). Dado que os socialistas querem ser governo outra vez, dado que querem passar a controlar de novo a PT, com todos os seus jornais e rádios, seria de toda a conveniência que alguém se lembrasse de fazer umas quantas perguntinhas a MBR. Nem é preciso fazer todas: já sabemos que MBR sofreu pressões do governo PS, que terá tentado interferir nas opiniões e nos colaboradores do DN; imaginamos também o motivo pelo qual o PS terá feito essas pressões. Já só resta saber quem do governo PS o pressionou, como, quando e onde. São perguntas tão simples, porque não são feitas? A altura parece-me boa...
posted by VLX on 10:39 da tarde
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OPORTUNISMO POLÍTICO DE ESQUERDA: Desagrada-me imensamente escrever sobre o assunto mas, dado o tratamento que a TSF e diversos comentadores de esquerda lhe estão a dar, não posso deixar de dizer, tão alto quanto possível, que se existe algum oportunismo político a propósito do triste desaparecimento da Irmã Lúcia, ele está inequivocamente a ser feito pela esquerda.
Entendamo-nos: concordemos ou não com isso (eu não), vivemos num país em que pelas mais variadas pessoas e situações se decreta o luto nacional. Muito recentemente, decretou-se luto nacional (e suspenderam-se campanhas eleitorais) pela morte de Amália e de Sousa Franco. Amália era uma excelente cantadeira, talvez das melhores que tivemos; Sousa Franco um excelente jurista, talvez dos melhores que tivemos, e era muitas coisas mais.
Mas a Irmã Lúcia é única. É uma pessoa que não me atrevo sequer a catalogar ou a qualificar. E, comigo, milhões de crentes. É impensável que o seu desaparecimento não implique em Portugal o decretamento de luto nacional. Não haveria maneira de explicar tal originalidade à quase totalidade dos portugueses e ao imenso mundo que tem devoção por Fátima. Goste-se ou não, acredite-se ou não, a Irmã Lúcia, os singulares acontecimentos de Fátima e sua Mensagem norteiam e atraem milhões, que hoje estão tristes e chorosos. Não consigo imaginar outra pessoa que justificasse melhor o luto nacional.
E isto não tem nada a ver com a separação entre Igreja e Estado. A sua separação não é sequer beliscada pelo luto de um povo, de uma enorme multidão que não se confina às nossas pequenas fronteiras. Estou certo, aliás, de que se estivesse no governo o PS, o luto nacional seria decretado de imediato, sem qualquer tipo de discussão e sem acusações infundadas ao governo. Daí que inexista motivo para que se tenha esta discussão.
E por isso convém tornar claro que a discussão ignóbil que se está a pretender fazer, com o já habitual apoio irresponsável e inconsciente do Bispo-Auxiliar de Lisboa e do Bispo Emérito de Setúbal, é que é, ela sim, um aproveitamento político feito pela esquerda. Aproveitamento indigno, inacreditável, nauseabundo e tremendamente ofensivo.
posted by VLX on 7:30 da tarde
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Futebol Clube do Porto: Assim é que eu gosto deles: mudos e empatados.
PÃO SECO: Porque não se acredita na máxima estóica que manda esperar coisa nenhuma do dia de amanhã? De onde nos vem esta crença que amanhã é que é, que para o ano é que vai ser? Se entrevistarmos um tipo com cancro não encontramos este anseio pelo dia seguinte. Normal, dizem vocês, o gajo está cheio de medo. Pode ser que em alguns casos assim seja, mas noutros nem tanto. Mas deixemos esta "situação-limite" como dizem os psis na sua langue de bois, e viajemos até à terra de outros nativos: os/as que lerparam curto e grosso a meio das suas vidinhas, e que aprenderam a escola de Zenão em lições concentradas: não se espera nada. Népias. Niente. Claro está que nada esperando do dia que virá, o desânimo instala-se. A menos que. A menos que tenhamos já assimilado um princípio ordenador: nada do que é importante, verdadeiramente importante, depende de nós. Mas a esperança no dia seguinte radica na cultura humana da pré-sedentarização ( fogo, agricultura e essas coisas todas) e depois, muito mais tarde, na industrialização: "eu modifico o futuro", logo, eu sou aquilo que "desejo ser". Não por acaso as civilizações axiais esperaram sempre mais do presente, mas sobretudo muito pouco da natureza humana. Hoje, a clonagem é o último grito de uma tendência inevitável que temos em construir o espelho só depois de olharmos para ele. Assim, só acredita na máxima estóica quem não tem outra alternativa. Só acredita no dia de ontem e não no dia de amanhã quem compreende que a sua história individual escapa à biografia da espécie; quem sabe que o pão sobre a mesa está seco no dia seguinte.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.