O CÓDIGO (TIPO "DA VINCI") PARTIDÁRIO: Alguém reparou no simbolismo da OPA da PT ser chumbada (via não desblindagem dos estatutos) graças - entre outros - ao voto da CGD, representada por Armando Vara? Parece-me uma boa indicação do que tem sido a PT até aqui e do que os partidos do poder desejam que continue a ser.
posted by Neptuno on 5:44 da tarde
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"TABLÓIDIZAÇÃO" E MORTE: É o que invariavelmente acontece a jornais sérios que deixam de o ser quando não vendem.
posted by Neptuno on 5:42 da tarde
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UM GOVERNO NORMAL:
Uma das coisas que me diverte em Vasco Pulido Valente - que vive algures entre as peripécias dos governos do duque de Palmela e a retórica parlamentar do conde de Burnay - é ele prentender que um povo que classifica de miserável se governe gloriosamente. Não pode. Gosto deste governo. Se não há dinheiro na saúde, fecha-se urgências e maternidades; se falta emprego, permite-se fábricas nas reservas ecológicas; se o povo não compreende a tecnologia, abre-se telejornais com apresentações em power-point; se os irmãos não se entendem nas partilhas da PT, sai-se da sala. É um governo que a todos cai bem e que veio para ficar. É um governo normal .
O grupo Portas avançou com uma OPA sobre o CDS, escudado na sua posição de accionista maioritário do PP (uma holding que detém 50% do capital do CDS ). A desblindagem dos estatutos, que permitiria a Portas evitar um congresso extraordinário, dependerá da atitude de Ribeiro e Castro e dos accionistas minoritários. Portas promete 9,8 nas legislativas, mas o grupo Parlamento quer negociar remédios na ordem dos 10,5. M. Monteiro vai pedir ao Tribunal Constitucional que fiscalize a OPA, pois entende que Portas não respeitou o nojo obrigatório de dez anos. Especula-se que Monteiro não pretende manter-se no CDS com os seus 0.1% do PP: se a OPA falhar, venderá as accções ao PS "ou aos espanhóis". O Conselho Nacional, que detém a golden share, será favorável à OPA lançada por Portas desde que este " não ceda acções ao grupo Santana nos séculos vindouros ".
Os tais artigos são essencialmente o nº 38 ( da Convenção de Nova Iorque de 1961) , o nº 20 ( da Convenção de Viena de 1971) e o nº3 ( do Tratado de 1988). Os dois primeiros asseguram a obrigação das partes de desenvolver todos os esforços terapêuticos possíveis. Ora, uma terapêutica não implica só o ataque à patologia mas também o aliviar do sofrimento: nesse sentido , a interpretação da Legal Affairs Section do UNODC, foi, em 2002, no sentido de considerar que que as poilíticas de redução de riscos, prevenindo a infecção pelo HIV cumpriam os estatutos convencionados. O artigo do Tratado de 1988, no seu parágrafo 1, ( c), (iii), obriga as partes a não incitar ou facilitar o consumo de drogas. No entanto, a interpretação da Legal Affairs Section foi clara: as salas de injecção assistida, ou os programas de troca de seringas, não têm como intenção essas práticas. Tal pode acontecer, inadvertidamente, da mesma forma que uma psicoterapia de um deprimido pode levar o doente a concluir que não tem saída. Seja como for a questão é retórica: os programas de troca de seringas nas cadeias, por exemplo, baixaram a taxa de infecção de HIV em todos os estabelecimentos onde foram ensaiados. Um ou outro caso de agressão ( que não existiu até agora) não anularia a validade interna dos projectos. Os EUA têm todo o direito, do meu ponto de vista, de saber para onde vai o seu dinheiro. Como já aqui foi dito noutras ocasiões, os EUA lideram a política mundial de drogas desde que Aslinger tomou as rédas do FBN, pouco depois da abolição da Lei Seca. Já UNODC, tem toda a obrigação de nos informar por que motivo muda de posição. É simples.
posted by FNV on 10:34 da tarde
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NARCOANÁLISE (III):
A notícia de hoje foi a oposição do UNODC às salas de injecção assistida ( SIA). O sr. Costa, director-executivo, nem sempre se opôs. No Report to the Comission on Narcotics Drugs, apresentado na reunião de Viena de Março 2004, o sr. Costa expressou , uma vez mais, o seu total apoio às políticas de redução de risco sem condenar formalmente as SIA. Em meados desse mesmo ano, na International AIDS Conference, em Bangkok, disse o mesmo. Mas, e há sempre um "mas", a 10 de Novembro de 2004 o sr. Costa recebeu a visita de um secretário de Estado adjunto, o sr. Robert Charles. O que falaram não sabemos. No dia seguinte o sr. Costa enviou uma carta ao americano, na qual dizia que " efectivamente, sob a capa das boas intenções da redução de riscos muita gente trabalha para alterar a oposição mundial às drogas ". Em anos anteriores a ONU e o UNODC foram sempre favoráveis às políticas de redução de risco ? Nada que assuste o sr. Costa:
" Accordingly, and as we discussed in our meeting, we are reviewing all our statements, both printed and electronic, and will be more vigilante in the future."
Tenebroso, não? Como já perceberam, os 18 biliões de dólares que custarão, até 2010, os vários programas da ONU ( muitos em curso desde 2000) envolvendo a Drugs & AIDS War vêm quase exclusivamente dos EUA. Acontece que a administração Bush opõe-se radicalmente às políticas de reduçãode risco, mesmo aos vulgares programas de troca de seringas ( nada que tenha impedido vários estados de os aprovarem, incluindo a California de Schawrzenegger ). O sr. Costa, que acumula asneiras nas questões geopolíticas - Afeganistão à cabeça - , escorrega agora com estrondo. Felizmente ainda não conseguiu apagar diversos documentos electrónicos, como o interessantíssimo exemplar que dá pelo burocrático nome de E/INCB/2002/W.13.SS.5. Este documento é a resposta da Legal Affairs Section do UNODC, datado de 2002, às dúvidas sobre se as políticas de redução de risco contrariam as convenções de 1961, 1971 e 1988. Já aqui escrevi sobre o tema mas não me importo de regressar: mais logo à noite.
posted by FNV on 5:02 da tarde
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A VIDA COMO ELA É:
Há uma coisa essencial que falta ao sexo pago: boas probabilidades de não acontecer.
PÓS-EPÍLOGO: Meu Caro Rui Tavares, tem toda a razão no comentário que me faz aí em baixo. Acredita que eu, quando li no Público o seu texto (em que, no contexto da "crença na propriedade privada", falava na "despenalização da propriedade mais privada que existe"), não percebi logo que se referia à "decisão individual da mulher nas primeiras semanas de gravidez"? Julguei, pelos vistos erradamente, que quando se referia à "despenalização da propriedade mais privada que existe" se estaria a referir à despenalização do aborto. Com os seus esclarecimentos, afinal é tudo muito claro.
Claro que, no final de tudo, a "propriedade mais privada que existe" a que se refere no texto não deixa de ser a decisão da mulher, que por sua vez é a de abortar; ou seja, "a propriedade mais privada que existe" equivale à decisão da mulher de, com ou sem qualquer fundamento, destruir a vida do seu próprio filho durante as primeiras dez semanas.
Atenta esta evidência e uma vez que a expressão por si utilizada (repiso, "despenalização da propriedade mais privada que existe") vinha na sequência da "crença na propriedade privada" de Bagão Félix e de António Borges com que iniciava a frase, compreenderá certamente - e seguramente relevará - o meu estrondoso erro de interpretação ao julgar que o Rui Tavares estava a equiparar aos poderes decorrentes da propriedade privada a "decisão individual da mulher nas primeiras semanas de gravidez" de abortar.
É manifesto que o problema resultou de eu ter lido o texto à pressa, pois de outra forma teria logo percebido que parte do texto não deveria ser lido à luz do contexto em que vinha inserido. Depois, com mais atenção, deveria também ter percebido imediatamente que Rui Tavares nunca iria cair no erro crasso de comparar os poderes decorrentes da propriedade privada ao poder de abortar. Este último, o poder de abortar, o poder de aniquilar um feto, vai muito para além de muitos poderes conferidos pela propriedade privada, pela propriedade mais privada que exista!
Perdoe-me então as minhas deficiências interpretativas e aceite os meus agradecimentos por esta pequena e clarificadora partida de ténis de mesa.
post scriptum: gostei imenso da expressão "atenuada despenalização". Confesso que ainda não a compreendi completamente, porventura por não ter percebido bem o contexto em que a devo inserir ou a que é que ela se refere no texto, mas vou continuar a lê-lo até ficar esclarecido. Já risquei como hipóteses possíveis o resto da frase em que vem inserida, pois "atenuada despenalização" não pode seguramente referir-se à decisão individual da mulher de abortar nas primeiras semanas de gravidez, dado que aí se verificou uma completa despenalização, ou mesmo discriminalização. Se calhar não tem a ver com o aborto... mas se assim for por que se fala em despenalização? Que outra decisão da mulher se despenalizou?... Ou então a armadilha está em não se concretizar o número exacto de semanas, será? Acertei? Adoro este género de problemas, tipo su doku... Agora vou tentar ler o texto saltando de quatro em quatro palavras a ver se chego lá.
posted by VLX on 3:58 da tarde
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EPÍLOGO: E, portanto, contrariamente às muitas promessas feitas essencialmente pelos socialistas, o que fica mesmo é o aborto livre e a pedido.
post scriptum:numa coluna do Público, de seu nome "pingue-pongue", um Historiador, Rui Tavares, a propósito de questões de liberdade, afirma que a relação mãe/filho não nascido é uma questão de propriedade privada, a "propriedade mais privada que existe". É o regresso transparente do "na minha barriga mando eu". Tal como o proprietário pode mandar queimar o seu palácio ou as suas florestas (poderá, mesmo?...), a mãe, gozando do direito de "propriedade mais privada que existe", poderá destruir a sua propriedade, o filho não nascido. É o regresso da "coisa humana", coisa, vista como algo de que se pode ser proprietário, objecto do direito de propriedade. O raciocínio é abjecto, mas está lá e mostra-se-nos em todo o seu horror. Trata-se de uma confusão mental do historiador a todos os títulos fabulosa mas, na verdade, aquilo a que chegámos é que, realmente, o filho não nascido, até às dez semanas, é coisa propriedade da mãe. Imagino que deve haver muita gente do SIM a contorcer-se de dor com o resultado que possibilitou.
Stephen Ducombe, autor de " Dream Re-Imagining: Progressive Politics in an Age of Fantasy ", excita os jornalistas ( ?) da Monthly Review ( cujo site tem capas de livros que nos fazem regressar à Albânia do dr. Louçã dos velhos tempos ). O sr. Ducombe, à beira dos 40, classifica-se como um " activista nato " ( filho de activistas, activista desde pequenino, etc) e debita umas baboseiras requentadas sobre Debord e a société du spectacle que envergonhariam o bom do Guy. A páginas tantas diz que somos " filhos das Luzes ", mas bom mesmo seria " uma política do desejo e do sonho ". O sr. Ducombe quer espectáculos com "a participação do público " e não coisas como "os comícios nazis ou Bush a aterrar no USS Lincoln." O problema não é haver tipos que não crescem; o problema é haver tipos que continuam maus mesmo depois de crescer.
posted by FNV on 8:48 da tarde
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A VIDA COMO ELA É:
Um dito espirituoso muito divulgado assegura: é nos momentos difíceis que se vê a massa de que um homem é feito. Nada mais errado. Nos momentos dificeis quase todos os homens se transcendem, quanto mais não seja em nome do instinto ( vital ) de sobrevivência. Se quiserem procurar a verdadeira natureza de um homem, busquem-na quando ele descansa em Cápua. Indaguem se ele digere o tédio sem descarregar nos familiares ou nos cães, se é generoso para com os amigos, se diz a verdade por puro prazer. Dizia o senhor Goethe que não há nada mais difícil de suportar do que uma sucessão de dias felizes .
posted by FNV on 6:47 da tarde
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A VIDA COMO ELA É:
No hipermercado. Duas velhotas pedem-me que lhes chegue um detergente empoleirado lá no alto, o que faço. Comentário de uma delas enquanto executo a tarefa: " os homens tiram sempre tudo ". Responde a outra: " às vezes fazem-se é desinteressados ". Só a velhice feminina é bondosa com tipos de 1,75m ; só a velhice feminina não incendeia uma manhã de compras.
posted by FNV on 12:22 da tarde
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ANCHI' IO SON POETA:
Estava eu sossegado no Purgatório quando a tradução de Vasco Graça Moura,
" A barba longa de cãs benquista trazia a seus cabelos semelhante, das quais caía ao peito dupla lista...",
me apareceu "de cãs benfiquista ". Mas a "hiena que canta nos túmulos ", afinal, tinha escrito " lunga la barba e di pel bianco mista". Nice try.
posted by FNV on 11:36 da manhã
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A CO-INCINERAÇÃO DA JUSTIÇA:
Eu não sei, mas fonte próxima - dorme comigo - informa-me que o engenheiro se limitou a enterrar umas peles mortas do "monstro". Agora falta um acordo com as cimenteiras (até combinava muito bem com o assunto ) .
Não concordo com a leitura consensual que tem sido feita da demissão de Jardim. Está eivada do mui marxista enviezamento ( o "erro fundamental", como dizia J.P. Leyens) de raciocínio que consiste em valorizar sempre as variáveis situacionais em detrimento das posicionais: há um factor pessoal que reside no facto de Jardim gostar da bagarre política. Primeiro ponto. O segundo ponto é este: julgo que tudo terá sido decidido com Marques Mendes. Como no futebol, ao lado de um médio cerebral deve alinhar um "trinco" trauliteiro com capacidade de marcação. Jardim é o "trinco": até Julho, beneficiando do cenário pré-eleitoral, vai bater forte e feio em Sócrates. Dizendo e fazendo tudo o que o seu colega continental não pode ou não sabe.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.