O Expresso traz uns respigos do livro de Passos Coelho. Lê-se a admiração por Sá Carneiro, " um homem incisivo e directo nas questões". Não percebo a admiração do candidato por tais qualidades. Ninguém imagina Sá Carneiro a dizer que fumou haxixe em novo, mas que só percebeu no dia seguinte.
O último episódio da RTP, embora trágico, é uma verdadeira anedota. Trágico para o Partido Socialista, em primeiro lugar, pois parte do princípio de que no PS não há ninguém para fazer um simples programa de comentário e substituir António Vitorino. Uma vergonha, portanto.
Mas trágico também para todos os portugueses contribuintes (somos cada vez menos, é verdade). Qualquer televisão que se reja minimamente por objectivos comerciais desejaria ter nas suas hostes o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, pessoa que cativa um share e audiências assinaláveis com o seu programa de comentário e, necessariamente, publicidade e proveito comercial para a estação de televisão.
A RTP não. A RTP deita fora um activo destes. A RTP dá-se a esse luxo. Só que com o nosso dinheiro. Com efeito, a RTP rege-se por objectivos muito mal explicados e a única coisa que verdadeiramente sabemos é que é paga em larga medida com o dinheiro dos contribuintes. Ora, se pagamos à RTP para esta deitar fora, pela janela, os seus activos, o melhor seria começar a pensar se a RTP merece o nosso dinheiro.
E é inacreditável que ainda ninguém se tenha indignado com este tipo de gestão que a RTP faz do nosso dinheiro.
Ando deslumbrado com a sua nova vocação, Filipe. Ao ler o Mar Salgado, eu costumava não precisar de passar da primeira linha para descobrir de quem era o post: se seu, se do excelente Pedro Caeiro, se de Mota Pinto, se do Neptuno ou se do VLX. Juro que, agora, tem havido posts que julgava subscritos por VLX e venho a ver que são seus. Também já foi à Marmeleira levar a injecção atrás da orelha?
Por um lado é bom, porque significa que ainda tenho uma réstea de ingenuidade. Estava noutra sala a ouvir, distraidamente, o som dos vários telejornais - sobretudo SIC e TVI - sobre o Haiti ( um jovem ao comando do comando), enternecido com a atenção dispensada à tragédia. Só mais tarde, diante do aparelho e das repetições, compreendi o interesse dos vulturinos: corpos, moscas, decomposição.
Agora percebo o estorvo que era Manuela Ferreira Leite. Mas acho bem. Espera-nos um novo destino português ( é pena o António Quadros não se poder pronunciar): um misto de Zézé Camarinha com uma nadadora-salvadora transexual. Cada um é para o que nasce.
Querem encontrar o substituto de António Vitorino? Proponho o Valupi ou o Miguel Abrantes*. Ninguém duvida da sua lealdade socialista, são muito bem preparados, inteligentes, combativos e toda gente os conhece. Pensem nisso.
* Ja repararam o divertido que era ouvirmos estas comparações na TV?
Sabiam que existem turmas de alunos chamadas turmas Fénix? E que essas turmas tem dois ninhos? Bem, passe a pastelice da designação, a ideia não é má ( julgo que copiada dos EUA). Mas não é tudo. Foi-me dito por um professor, dedicadíssimo, veterano e envolvido no Projecto Fénix, que dois terços desses alunos têm de obter aproveitamento. E assim ficamos.
posted by FNV on 9:26 da tarde
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SÃO OS LOW-CUS DE LISBOA:
Vi há dias que uns quantos atrasadinhos mentais se entretiveram a andar no Metro de Lisboa, de pé, sentados, encostados aos varões, todos em cuecas.
Que já ninguém contrarie e se espante com este tipo de maluquinhos, eu até percebo. Mas espanta-me que os utentes e o Metro de Lisboa não se insurjam contra a falta de higiene.
posted by VLX on 5:15 da tarde
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UM POUCO DE BOLA:
Há muito que aqui não toco na bola, vamos aí a dois ou três toques. A bola serve para ser jogada. Bem jogada e tratando-se de futebol, a bola é para ser jogada com a cabeça e os pés — com excepção de Aimar e Luisão, cujas cabecinhas optam mais por dar pontapés nos adversários que na bola. Já os árbitros que apitam esses jogadores preferem dar pontapés nas regras da bola. Há uma certa bola que nem para forrar caixotes de lixo serve e tem gente em certos órgãos que não bate bem da bola. A bola devia ser redonda mas não é.
posted by VLX on 5:12 da tarde
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STASIS BENFIQUISTA*:
1) Ontem, no final do jogo, o Júlio César foi Júlio Ricardo-Patrício. É evidente que o Douglas não lhe toca. O moço é uma nódoa no jogo aéreo. Como é que "A Bola" viu a coisa: " Júlio César, O Imperador". Devem ganhar à peça.
2) O Fóculporto argumenta que os stewards não são agentes desportivos e que provocaram o pacífico Hulk. Temos de compreender a tradição da vala fétida. O Carlos Pinhão , espancado em Aveiro, nos idos de 80, também não era "agente desportivo": era jornalista. O Carlos Valente, sovado na própria cabina, na tarde dos dois golos do César Brito, também não era bem um "agente desportivo": era árbitro.
As utopias revolucionárias são tão perfeitas que os milhões de vítimas até nos ensinam novas palavras. A propósito desta decisão.
posted by FNV on 10:57 da manhã
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A MORTE VIU-ME DO ESPELHO:
Um casal de gente simples, uma vila beirã. Ele morre ao fim de três anos de luta contra o senhor das metástases. Ela, cinquentona, consegue voltar para a casa um par de semanas depois, consegue deitar-se no quarto que era de ambos. Tudo recordações, como cantava o Espadinha, e das terríveis, mas tudo normal. Excepto uma coisa. Nas últimas semanas de vida, o marido já estava muito fraco e ela andava em cuidados de leoa. Quando o homem ia ao wc, de noite, ela vigiava-o através do espelho pendurado na parede do quarto. Pouco tempo depois da morte do marido, mandou arrancar o espelho. O que lhe recordava o homem, ela suportava. O espelho não. O espelho era a memória da doença e da decadência dele, tudo o resto na casa era a memória da vida dele. O espelho era a Morte.
Afinal, afinal, quem não se sente não é filho de boa gente. O remédio, civilizado, é simples: tribunal com o homem. Sempre teríamos o prazer de ver, finalmente, o Miguel e o João; talvez nas televisões ( as danadas estariam lá, não tenho dúvidas), talvez nos jornais.
"No dia 21 de Janeiro de 2010 passam 60 anos sobre a morte de George Orwell, um dos ícones emblemáticos da literatura, política e história do século XX. O seu percurso e produção literária continuam a ter uma relevância incontestável na actualidade: vários desenvolvimentos sociopolíticos recentes recuperaram algumas das suas ideias centrais, lembrando-nos da importância de uma postura conscientemente crítica e intelectualmente honesta. Por isso, neste ciclo de seminários homenageamos o homem e a sua obra, já que em Portugal, Orwell e as suas ideias não têm sido alvo de merecida discussão".
Cada um faz o que pode. Eu bem tenho tentado, aqui, em directo da província.
posted by FNV on 10:23 da manhã
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LIVRINHOS PARA O QUENTINHO (II):
Stephen Hunter, apesar de não ter feito o Vietname, é um obcecado. Bob "The Nailer"Swagger, sniper-marine, é o herói de Time to Hunt ( como de outros livros) . Herói é a palavra certa , porque Bobby Lee sofre e cumpre, mas está muito longe de ser perfeito. Até porque a profissão é matar à distância. Neste livro, o herói é perseguido 25 anos depois de Kham Duc. Hunter escreve como quem filma ( já teve adaptações para Hollyood e é crítico de cinema) e entretem com ritmo e nervo. Que o diga Bill Clinton, fotografado a ler Time to Hunt em plena crise Monica Lewinsky.
posted by FNV on 10:27 da tarde
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EMILY BRONTE, SEMPRE:
Cliente regular. Se fosse hoje não escrevia uma linha: passaria os dias nas redes sociais encharcada em fluoxetina. Hoje trago a taça ( poema não datado) em a Emily guardou o eterno retorno. A introdução geo-climática:
What winter floods what showers of spring Have drenched the grass by night and day And yet beneath that spectre ring Unmoved and undiscovered lay.
A melhor parte, a do "tempo cancelado":
A mute remembrancer of crime Long lost concealed forgot for years It comes at last to cancel time And waking unavailing tears.
Há muito que desejava que Pinto da Costa resolvesse os seus (inúmeros) problemas com a justiça e destapasse a boca. Não contava era com este prazer acrescido do qual já tinha tantas , mas tantas saudades: ver o Fóculporto lá em baixo, a jogar mal e a falar de arbitragens.
* em memória do J.F.
posted by FNV on 1:39 da tarde
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REVOLUÇÃO NA OPINIÃO:
O tubo de ensaio de hoje ( ainda não tem link, creio) destinou-se unicamente a enxovalhar o Pacheco Pereira e as pessoas que pediram um referendo ao casamento gay. Outros programas foram mais suaves Recordo-me de um em que os robalitos de Vara eram ridicularizados ( quem é que se suja por tão pouco e coisa e tal).
Já é evidente a necessidade de MFL permanecer no posto. O nevoeiro levanta e os olhos começam a habituar-se. MFL disse poucas coisas na campanha, mas todas acertadas ( salvo a parte gaga da Madeira). Resumindo: que isto está muito pior do que diz a propaganda, que é preciso proteger o backbone da economia ( as PME), que não podemos endividar ( ainda ) mais o país em projectos megalopatas. E tudo - ou apenas - isto foi explicado sem comícios ( recordam-se?), sobriamente e de rosto fechado. Desgraçadamente, a autocensura de costumes impôs a fantasia e a credulidade numa espécie de código obrigatório: não perguntes, não queiras saber, não acredites. Não foi apenas a mensagem que foi julgada, foi também o mensageiro: o estilo de MFL colava demasiado à realidade da situação e o fetiche português, o feitiço do salazarismo e do provincianismo foi usado à má-fila pelos profissionais do PS e pela 5ªcoluna do PSD. Vão habituando os olhos. Não adianta esfregar.
Os discursos de Robespierre, numa edição da Verso ( "Virtue and Terror", 2007) com prefácio de Slavoj Zizek, personagem que podem conhecer melhor nesta entrevista ( via Cinco Dias). Também é blogger, o Maximilien, e por isso há-de ser repescado na série respectiva. O primeiro discurso, proferido na Constituinte ( 23 de Dezembro de 1789), é em defesa dos judeus: " Como é possível que as perseguições que têm sofrido às mãos de diferentes povos sejam utilizadas contra eles?"
posted by FNV on 11:21 da manhã
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JANEIRANDO (VII):
A mensagem pretendida é : " É preciso não esquecer a felicidade incrível que o amor nos dá e a energia que só se pode ir buscar à paixão". Já há meio século, o Reich punha pessoas a copular em várias salas porque queria isolar o orgone, a essência da vida, a molécula energética libertada durante o orgasmo. A exposição citada não tem pretensões científicas - só quer "mostrar ao mundo as potencialidades do amor". É cada vez mais fácil permanecer tradicionalista, reservado e conservador nesta cultura histérico-adolescencial . E não devia ser assim.
1) Como mel na sopa. Em dia de homenagem a Pedroto, o paralítico Fóculporto teve um penaltie inventado e a expulsão do guarda-redes adversário. Os andrades ainda se acagaçaram no último minuto. Tudo somado, um bom resultado frente ao poderoso Leiria do Lito Vidigal.
2) O sr. Vieira "está em Angola para ver o CAN". Há qualquer coisa nesta informação que não bate certo.
1)"Pedro Passos Coelho lança no próximo dia 21 de Janeiro um livro com um cunho autobiográfico, mas que também dá a conhecer as ideias que tem para o País e com que se vai apresentar a eleições no PSD. Com o título Mudar, a obra que é editada pela Bertrand/Círculo de Leitores, será simbolicamente apresentada no salão Almada Negreiros, na Gare Marítima, remetendo para a ideia de ruptura do movimento futurista, do qual o artista foi um dos percursores em Portugal".
Nada a dizer. Um título ( "Mudar") original, imitando os desejos de milhares de crianças futebolistas que ostentam a alcunha de "Ronaldo". Aqui em Coimbra temos o Tiero, "O Muntari do Calhabé".
2) "O único candidato assumido à liderança do PSD inclui ainda neste livro o seu percurso pessoal e os momentos políticos em que esteve ligado à história do partido".
Esta é também muito boa. Ficaremos a saber pormenores de alto coturno político e social. Por exemplo, quantas horas duraram, em média, as 456 reuniões em que participou quando era líder ( sim, líder) da JSD.
O ambiente LGBT fez perder a cabeça a muita gente. Uns trocaram a recente costela liberal pelo ódio circunstancial e outros fizeram figuras pré-adolescenciais. Houve quem inventasse um novo conceito: o de simpatizante de homossexuais.
posted by FNV on 11:14 da manhã
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JANEIRANDO (VI):
A morte é eticamente ( no sentido kantiano das prescrições de ordem particular) irrepreensível. Nunca volta atrás, nunca hesita, nunca compromete a sua teleotes. Quando andei de roda dela não mastiguei esta aresta. Esta dimensão ética perturba uma cultura que acredita que pode negociar tudo. Talvez por isso nos temos empenhado em tentar adiar a morte ( o espectáculo do rejuvenescimento), em controlá-la socialmente ( a eutanásia) e mesmo em negá-la ( o sonho demente da clonagem). Nada disto é especialmente novo ( excepto a clonagem): Tertuliano já vociferava contra a adulteração do corpo das matronas e Séneca simplesmente cortou os pulsos. O que é novidade é a transposição para o campo social : adiar, controlar e negar a morte tornaram-se tarefas colectivas da cultura.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.