Para ser respondida pela comandita de grognards, perdão, pelos especialistas em marketing político. Com MFL, estes eflúvios não tiveram razão de ser. Não teve, não quis ter e nunca teria.
O affair Tagus Park/Figo encerra um ciclo exemplar que caracteriza o comportamento do PS governamental .Habituado a navegar no estudo da geopolítica das drogas, não pude deixar de notar as semelhanças do PS-GOV com os cartéis, sobretudo os mexicanos. Antes que alguns se excitem, sublinho que as semelhanças são na cultura organizacional da imagem e não na essência criminosa.
1)Uma primeira semelhança é a confiança genética no núcleo duro . Não há dissensões e existe uma homogeneidade vincada no grupo de operacionais. São quadros que acompanham o PM há muito tempo, sendo que este muito tempo é o tempo do cartel. Expõem-se pouquíssimo ( até as circusntâncias o exigirem) e registam uma biografia política e profissional discreta. Não fazem alarido, não dão entrevistas. São pagos para trabalhar, não para falar. Um bom princípio.
2) Como os modernos cartéis ( Sinaloa, por exemplo, nada tem a ver com os antigos malucos colombianos), o PS-GOV tem uma política branca e uma escura. O público conhece melhor a figura do bravo jornalista que denúncia os narco-traficantes do que o jornalista que paga a hipoteca da casa com dinheiro da cocaína. A política branca agrupa as bandeiras simpáticas do Magalhães, dos direitos dos homossexuais, dos tigres do circo e das energias renováveis. A escura devolve a lógica do cartel à superfície: as conversas com directores de jornais, os negócios em torno da compra da TVI, a campanha de Figo.
3) O objectivo do PS-GOV não é traficar cocaína, é vender imagem. Nada é descurado, por isso desenvolveu uma zona adjacente. Nos blogues, nos agentes culturais e nos media, criou um gangue que reage e se comporta como gangue. Em troca da notoriedade que alcançaram por serem tidos como próximos do PS-GOV ( ou em troca de pequenos ganhos de falange, como o dos direitos dos homossexuais) , os membros do arrogante gangue patrulham a fronteira. Não se trata apenas de implacabilidade para com os inimigos. Trata-se de trabalhar a desqualificação pessoal de qualquer um que possa vir a constituir uma ameaça ao cartel. E vai tudo à frente: juízes, o penteado da líder da oposição, o currículo de um jornalista transviado, etc.
posted by FNV on 11:53 da manhã
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UM PAPA PERIGOSO:
Vejo este cartoon . Vasculho, busco, farejo, e não consigo perceber como é que a minha vida sexual foi alguma vez devassada ou orientada pelo Pope Benedict. Talvez os católicos devotos se sintam vigiados. Deve ser isso.
posted by FNV on 2:16 da manhã
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DESEJO DE INVERNO (III):
Quando as mulheres eram apenas mulheres, sabiam fazer muitas coisas. Como não eram cidadãs, sabiam cozinhar, sabiam cuidar de muitas crianças, sabiam enterrar maridos. Até havia mulheres que sabiam escrever e pensar. E ordenhar cabras. Também havia rainhas e imperatrizes e concubinas com mais poderes do que um ministro. Coitadas dessas mulheres.
Quando Sócrates tomou posse da primeira vez discursou insurgindo-se contra os juízes, que considerava preguiçosos, e contra as férias judiciais, cuja função não compreendia e confundia até com as férias dos juízes.
Vai daí, e como percebia tanto da poda como de projectos de construção civil, toca a mandar o MJ acabar por decreto com parte das férias judiciais.
Como quem não sabe é como quem não vê, viu-se logo que a cega medida não melhorou em nada o funcionamento dos tribunais e só veio complicar tudo, sendo evidente para quase todos que teria de ser revogada (fartei-me de escrever aqui sobre o assunto).
Como Sócrates não gosta de dar o braço a torcer e prefere dar-se ares de esperteza saloia, acrescentou-se hoje (DL 35/2010) um diploma em que se adiciona às férias judiciais um determinado período de tempo cujos efeitos são exactamente os mesmos das férias judiciais, mas não se lhe chama férias judiciais.
E como esta malta que nos governa é formada no português técnico, ficou escrito que "não se praticam actos processuais (...) b) durante o período de férias judiciais; c) Durante o período compreendido entre 15 e 31 de Julho;".
Ora, em português decente (coisa que os socialistas desconhecem), "o período compreendido entre 15 e 31 de Julho" é das 00h00 de 16 de Julho às 24h00 de 30 de Julho. Que cavalgaduras.
posted by VLX on 6:18 da tarde
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PARA OS MEUS ARQUIVOS:
posted by FNV on 1:29 da tarde
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DESEJO DE INVERNO (II):
Se estamos angustiados não estamos, nesse momento, deprimidos. Há um vento de alerta na angústia que nos obriga a não baixar a guarda. No entanto, a duração da angústia é um mistério. Pode durar um livro inteiro ( em Bulgakov ou em Mesquita, por exemplo), pode demorar exactamente os dois minutos que passamos à janela até chegar quem aguardamos.
posted by FNV on 11:41 da manhã
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DESEJO DE INVERNO (I):
E Heidegger reescreve Rivarol da seguinte maneira: o que nos dá a visão do presente não é aquilo que pára, mas o que se movimenta; todo o presente em repouso é um vai-e-vem imobilizado, portanto, o movimento é a visão do presente. Um exemplo? Repita comigo: Acabou de passar um segundo.
posted by VLX on 3:20 da tarde
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RATZINGER SEM ILUSÕES:
A totalidade dos caso de pedofilia ocorridos na Igreja vindos a lume nestes dias ocorreram no pontificado de João Paulo II, um Papa inofensivo. Ratzinger, pelo contrário, é um Papa perigoso. Os casos rebentaram agora como castanhas velhas que reacendem o lume, numa vigorosa inversão do fogareiro. Não há nada de misterioso nisto, nem no facto de os valentes advogados mediáticos das vítimas ( alguns célebres pelo desconforto com o divino) terem estado calados estes anos todos. É a luta e a natureza humana. Ratzinger é perigoso porque reassumiu o discurso natural da Igreja. Radical, doutrinário, cheio de certezas sobre a vida e os homens, tudo bem embrulhado no desprezo pela liberdade como valor universal. Uma boa parte do aparelho universitário, mediático, cultural e político não estava habituado. A corrente é a da supremacia da esfera individual sobre a comunitária e da experiência sobre a tradição. Ao Islão europeu fica reservado o papel de mulher peluda: por um lado valida a variedade das formas, por outro funciona como vacina contra o regresso da obrigação religiosa ( hei-de cá trazer uma feminista muçulmana que porá as orelhas dos meninos multicuturais-gauche a arder). Ratzinger assestou o fogo nas fragilidades da cultura da experimentação. Sublinhou o carácter desagregador da equalização de todos os valores sociais e, sobretudo, fez algo de venenoso para a cultura da normalização : recordou que se pode influenciar pessoas sem passar pelo crivo do julgamento politicamente aceitável, dominadíssimo pelo tal aparelho mediático e universitário. Veja-se o responso que passou aos bispos portugueses, instando-os a dar menos corda ao folclore das romarias e a investir na discussão nas universidades, nos media, na política. Ratzinger tem , portanto, um problema esquinado para resolver. O contra-ataque dos mullah da pleonexia foi certeiro. Já não se limitam a impedir que fale em universidades ( lembram-se?): se a Igreja coloca as coisas no plano da irrepreensibilidade moral ( prescrições universais) , tem de agir em conformidade. O restolho ( as pelejas infantis sobre as orientações sexuais dos pedófilos) não interessa, o que importa é saber se a Igreja aguentará o embate. A verdade liberta? Pois que avance. E a Igreja tem de reagrupar. É vital que se mantenha na stasis europeia, pelo menos, uma voz representativa e céptica face à despersonalização implacável erigida como estandarte da liberdade.
1) Termos saídos inteiros já não foi nada mau. Estes lagartos largam uma gosma, uma tal viscosidade, que temo sempre pelo contacto directo. E não há vacinas.
2) O peçonhento do Moutinho, que passou o jogo a examinar os calcanhares do Ramires com um ferro de engomar - dando uma nova allure à expressão "nem lhe chega aos calcanhares" - está no pós-jogo a lamuriar a falta de um cartão ao Ventosa. O Carvalhal seguiu-o, provando quem manda na equipa. O sr. Costinha, esse símbolo perene do Sporting, rematou a ópera bufa. É pena não ficarem todos: 26 pontos de distância.
1) Falta de fair play dos lagartos. Apresentar o Grimi e o Abel desmotiva e desconcentra o adversário. O Javi, por exemplo, parece a Tia Lola. 2) O Carriço é um excelente keeper. Só os comentadores da SportTV /Olivesdeportos/Viagens ao Brasil é que desvalorizaram a intervenção do jovem guarda-redes leonino. 3) Sai o ardina Éder Luís e entra o Aimar. Tentar pôr a bola no pé esquerdo do tractor a pedal numa zona do relvado sem adversários, num raio de cinco metros e em condições edafo-climáticas apropriadas ( 22º de temperatura e 87% de humidade).
4) Alargar para as linhas na saída a jogar ( não uso as mariquices das "transições", porque todo o jogo é transição).
posted by FNV on 9:41 da tarde
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STASIS BENFIQUISTA*:
1) Vejo estas coisas sem paixão. 3-5 com o Liverpool, para quem tem escrito sempre que ainda não temos uma grande equipa, nem é um mau resultado. Não espero que sejam os benfiquistas amestrados e os do croquete a compreender isto. Quero que sejam os verdadeiros montagnards a aceitar que uma grande equipa tem de ter excelentes ( ou bons) laterais para não se sujeitar a arrumações de lavadeira nos dias dos grandes jogos. Até porque, ao contrário do que afirmou um lapantana portista, ir a Liverpool com um golo de avanço não significa levar quatro. O Miccoli e o Sabrosa já explicaram como se faz.
2) Hoje ganha-se por 2 ou 3, o título está quase. O mais difícil começa depois . Estejam atentos.
Não entendo os remoques dirigidos a Passos Coelho por ter Ângelo Correia como mentor e tutor político. Graças aos deuses que é Ângelo Correia . Imaginem se era Nogueira Leite ou Marco António ( Costa) . Por outro lado, o trabalho em equipa funciona por vezes muito bem. Mazarin e Ana de Áustria fizeram uma excelente dupla.
posted by FNV on 4:56 da tarde
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SÓ PARA FAZER HORAS...
Uma vez definitivamente arrumada a questão da parolice do cachecol, confesso estranhar não ter visto grande debate sobre as recentes desconsiderações feitas a Rui Costa pelo presidente do clube. Ninguém se sente?
One of the girls, identified as Paula, said that she and the priest started to have sex when she was 16 and that it lasted until she was 20. Estas declarações foram ampliadas nos media chilenos, porque o cardeal Bertone ligou a homossexualidade, mais do que o celibato dos sacerdotes, à pedofilia. A ideia era trazer a público o exemplo de um padre que abusou de meninas. Acontece que a menina tinha 16 anos quando começou o relacionamento sexual com o padre. Registo com espanto que os meios liberais (apenas) nos costumes começaram subitamente a dar importância a um certo recato sexual da juventude. Coisa até agora própria dos botas-de-elástico, não é?
A menina percorre a casa toda, vê as fotografias, os filmes curtos, os objectos. Já conhecia a história, agora pensa que a conhece. À saída, um arremedo de lágrima. Tanto tempo escondida e acaba por ser apanhada; tanto suportou a acaba por morrer antes da libertação. Numa esplanada ensolarada, pergunto-lhe o que aprendeu na visita à casa de Anne Frank. Ela entope. Lá acabo por lhe explicar, lá acabo por cumprir a minha devastadora função: Menina, o Mal vence sempre. Zangou-se comigo, mas depois comprei-lhe um gelado. E o sossego.
posted by FNV on 11:34 da manhã
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AQUI TAMBÉM HÁ DEUSES :
Xavier de Maistre, por exemplo, em Voyage au tour de ma chambre, se bem que em registo irónico. Heraclito, apanhado a aquecer-se, responde aos amigos: Aqui também há deuses. Uma equação perfeita. Transportados pelo mundo sem ter de o representar. Pressenti-lo, aceitar as modificações que ele nos impõe, mas manter o (nosso) espaço intacto. Não há outra forma de pensar.
posted by FNV on 11:07 da manhã
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E LOGO AGORA QUE ESTÁ CALOR:
O novo presidente do PSD dise que vai acabar com a apropriação pelo partido ( uma vez no poder) do aparelho do Estado: cargos de nomeação partidária, favores, equilíbrios, benesses, etc. Mostrou-se mesmo muito indignado com essa tradição. Muito bem, mas tenho de ir ao neurologista ou a um especialista no estudo das funções nervosas superiores. É que não associo a longa presença de Passos Coelho no PSD a esta indignação contra o assalto ao Estado.
Para a análise do 1º Congresso do PSD com Passos Coelho, o canal RTP-N tinha hoje um comentador engraçado. Mas deixou um assunto pendente, que foi o de saber a particular qualidade em que ele estava a actuar: se como comentador independente, se como dependente. Dependendo da qualidade em que actuava se deverão então interpretar os seus originais comentários, uma vez que ele já avisou que assim agia. Contudo, este particular comentador assume também a originalidade de só em momento posterior aos comentários fazer a sua declaração de interesses, particularidade interessante mas de qualidade duvidosa pois só nessa altura se poderá aferir da dependência ou independência dos comentários, do seu eventual interesse e da respectiva qualidade dos mesmos, o que não me parece que se coadune com a qualidade e particular interesse dos comentários em directo. Mas só estou a divagar, na qualidade de observador independente, pois nem é assunto que me interesse particularmente.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.