CARANDIRU: Hector Babenco é actualmente um dos maiores realizadores brasileiros. Depois de Lúcio Flávio, passageiro da noite e Pixote, a lei do mais fraco, chega-nos à mão o filme Carandiru, retracto do maior presídio da América do Sul, uma imagem do sistema prisional brasileiro.
Este filme, baseado na história verídica do Dr. Drauzio Varella, mostra-nos pelos olhos deste médico (durante anos o único da prisão Carandiru) como 7000 homens podem co-habitar em condições degradantes, seus códigos de honra, sua hierarquia e, acima de tudo, como se (sobre)vive numa situação adversa. Contando com um elenco de luxo, onde destaco Milton Gonçalves, Caio Blat, Maria Luísa Mendonça e Rodrigo Santoro, o filme é uma viagem pelas várias personagens, seu passado e sua condição actual, tendo sempre como ponto comum o pavilhão 9 do Carandiru.
Não poupando ninguém (seja polícia, político ou mera malandragem), o filme deixa a eterna questão (à semelhança do Cidade de Deus): será a criminalidade fruto do indivíduo ou da sociedade que o rodeia?
Ou como dizia um dos “malandros” - “Culpa tem remédio Doutor?”
- “Se tivesse, todo o mundo iria querer…”
posted by TRM on 9:52 da tarde
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MARÉS: Há-que aproveitá-las, que é como quem diz, deixaram o barco entregue a este louco, que c'est moi. Asssim aproveito para, a propósito de uma edição, lembrar outras. Em Novembro, Pacheco Pereira mostrou na SIC a doce face da Prof.ª Helena Rocha Pereira, e da sua longa vida entre os antigos, vulgo, os gregos. Na altura recordei aqui outros tradutores e ensaístas helénicos, muitos deles também ligados ao Instituto de Estudos Clássicos da Universidade de Coimbra. Isto vem a propósito do lançamento de uma novíssima e mágnifica edição, das Tragédias, de Sófocles, com data de Dezembro de 2003, chancela da Minerva, e com patrocínio da Coimbra Capital da Cultura e do Ministério da Cultura. Helena Rocha Pereira, José Ribeiro Ferreira e Maria do Céu Fialho compõem o corpo de tradutores, a edição é de excelente qualidade, um regalo, a bem dizer.
Aproveito, para acrescentar à lista de Novembro, a conimbricense Carmen Leal Soares de quem só há pouco tempo tive oportunidade de ler o seu Discurso do Extracénico: Quadros de Guerra em Eurípides, ( Ed. Colibri 1999) e o açoriano Vitor Ruas, com a tradução de dois romances gregos de Xenofonte de Éfeso, As Efesíacas e Ântia e Habrócomes (Cosmos 2000).
A seu tempo, que o post já vai longo umas notas sobre estas edições.
TENTEM OUTRA VEZ: Associo-me solidária e novamente ao orgulho tripeiro, desta vez por causa de mais uma desconsideração: Então não é que o 1º bebé de 2004 nasceu em Lisboa, 30 segundos depois da meia-noite? Assim foi batida a performance do filho do jogador do Futebol Clube do Porto, Derlei, que viu o mundo só ao fim do 1º minuto de 2004. Deve ter havido marosca na equipa de obstetras lisboetas, talvez a admnistração de espasmódicos à parturiente, ou coisa do género, para acelerar o nascimento do bébé lisboeta. É sempre a mesma vergonha!
Resta que o petiz de Derlei e Rebeca está bem, pesa 2,720 kg e mede 47 cm. Parabéns.
AI QUE INVEJA! Desta vez, e para o meu colega de embarcação VLX ver que daqui não partem só tiros de canhoneira contra os tripeiros, um rasgado elogio à cidade do Porto. A banda tocou, o povo divertiu-se, e à meia-noite e trinta estava tudo limpo e desmontado. Um reveillon civilizado, quem se quis divertir noite dentro aportou a discotecas e salões de baile. Está de parabéns (uma vez mais) o Dr. Rui Rio, que demonstrou o que é uma festarola numa terra civilizada. Pode ser que outras cidades sigam o exemplo do Porto.
A ÚLTIMA HORA: O filme de Spike Lee, no original, The 25th Hour, condensa em veludo e aço, a nossa relação ocidental e sobre-moderna com o tempo; é apropriado para a ocasião.
Independentemente de ser um filme fabuloso, consegue (tal como Smoke, em que Harvey Keitel perde a mulher num atropelamento e reencontra-a nas fotografias de William Hurt) chegar ao osso: como libertarmo-nos do presente?
Em Smoke é o passado que aparentemente acorrenta, na Última Hora é o futuro que Edward Norton, a viver o seu último dia de liberdade, compreende que lhe escapou. O osso é a defesa maníaca que desenvolvemos, segundo a qual o que temos é o que sempre teremos. Isto permite-nos desprezar coisas valiosíssimas, porque a vivência do presente, o seu dictact, arrasta-nos numa vertigem propulsora, por vezes quase demencial. O famigerado consumismo ocidental não é mais do que um pós-operatório secundário à resolução das necessidades básicas: resolvido o essencial, organizamos socialmente a felicidade, num suporte material e aquisitivo. Quando o essencial nos escapa, viramo-nos para o horizonte temporal. Não me esqueço de um heroínomano que tratei, que durante dez anos viveu para lá dos limites, mas que quando soube que a infecção por HIV que tinha contraído se metamorfoseara em SIDA, mudou: passou a viver limpo, saudável e a fazer planos para o futuro. Precisamente na altura em que, o mais natural, seria que baixasse a guarda e gozasse as últimas delícias de Cápua.
Séneca, que inventou a fotografia, sabia-o: só podemos estar seguros do nosso passado. Edward Norton apercebe-se que não poderia ter feito nada de diferente do que fez ( tráfico de drogas), ainda assim deseja, num esgar patético mas perfeitamente compreensível, que o futuro fosse outra coisa qualquer. Em Smoke, o personagem que perde a mulher defronta-se com o que todos nós nos defrontamos: quando perdemos alguém, perdemo-nos a nós, e por isso a memória é uma traição, o regresso uma tromperie.
Quando o horizonte temporal se fecha, ou porque sabemos o nosso destino, ou porque quem contavamos para o construir desaparece, o presente pasa a ser uma prisão insuportável: continua a ser um elo entre as outras duas categorias temporais, mas um elo de uma cadeia.
Bom ano novo.
posted by FNV on 11:45 da manhã
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SER E PARECER: Não sei se é bom se é mau, mas o facto é que o meu anterior post - Uma questão de atitude - já deu que falar.
Tenho medo de logo no meu primeiro post ter tido um discurso a soar a anti-americanismo primário. Engana-se quem pensa assim! Não só não sou anti-americano, como acho que, nesta altura, a haver uma única superpotência, antes seja os EUA. Espero é que caso queiram assumir o papel de líderes mundiais, garante dos direitos humanos, da democracia e da liberdade, comportem-se como tal. Não podem ter dois pesos e duas medidas nas suas posições (invadir o Iraque e não invadir a Coreia do Norte? Porquê?). Ou então assumam que se movem exclusivamente de acordo com os seus interesses!
Na questão do terramoto Iraniano pequei pela precocidade do meu e-mail. Observei hoje atentamente a posição dos EUA, a ajuda oferecida, e também a posição autista tomada pelo regime dos Ayatollas, que os leva para um gueto diplomático.
Sairam-se bem os EUA...mas é bom que no futuro se lembrem que os olhos estão todos postos sobre si e que não bastar ser, também é preciso parecer!
posted by TRM on 4:42 da manhã
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REGRESSO: ... após uns curtos dias de “apagão” quase total. Embrenhado na família e obcecado pelo trabalho (quem disse que os tribunais encerram nas denominadas “férias judiciais” não sabe muito bem do que fala...) fechei-me para o mundo, para as notícias e até para o Mar Salgado.
Descubro agora, num zapping rápido, que nos foi deixado no sapatinho (eu já sabia, eu já sabia...) o Tiago Reis Marques, o que é bom.
Bom porque – como sempre ouvi dizer – "é sempre bom ter um médico na família" e esta nau é quase isso (falta-nos uma mãe que nos mande ir dormir mais cedo ou para parar de dizer disparates e uma irmã mais nova que vá buscar gelo ao Neptuno sem refilar).
Bom também porque TRM não é (como alguns poderiam pensar) tão adepto de António José de Almeida como parece. Bom, ainda, porque nos fará procurar e defender a razão e a verdade com mais afinco, como o comprovam dois dos posts já colocados pelo grumete: não só não é verdade que os norte-americanos tenham tido uma atitude desagradável para com o povo iraniano e a desgraça que sobre ele se acometeu como não é absolutamente verdade que os porões desta nau tenham rum que chegue, qualquer que seja o critério. Longe disso.
Bom, por fim, porque já se começava a tornar desagradável estarmos sempre a bater nos esquerdófilos dos outros blogs: agora podemos armar zaragatas cá dentro. E não vai ser com travesseiros.
Por falar nisso, regressou também a Casa Pia. Não é assunto que goste de comentar mas não resisto a dois ou três comentários: é estranho que os intervenientes se tenham andado por aí a queixar de que não sabiam do que eram acusados e, quando sai a acusação, digam que ela não traz nada de novo. Se não traz nada de novo e corresponde ao que a comunicação social anda a dizer, então sabiam bem do que eram acusados.
A segunda observação é a de que não percebo bem porque é que o PS (agora pela voz de Vera Jardim, mas ainda PS) se vem amarrar novamente ao processo, em comunicado à imprensa. Compreendo as solidariedades pessoais mas já me custa a perceber as solidariedades partidárias, particularmente quando se dirigem, mesmo que indirectamente, contra o sistema judicial que temos, o qual parece funcionar (melhor ou pior) em todo o país, menos numa região muito bem localizada.
Se o MP funciona em todo o país, porque razão haverá de falhar redondamente numa situação em que sabe que está a ser constantemente vigiado? E, acaso falhe nessa, quem nos garante que não falha por todo o país? É confuso...
Serão, obviamente, todos inocentes até prova em contrário mas há atitudes que se percebem mal e esta é uma delas.
Uma última observação para um comentário na TVI de Miguel Sousa Tavares, pessoa que me habituei a ouvir e a ler com bastante atenção. Disse MST qualquer coisa como isto (cito de memória muito cansada): parece que só estão indiciadas figuras públicas ou pessoas conhecidas. E as outras? – MST parece esquecer-se de que os acusadores (que presumo rapazes ou crianças embora isso não altere o raciocínio) terão naturais dificuldades em identificar ilustres desconhecidos. Como, de resto, MST e eu próprio teríamos as mesmas dificuldades. Não quero com isto dizer que as personalidades públicas (ou não) referidas no processo tenham algum grau de culpabilidade ou presunção da prática dos actos abjectos, ou que os acusadores não possam inventar ou fantasiar as suas descrições (ou não), mas apenas que o argumento improcede totalmente. É fácil apontar alguém conhecido, é impossível identificar um desconhecido.
Além disso, meu caro MST, posso garantir-lhe que por todo o país, neste exacto momento, existem investigações, julgamentos e condenações por actos de pedofilia praticados por ilustres desconhecidos.
Registo ainda, neste regresso às lides, com enorme agrado, que o meu colega FNV continua a pensar que os estádios é que fazem as vitórias, quando é manifesto que são as vitórias que fazem os estádios, na minha modestíssima opinião. Da mesma forma que (como demonstra o Mar Salgado) são os tripulantes que fazem o bom navio e não o contrário. Mas FNV que continue na dele que eu continuarei na minha, e assim poderei festejar mais um título e uma taça (pelo menos) em 2004. FNV continuará a sonhar com o passado (longínquo) transpondo-o para o futuro (igualmente longínquo).
Falando no tema (não digam ao Comandante!...), temo ter passado ao lado de uma excelente boca que me foi mandada por Neptuno sobre Laipeziche. A ter havido plágio, sempre prefiro Laipeziche às sentinas de Viena. Estes parágrafos mortíferos poderiam dar lugar a uma nova máxima: quando não tens vitórias, atira pedras... Cá estarei para apanhar ambas, como nos últimos vinte e tal anos.
2004 vem aí. Espero que seja melhor do que 2003. Para todos. Bem... Quase todos. Haverá sempre seis milhões infelizes...
PERSEVEREM:Estou deveras preocupado, como cidadão entusiasta do EURO-2004, com o Estádio do Dragão ( designação que está a fazer furor no Cambodja e na Coreia, embora estes países não participem na competição). Primeiro foi o arquitecto M.Salgado a dizer que tem de acrescentar ao estádio uns pára-ventos ou anteparos (ou pára-brisas, ou lá o que é). Agora é a relva que não adere, vai ter de ser totalmente substituida. Bom, têm de se decidir e despachar, porque já estamos quase em 2004. Boa sorte, mas se a coisa complicar, podem sempre pedir ajuda e conselhos aos responsáveis pela Catedral, ( estádio simples, grande e onde há muito se joga à bola) ou em alternativa, ao Luís de Matos.
posted by FNV on 12:45 da tarde
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MAIS DO MESMO: Aqui há tempos, quando Lula foi eleito, era o "sonho", a "vitória do povo" e outras babugens. Naturalmente, desde que Lula expulsou os seus colegas de partido que recusavam negociações com o FMI, o silêncio apresentou-se. Comentários? Népias.
Mas quando Lula ganhou, ninguém se lembrou de analisar a sua vitória como a da demagogia barata: "Não ao FMI", "uma casa para cada brasileiro" e outras que tais. Mas quando na latinamérica vence um candidato conservador, vejam como a coisa é apresentada na imprensa séria, neste caso no Público de hoje, pp11: Oscar Berger ganhou devido a uma "série de promesas eleitorais", ao "apoio do mundo empresarial" e da "comunicação social, na sua maior parte nas mãos das grandes famílias financeiras". Ou seja, os guatemaltecos são uns idiotas.
Mas o autor da peça, Fernando Sousa, num assomo de honestidade lá nos diz mais qualquer coisita: que Berger foi presidente da camâra da capital do país, "onde deixou obra feita", a saber, saneamentos, escolas e centros de saúde. Afinal talvez os guatemaltecos não sejam assim tão idiotas.
posted by FNV on 12:18 da tarde
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UMA QUESTÃO DE ATITUDE: Mais uma vez ocorreu um terramoto. Agora atingiu o Irão e sua cidade histórica de Bam. O País contabiliza agora as suas vítimas e os números são dramáticos: 20 a 30 mil mortos, 50 mil feridos, 100 mil desalojados. Em breve se começará a fazer a outra estatística, menos humana mas também importante, que diz respeito ao impacto na economia, custos da reconstrução, património histórico perdido, entre outros.
Pormenor importante foi a celeridade da ajuda humanitária. De todo o lado chegaram apoios: Itália, França, Rússia, China, Alemanha, Portugal, Reino Unido, Turquia e Paquistão participaram activamente enviando equipas de resgate, outros ofereceram material, outros ainda ajuda económica. Estes gestos reflectem a compaixão pelo próximo e não são mais que um reflexo de uma evolução civilizacional.
Mas por outro lado esta tragédia também me fez recordar um acontecimento passado semelhante, o grande terramoto Turco de 1999 (15 mil vítimas). Nessa altura, a primeira e mais importante ajuda humanitária partiu da Grécia, inimiga fidagal da Turquia. Esta atitude valeu por anos de encontros diplomáticos e pilhas de acordos bilaterais. Mostrou simplesmente que há boa fé e que não há ódios que não possam ser enterrados.
Teerão logo após o terramoto disse que aceitava ajuda de todo o lado excepto de Israel. Abriu o flanco. E o que fez o País mais poderoso do mundo, numa altura em que proclama a alta voz a importância das missões humanitárias e a defesa dos povos indefesos? Nada! Emitiu um comunicado de pesar e vai enviar 75 toneladas de material médico.
É uma questão de atitude!
posted by TRM on 12:30 da manhã
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CIAO, ATÉ 2004: Devido a um encontro ao mais baixo nível com o meu colega Baco, nos próximos dias irei a terra. Na certeza de esta nau entrará em 2004 com o porão vazio, mas com os mais inspirados marinheiros.
AINDA CANOTILHO: Termina a sua entrevista ao Expresso, declarando: "Há um fenómeno de deserção. Não está ninguém em nenhum lado. Ninguém parece ter interesse, sabemos tudo, não temos nada a aprender com os outros, e o que é certo é que depois não há uma participação cívica e crítica. E a mim preocupa-me, mas confesso que não sei como mudamos isto." Caso estas palavras tivessem sido proferidas no seio desta embarcação, estou certo de que todos nos sentaríamos a seu lado, contemplando indolentemente o horizonte fugidio...
posted by Neptuno on 11:35 da tarde
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UMA VEZ FERRO...: Demonstrando ter aprendido com os seus erros - agora que Paulo Pedroso recebeu a acusação de vários crimes de jaez pedófila ou quejanda - Ferro já não veio a público colar o destino do PS à respectiva sentença judicial: mandou Vera Jardim fazê-lo!
P.S. (nem de propósito): aproveito esta posta para saudar o nosso TRM, o mais novo (no tempo da embarcação e no outro...) membro da tripulação, com uma calorosa saudação "estibordante".
posted by Neptuno on 11:15 da tarde
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O TEMPO SOBRE AS COISAS:Vital Moreira, no Causa Nossa (link só na coluna da direita por ineficácia do meu Mac), alinha três reflexões sobre Coimbra: a da Capital da Cultura, a do êxodo dos quadros universitários que forma, e a da Universidade que forma cientistas e não políticos. Básicamente, estatui que a Capital da Cultura correu bem, que os coimbrinhas emigrados ( referindo-se aos meus companheiros de blogue NMP e VLX) têm saudade da terra, e que Canotilho é um exemplo da fornada científica coimbrã por oposição à Lisboa parideira de quadros políticos. Vejamos um ou dois aspectos.
Tendo nascido e estudado em Coimbra, mal me licenciei pus-me a milhas e fui estudar para fora do país, o que fez de mim, por breves instantes um coimbrinha emigrado. Tive saudades dos amigos, da minha casa, dos meus irmãos, mas não da Coimbra Universitária dos lentes pomposos, dos alunos de cabeça baixa e boné na mão, das faculdades quase sempre fechadas à noite, sem debates, sem conferências, sem vida. Não sei se Coimbra forma cientistas por oposição a Lisboa, mas sei que Coimbra sofre de um padecimento cruel: tem saudades, mas dela própria, de um tempo em que foi primaz.
Esta nostalgia de soi-même nota-se noutros territórios culturais da cidade, como no desporto: A Académica está há muito como o refrão do Vitor Espadinha, são tudo recordações. Mas na Universidade, julgo que as faculdades de Direito e de Medicina repartem a responsabilidade pela nostalgia. Durante muito tempo, estes eram "cursos", os outros "recursos", este dichote significando o desprezo a que a ciência & tecnologia era votada, não tanto na distribuição de estipêndios, antes na simbologia comunicacional do prestígio.
Percebo o siginificado para Vital Moreira do prémio atribuido a Canotilho, e do sucesso da Capital da Cultura. Mas parece-me que a modernização da Universidade, e por inevitável abraço de Morfeu, da cidade, passará por mais qualquer coisa. Mais sólida, menos transitória.
posted by FNV on 11:48 da manhã
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ESCREVO-VOS DO PORÃO, onde cumpro a primeira missão que me foi destinada: conferir os barris de rum necessários para a longa viagem que vamos agora (re)iniciar.
Aproveito para me apresentar - sou o novo marujo desta embarcação e fui recentemente engajado numa viela de Coimbra, porto de abrigo da restante tripulação durante a quadra natalícia. Faço parte da geração de 76 e exerço a profissão de médico...os meus gostos, pensamentos e reflexões vão-se revelar à medida que for escrevendo neste diário de bordo. Quanto ao rumo a tomar, nada mais simples, navego sempre para bombordo e procuro pensar sempre pela minha cabeça! Recordo a propósito, com a ajuda do PC, um fragmento da impressão digital de António Gedeão:
Inutil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Quanto ao rum, a tripulação pode estar descansada. O nosso comandante abasteceu bem o navio...
REINAÇÕES: A Câmara Municipal de Coimbra convida os munícipes a comparecerem na Praça da Républica na noite de 31, para celebrarem a vinda do novo ano. Estará a espera deles uma garrafa de champagne de 6 metros de altura e serão distribuidos milhares de kits com flutes de plástico e 12 passas.
Depois admiram-se por o povo andar deprimido. Mas a ideia tem pernas para andar. Para o ano, talvez o povo se pudesse entreter a ver o Dr. Encarnação dentro da garrafa, e talvez o povo pudesse rolar a garrafa até ao Mondego, despedindo-se do Dr. Encarnação e do ano velho, com vivas e hurras. O povo da Figueira da Foz, na dita cuja do rio, esperaria a garrafa com o Dr. Encarnação lá dentro, recebendo-a com vivas e hurras. No ano seguinte inventava-se outra coisa qualquer.
posted by FNV on 3:55 da tarde
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IF - THE COMEBACK: O Francisco Amaral pôs no ar a Colectânea de Outono da IF, promovida pela Cristina Fernandes da Janela Indiscreta (que já ilustrou o alinhamento da emissão aqui) e com o apoio do Mário Pires do Retorta. Está aqui, podem fazer o download. Ainda não ouvi (só agora se escoaram os 39,3 MB), mas é de certeza uma bela prenda de Natal.
Aproveito para lembrar que este é o último fim de ano sem as emissões regulares da IF. Feliz Ano Novo, Francisco. A gente espera.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.