A REFORMA DO MALANDRO: Estava a ler estes posts do meu caro VLX ( é um regalo lê-lo aos Sábados), sobretudo o "Contestação", quando fui atingindo por "uma ideia cheia de vertentes globais": e a reforma dos criminosos, quem a assegura? Não falo dos soldados dos modernos gangs, daqueles que fogem nas praias de brutais cargas policiais ( como diabo é que combinam eles essas actividades nesses lugares?), nem dos corruptos ricaços que andam de avião . Falo do vulgar ladrão, de viela e taberna, que anda hoje pelos sessenta e picos, depois de uma vida inteira dedicada aos outros. Quem cuida dele? Não descontou durante a carreira profissional, pois que obviamente não podia passar recibo do produto dos saques. Nunca teve direito a subsídio de doença e quando enfermo limitou-se a dar o banho a alguma tia-vizinha que lhe levava a canja. Dir-me-ão vocês que esse cidadão não tem direito a reforma, porque se dedicou a actividades criminosas. Digo-vos eu que tem direito sim senhor. Toda a vida trabalhou, foi sempre honesto naquilo que fez ( roubava e dizia que roubava) e justificou a existência da polícia de proximidade ( o gira de bairro) que assim defendeu a população de criminosos mais perigosos. É pouco? Não produziu? Está bem, é certo que não. Mas também não poluiu ribeiras e riachos ( como outros que só produzem para eles próprios), não aumentou o buraco de ozono, não sabe o que é o Bloco de Esquerda, nunca conduziu embriagado na auto-estrada. Reforma para o malandro, já!
posted by FNV on 4:50 da tarde
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ESGADANHANÇOS: Há muito tempo que não passeava pelos blogues. E nunca tinha passado tanto tempo no Barnabé (blog de esquerda em link aí à direita). Afinal, aquilo sempre tem piada. Imensa piada.
posted by VLX on 3:46 da manhã
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"VÊ LÁ, NÃO GASTES TUDO EM VINHO...": era uma frase que se dizia muito no tempo em que se fazia caridade. Às vezes por brincadeira, outras vezes mais a sério, parecia ao doador conveniente alertar o ofertado para o facto do dinheiro ser coisa séria, custar a ganhar e, quando oferecido, não servir para se ir de imediato torrar em gelados ou em vinho (consoante as idades), mas sim em coisas importantes. Face ao que tenho assistido neste governo, vou passar a escrever na declaração de irs uma pequena nota: vejam lá, não gastem tudo em vinho...
posted by VLX on 2:55 da manhã
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PAÍS DE DOIDOS: a complacência e a benevolência que a comunicação social oferece a este governo cada vez mais me faz ficar convencido de que vivemos num país de doidos. Então andou este governo três meses a implorar-nos ajuda e compreensão para os seus próprios gastos excessivos, a justificar os aumentos dos impostos com o combate ao défice, a acrescentar ao imposto de valor acrescentado mais dois pontos percentuais - que nos colocam a cinco da Espanha - para combater o descalabro das contas públicas e, no próprio dia em que o IVA sobre para 21% anuncia despesas à doida? Fala-se num aeroporto novo, num TGV, até em centrais nucleares... está tudo maluco?
O governo socialista comporta-se como aquele desmiolado que, saído da desgraça e da banca-rota por auxílio amigo, chega a casa cheio de massa e, enquanto oferece à mulher um casaco de peles, grita para o resto do pessoal: malta! Já há dinheiro outra vez! Vamos jantar fora e amanhã compramos um carro novo para irmos de férias!
Pensará o governo socialista que é tudo tapado? Vem pedir ajuda aos contribuintes e, quando a tem, começa a anunciar despesas à maluca? Seja como política séria (querer efectivamente fazer e construir esses disparates quando não temos dinheiro para mandar cantar um cego), seja como politiquice barata (anunciar grandes investimentos e distribuições de dinheiro para as pessoas se esquecerem do aumento dos impostos), a coisa é de imbecil e só se justifica por uma enorme falta de respeito pelo intelecto dos portugueses.
É que isto não faz o mínimo sentido: o governo socialista vem pedir a ajuda dos contribuintes para resolver um problema de má gestão para o qual contribuiu largamente no consulado guterriano, vem pedir ajuda aos contribuintes porque não soube gerir a coisa e os dinheiros públicos, vem pedir ajuda aos contribuintes da única forma que sabe - aumentando sobre eles a carga fiscal -, vem pedir ajuda aos contribuintes retirando-lhes cada vez mais dinheiro do seu vencimento, vem pedir ajuda aos contribuintes solicitando-lhes mais trabalho, mais anos de serviço, retirando-lhes privilégios, oferecendo-lhes menos, estragando-lhes o comércio com a Espanha e ainda tem o topete de anunciar que vai gastar à tripa-forra?
Este governo socialista pede contenção às pessoas, pede-lhes ajuda, ela é dada pelos contribuintes com grande sacrifício e ele vai gastar tudo em comboios e aeroportos? E ninguém se revolta? Ninguém se indigna? País de doidos...
CONTESTAÇÃO: As reformas anunciadas pelo Governo, mesmo que nunca passem do plano virtual - ficando-se pelo óbvio e ruinoso (no médio prazo) aumento das receitas através do aumento dos impostos - terão pelo menos o mérito de desvendar uma série de luxuosos "direitos adquiridos" da função pública, cuja factura é suportada por toda a população que paga impostos. Ao ouvir certas entrevistas de rua, feitas durante manifestações em que se reclama com forte convicção contra as ditas reformas (virtuais), fica-se com a sensação de que, por um lado, as pessoas clamam pelos seus direitos adquiridos como se de uma dádiva divina e intangível se tratasse, como um axioma - sem aparentar o conhecimento de qualquer fundamento justificativo de tal intocabilidade. Por outro lado, referem-se ao Estado como se de um banco se tratasse, como uma entidade física cheia de dinheiro nuns bolsos sem fundo, "ao qual" não faz diferença o quinhão que lhes é destinado. Ora, infelizmente, o dinheiro há-de vir de algum lado... Atendendo a que o Governo já "comprou a guerra" só com o anúncio de reformas, espero sinceramente que tenham então a coragem necessária para as levar a cabo.
posted by Neptuno on 4:13 da tarde
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DA HOSPITALIDADE: A fazer fé no Público, o Sr. De Croos, Presidente da Câmara dos Deputados da Bélgica, optou por anular um almoço que prendia oferecer a um delegação de parlamentares iranianos. O motivo é simples: os belgas costumam beber vinho à refeição, mas os iranianos não admitiram a presença de álcool à mesa. De Croos entende que os iranianos têm o direito de beber água tanto quanto os belgas de beber vinho. O Sr. De Croos ainda não percebeu. Os iranianos não estão a falar do direito a opções líquidas: não existem opções.
posted by FNV on 3:05 da tarde
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MUNDIAL sub-20: O médio alemão Delura, que deita por terra os lugares-comuns sob o futebol alemão. ZédeCarlos, o do nome colado, defesa central brasileiro, elegante e rápido ( o que não vem sendo comum nos zagueiros brasileiros), mas sobretudo Rafinha, o lateral direito que eu gostava de ver no Glorioso. E Messi. Este argentino vai dar muito que falar, ora se vai; Qual tango, qual carapuça: valsa, rumba, fandango, corridinho, samba, o homenzinho faz tudo. Riquelme ao pé dele parece um estafeta sonâmbulo.
Eu sei: desde os doze anos.
posted by FNV on 12:24 da tarde
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CONTINUO UM BOCADITO CONFUSO: Agora com o mupi escolhido pelo Gabinete de Prevenção das Toxicodependências da Câmara Municipal de Coimbra, para assinalar o "Dia Mundial da Luta Contra o Tráfico de Drogas Ilícitas". O mupi é essencialmente composto pela figura de uma adorável criança loura e pela seguinte frase: "Ousa escolher a inocência!".
ESTOU UM BOCADITO CONFUSO: Com a estratégia do PS para "a questão do aborto". A menos que só se queira resolver a coisa enquanto houver um português com fome.
posted by FNV on 11:10 da tarde
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DIZ-ME ( OUTRA VEZ ) MEU AMOR: A sexualização do amor, a incapacidade de mastigá-lo fora da corrupção de gelhas e mangueiras, será uma marca decepcionante da alta cultura. O amor pelo próximo cativou-se aos superiores interesses da caridade oficial, quando não aos sindicatos das boas causas. A gentalha, sobretudo a letrada, anseia por cavalgadas. Tudo está demasiado exposto, e Tertuliano sempre teve razão: desejas no olhar, já pecaste. Um outro amor cobiça o ruído. Não é o amor pegajoso do diálogo, do entendimento, da esponjosa afeição à marmelada das boas intenções. Relembro outras guerras, saídas da profecia de Calcas, a ira de Atena durará só um dia. Quantas coisas duram mais que a resistência do amor? Entendamo-nos: Que tempo temos? Quanto dura?
posted by FNV on 10:31 da tarde
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VALEU: "Não há fome que não dê em fartura" vs. "não há fartura que disfarce a fome": no espaço de quatro dias dois excelentes espectáculos musicais de áreas bem distintas. Depois de Pat Metheny, no passado Domingo, ontem foi a vez da brasileira Mart'nália. Perante a qualidade da oferta, fica o registo de que nestas apresentações únicas na capital do país, tanto uma como outro não encheram as respectivas salas. Pior, Mart'nália fez a alegria de apenas algumas dezenas de felizardos. Reflexos do défice?
HISTÓRIAS DE COCAÍNA - parte II: Longe vão os tempos em que Aslinger, o todo poderoso director do extinto FBN ( Federal Bureau of Narcotics), nas vésperas da II Grande Guerra, requisitou milhares de hectares em Porto Rico destinados à plantação de coca. Aslinger, um dos mais decisivos personagens da política de drogas do século XX ( foi director do FBN durante 32 anos) era um obcecado pelo armazenamento. Também a Conferência de Haia ( 1911), na qual Portugal se opôs ao controlo da produção manufactura e distribuição de narcóticos proposta pelos EUA, nos parece hoje longínqua. Lisboa, oficialmente, entendia que tal medida só seria válida se assinada por todos ( o que se sabia ser impossível, dada a oposição inglesa e francesa) ; mas nos corredores sabia-se que os portugueses desejavam apenas proteger o tráfico macaense. O velho problema dos príncipios morarem no rés-do-chão da raison d'état, é mesmo velho. Em 2002, o potencial de manufacturação de cocaína ( baseado na estimativa do total do cultivo do arbusto de coca) foi oficialmente calculado em 800 toneladas, em 2003 desceu para umas mais singelas 655. Boas notícias? Nem tanto.Por um lado, investigadores privados fazem outras contas ( Gootenberg assegura uma média de 1000 toneladas de cocaína anualmente produzida à entrada do novo século e não encontra razões para que a média tenha baixado); por outro lado, a política de Vicente Fox no México e a cooperação EUA-Colômbia, apertaram de tal maneira os fornecedores dos 14 milhões de consumidores regulares de cocaína do planeta ( sensivelmente metade dos quais são americanos) , que as coisas mudaram. Um dos aspectos fascinantes da história e geopolítica das drogas, consideradas a partir do século XVII, é a sua extrema adaptabilidade e mobilidade ( hei-de trazer aqui um dia o exemplo da relação entre o tabaco e o ópio fumado). A política referida, de helicópteros&herbicidas, se resultou (?) a nível local, obrigou os traficantes a procurar outras vias. Moçambique, e Angola por exemplo, são hoje uma porta de entrada apetecida para a cocaína no mercado sul-africano ( daí as apreensões recentemente registadas em Cabo Verde e S.Tomé e Príncipe). Mas é sobretudo a Europa que começou desde meados dos anos 90 a ser muito procurada para escoar a produção tutelada pelos carteis de Tijuana, Taumalipas, Cali e afins. É bom não esquecer que tão preocupante é a produção de drogas num determinado território, como a capacidade dos seus donos em fazê-la de lá sair. E é da velha tradição deste comércio procurar portos de entrada acessíveis ( pela sua localização), baratos ( em termos da mão de obra necessária e do custo da corrupção) e fáceis de controlar ( redes locais de tráfico comparativamente incipentes e finaceiramente ávidas de contacto com organizações mais ricas). Algumas cidades portuguesas e espanholas ( as "nações" não contam para manos como MayoZambada ou Miguel Orejuela), bem como da antiga Europa de Leste, preenchem actualmente estas condições. A "mundialização" do tráfico de cocaína dos dias de hoje está a apenas a repetir a que ocorreu no início do século anterior. Mas uma das diferenças é tenebrosa: por alturas da Conferência de Xangai ( 1909), o número de adictos não atingia sequer o meio-milhão em todo o mundo.
A DIETA MEDITERRÂNICA DAS CRIANÇAS NÓRDICAS: O Rui Curado Silva publicou um gráfico sobre a obesidade e o excesso de peso das crianças europeias entre os 7 e os 11 anos. As taxas mais elevadas encontram-se, por esta ordem, em Malta, Sicília, Espanha, Gibraltar, Creta, Portugal (campeão da obesidade infantil) e Itália. Da Europa mediterrânica, só a Grécia e Chipre apresentam melhores resultados e, mesmo assim, ficam a meio da tabela, mais gordos que a França, Suíça, Bulgária, Polónia, República Checa, Hungria, Alemanha, Dinamarca e Países-Baixos. Pois é. O mundo greco-romano também inventou o comércio europeu e os ibéricos inter-continentalizaram as trocas - mas quem percebeu o desenho foram sempre os países do Norte.
O CARTEL DE ALMEIRIM: Será, porventura, a melhor resposta do empresariado português aos recentes desafios lançados pelo presidente Sampaio que, ao fim de nove anos de mandato descobriu algumas situações no país que importa corrigir. Aí está a resposta! Quem disse que em Portugal não há "capital de risco"...
THE LONER: O que eu mais gosto no Terras do Nunca é a independência intelectual e a parcialidade cívica. Que não são, obviamente, contraditórias.
Parabéns!
posted by PC on 7:00 da tarde
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DIZ-ME MEU AMOR: A decomposição do amor tem menos atenção que a sua composição: nove por sete vielas e ainda vão apertados. O tempo, ao contrário do que se possa pensar não é para aqui chamado. Leopardos, calor, crianças, a falta delas e sobretudo o silêncio. Nenhum amor dispensa o ruído. Raivoso ou cavernoso, canibal ou bochechudo ou simplesmente rídiculo, como era o das palavras trocadas pelo magala e pela sopeira no banco do jardim. Os cemitérios proibem o ruído por alguma razão ( valores incompatíveis, diria Maquiavel). Ruído não é som. Ruído é repetição, diálogo sindical estabelecido entre uma tribo berbere e o espião. Ninguém sabe para o que serve, todos o erguem ordeiramente. Os terapeutas receitam diálogo porque sabem que já não há nada a fazer. A alta cultura transportou para dentro dos corpos essa mezinha bolorenta, porque a alta cultura detesta o amor. Desde que aprendemos a ler e a escrever, passamos a fingir. Deixamos de fazer ruído.
O MAL: O Luís apareceu-me complicadamente, nessa altura girava muito Tricky por aqui, my brain thinks bomb-like, my brain thinks bomb-like, e ele preso, beware of our appetite, e eu achava que ele estava mesmo preso, hell is round the corner where I shelter, ele nunca o disse mas tenho a certeza que martelava as paredes da cela, until then, you have to live with yourself. until then, you have to live with yourself. Depois o fantasma do Borges começou a meter-se entre o template e o plasma, insidiosamente, as costuras da cadeia começaram a dar de si, o Luís saiu, ou entraram os outros, não interessa, o dentro e o fora são pontos de vista. O Mal veio para o meio de nós e agora bebe daiquiris aí pelo convés assim que o Sol passa o lais da verga. Se este blogue tivesse música, hoje dava-lhes Charlie Haden. El ciego, claro.
HISTÓRIAS DE COCAÍNA - parte I: Pouca atenção foi dada à apreensão de 4 toneladas de cocaína em Almeirim esta semana. O Ricardo Dias Felner, no Público de ontem, depois de uma apetitosa chamada de 1ª página, limitou-se ao acontecimento em si. Mas há mais, muito mais. Depois de já aqui no Mar Salgado ter maçado por várias vezes os leitores com as travessuras dos manos Arellano-Félix , do grupinho Zambada-Garcia, do ópio afegão e dos nossos antigos negócios em Macau e Goa, aqui vai mais texto, apenas entretido, dada a exiguidade do espaço e da forma. Portugal é mencionado pelo menos desde 1994, como um importante apoio ao tráfico mundial de drogas ilícitas, mas tratarei neste post apenas da cocaína. No ano passado, o relatório do INCB ( International Narcotics Control Board) indiciava Portugal e a Espanha como os principais pontos de entrada de cocaína na Europa: 5% do total da cocaína apreendida em todo o mundo A policia espanhola apreendeu a 13 de Julho de 2004, em águas internacionais ao largo de Faro, quatro toneladas de cocaína, que rivalizam com a apreensão lusa desta semana. Estes números são espectaculares, mesmo se comparados com os americanos. Por exemplo, e segundo a DEA, a recente ( durou 27 meses e terminou a 13 de Junho) Operação Mallorca, que atingiu Gabriel Martinez e Edgar De Castro, conseguiu 947 kg, a Operação Trifecta, em Dezembro de 2001, na costa mexicana do Pacífico 9,2 toneladas; a Operação Santuário desmantelou um cartel colombiano-libanês e apreendeu 2,89 toneladas de cocaína. Os europeus andam normalmente longe destes números: um veleiro com bandeira do Belize e que tinha feito escala nos Açores, foi capturado em Brest com 1,194 kg ( ver história completa na Lettre International des drogues nº4 janvier 2002), enquanto que no aeroporto de Fiumicino, em Roma,em Maio de 2003, foram apreendidos 100 kg de cocaína pertencentes a uma organização italo-colombiana. Para terem uma ideia da importância dos números ibéricos, a totalidade da cocaína apreendida em 2003 na Eslovénia foi de apenas...30kg. Portugal esteve envolvido no esquema montado pelo antigo chefe da segurança peruana, Vladimiro Montesinos. Este camarada trabalhava com carteis peruanos e panamianos, e durante os anos 90 transaccionou enormes quantidades de cocaína para o famoso cartel de Tijuana. Montesinos era assalariado da CIA mas fazia um pé-de-meia interessante: organizou o seu próprio cartel, Los Camellos, e enviou quantidades incalculáveis de cocaína para Portugal, Itália e Espanha, entre 1995 e 1999. Uma das consequências do americano "Plano Colombia" dos anos oitenta, entretanto baptizado em 2001 de ACI (Andean Counterdrug Iniative), foi o da absoluta militarização do combate ao narco-tráfico. Os dólares e os meios ( armas, comunicações, etc) americanos passaram a tomar partido na eterna guerra civil colombiana. As FARC ( Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) , apertadas, mandaram as malvas os principios marxistas e no princípio dos anos 80 passaram a dedicar-se ao negócio da coca ( as FARC foram fundadas em 1964), que suporta anualmente cerca de 30 a 40% do seu orçamento. Uma das consequências interessantes foi a a eliminação dos chichipatos ( literalmente, "gente sem importância"), pequenos intermediários que recolhem a pasta de coca nas plantações, com medo que estes tivessem sido corrompidos pelos dólares americanos e passassem a ser informadores. As FARC especializaram-se na recolha e mais tarde na transformação da coca, tendo recentemente procurado estreitar ainda mais os laços com redes internacionais de armas e de terrorismo internacional, como mostra a detenção na Colômbia, em Abril de 2001, de Fernandinho Beira-Mar, um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro. E sabem o que estava Fernadinho a fazer na Colômbia? Tinha ido negociar o empréstimo às FARC, dos dólares necessários à compra de 10,000 Kalacnhikov importadas via Jordânia pelo antigo chefe do serviço de informações peruano...Vladimiro Montesinos. Portugal, com as apreensões verificadas este ano, demonstra estar definitivamente na rota preferida da mundialização do narco-tráfico - cada vez mais em simbiose com outros tráficos - sobretudo o da cocaína; existem muitas e boas razões para que tal aconteça, mas deixarei que quem de direito se pronuncie, pela minha parte farei apenas aqui e ali , alguma divulgação. Mas nada disto se trata de algo que não saibamos assimilar, pois que em tempos não muito distantes, fomos especialistas de renome mundial na matéria, lá pelas bandas do Rio das Pérolas e do Estreito de Malaca. O problema é que os tempos são outros, e agora são também outros que nos fazem a barba.
( a continuar)
Caro LNT/Tugir: make no mistake, as apreensões norte-americanas são enormes; o que eu quis dizer foi que mesmo para os padrões do Tio Sam, as apreensões ibéricas são ( demasiado) significativas. Quanto ao seu segundo ponto, lá iremos, na medida das nossas possibilidades e dos dados disponíveis...
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