A PRÉ-ÉPOCA: Duas candidaturas à sua esquerda, apodado de Kim-il-Sung pelo Rasputine do regime, pré-derrotado sem apelo nem agravo, entalado por uma parte não negligenciável do PS, sovado no século XIX por Vasco Pulido Valente e no Equador por Miguel Sousa Tavares ( dois ex-MASP) e, finalmente, já a 17 pontos-sondagens de distância do seu futuro rival, Soares só veio ver a bola. Parece que já está tudo decidido, aconselham-me a aguardar pela campanha eleitoral como que vê um desafio amigável de futebol. Todas as boas histórias começam assim. E esta vai ser muito boa.
posted by FNV on 2:58 da tarde
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BLUE VELVET: Leio a satisfação de muito boa gente com o honroso 1º lugar obtido por Cuba no ranking mundial do investimento em educação. Também estou. Entorpecido com uma admirável cachaça do Ceará que me ofereceram recentemente, nem reparei que as coisas tinham mudado na isla bonita. Agora, Cuba investe na educação. Como se sabe, tal significa no século XXI , aprendizagem da cidadania, da democracia, do pluralismo de práticas e de saberes, do respeito pelos direitos humanos, bem como o desenvolvimento de competências para pensar livremente. Uma bela surpresa.
A LAPA: Santana Lopes teve de sair outra vez, agora para ocupar o lugar de deputado, e Carmona Rodrigues assume pela segunda vez o cargo de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, sem nunca ter sido eleito. É obra!
"A esquerda europeia mostra-se tão pobre que, tal como o viajante no deserto aspira a uma simples gota de água, ela parece aspirar ao mero reconforto de uma objecção abstracta. Pela facilidade com que se satisfaz, pode avaliar-se a amplidão da sua indigência."
Texto publicado na Internacional Situacionista nº 11, de Outubro de 1967, não assinado. Será de Debord, de Trocchi, de Jorn?. Je ne sais pas.
posted by FNV on 9:14 da tarde
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SONDAGENS: Parece que Cavaco, o homem com qualidades, está à frente. Cuidado Aníbal, para ti esta quadra recolhida por Jaime Lopes Dias na sua Etnografia da Beira, citada por António Quadros:
Ó Divino Espírito Santo a pombinha quer fugir. Se quiser fugir que fuja; Vai ao céu e torna a vir.
posted by FNV on 8:54 da tarde
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KATRINA LUSITANA: Imagine-se o tratamento jornalístico de um furacão igualmente imaginário que arrasa a Cova da Moura, vitimando e desalojando a população local. Se ocorresse durante o mandato de Santana Lopes, viria ao de cima toda a incúria do governo para prevenir este tipo de situações e o racismo latente nas condições de vida das vítimas e na demora do auxílio, ignorando-se o fenómeno natural como causador da situação bem como a sua imprevisibilidade e magnitude. Se ocorresse durante o mandato de Sócrates, este poderia estar a banhos em qualquer parte do mundo e regressar semanas depois e, na sua ausência, assinalar-se-ia apenas o fenómeno como uma catástrofe natural que não escolhe dia, hora ou local para acontecer nem, logicamente, as respectivas vítimas, não sendo possível impedi-lo e não existindo em lado algum meios imediatos para fazer frente aos seus imprevisíveis efeitos.
posted by Neptuno on 5:29 da tarde
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MEMÓRIAS: Habituado a ler com atenção e interesse o blog Causa Nossa, tenho-me deparado recentemente com coisas que me deixam estupefacto e completamente aturdido. A última que me deixou assim consta de um escrito de Vital Moreira. Diz VM que, "como era de esperar, Cavaco Silva está à frente, à partida. Os seus adeptos rejubilam. Prematuramente o fazem, porém. (...)" Semelhantes frases merecem ser dissecadas e, não sendo eu propriamente um "adepto" de Cavaco Silva (nem sei se ele se candidata), estou à vontade para o fazer com todo o respeito que devo ao meu antigo mestre coimbrão.
Primeiro, haverá mal que os adeptos de Cavaco Silva rejubilem por se depararem com umas sondagens que dão a CS uma enorme vantagem, quando este nem é ainda candidato? Segundo, os apoiantes de Mário Soares não se passearam em júbilo e em rejúbilo, às cotoveladas e abraços, alegres (nenhuma relação...) e contentes, com rasgados sorrisos pelos salões do Altis ainda na semana passada? Não terá sido isso mais prematuro do que reagir às primeiras sondagens? Terceiro, porque é que "era de esperar" que CS estivesse à frente? A candidatura de MS não era a tal que a esmagadora maioria dos portugueses preferia? Não foi ainda há dias que os apoiantes de MS diziam que a sua candidatura era a mais querida pelos portugueses? Que os iria unir e outras balelas do género? Isto passou-se há 8 dias, convinha não esquecer.
posted by VLX on 1:03 da tarde
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A LER II: Miguel Sousa Tavares, hoje, no Público. O de hoje é mais fácil de encontrar.
posted by VLX on 12:16 da tarde
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A LER: artigo de José Pacheco Pereira de ontem, no Público. Vejam a versão on-line, procurem o jornal nos quiosques, nas peixarias, nos caixotes do lixo, onde quer que seja mas encontrem o artigo e não deixem de o ler. Actualização: está também no Abrupto.
posted by VLX on 12:05 da tarde
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POLÍTICO COM QUEM GOSTARIA DE ALMOÇAR: Hoje? Manuel Alegre, claro.
posted by VLX on 11:57 da manhã
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OUTRA VEZ ELEFANTE?: As possibilidades de êxito de Mário Soares nas próximas eleições presidenciais irão, novamente, depender do "apetite" de certa esquerda. No seu primeiro mandato como PR, Mário Soares foi um elefante duro de engolir por alguns camaradas, que nunca lhe perdoaram o seu papel na luta pela democracia (contra a esquerda soviética) ou mesmo o "socialismo na gaveta". No entanto, tiveram que o "engolir", como única forma de derrotar o satânico "candidato da direita". Sabendo que só poderá derrotar Cavaco se conseguir congregar os votos de toda a esquerda, eis que, vinte anos depois e com "ratice" assinalável, o "elefante" tenta suscitar a gula dos seus renitentes mas, ainda assim, potenciais comensais. Não admira pois que se venha cobrindo de "molho" radical e extremista, que disfarce aquele sabor de outrora, tão indigesto como inesquecível para clientela tão contratriada. Na falta de outras opções no menú, a desavinda família da esquerda interroga-se: "Como é que vai ser? Outra vez elefante ou vamos a outro restaurante?
posted by Neptuno on 11:56 da manhã
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DÚVIDA PARA SEXTA-FEIRA: Ainda não há uma semana, José Sócrates afirmava que os portugueses precisavam desesperadamente de uma candidatura presidencial que os unisse. Face aos esmagadores resultados das primeiras sondagens, irá o PS retirar o apoio à candidatura de Mário Soares, a bem dos portugueses?
posted by VLX on 11:47 da manhã
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APARENTEMENTE...: A cerimónia aparatosa da implosão das torres de Tróia, com a presença do Primeiro Ministro - entre outras entidades - e todo o arraial televisivo da operação "passaram" para o país uma imagem de progresso. De destruição do velho e obsoleto e de construção de algo novo e moderno. Infelizmente, nas entrelinhas da festa, quem reparou nos pequenos excertos do discurso do Engº Belmiro certamente que reconheceu o país em que tem vivido, quando ele apontou que não há muitos empresários no mundo que tenham paciência suficiente para estar OITO anos à espera de uma decisão sobre um processo administrativo, com aconteceu neste caso.
posted by Neptuno on 11:45 da manhã
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"OS PORTUGUESES CONHECEM-ME": As sondagens hoje publicadas não têm o reduzido valor que geralmente se lhes atribui. A enorme diferença registada, pela positiva, entre uma candidatura que ainda não o é e uma outra que se julgava colher apoio unânime dos portugueses permite retirar conclusões bastante clarificadoras, começando desde logo por esta: os portugueses definitivamente não querem Mário Soares na Presidência da República.
E contra isto não vale dizer-se que "são sondagens", que "em 1986 eram piores os resultados" ou que "a coisa melhorará durante a campanha, como aconteceu no passado". É que a situação actual é muito diferente da que aconteceu há 20 anos: hoje, MS poderia dizer com mais propriedade que os portugueses o conhecem, o que é inteiramente verdade. Vinte anos passados, não há português que não conheça MS, o seu pensamento, os seus desejos, gostos, intenções, objectivos, a cor das gravatas ou a marca dos charutos. Se, conhecendo-o tão bem, os portugueses lhe atribuem já este desastroso resultado nas sondagens, por alguma razão é e a mais evidente é a de que não o querem mais em Belém.
O facto de os portugueses já o conhecerem tão bem, hoje, leva ainda a uma segunda conclusão, a de que não é em campanha que os resultados se irão modificar. Os portugueses não precisam de campanhas para conhecer MS, estão fartinhos de o conhecer, não conhecem eles outra coisa e é por isso que a campanha não vai alterar nem melhorar muito o estado de coisas (com a agravante de que MS já anda em campanha há mais de um mês, contra alguém que ainda não lhe ligou nenhuma).
Por fim, não há comparação possível entre a situação política actual e a de 1986 nem entre a relação MS/portugueses actual e a de 1986. O que seria suposto, hoje, era MS ter nas sondagens um resultado fabuloso e nas urnas um menos bom. A estrondosa derrota que logo nas sondagens se lhe agarra (mesmo já em campanha pessoal e contra uma candidatura inexistente) destrói qualquer intenção ou veleidade de MS quanto às presidenciais.
Imagino que hoje perpasse um enorme espanto na casa de MS. Maria está atónita e sem fala e o Joãozinho, a quem estão ainda a tentar explicar o que se passou, não pára de tremer. Ninguém compreende nem percebe que tudo se resume a uma questão de carácter pessoal: os portugueses não gostam de quem prega rasteiras aos amigos. E assim se fazem todos Alegres.
DAQUI POSTO DE COMANDO: O Ten.Cor. Alpedrinha está neste momento na SIC-N, a avisar os portugueses que os militares estão muitos descontentes com as desconsiderações que têm sofrido. Disse mais: apelou ao "primeiro-ministro engenheiro Sousa Pinto", depois corrigiu, "Sócrates", para tomar em atenção não sei o quê. Eu acho que isto é uma contra-senha. Razão tinha o Alberto Soares, quando avisou faz agora quase um ano, sobre o golpe iminente. Perdão, o Mário. O Coiso. O Eminente. O Eminem. Eliminem. XTRTQ----ZZZZ_DRTE--ROGER-ALFA-TANGO-BRAVO----,,OPOIUTQZZZZzzzzzzzz.
posted by FNV on 10:28 da tarde
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SATISFACTION ( I CAN GET NO): Um promotor imobiliário que alguns poderiam confundir com o engenheiro Sócrates, acabou de bater agora mesmo na TV, um recorde mundial : utilizou dez vezes a palavra "confiança" em dois minutos de discurso. Parece que o homem está a apresentar um resort de mãos dadas com a natureza. Ou com outra coisa qualquer, nunca (con)fiando.
posted by FNV on 5:05 da tarde
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OS MENINOS DA RIBEIRA DO SADO: As TV's nacionais estão excitadíssimas com a implosão de dois prédios em Tróia, a SIC e SIC-N estão mesmo a fazer uma edição especial sobre o tema. Sou de facto um mau patriota: não alcanço o significado nacional deste acto de construção civil. O PM estará lá, falta saber se o PR também, mas o acto deveria contar com a presença de uma fanfarra e de um bispo. Assim até eu me ia sentar diante da TV, com a bandeira da selecção numa mão e um prato de tremoços na outra.
posted by FNV on 4:15 da tarde
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CREDIBILIDADES: Vital Moreira, no Causa Nossa, acha que "o lugar das fardas é nos quartéis". É curioso não lhe termos ouvido isso aquando das queixas de alguns chefes militares contra o anterior Ministro da Defesa, por questões quase pessoais ou de lana caprina se comparadas com as actuais. É pena que as opiniões de importantes comentadores da nossa praça vagueiem ao sabor de quem está no governo: se são os amigalhaços, toca a defendê-los; se são os outros, marchar, marchar. É por isso que os portugueses já não acreditam nos políticos. Nem nos comentadores.
DESCUBRA AS DIFERENÇAS: A seguir aos bombardeamentos de Londres, todos aplaudiram, e muito bem, a política dos meios de comunicação britânicos, sobretudo das televisões, de procurar não mostrar imagens dos cadáveres. Agora leiam esta notícia da Reuters, bombasticamente intitulada "U. S. agency blocks photos of New Orleans dead". Depois vai-se a ler o textinho, e parece que as coisas não são bem assim. Parece que o dito órgão (a Federal Emergency Management Agency) se limitou a rejeitar os pedidos dos jornalistas que queriam "acompanhar" os agentes nos barcos destinados ao resgate dos corpos. E parece que o dito órgão se limitou a pedir aos jornalistas que não fizessem fotografias dos mortos. Repito: a notícia, e o título, são da agência noticiosa britânica Reuters.
posted by PC on 10:50 da manhã
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VERDADES SEJAM DITAS: Hoje (ontem), num conhecido programa televisivo da SIC Notícias, um igualmente conhecido comentador e activo político defendia a candidatura de Mário Soares dizendo que ele era tão independente que até tinha agido, como Presidente da República, contra o seu próprio partido, dissolvendo a Assembleia da República em 1987. Acontece que nessa altura, as hipóteses eram duas: ou dissolvia a AR e fosse o que o povo quisesse ou colocava o PS com o PRD de Ramalho Eanes no poder. Ora Mário Soares nunca colocaria o partido de Ramalho Eanes no poder - o egoísmo político que lhe é reconhecido nunca lho permitiria. Daí que o episódio não seja um reconhecimento da sua independência: é apenas o reconhecimento do seu egoísmo, da sua justiça muito própria, das suas pequenas brigas e da menoridade e utilização pessoal que faz do Partido Socialista. Que este partido político não tenha ainda percebido o facto (mesmo com o "episódio Alegre") e que tenha ainda dirigentes a defender o feito é que é surpreendente.
posted by VLX on 2:31 da manhã
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É P´RÓ AVÔ E É P'RÓ BEBÉ: Jorge Sampaio tem uma forma de agir politicamente que é completamente desconcertante. Desta feita foi a uma escola infantil mandar recados para adultos. Foi para os miúdos com um discurso sobre a ética republicana (o que quer que isso seja...), que os funcionários tinham de se sacrificar e aguentar todas as maluqueiras do governo, que devia haver transparência e lisura, que deveria haver capacidade de abandonar o cargo, que a dita "ética republicana" proibia o funcionário de se servir da república, de se aproveitar dela para si próprio ou para grupos de amigos, etc., etc.. Num meio infantil, seriam apenas bocas para Mário Soares?...
POR DEBAIXO DO CALVIN: Leiam na última página do Público de hoje, o artigo (??!!!) de Maria João Guimarães, feito a martelo à base de leituras de www. Diz a senhora que na Inglaterra "os asiáticos não-muçulmanos estão a sofrer também com o grande aumento dos crimes e assédio contra os que seguem o Islão". Depois diz-nos que existem 560 mil hindus e 360 mil sikhs na Grã-Bretanha. Não acham estranho, com tantos não-muçulmanos assediados e vitimizados, o silêncio da imprensa inglesa? Existem os descerebrados que gostam da guerra, e existem as descerebradas preguiçosas que sonham com ela.
Pedro: obrigado pelas referências. Fui ao muslimnews.co.uk/news ( um site deveras encantador ) e carregando no botãozinho do search procurei recentes ataques a muçulmanos e a hindus: no search results, exceptuando o caso de um casal do Turquemenistão a quem um idiota atiçou três cães ( um cão grande e negro, outro grande e castanho e um pequeno e preto). Vou ver se para a próxima consigo comprovar o "grande aumento ( na Inglaterra) dos crimes e assédio contra os que seguem o Islão", como diz a peça do Público. Pelo menos tu já estás ao corrente. Um abraço.
Grande Pedro: "um meu criado", e que criado! Até adivinha as minhas preferências mediáticas britânicas. Se adivinhares a cor da camisa que tenho vestida, tens pasteis de bacalhau para o SportingXSLB. Juro!
posted by FNV on 9:29 da tarde
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UM PAÍS DE LARANJAS: O futebol é uma categoria identitária como outra qualquer. Portugal é vice-campeão europeu, tem jogadores excelentes e admirados em todo o mundo, e está virtualmente apurado para o Mundial da Alemanha. Jogou hoje na Russia, empatou, e exceptuando os primeiros 15 minutos, dominou o jogo, esteve como quis. No final, Gabriel Alves, um histórico do "serviço público da RTP" ( logo, de uma certa mentalidade lusitana) estava amuado: "sabor amargo", "Portugal deveria ter ganho o jogo". A 27 de Maio de 1983, Portugal levava cinco golos da URSS em Moscovo, e Bento queixava-se da falta de laranjas e de leite no hotel. Hoje, mesmo ganhando no confronto directo com os filhos do outro império, continuamos com as lamúrias. É, apesar de ser terreno da bola, um retrato de um país que dá a ideia de se sentir mais confortável no desespero do que na confiança.
posted by FNV on 8:51 da tarde
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É SÓ FAZER AS CONTAS...: Se 20% da área florestal ardida foi do Estado e este possui 10% da floresta em Portugal, parece razoável concluir que, em termos relativos, ardeu mais floresta ao Estado do que aos particulares, sobre quem o governo socialista quis fazer recair as responsabilidades. Ilustrativo deste governo socialista que temos, não é? Passam-se os anos e continua sem saber aritmética.
posted by VLX on 12:32 da tarde
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1/5: Parece que um quinto da mata que ardeu este ano é do estado. Não tendo sido limpa ardeu num instantinho. Sendo do estado, é de todos nós, sendo superiormente gerida pelos nossos governantes. Legislando no sentido da limpeza cominatória das matas, o governo resolveu o problema de uma forma brilhante. Sendo proprietário, é responsável pela limpeza mas, tratando-se do estado, essa responsabilidade resume-se a uma responsabilidade política. Como em Portugal tal coisa não existe (nem responsabilidade politica nem outra qualquer...) o problema real continua a agravar-se mas, o problema poíitico (o único que interessa aos nossos governantes, independentemente da cor) extingue-se com o anúncio da "medida de fundo" no telejornal. Afinal, politicamente falando, tudo funciona bem.
posted by Neptuno on 11:41 da manhã
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AMERICANISMO: Independentemente do que escrevi no post anterior, é inegável que a representação do americanismo na Europa é maioritariamente negativa, hoje em dia. Nada de novo: os europeus foram sempre eficazes em reduzir uma cultura ou uma região do globo a uma série de estereótipos. Assim fizeram com os chineses, com os árabes, com os selvagens de África. O americanismo europeu actual é sobretudo uma forma de poder: "nós" dizemos o que os americanos são ( por exemplo, no referido fórum da TSF, um cromo dizia que as estradas estão todas esburacadas). Julgo portanto ser errado falar-se de "anti-americanismo", pois que o prefixo ilude a razão de ser do discurso. O americanismo é um conjunto de simplificações apressadas e de ignorâncias lentas, como o são todas as representações culturais coevas desse modo de pensar o Outro. Os europeus achavam os árabes incapazes de raciocinar logicamente, agoram descrevem "os americanos" como um bando de cowboys. Mas o americanismo europeu, fundado numa suposta distância civilizacional, tem ainda outra face. Ao contrário do passado, os europeus não podem assumir superioridade industrial, científica ou bélica sobre o alvo da representação. Talvez isto explique por que razão o americanismo deslize tantas vezes para a manufactura de esterótipos sociais e políticos. Os americanos, os "maus americanos" ( como no passado havia os "maus árabes" mas também os "bons árabes", os que suportavam as administrações coloniais europeias) são coisas: "religiosos fanáticos", "violentos", gordos", egoístas", e por aí fora. A Europa, que não consegue unir-se em torno de um texto fundamental, tende por defeito de americanismo, a unir-se numa representação do americano. Poderá dizer-se que o americanismo é exagerado pelos media e pela influência dos de sempre nos media, mas parece-me ser atitude de avestruz não reconhecer que existe o problema. E historicamente, a aventura dos arquivos compilados de representações fantasiosas e preconceituosas sobre o Outro, acaba mal.
posted by FNV on 11:34 da manhã
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PINÓQUIOS: No forum da TSF, dedicado à sempre demolidora tarefa de bater em Bush, um professor universitário, José Carvalheiro, diz a certa altura para demonstrar a sua tese sobre os EUA: "é um país onde reina o medo, eu inclusive fui lá ameaçado durante um piquenique, por uma mulher armada". A teoria segundo a qual esta gente não é anti-americana, mas sim anti-Bush, faz-me sorrir. Os mais novos que vão aos arquivos ver como esta gente malhou nesse grande intelectual democrata de esquerda, Bill Clinton, quando a NATO, sob comando americano, pôs ( finalmente) termo aos massacres na ex-Jugoslávia. Na altura, uma bomba caiu perto de um hospital: leiam ( ou releiam) o que se disse dos EUA e de Clinton. A talhe de foice, é a primeira vez que vejo as consequências de um desastre natural, no caso o Katrina, serem direccionadas para a responsabilidade política. Nos terramotos turcos e iranianos, no tsunami do sudeste asiático e em muitos outros tristes acontecimentos, não me lembro de ver a imprensa internacional e os homens bons da lusitânia a perscrutarem as responsabilidades políticas dos presidentes, o modelo social dos países onde estes desastres ocorreram, as convicções religiosas dos líderes de então. É de facto uma estreia.
NÃO DEIXEM CAIR A PETECA!: A cultura de shopping pode ter inesperados efeitos positivos. Recentemente, a Lusomundo abriu, no Dolce Vita, mais de uma dúzia de salas, onde passam os filmes que passam em todos os shoppings do País. Os Cinemas Millenium perceberam que a sua única hipótese de sobrevivência será trazer os filmes que não correm no mainstream. Aplauso. Já vi o excelente Aaltra e o mirabolante Rainhas. Espero ver, de preferência com o nosso FNV, Os Edukadores. Infelizmente, de cada vez, estavam para aí uns dez espectadores na sala. Assim, não há cinema que resista. Espero não ter de assistir à segunda morte do Teatro Avenida.
posted by PC on 1:31 da tarde
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DESGRAÇA ALHEIA: Não há nada de que os pobres mais gostem do que ver os ricos a apanhar na tromba. Principalmente se o rico já alguma vez ajudou o pobre, se lhe deu uma camisa, uma moeda para o copito de três ou lhe matou a fome com uma malga de sopa. A alegria incontida que aí vai por alguns comentadores por causa do Katrina é execrável. O júbilo pelo toma lá que também levas devia pelo menos ser mais discreto. É que existem muitos seres humanos a sofrer e só isso deveria bastar para a contenção nos comentários, por mais contentes que certos comentadores estejam.
posted by VLX on 12:53 da tarde
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MAIS UMA MÃOZINHA: Jorge Sampaio vai dar uma almoçarada às chefias militares, para a qual convidou também o PM e o Ministro da Defesa. Em todo o seu esplendor, o camarada Jorge abre o palácio e vai oferecer uma vez mais uma mãozinha aos seus camaradas socialistas, presumindo-se que desta feita seja de vaca, acompanhada de batatinhas salteadas e legumes gratinados. Antes, deverão atacar uma sopinha de tomate gelada, em homenagem ao ambiente que lá deve estar, mas à sobremesa irão já deliciar-se com peras bêbedas. Diz-se que o vinho será tinto (marca e ano não divulgados) e muito, para que no final, todos em lágrimas, acordem amigavelmente não fazer mal ao governo antes da sesta. Pherpeitamente.
Por onde anda a nossa oposição?
posted by VLX on 12:12 da tarde
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QUEIMAR A MÚSICA QUE NOS DÃO: Antes de nos pronunciarmos sobre a valia das alterações ao combate aos incêndios que o governo soprou à comunicação social que iria anunciar hoje, conviria que reflectíssemos sobre dois pontos que saltam à vista: ou estas medidas foram feitas em cima do joelho ou o governo andou a mentir-nos durante todo o mês de Agosto - pois assegurou-nos que tudo estava bem, que o combate aos incêndios era o melhor, que as estruturas estavam correctas e funcionavam e que os meios bastavam e agora quer mudar tudo. Qualquer das duas hipóteses possíveis é má (é péssima!), quer o governo nos tenha mentido antes quer ande agora a toque de caixa a apresentar medidas provavelmente pouco estudadas e certamente nada fundamentadas. Pois que se as medidas estavam em estudo, mentiu-nos; se não nos mentiu, as medidas foram tomadas levianamente e à pressa, só para as televisões.
Atente-se, por exemplo, naquela que quer pôr fim ao conceito de época oficial dos incêndios. À partida pareceria coisa boa (devemos ser o único país no mundo que tem uma época de incêndios, definida como tal e com direito a menção no diário da república), mas logo depois vemos que o ano será dividido em duas fases, Alfa e Bravo (os nossos governantes gostam tanto deste tipo de coisas...), presumindo-se que a primeira se reportará à actual época de não incêndios e a segunda à de incêndios. Para o ano, uma das grandes medidas do governo contra os incêndios será certamente o alargamento da fase Bravo. Esta medida, bem como a aventada criação de um corpo especial de combate aos incêndios, pressupõe também uma desconfiança enorme relativamente aos nossos bombeiros e demais elementos ligados à "indústria do fogo", quer no modo como desempenham a sua actividade quer nas negociatas que em surdina se diz existirem. O governo tem dados sobre isto? Seria conveniente que nos esclarecesse sobre o assunto, sobre os motivos que o levam a agir como age.
Por fim, repito o que disse Luís Delgado no DN, há uma semana: onde anda a oposição, o que anda a fazer, porque permite que o governo tudo faça e diga sem apontar o ridículo, o absurdo, a farsa?
SINAS: É a terceira vez que Valentim Loureiro se refere à altura de Marques Mendes, utilizando a diminuta estatura do líder do PSD como sinónimo da sua fraca capacidade política. Uma vez, em tempos que já lá vão, aqui no Mar Salgado, comparei o Prof. Tournesol ao Prof. Sousa Franco, dada a sua assumida surdez, grau académico e reconhecida tendência para a irritabilidade. Na altura levei uma reprimenda de um companheiro de embarcação, mas defendi-me dizendo que a associação da característica física à personagem do Tournesol nada tinha de pejorativa, constituindo antes um exemplo ( eventualmente criticável) de humor inofensivo. Disse e mantenho. Valentim Loureiro faz exactamente o contrário: associa a pequenez física de Marques Mendes à sua putativa pequenez política. Ninguém levantou um cabelo. Fosse Marques Mendes gay ou chinês, e os meninos e meninas da SIC não deixariam de pôr no ar, a seguir aos comentários de Valentim, um ou dois dos seus habituais comentários presumidos e moraleiros.
Caro Vasco: corrigido está, obrigado. Deixei de ter a função draft, por isso estas coisas acontecem ainda mais frequentemente. Abraço.
posted by FNV on 9:32 da tarde
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CALÍMACO: Dizia: Não canto nada que não esteja documentado. Uma boa regra para jornalistas de furacões.
posted by FNV on 9:04 da tarde
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TOIROS: Aos meus blogo-amigos aficionados: quem sucedeu, na arte do toureio a cavalo, a Alfredo Tinoco e Manuel Mourisca? Uma ajuda: morreu em praça, arrastado pelo seu cavalo, na tarde sombria de 12 de Maio de 1907.
Pois vamos, Pedro, e em breve. Um abraço. Fernando de Oliveira, exactamente, caro anónimo. Se era o Azeitona, isso já não me recordava, obrigado pela informação. Depois da morte de Oliveira, era em Victorino Froes que residiam as esperanças da arte, mas não sei se Victorino se chegou a profissionalizar.
posted by FNV on 8:53 da tarde
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BIZARRO PAÍS: País muito curioso, este, que tem já três candidatos presidenciais cujo único (ou, pelo menos, principal) objectivo declarado é contrariar uma não-candidatura. Como poderá haver alguém que nos leve a sério?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.