Mircea Eliade entendia que o comunismo era uma conspiração sionista. Mircea Eliade não faria figura de excêntrico em muitos blogues portugueses.
posted by FNV on 3:44 da tarde
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CANÇÃO DA PRIMAVERA:
Chegaram os passarinhos. Chegará também aquele nero come un corbo vecchio que Carducci apreciava. Esse não faz os ninhos nos beirais, faz-nos o ninho atrás da orelha. As peles e as carnes estão com pressa de se mostrar, os piercings escondidos refulgem como gatilhos oleados. O amor está no ar em prejuízo da camada de ozono. Fará bom tempo para os africanos que procuram as costas da Europa, ainda que os bárbaros não saibam receber.
posted by FNV on 11:01 da manhã
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NÚMEROS CERTOS:
1) As manifestações da CGTP em Lisboa ( o resto é paisagem) são redondas: 5.000 as pequenas, 50.000 as grandes. No ambiente sindical comunista até o protesto é matemático.
2) 1% de IVA a menos é pouco, muito ou precipitado consoante as doutas opiniões. Continua a ser 1%, isso é certo. Ou pelo menos assim pensa este sinceramente vosso que não percebe nada do assunto.
A culpa não acaba por decreto, fique descansado o meu caro João. Vai continuar a haver muita, para deleite ( e proveito) dos psicólogos ( esta parte não sei se o João apreciará). Depois da assinatura da concordata ( foi Almeida Santos, se não me engano, o representante do Estado português), o divórcio disparou em Portugal. E a culpa não acabou, não senhor.
posted by FNV on 11:07 da tarde
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SÁ DE MIRANDA, SEMPRE:
Dizei-me: e quando será Que nos lembre e que nos doa Quão certa que a queda está. Seguindo a mentira má, Deixando a verdade boa?
Anos a fio a ouvir histórias de amores e é sempre a mesma coisa: elas querem tudo, eles só querem uma coisa. Se há um amor feminino, ele é uma mancha de óleo no mar do norte. Elas querem filhos, carinho, segurança, dinheiro, diversão. É um amor adulto, total, absoluto. Se existe um amor masculino, ele enrola-se na posse. O corpo delas, evidentemente, mas também a cabeça. O ciúme masculino é sempre um adiantamento que a imaginação faz ao lençol. Mas esgota-se quando chega o novo catálogo. É um amor igual ao que as mulheres têm por um par de sapatos novos.
O vídeo da aluna do Porto é o equivalente actual dos dois minutos de ódio de "1984". Nos cafés, nos blogues, nos jornais, toda a gente quer enfiar um par de estalos na miúda, toda a gente se baba de raiva, toda a gente vê as imagens religiosamente. Finda a stasis, toda a gente regressa ao brando rumor da vida.
posted by FNV on 11:28 da tarde
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O MUNDO COMO ELE É:
1) Um homem foi condenado por burlar uma cooperativa de trabalhadores agrícolas. O seu advogado foi Arnaldo de Matos, o ex-Grande Educador da Classe Operária.
2) As escolas estão mal, dizem. Vão enviar pelotões de psicólogos para a escolas, diz o secretário de estado. Não há nada que não aconteça às escolas, digo eu.
3) A srª Clinton disse que certo dia aterrou na Bósnia sob fogo de snipers. Afinal aterrou em segurança e foi recebida com flores, dizem as imagens. Mas foi na Bósnia, isso é verdade.
posted by FNV on 1:25 da tarde
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SANDRO PENNA, SEMPRE:
Se passa una belleza che va in freta non hai l'anima nera, per non averla stretta. Tu guardi al cielo verde nella prima sera. Passata è la bellleza in bicicletta.
Há uns tempos foi a lata amolgada na estrada, depois o "surto de mortes violentas", agora são os vídeos de "indisciplina na escola" ( estão quase a chegar os fogos). Pelo meio, gente consabidamente malcriada e desorganizada vai à televisão perorar sobre boas maneiras. Hilariante. Também é digna de nota a quantidade de desmiolados que asseguram que "dantes é que era bom". Estudem - uma vez que não se lembram ou não tomaram a medicação - o sistema de ensino português no início dos anos 80: meninos-família que espancavam presidentes do conselho directivo, droga à larga nos recreios ( foi o começo), professores estágiários aos magotes, velhos docentes inadaptados que ninguém ouvia nem respeitava. Os miúdos de hoje sabem mais do que os de ontem, qualquer pai honesto o reconhece: o trolha, sem esforço, o doutor, com relutância. É claro que há mais granel: as aldeias foram rapadas e toda a gente entrou ( Coimbra está cheia de parolos e broeiras que passam a vida a berrar pelas ruas). Por isso digo com o João Alves ( quando treinava a Académica) : Querem ópera? Vão ao São Carlos!
posted by FNV on 8:43 da tarde
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POLÍTICA E EMPRESAS: A propósito de Política, partidos e empresas, o Financial Times tem hoje este artigo que me parece bem interessante e onde encontro reflectida a minha opinião sobre o assunto. Curiosamente o artigo é de um experiente profissional do mundo da publicidade:
Business and politics are worlds apart By Maurice Saatchi
Wherever businessmen gather these days, the subject soon turns to the faults of politicians. You often hear it said: “How incompetent they are!” And then, by way of comparison: “If only they were more like us.”
So it was that one chief executive recently denounced the political class for making decisions “on the back of a fag packet”. Another told the FT: “If I ran my business like that, I’d get the sack.” What the critics usually mean is that politicians should be more “businesslike”. Is that possible?
The record seems to show that there is no similarity between politics and business. They are parallel universes with their own solar systems, time zones and laws of gravity.
Consider regulation. Businesses are used to legislation that prevents them from preying on the innocent widows and orphans of humanity. “Facts” require verification. False or misleading statements bring severe penalties, enshrined in various Companies Acts. So business people ask: if the Financial Services Authority can supervise business, why cannot a Political Services Authority do the same for politics?
There have been many heroic attempts to impose such a regulator on politics. The latest effort ended when the Advertising Standards Authority threw up its hands in horror and withdrew altogether from scrutiny of party political advertisements. People said this was because politicians are inveterate liars. But is that it?
Imagine an election in which daffodil production was the number one issue. The government would say: “Daffodil production is up!” The opposition would say: “Daffodil production is down on last year.” Then, the government would say: “Daffodil production is higher than under the previous government!” The opposition would say: “Daffodil production is lower than the European Union average.”
The striking feature of this exchange is that everyone could be telling the truth. The regulators did not give up because politicians are liars, but because “objective truth” in politics is hard to find.
Noting public cynicism about politics, business critics say: “Wouldn’t we be better off with proper corporate governance procedures in politics – ie the chairman does this, the chief executive does that?” Just as in business, all neatly codified for easy reference.
Brave souls have sought to implement such a logical structure in a political party. In Britain, the Conservative party has done best, with a properly constituted board of directors, a majority of whom are non-executives and not paid party officials. But even that admirable structure could not stretch to the concept of a chief executive. When that was tried, the “CEO” understandably felt he had some claim to power. He thought he was entitled to express political “views”. The experiment soon stopped.
Business structures fail in politics because a political party is not just an organisation. It is a movement, at the top of which is a leader and a court. There, if the eye of the king alights on you, you are powerful. If the king’s eye roams onto another, your strength ebbs away. No other power structure exists in politics.
Business critics note the number of political leaks to the newspapers and contend that this is a sure sign of mismanagement. At Procter & Gamble, for example, internal debate over whether the “end benefit” of Ariel is “whiteness” or “stain removal” has gripped the minds of generations of executives. But you do not read about their deliberations on the front page of the Daily Mail. Nor does any division manager go into print to denounce one side of the argument. Why? Because “political strategy” is hotly debated in every pub and living room in the country. “Whither Ariel?” is not.
Critics say politicians would make fewer mistakes if, like businesses, they conducted professional due diligence before they acted. But that is exactly what politicians do. They test concepts. They test statements. They test speeches. They test policies. They test phrases. Faces. And voices. They do pre-testing. Post-testing. Day polling. Night polling. National polling. Local polling. Nobody knows more about marketing breakthroughs in neuroscience than those running for office. All to no avail. There is no magic lamp that can lead you to the presidential desk in the Oval Office or the prime minister’s chair at Number 10.
But if politics is not like business, what is it like? The record shows that the jury of public opinion is like the jury in a court of law: motive is all. The jury seeks motive and intent. It wants to see a motive and for it to be something “good” in the moral sense.
The proof comes from the masters of politics. When J.F. Kennedy was asked, as a presidential candidate, how he intended to defeat communism, he said it would take “more than air power, or financial power or even manpower”. It would take “brain power” that he defined as: “The mastery of the inside of men’s minds. So that people could see the splendour of our ideals.”
President Ronald Reagan, who actually did defeat communism, told Americans they could only win if they: “Never allowed themselves to be placed in a position of moral inferiority.”
Napoleon described the difference between victory and defeat as: “Three parts moral. One part physical.”
Here, then, is the crucial difference between business and politics. In business, the motive of the provider of the product is beside the point. In politics it is the whole point. It follows that politics is not a market and a political party is not a brand. As a party is not a brand, business disciplines do not apply. So next time you hear it said: “If only politicians could be more businesslike”, you can say that business has as much to do with politics as a cheese knife has to do with the man in the moon.
The writer is executive director of M&C Saatchi and former co-chairman of the Conservative party
posted by NMP on 7:07 da tarde
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NOBEL DA PATAFÍSICA:
Estive uns dias fora, é certo, mas alguém me informa se perguntaram ao dr.Mezeses como é que ele articula o "partido-empresa" com o "fim da lógica mercantilista do pagamento de quotas"? Ou, nas teses exauridas por aquela extraordinária comissão política, empresa não rima com mercado?
posted by FNV on 5:44 da tarde
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O SÍNDROME PARANÓIDE-PROVINCIANO:
Há muitos provincianos em Lisboa ( como os há em Londres ou noutro lado qualquer), mas o provincianismo portista tem um je ne sais quoi patológico. Hoje, na "Bola", Miguel Sousa Tavares diz que a "imprensa lisboeta está a tentar vender o Quaresma". Os paranóicos têm a sua graça. Se fosse verdade - a influência da imprensa lisboeta na política negocial da SAD dos andrades - era bonito vender o Luís Filipe ao FCP.
posted by FNV on 1:41 da tarde
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HEY, TEATCHERS, LEAVE US KIDS ALONE:
Os pais e os professores destes miúdos cresceram com o hino dos Pink Floyd. Achavam piada e na altura não queriam ser another brick on the wall. Agora, inchados de gravitas, querem enviar a tropa de choque para as escolas e internar os piorzitos em laogais especializados. E ainda não viram nada. Os revolucionários devoram sempre os seus filhos.
Se o fisco não tem dinheiro nem pessoal, que arranje um e outro: os cidadãos que se casam não têm de fazer o papel de fiscal dos impostos. O ministério das finanças que se preocupe com as trapalhadas dos bancos, dos paraísos fiscais, dos casinos e dos sobreiros. Ou o lema é ne travaillez jamais?
Nós não somos pequenos, as ondas é que são grandes. Quando os novos batem nos velhos, não é nenhum sistema especial que está em causa nem sequer uma questão de educação. O mundo fez-se assim, é uma fatalidade anunciada. O que é novo é a decepção. Acreditámos na pureza da idade inocente como se essa categoria redentora pudesse curar um mundo gasto: uma fronteira longínqua foi ultrapassada. Os velhos querem ser novos a toda a força. Correm como gazelas, tatuam-se, emagrecem, orgulham-se de possuir uma mente jovem, exigem o direito a namorar. Naturalmente, esbatem as diferenças. O que sobra é a força como critério de correcção; e a força é sempre das ondas, nunca da praia.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.