O 4º PODER: Inês Serra Lopes afirmou hoje à RTP 1 - a propósito da publicação no "Independente" da transcrição de parte das famosas gravações desaparecidas - que, no que toca à decisão editorial de publicar tais peças "...a legalidade não é o único critério, nem sequer o principal". Aceitamos que assim suceda no campo das opções jornalísticas. No entanto, numa democracia, a legalidade terá que ser sempre a realidade conformadora de todas as actividades sociais, sob pena de eventuais ditaduras por parte de actividades (ou, de pessoas que exercem determinadas actividades) cujo desempenho seja susceptível de se traduzir num exercício fáctico de poder. E isto vale para jornalistas, juízes e governantes, entre outros.
Assim, torna-se essencial para a democracia que a justiça funcione e bem. Que a lei seja igual para todos, mesmo (ou sobretudo) para aqueles que a aplicam ou cuja actividade se traduza no exercício de um poder de facto. Como por exemplo os jornalistas.
posted by Neptuno on 2:44 da tarde
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A BICLA (memórias de um sportsman em férias) XIII: Acabo de descobrir que os taxistas não gostam de transportar bicicletas. Pode-se chorar, implorar, oferecer de gorjeta este mundo e o outro que eles não levam, mesmo. Tive de voltar nela. Brrrr!... Eu pensei que a ideia era boa: descia de bicicleta, com toda a gente a controlar o meu exercício, e voltava para casa de táxi. Infelizmente nenhum dos taxistas da praça me quis trazer a bicla. Chamei os de todos os concelhos circundantes: nenhum o fazia. Estive quase para a abandonar na praia, mas ninguém acreditaria que ela tivesse morrido na praia. Curiosamente, estou convencido de que ninguém se admiraria se isso me tivesse acontecido a mim. Fico com ciúmes da bicla e estou farto desta coisa.
Se souberem de alguém que queira comprar uma bicicleta praticamente nova avisem-me. Preço módico e ofereço um selim extra. O selim é porreirinho.
A BICLA (memórias de um sportsman em férias) XII: Isto da bicla está a transformar-se numa vergonha insustentável. Hoje fui ultrapassado por duas velhinhas a pé numa rua com uma inclinação de 0,5 graus. É certo que me passaram apenas na subida mas parece que ainda estou a ouvir as suas gargalhadas. Mas vinguei-me de uma, da que levava o carrinho de bebé do neto (ou bisneto, a avaliar pela idade), quando ela susteve a marcha para apanhar a chupeta da criança que caíra uns duzentos metros atrás.
Já a outra, a que carregava os sacos das compras, estou certo de que a teria conseguido alcançar se a casa dela não ficasse tão perto. Aliás, estive quase a conseguir ultrapassá-la quando ela parou para cumprimentar um amigo numa cadeira de rodas e o acompanhou durante uma boa meia-hora. Ficará para a próxima. Isso e vingar-me do rapazote com risadinhas parvas que de patins me ultrapassou numa subida.
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UM "CEO" NO GOVERNO: Não dispomos de todos os dados mas, aparentemente, o administrador brasileiro Pinto revolucionou por completo a TAP. De crónico sorvedouro de fundos públicos a empresa passou a dar lucro e, caso raro em empresas públicas, a administração tem o apoio dos sindicatos. Até que aparece em cena Cardoso e Cunha. Homem com larga experiência em "sorvedouros" (EP's que nos levam o dinheirinho todo) e que, faminto de protagonismo, decide começar a atacar o seu bem sucedido colega da administração. Foi demitido e bem.
Duas notas (como diria o professor...):
- António Mexia, ao contrário dos seus antecessores, agiu com lógica empresarial e em defesa dos interesses dos accionistas da empresa: os contribuintes. Num cenário em que imperasse uma lógica estritamente empresarial na nomeação e na administração das EP's, pergunto quanto tempo duraria um Cardoso e Cunha no Conselho de Administração?
- Será que os portugueses não se importariam de pagar um pouco mais aos gestores públicos, por forma a atrair os melhores e acabar com os "sorvedouros"? Só assim será possível substituir a lógica política e dos favores políticos - do sorvedouro - pela lógica empresarial - dos lucros - na administração das EP's.
posted by Neptuno on 4:55 da tarde
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PORTAS DAS TRASEIRAS: Miguel Portas, de passagem por esta choldra, fustigou Sampaio por ter atraiçoado os camaradas, ao não ter convocado eleições antecipadas, embora também reconhecesse que era pena que não houvesse um PS forte, para constituir alternativa credível.
De facto, ao bloco interessa um PS fraco para poder liderar a oposição de facto e capitalizar (ó heresia!) esse desempenho nas urnas. No caso concreto, um PS fraquinho mas credível seria o ideal, por forma a permitir outra decisão ao PR e, após legislativas, forçar uma coligação e abrir as portas (traseiras) do poder ao bloco.
O bloco vem acusando o novo governo de falta de legitimidade. Mas o argumento da legitimidade é esquecido quando o bloco - mesmo sabendo que o PS está como está - castiga Sampaio por não ter optado por eleições antecipadas, cujas consequências seriam, entre outras, a eventual chegada ao poder dos terceiro-bloquistas, na sombra de uma direcção socialista moribunda.
posted by Neptuno on 4:28 da tarde
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A BICLA (memórias de um sportsman em férias) XI: Enfim... fui completamente desmascarado. Uma catástrofe.
De maneira que lá fui para uma voltinha de bicla. Foi, claro, preciso encher os pneus o que durou uma manhã inteira dado que a porcaria da válvula (váuvula no norte) se metia para dentro. Enfim consegui meter ar suficiente para a bicla poder comigo. Que coisa horrível. Não percebo porque é que inventaram aquilo. Antes andar a pé. Aqueles primeiros 800 metros até ao mar, sempre a descer, não foram maus de todo. Em plano é que foi o diabo! Ainda por cima, junto à praia só há barraquinhas de gelados (3 da Olá, 2 da Nestlé e 1 da Cammy). Mais valia o Viveiros da Mauritânia instalar ali umas barraquinhas com imperiais, espetadinhas de camarão, tostinhas de sapateira ou qualquer coisa do género, mas não: é só fruta ó chicolate!... Irra! Para a próxima viro para o Veleiros e seja o que o Sr. Fernando quiser!
O curioso é a quantidade de malta a fazer exercício a velocidades estonteantes. Passavam-me pela esquerda, pela direita, a pé, de bicicleta, uma vergonha. Vou abandonar a pose desportiva e passar a andar de calças e de chapéu, talvez com um jornal no bolso, como se fosse a passear. Acho que dá menos nas vistas.
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posted by VLX on 3:43 da tarde
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A BICLA (memórias de um sportsman em férias) X: Na verdade fui apanhado por coisa muito mais simples. Como sempre, nestas coisas a culpa é do mordomo. Na falta, da criada. Pois esta foi dizer que poderia ficar mais um pouco, o que possibilitou a triste ideia de se dizer às crianças "querem ir andar de bicicleta para o jardim enquanto o pai dá uma volta na bicicleta dele?..." Ia-me engasgando com o bocado de pão com chouriço que disfarçada e gulosamente já tinha na boca. Estupefacto, nenhuma desculpa me saía. Ainda ensaiei novo desmaio mas achei que era demais (aquela coisa dos "Médicos em Casa" é cara como o diabo!...).
Lá descemos à garagem. Foi então um espectáculo deplorável: não conseguia subir para a bicla, tive quase de a deitar para a poder montar e, mesmo assim, ossos e articulações estalavam por todo o lado. Caí duas vezes só a atravessar a garagem. Não conseguia andar a direito. Bati contra o carro do tipo do 1º andar. Um horror!
Essa coisa de que quem sabe andar de bicla nunca esquece é treta. Até o selim já nem me parecia assim tão bom. O facto de os pneus estarem vazios também não ajudava nada: como é que eu ia imaginar que os pneus não vinham cheios da loja? Se calhar foi isso que me deu cabo da mão. Que desastre! "O pai não sabe andar de bicicleta?", perguntava um, "O pai não sabe andar de bicicleta!", gozava o outro...
Ainda por cima, tudo isto aconteceu numa quarta-feira, com o outro anormalóide a mandar piadinhas estúpidas com risadinhas alarves: "quer ajuda?", "depois de tanto treino?", "talvez seja melhor montar umas rodinhas?" - e ria, ria, o palerma,enquanto aspirava o carro - "tente virá-la ao contrário" - e agarrava-se à barriga, limpava as lágrimas. Tomara lhe desse alguma coisa ali mesmo. Não só me vingava como acabava o tormento. Estive mesmo para lhe arrebentar as trombas, palermóide idiota!
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posted by VLX on 3:07 da tarde
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VITÓRIA: Após dias de uma intensa e discreta batalha, a tripulação do Mar Salgado venceu uma batalha sem tréguas com um inimigo oculto que se havia alojado no nosso template. Nos últimos dias quem tentou aqui vir foi reorientado para uma página de sparclinux.org. Esta infiltração deu origem a uma guerra discreta e sem quartel no sentido de expulsar este pirata dos mares internáuticos desta nau. Esse objectivo foi atingido hoje de manhã, após vários actos de incomensurável bravura e manha de todos os velhos lobos do mar, únicas armas para derrotar opositor tão insidiosos e dissimulado.
Esta nau prosseguirá mais uma semana em serviços mínimos, mas quem cá vier vir, já tem as portas de novo abertas.
A BICLA (memórias de um sportsman em férias) IX: Fui apanhado! Um dia teria de ser e esse dia chegou bem mais cedo do que pensava. Agora vai a família toda para a varanda ver se eu passo mesmo na rua escarrapachado naquela coisa inacreditável que em má hora resolvi adquirir. Que vergonha!
Não, não foi por ter adormecido no outro dia no carro. É bem certo que isso levantou naturais suspeitas mas acho (achava...) que as tinha conseguido resolver. Claro, ter a família toda preocupada com a eventualidade de eu ter tido um acidente e um vizinho idiota (estou farto de condomínios, condóminos e essa treta toda!) ter ido bater à porta de casa às 10h da noite a dizer que eu estava enfiado no carro, de cabeça caída e óculos escuros, a babar-me todo, foi preocupante. Admito. E a história do desmaio ainda estava muito viva. Mas também (que diabo!): onde se viu bater à porta das pessoas às 10h da noite? ainda por cima para fazer queixinhas? O tipo tem é inveja do meu selim! Sempre teve!
Como podem imaginar, acordar estremunhado com a família toda a bater no vidro do carro às 10h30 da noite não é coisa agradável. Há pior, é certo, mas esta situação também não é agradável. O desespero deu azas à imaginação e saiu-me tamanha história que até eu acreditei. Não deu sequer direito a recurso. E ainda tive direito a dois dias de descanso da bicla. Foi complicado, mas não foi por aí que fui apanhado.
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A BICLA (memórias de um sportsman em férias) VIII: Mas tive realmente de passar uma boa temporada junto à bicla, encostado à parede, a dar à roda, a dar à roda. A pobre da minha mão direita é que ficou um caco, cheia de bolhas, pelo que desisti aos 15 quilómetros (confesso que também já me estava a irritar o tipo que vai lavar o carro sempre a perguntar se eu precisava de ajuda, a dizer "olhe que não chove lá fora" e outras palermices que às vezes nem percebo. Que gajo irritante! Podia ao menos calar-se quando está a aspirar o carro mas nem isso: fala mais alto, quase aos berros, está constantemente com risinhos parvos, sempre com a mania que tem piadinha, o palerma. Tive de desistir do exercício às quartas-feiras).
Tive ainda de ir comprar umas luvas para continuar esta porcaria. Além da trabalheira, isto está-se a transformar numa despezona incrível. E ainda nem sei se o seguro paga a pomada para a mão. Mas estou farto desta maluqueira e acho até que tenho de mudar de vida. Isto não pode continuar assim, eu não posso continuar com esta situação. Afinal, porque me ando eu a enganar a mim próprio, sempre a dar à roda? E aos outros? Já decidi o que fazer: alguém me quer vender um conta-quilómetros usado aí já com uns 100 ou 150 quilómetros?... (resposta a este endereço electrónico)
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posted by VLX on 2:49 da tarde
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A BICLA (memórias de um sportsman em férias) VII: O dia seguinte é que foi perfeitamente horroroso: o odioso maquinismo escarrapachado no guiador (no norte, guiaduare) mostra as horas, o tempo de um passeio, os quilómetros percorridos durante o passeio e os totais, seja lá o que isso for. Admito que talvez não tenha ainda percorrido 400 quilómetros pelo que devo assumir como certo que a bicla tenha andado 400 metros (foi, certamente, o homem da loja quando me foi levar a bicla ao carro. Eu bem lhe disse que ele não estava perto). Bem, o que interessa é que ninguém iria acreditar que a pilha do aparelho já estivesse gasta, e muito menos que eu fosse capaz de percorrer 400 metros saindo todos os dias uma boa meia-hora durante mês e meio. Ainda tentei fazer as contas mas atingi uma média horária que não comportava certamente o equilíbrio em cima de uma bicicleta, mesmo que com rodinhas. O resultado deste infeliz episódio foi que tive de passar uma boa parte do dia a aumentar a quilometragem.
Se a bicla era para fazer exercício, também já era chegada a hora de suar um bocadinho. Arregacei as mangas, virei a bicicleta ao contrário (a propósito, uma vez mais tive a feliz percepção das vantagens do meu selim: outro qualquer não sustentaria a bicla de rodas para o ar. Pois o meu dava-lhe uma base de apoio tal que me vi grego para a pôr direita outra vez...) e toca a fazer girar a roda para fazer quilómetros (claro que pus um paninho no chão para não sujar o selim).
Aproveitei também para tirar os autocolantes dos pneumáticos. Qualquer tipo mais observador poderia ser levado a pensar que a bicla nunca tinha passeado na rua. E queimei com o cigarro os pelinhos de borracha que todos os pneus novos trazem. Que trabalheira!
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