TAMBÉM SERVE: Não vão os seus amigos do Muro Sem Vergonha (link na coluna da direita, olá rapazes!) distrair-se, o P.C. diz presente, camaradas.
Agora mais a sério (valerá a pena?), é claro que o tom do meu post era generalista. Não vou cometer a maldade de pedir ao P.C. para nos continuar a ilustrar com bons exemplos, cerca de 70 anos de pletórica política cultural oficial da URSS. No entanto, se o meu querido companheiro de embarcação procurar muito bem, encontrará talvez, sendo generoso, menos de meia-dúzia de bons livros e por exemplo de outros tantos filmes ou peças de teatro, patrocinados pelos Ministérios da Cultura da ex-RDA, de Cuba, da Roménia de Ceausescu. Também encontrará, sob a batuta de António Sérgio, uma ou outra coisa digna de interesse, segregada oficialmente pelo Estado Novo. So what? Do que eu falava, óbviamente, era de outra coisa, mas como diz P.C., isto de andar embarcado com amigos de há mais de 20 anos, permite-nos conhecer de gingeira os truques e a retórica. Como explicava Boukharine, no ABC do Comunismo, o talento do artista, e por inerência, a sua obra, são propriedade da República; O que interessava era a socialização do talento nos domínios da cena, da música, e da arte do canto. Não querer perceber que a arte e a cultura são incompatíveis com isto, com mais ou menos Eisenstein, com mais ou menos regresso ao hino, é um direito que assiste ao P.C. Tenho a impressão que lhe saltou a tampa porque terá concluido, mal, que me opunha ao subsídio da cultura e das artes com dinheiros públicos. É de uma transparência ofuscante que hoje, no mundo ocidental, o financiamento público neste domínio é imprescindível: isso mesmo disse APR, por outras palavras, à TSF. Outra coisa é pensar que o Estado é capaz de produzir bons escritores, bons cineastas, bons pintores. Não é. É necessário, como sempre foi, o bom e velho capital, de uma sociedade de mercado, livre e contraditória. Ele há coisas que custam muito a aceitar.
posted by FNV on 10:38 da manhã
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É MESMO VERDADE?: O nosso FNV voltou a entusiasmar-se com a relação entre arte e política e, hoje, atingiu o paroxismo: "a União Soviética nunca produziu, sob a pata do regime, cultura ou arte que se suspeitasse sequer". Devo então rever os critérios que me levam a considerar a "Terra", de A. Dovjenko, e "Potemkin", de S. Eisenstein, dois dos mais belos filmes de sempre. Mas o post do nosso caro companheiro de embarcação deu-me o pretexto que precisava (assim ninguém pensará que pretendo glorificar Outubro) para fazer o link para aqui (The Bolshoi Theatre Chorus and Orchestra), onde podem fazer o download do único hino nacional digno desse nome. Curiosamente, quem se der a esse trabalho, aprenderá aqui que a Federação Russa tentou adoptar, depois do colapso da URSS, um novo hino. Rendida ao fiasco, no ano 2000, retomou a melodia do hino da URSS, dando-lhe novo texto. Ainda bem que não ouviram o FNV.
El mar, el mar y tú, plural espejo,
el mar de torso perezoso y lento
nadando por el mar, del mar sediento:
el mar que muere y nace en un reflejo.
El mar y tú, su mar, el mar espejo:
roca que escala el mar con paso lento,
pilar de sal que abate el mar sediento,
sed y vaivén y apenas un reflejo.
De la suma de instantes en que creces,
del círculo de imágenes del año,
retengo un mes de espumas y de peces,
y bajo cielos líquidos de estaño
tu cuerpo que en la luz abre bahías
al oscuro oleaje de los días.
Octavio Paz
posted by NMP on 11:24 da tarde
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É BEM VERDADE: Muito boa a entrevista de António Pinto Ribeiro à TSF, no programa Pessoal e Transmissível, hoje. Uma pérola: a certa altura, dizia APR que sem dinheiro não há cultura, não há arte. Logo, lépido e azougado, Carlos Vaz Marques, o entrevistador, dispara: "dinheiro, público?" APR responde: não; dinheiro, apenas.
O que APR estava a tentar explicar era que sem dinheiro, sem riqueza, sem desenvolvimento, não há arte nem cultura. Por isso Cuba ou a União Soviética nunca produziram, sob a pata do regime, cultura ou arte que se suspeitasse sequer, isto apesar dos grandes investimentos públicos na área. Óbviamente que a riqueza de uma nação não depende só do investimento público, da máquina de distribuição de benesses admnistrativas. Como dizia Mathew Arnold, a paixão da cultura é pela luz e pela doçura. Só com dinheiros públicos, a cultura dá-se ao fastio das sombras amargas.
posted by FNV on 6:33 da tarde
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CARO ANTÓNIO BALBINO CALDEIRA: Nos posts que escreveu hoje, mostra-se sentido com o meu texto. Li e reli várias vezes o dito e, sinceramente, não vejo razão para tanto. Estou convicto de que, se fizer o mesmo, a frio e sem inferências imediatistas, virá a concordar comigo. Não o coloco em companhia de ninguém: digo apenas que ter alguém com a sua visão das coisas à frente da PGR seria, para mim, um pesadelo. Só me resta, portanto, lamentar que se sinta assim e ficar, eu próprio, algo incomodado com isso.
Mas quero acrescentar o seguinte. Na verdade, o António não está sentido com o meu texto. O "Pesadelo" foi apenas o pretexto para expressar o seu descontentamento por o Mar Salgado (blogue que, pelos vistos, lhe merece algum interesse, e aproveito para agradecer a parte que me cabe) não se ter juntado à sua campanha contra o "polvo pedófilo". Não referiria aqui a sua troca de correspondência connosco se o António o não tivesse já feito, mas, como o NMP já lhe disse (e reafirmou, várias vezes, publicamente), tomámos a decisão de não comentar os aspectos jurídicos e políticos do caso judiciário em curso.
Pessoalmente, devo dizer que, mesmo que a nossa decisão fosse outra, nunca poderia acompanhá-lo na sua saga. Entre muitas outras razões, porque, ao contrário do que protesta no seu post, o António não está interessado, primacialmente, na verdade, pelo menos tal como eu a entendo. Os comentários que tem vindo a produzir sobre o caso mostram que o António já definiu A VERDADE e, por isso, quer que ela se oficialize. Só assim se compreende que os actores judiciais sejam, na sua perspectiva, heróis ou vilões, consoante o sentido das decisões que tomam (os posts sobre o Tribunal Constitucional e, hoje, sobre o Desembargador Carlos de Almeida são a prova notória do que digo).
Por outro lado, o enviesamento político das suas opiniões sobre o caso é, também ele, muito claro. Sucede que, como já deve ter percebido (até, precisamente, no texto em causa), eu não me abstenho de criticar o que acho criticável em função da cor política das pessoas. É muito raro receber, aqui, palmadinhas nas costas.
No mais, os textos que ambos escrevemos falam por si. Não vejo problema nenhum em que cada um lute pelas causas que acha justas - desde que não queira tornar quem pensa de maneira diferente num "mal que se ri". Essa é, verdadeiramente, a única parte do seu texto que eu não posso aceitar e que, por isso, não podia deixar passar em claro.
De toda a maneira, se ainda se sentir agravado, prometo não mais o envolver em textos de cariz satírico ou humorístico. Nenhum dos dois precisa disso.
Sans rancune, com os melhores cumprimentos,
Pedro Caeiro
posted by PC on 5:54 da tarde
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ORIENTE EXTREMOSO: Pelo que li hoje na blogosfera, parece-me que seria recomendavel instituir visitas obrigatorias a Goa, tendo por finalidade a recuperacao da moral nacional, substituindo lamentaveis referencias mediaticas por gloriosas referencias historicas que o tempo ainda nao apagou. Ja que a lua nao me deixa esticar e o mel corrompe, abracos deste vosso,
Neptuno
posted by Neptuno on 5:45 da tarde
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NEM MAIS: O Abrupto explica cristalinamente, numa serie de posts, os diversos problemas levantados pela cobertura jornalistica de acontecimentos politicos e judiciais em Portugal. Desde os partie pris ideologicos ate ao moralismo hipocrita e cabotino.
posted by NMP on 3:36 da tarde
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PESADELO: Ontem tive um pesadelo tenebroso. Tinha que entrevistar, por razões que só Morfeu conhece, uma série de personalidades do País. E a monstruosidade começou. Amilcar Theias era Primeiro Ministro. Gilberto Madaíl era o Pipi. O Portugal Profundo era a Procuradoria-Geral da República. Nuno Morais Sarmento tinha sido contratado como guarda-costas de si próprio. Silva Resende era Ministro da Administração Interna. Manuela Ferreira Leite ria de tudo isto a bandeiras despregadas. Paulo Portas era director do Público. José Manuel Fernandes e José António Saraiva tinham-se tornado, respectivamente, em José António Saraiva e José Manuel Fernandes, conservando todavia as barbas originais. João Carlos Espada e João César das Neves dividiam o cargo de Cardeal Patriarca de Lisboa. Pacheco Pereira apresentava em tribunal um requerimento para a adopção do Emplastro. O Emplastro contratava João Nabais para o defender. João Nabais multiplicava-se em entrevistas televisivas, protestando a inocência do seu cliente. Manuela Ferreira Leite continuava a rir a bandeiras despregadas. O Acontece renascia, apresentado por Ramalho Eanes e Conceição Lino. Jorge Lacão era Presidente da Comissão de Ética da AR. Aí acordei. Confuso.
posted by PC on 1:22 da manhã
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AMIGOS CASADOIROS: a tripulação do Mar Salgado agradece, una voce, o vosso convite para tão fausto evento.
Sucede que, dos dois marinheiros que poderiam representar a nossa nau (já pela personalidade extrovertida e sociável, já por terem o seu habitat na capital), um anda pelo extremo ocidental do Atlântico (estão a ver as Berlengas? é mesmo em frente) e o outro, embora em Goa, não deseja certamente um encontro com madres (digamos que, presentemente, já não deseja casar: vd. post de 3 de Outubro).
Assim, resta-nos enviar-vos invejosos votos de boas festas.
Pela tripulação,
PC
posted by PC on 1:11 da manhã
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NOTICIA OU OVERDOSE ?: Estou fora. Num pais em que os seus soldados morrem quase diariamente no campo de batalha, em que o gabinete do Presidente foi acusado de patrocinar uma fuga de informacao sobre a identidade de um agente da CIA por motivos puramente politicos, em que a maior vedeta do desporto nacional (o basquetebol), Kobe Bryant, esta a ser julgada sob a acusacao de violacao. Os media cobrem estas noticias, mas falam tambem de outras coisas: por exemplo, da eleicao de um actor para governador, da situacao economica e a esperanca na sua recuperacao, das eleicoes presidenciais de 2004 e do esforco para reconstruir o Iraque e continuar a guerra aos terroristas.
Tento seguir a actualidade portuguesa. Leio os jornais online. Escuto as radios online. Vejo as televisoes online. Chego a uma conclusao: somos um pais mono-assunto. Certamente um pais em franca expansao economica, sem problemas sociais, sem estar a entrar numa fase decisiva da definicao do seu papel no mundo com a votacao de uma Constituicao Europeia. Uma nacao em que os cidadaos, depois de verem os seus problemas primarios e secundarios resolvidos, se podem dar ao luxo de apenas e so discutirem assuntos complexos e elevados, como o ordenamento juridico do nosso e de outros paises. Em que toda a gente emite e recolhe bitaites sobre direito, prisoes e libertacoes.
Por isso, sem ironias e sem me armar em virgem pudica, peco encarecidamente ao Carlos Vaz Marques que nos ilumine: isto e uma noticia ou uma overdose ? E certo que a culpa nem e maioritariamente das redaccoes: pois se todo o bicho careta quer falar e dar uma opiniao juridica... Mas nao deveria funcionar algum self-restraint, ate por uma questao de pudor ? (aqui bem justificada, nao estamos propriamente a falar de roubos de galinhas). As redaccoes e chefias nao teem nenhum controle sobre esta situacao completamente anormal e pouco saudavel, repito e destaco anormal e pouco saudavel, de nao se falar de outro assunto em todo um pais ? Isto sim, daria uma discussao interessante.
P.S. - Como podem perceber com uma simples leitura superficial, o pais onde estou vive tambem muito bem sem cedilhas, o til e restante acentuacao. Incrivel, nao e ?
posted by NMP on 12:56 da manhã
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SAFA II (ADENDA): Assino por baixo o post anterior. Mas nunca usaria o futuro. Tudo o que lá está é mais-que-presente.
posted by PC on 12:53 da manhã
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SAFA II: Mas sobre outras coisas posso falar. O direito, com a sua solenidade conceptual, deve bastante da sua respeitabilidade precisamente à dificuldade de o manejarmos, e em muitos casos, de o discutirmos. O charivari que por aí vai, levará o direito, mais cedo ou mais tarde, aos mesmos caminhos que outras estruturas organizacionais-comunicativas já trilharam. Se a esmagadora maioria das pessoas que nada sabe do assunto, continuar a assistir a tamanha proliferação de opiniões e de indignações, tarde ou cedo se operará aquilo que em psicossociologia se designa por processo de naturalização e de ancrage. Ou seja, o vulgo assimilará meia-dúzia de simplificações que julga conferirem-lhe o acesso à coisa. Uma vez tornado familiar o que antes era estranho e inacessível, a coisa simplificada substitui a coisa original. As consequências, dadas as peculiaridades do texto em questão, serão devastadoras.
posted by FNV on 12:31 da manhã
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SAFA! Como costuma dizer o nosso lobo do mar P.C., quem não percebe nada de direito deve ficar calado. Depois de ter visto e ouvido o que vi e ouvi hoje, da AR à SIC-Notícias, ainda bem que posso e devo ficar calado.
NEM MAIS: Quatro mulheres quatro, ministras do governo de Portugal, uma delas a estrear a coisa nos Negócios Estrangeiros. Pois é, uns estabelecem as quotas e a prosápia, outros colocam as mulheres no lugar certo.
posted by FNV on 7:32 da tarde
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PORTUGAL AMORDAÇADO: Não o do livro de Mário Soares, mas um outro incrívelmente parecido. Um dos argumentos responsáveis pela peau de chagrin portuguesa é de que qualquer comportamento vergonhoso se deve à desigualdade económica. Assim se justifica a pouca vontade de estudar, o cuspir para o chão, a mortandade nas estradas, o lixo televisivo. Se as pessoas são mal educadas, grunhas e boçais, tal se deve ao facto de poucos terem tudo e muitos não terem nada. A impunidade daí resultante é inevitável, seja nas representações sociais da justiça ( "só os poderosos a conseguem") seja nas representações sociais da autoridade ( "não estamos no antigamente"). Escudados no argumento da desigualdade, os portugueses não conseguem soerguer-se da mediocridade, antes a entendem justificável, uma vez que "não os deixam ir mais longe".
Desta forma, coisas simples para as quais não é necessário ser-se rico, como prezar a boa educação, ser-se trabalhador, honesto ou solidário, e que se podem verificar nos habitantes de qualquer aldeia serrana, tornam-se impossíveis de alcançar.
Os meninos de Coimbra, talvez mais do que as duas dezenas que boicotaram o Senado, prometem "cortar auto-estradas" e "perturbar a cidade", porque não querem pagar 12 contos por mês de propinas. Acho muito bem. Achava no entanto ainda melhor que lhes pusessem à disposição, durante essas manifestações, ecrãs gigantes com futebol e Big Brother, videoclips do Melão, cerveja e bifanas à discrição. Sempre se sentiam mais em casa e poupavam naquilo que habitualmente esbanjam.
Não queremos que lhes falte nada, são as elites de amanhã.
posted by FNV on 6:57 da tarde
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ÀS VEZES DÓI: O Francisco Amaral reproduziu na IF o texto de Je ne peux plus dire je t'aime do Jacques Higelin. De entre as músicas que me acompanham há mais de 15 anos, é uma das muitas que conheci através dele. Uma só vez na IF, e depois aquela angústia suave (quem é? onde posso encontrar? quando passará outra vez?) que tanto nos atacava. Meses mais tarde, ouvi-a em casa do Zé Lousã, numa noite como já não se fazem (lembras-te, Filipe?). Com a capa do álbum na mão. Muitas vezes seguidas.
Esse é o problema das músicas que continuamos a ouvir 20 anos depois. Já correu tanta vida e tanta morte entretanto.
PS: A IF continua no ar, sempre que a gente quer, em formato reduzido. Vão ouvir Room with a view, de Henri Salvador. Francisco, põe mais (e obrigado à Janela).
posted by PC on 3:10 da manhã
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MAIS UM OBCECADO? Vital Moreira, no Público, acha que o presidente do tribunal da Relação da Lisboa devia ser responsabilizado pelas peixeiradas que protagoniza. Vital entende também que a crítica do Parlamento à falta de recurso no caso FP-25 não constitui uma violação da separação de poderes nem um atentado à independência dos tribunais; entende mesmo que alguém tem de ser responsabilizado pela definitiva impunidade criminal dos acusados.
Não sei se Vital Moreira tem razão ou não. Sei que por ter escrito coisas semelhantes, fui crismado de obcecado com a Hydra-esquerda e até, psicanalíticamente, de ter questões mal resolvidas. Porque achei curioso uma jornalista (Ana Sá Lopes) ridicularizar um enxovalho público de uma colega ( Sofia Pinto Coelho), acusaram-me de ser igualmente um mediofóbico. Vital Moreira é também pelos vistos, um perigoso obsessivo-compulsivo, absolutamente paranóide com a cor vermelha, pelo que provávelmente nos encontraremos um dia, os dois, no Júlio de Matos.
Velha escola esta, a que não discute ideias, mas oferece diagnósticos à medida, em versão indignada de gatilho rápido. Felizmente, posso escrever isto e dormir sossegado: outros, noutros tempos, adormeciam sãos e acordavam loucos.
posted by FNV on 3:08 da manhã
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REPRESENTANDO ALGUÉM?: Há uns anos que o fenómeno me incomoda. Até pode ser mania minha - mas se for, peço encarecidamente (sem ironia) que alguém mo diga de forma convincente para me ajudar a terminar com o mal.
Ouvi hoje, em directo, a notícia da decisão da Relação de Lisboa no caso Paulo Pedroso. Ora bem: quem foram as duas primeiras pessoas instadas a comentá-la? O Sr. Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses e o Sr. Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. Não como juristas experientes e encartados, que seguramente são, mas nas tais vestes institucionais.
O problema não está no conteúdo incidental das declarações (que hoje foram suficientemente redondas, e, no caso do Presidente da ASJP, de bom nível técnico), mas sim na questão radical da legitimidade destas entidades para produzi-los enquanto representantes de associações profissionais. É que não se trata de exigir aumentos salariais, nem melhores condições de trabalho, nem "mais meios", nem sequer de defender os direitos ou a honorabilidade profissional de um membro da associação / sindicato. E pergunto eu: será que o mandato que os magistrados concederam aos seus representantes profissionais inclui o poder de se pronunciarem publicamente, ao abrigo da autoridade (?) do cargo, sobre a bondade técnica de uma concreta decisão judicial, ou mesmo de uma lei (como já sucedeu no passado), em matérias que transcendam o âmbito puramente profissional? Ou esse comentário deve pertencer apenas, se, quando, e nos moldes que forem julgados pertinentes, aos Conselhos Superiores das respectivas magistraturas?
Se ninguém tiver a caridade de mo explicar, hei-de morrer sem compreender. Nem o interesse jornalístico de obter as opiniões dos presidentes das corporações profissionais da justiça sobre estas matérias, nem a permanente disponibilidade dos mesmos para se pronunciarem sobre elas.
PS: Não incluo no lote o Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados (ouvido na rádio, em boa ordem, a seguir àqueles) porque a Ordem não é uma simples associação profissional, cabendo-lhe também as funções e as responsabilidades que, nas magistraturas, são confiadas aos Conselhos Superiores.
BIG BROTHER IS WATCHING U: Da terra da justica mediatica, aqui vai um aviso. O caso Casa Pia ainda vai no adro. Da mesma forma que os socialistas nao deveriam ter ficado com a moral de rastos aquando da prisao de Paulo Pedroso, era bom que agora nao embandeirassem em arco. Politica nao e Justica. E Justica nao e Politica. Ganhamos todos com esta separacao.
Quanto aos amigos de Pedroso devem estar legitimamente felizes (por naturais e generosos sentimentos humanos e nao motivacoes politicas). Um abraco sincero para um amigo comum, o Pedro Adao e Silva (eu ate estava a preparar uma contestacao ao artigo dele ontem no Publico, mas fica para melhor ocasiao).
Nos, por aqui no salgado mar, continuamos sem comentar decisoes judiciais. Aguardamos serenamente.
posted by NMP on 5:23 da tarde
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OFÍCIOS EM EXTINÇÃO NO 100nada: Cumprindo uma promessa antiga, o 100nada escavou nas memórias das férias na Figueira d'antan, deu aos dedos e escreveu um belo post sobre 2-ofícios em extinção-2: o homem das bolachas americanas e o banheiro dos banhos forçados. Confesso que já não me lembrava de nenhum deles - a ideia era precisamente essa. Mas, depois de ler, acrescento dois pormenores: o homem da bolacha americana, o tal "sempre muito pequenino", ostentava um bigode muito maior que ele; e o banheiro era o dono do único braço não conjugal a que se agarravam, com risinhos nervosos, quando molhavam os pés, as mães e avós de fato de banho até ao joelho.
posted by PC on 1:48 da tarde
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ALMAS DE PAU E ARAME: Conheci o Antonio Panzuto em Lisboa, por intermédio da Micha, no ano passado, quando veio ao CCB apresentar as Notizie straordinarie da un altro pianeta (resumo, infelizmente sem imagens, aqui). O Antonio nasceu em Pádua, há 46 anos, e começou por ser arquitecto. Hoje dedica-se a criar pequenos mundos, construindo cidades, bonecos e maquininhas extraordinárias a partir do lixo urbano e do ferro-velho que recolhe diariamente. Depois, arranja um palco, pega numa história, organiza a luz e o som e, sempre suavemente, insufla anima no conjunto, puxando fios, dando corda aos mecanismos, milagrando no ar minúsculos tapetes voadores tripulados por génios.
Dizem que são espectáculos para crianças. Não são. São espectáculos de que as crianças também gostam, incapazes de resistir à doce magia que dali se desprende. Aos outros, para quem o real já é opaco, aperta-se-lhes a garganta com a pobreza feita engenho, com a altivez desajeitada daqueles não-seres que, episodicamente, são.
No princípio de Setembro, vi o Le mille e una notte em Gorizia. É muito bom. O Antonio disse-nos que gostava de voltar a Portugal - talvez ao Porto e/ou a Coimbra - para apresentar de novo o Notizie straordinarie, que é ainda melhor. Nós já oferecemos a hospedagem. Se alguém estiver interessado em contratar este único, acuse-se. E eu juro que não tenho comissão.
PS: Temos fotografias do espectáculo para mostrar. Existe também um belíssimo livrinho, cheio de fotografias e esquissos, publicado pela Titivillus Edizioni (aparentemente, só se entra com registo prévio...), que se chama Antonio Panzuto - artista in scena (a cura di Andrea Nanni), e que vale muito mais do que os 12 euros cobrados. Imagens de um outro espectáculo, Prima del silenzio, aqui.
posted by PC on 2:28 da manhã
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ESTEVE MUITO BEM numa das suas primeiras prestações televisivas de relevo, a nossa companheira da blogosfera, Ana Sá Lopes. Foi hoje, na SIC-Notícias, num debate com outros jornalistas, sobre a demissão de Martins da Cruz.
A Ana Sá Lopes esteve bem em tudo: na figura, desde o penteado aos óculos, passando por um belíssimo vestido cavado florido; mas esteve sobretudo muito bem na maneira eloquente como opinou, na forma límpida e segura como explanou as suas opiniões, na perfeita conjugação dos verbos, na discreta desenvoltura com que passou a mensagem. Parabéns, Ana, gostei imenso de a ver.
E SE PUDESSE SER DE OUTRO MODO? Tragédia num só acto, num pot-pourri de autores e personagens:
Cena 1:
( entra Teógnis)
Teógnis- Não, nunca atraiçoei um amigo e um companheiro fiel, nem na alma tenho algo próprio de escravo. Antifonte- A justiça consiste pois em não exceder as leis da pólis de que se é cidadão. O homem terá a maior vantagem em usar de legalidade, se é perante testemunhas que têm em conta a soberania das leis; mas, se está sózinho, sem testemunhas, em respeitar os ditames da natureza. Teógnis- Não me insultes, troçando levianamente de meus pais. Tu viste o dia de escravidão e a mim, mulher, embora muitas outras desgraças me oprimam, já que da pátria me exilei, não me atingiu a terrível escravidão. Antifonte- O que é da lei é acidente, o que é da natureza é necessidade: o que é da lei é estabelecido por convenção e não se reproduz por si mesmo; o que é da natureza produz-se por si e não resulta de uma convenção.
Cena 2:
(em casa de Menelau)
Tíndaro- Barbarizou-te o tempo passado entre os bárbaros. Menelau- É de um grego honrar sempre os do seu sangue. Tíndaro- Também o é não querer estar acima das leis. Menelau- Tudo o que é da obrigação é servidão para os sábios. Tíndaro- Age tu então desse modo; eu não o farei.
Cena 3:
(Lísias dirige-se, na Ecclesia, a todos os atenienses)
Lísias- Parece-me conveniente dizer que o processo não interessa somente aos acusados, mas à totalidade dos habitantes da cidade. É que não apenas estes, mas também todos os outros, possuem escravos que, ao ver a sorte dos acusados, não mais procurarão adquirir a liberdade pelos bons serviços para com os seus amos, mas denunciando-os caluniosamente.
Fim.
posted by FNV on 8:47 da tarde
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NEM PODERIA SER DE OUTRO MODO: Uma filha de um ministro passou de uma média de candidatura de 18 valores para 18,5, por meios obscuros. Tramou-se e vai estudar para fora. Dois ministros do governo de Portugal cairam. Nem poderia acontecer outra coisa, num país de cidadãos que são incapazes de meter ou aceitar cunhas, de fugir ao fisco, de livrar os filhos da tropa com um telefonema ao general, de pisar um traço contínuo, de falsificar facturas, de sonegar recibos, de meter baixas fraudulentas, de faltar as aulas que devem dar ou aos exames que devem fazer exibindo atestados médicos romanceados, de receber pensões de maridos que já morreram, etc. Não poderia ser, de facto, de outro modo: somos um país de gente proba e séria.
posted by FNV on 4:49 da tarde
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IT LIVES!: É oficial. Solaris faz prova de vida, acenando amigavelmente do profundo azul. Retribuímos os votos de boa navegação. Quanto ao escorbuto, nada há a temer: esta nau apresenta um elevado consumo de laranjas. Só eu é que não posso, por ser alérgico. E já que estamos em matéria de conselhos: cautelas redobradas, não vá um astro dessa dimensão encalhar no acanhado espaço de Lisboa.
posted by PC on 11:33 da manhã
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PODEMOS DORMIR DESCANSADOS: Pois já conhecemos a próxima palavra de ordem dos bravos do pelotão. Depois do Ó vaca dá cá o leite, dedicado em tempos a Manuela Ferreira Leite, teremos em breve o Ó Graça vai para o car(v)alho, dedicado à novel ministra Maria da Graça Carvalho.
São uma da manhã e tudo vai bem.
posted by FNV on 1:16 da manhã
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TOTAL RECALL (2): Confesso que acho o processo de recall que esta a ocorrer na California um simulacro (ou ate uma caricatura) de democracia.
Terei oportunidade de explicar a minha opiniao quando tiver teclado mais apropriado, mas tinha que dizer isto hoje para deixar claro que a minha opiniao e independente do resultado da votacao de amanha e das eventuais eleicoes subsequentes.
O post de FNV e bem apropriado: acabei de ver Howard Dean (um dos maiores favoritos a ser candidato a presidente pelos democratas) na TV a ter de explicar a contradicao entre a defesa de Clinton perante o processo do impeachment e as acusacoes debragadas e deslocadas sobre a vida privada que agora lancam a Schwarzenegger. Claro que Dean teve a saida politicamente correcta : nao aprovei o que o Presidente fez, mas a sua conduta nao deeria ter sido alvo do processo do impeachment, enquanto que o Arnie exibe um passado sexista, o que em si contem substancia politica. Recorde-se que os factos que sustentam esta tese sao frases em shows de body building (locais onde, como se sabe, se deve levar a serio e a letra tudo o que e dito) e meia duzia de supostos apalpoes. Esta hipocrisia politica fica muito mal aos democratas !
IMPOTENTE: Regresso novamente a terra da linguagem clara e directa, da ausencia do til, da cedilha, da nao-acentuacao das maiusculas. Pergunto-me como pode o pais-sede do Imperio viver tranquilo, desconhecendo totalmente a existencia do poetico e anasalado til. Deve ser a isto que alguns se referem, quando dizem que os americanos sao incultos.
Mas pelas minhas informacoes ainda ha quem resista: mais perto do final da semana estarei em condicoes de aplicar a Gramatica Portuguesa em toda a sua extensao.
posted by NMP on 11:47 da tarde
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ESQUECIDOS são os contos de amor que nunca chegaram a acontecer. Como o da Teresa, jovem mãe de um bébé que acabou por não ser. Tudo corria bem até ao parto, alcofinha comprada no Continente, chupetas preparadas, fraldas a postos. Só que o bébé teve azar no parto, sofre hoje de paralisia cerebral, fruto de um abraço demasiado terno, do cordão que o deveria ter solto na hora certa.
Corre queixa na Ordem dos Médicos e na IGS, corre a Teresa para o emprego e para terminar a licenciatura. Em nove meses já fez três cadeiras. É católica, mas não culpa Deus, antes indaga da responsabilidade dos homens.
Séneca escreveu a Martia, filha de Cremutius, uma consolação, quando esta perdeu o seu único filho já adolescente. Feitas as contas, ofereceu-lhe duas coisas: que ela, a mãe, não saberia se a vida que estava reservada ao seu filho seria deserta de sofrimentos e provações inimagináveis. Por outro lado, teve ela a graça de poder ter acarinhado e educado o seu primogénito: só podemos estar seguros do nosso passado. Séneca inventou a fotografia, mas a minha Teresa não tem nenhuma.
posted by FNV on 11:46 da tarde
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ALMANAQUE DAS INTOXICAÇÕES III: Uma planta da família das solanáceas, a Brugmansia, também conhecida como yerba de huaca ou borrachero, contém como alcaloides principais a escopolamina e a atropina, alucinógeneos. Nos Chicbas pré-colombianos uma cocção de Brugmansia com cerveja de milho ( chicha) era admnistrada às viúvas e escravos dos reis mortos. O objectivo era adocicar-lhes o destino: serem enterrados vivos com os seus maridos e senhores.
posted by FNV on 11:03 da tarde
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CRISPAÇÃO E ACTUALIZAÇÃO: Ele anda por aí na blogosfera (Mar Salgado incluído) um ambiente de crispação. Isso é mau. Como diria o Prof. Pádua, faz-nos mal ao coração e não ajuda a nossa qualidade de vida.
Por isso, gostei do quase bem-humorado post do Ter Voz sobre a política de links do Forum Cidade. O Luis Tito (LT) que não se ofenda, mas o meu comentário destinava-se apenas a averiguar se o Forum Cidade é um blogue com gente dentro, se tinha, também ele, voz (própria), ou se está mais virado para o alinhamento de textos esparsos, como já suspeitava o malévolo Luis - opção que, do meu ponto de vista, não tem mal algum.
De qualquer maneira, fiquei esclarecido.
A actualização: é verdade que não encontrei o Santo Graal; em contrapartida, nas escassas 15 horas que passaram entre o meu comentário e o post de LT, o Forum Cidade e o País Relativo encontraram-se na blogosfera, linkando-se mutuamente! Os relativos fazem-nos agora (boa) companhia na secção "Outros blog's" (sic).
Moral da história: acha mais quem menos busca.
posted by PC on 6:20 da tarde
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TERNA É A NOITE STOP: Um recluso do EP de Coimbra enforcou-se anteontem stop. estava de castigo numa cela individual stop. por ter chegado alcoolizado de uma licença precária stop. ia ser libertado daqui a um mês stop. em vez de o premiarem por mesmo bebâdo, ter voltado, castigaram-no stop. não se sabe se quis morrer pelo que viu lá fora stop. ou por ter descoberto que se numa precária não se pode beber, numa definitiva não se pode viver stop.
posted by FNV on 10:54 da manhã
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TOTAL RECALL mas preocupantemente vagaroso. Então a poucos dias do acto, ainda só arranjaram uns apalpões para incomodar o Arnie? Bom, parece-me que Scharwzenegger, que se bem me lembro quer dizer preto-negro, está em desvantagem: um apalpão não pode ser considerado sexo, por isso, ao contrário de Clinton, Arnie não se pode defender. Para mais, parece-me pouco. Estará a despreconceituosa esquerda americana com falta de fundos?
posted by FNV on 10:42 da manhã
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100% de acordo com a análise de CVM do Outro, Eu (link na coluna da direita), sobre o despedimento de Schneidermann por esse jornal de referência que é o Le Monde. Já agora, talvez se o CVM voltar ao tema, me possa elucidar há quanto tempo o Arrêt sur Images dura em antena. Tenho ideia de o ter visto na Antenne2 ou na TF1, quando vivi em França, há cerca de 13 anos. Mas posso estar a confundir.
posted by FNV on 9:44 da manhã
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SOLIDARNOSC: * Com o JPH, de um dos meus blogues favoritos, o Glória Fácil (link na coluna da direita), atacado pelas brigadas políticamente correctas, no sentido histórico-literal do termo, no que pelo menos a uma delas se refere. JPH escreveu um texto leve e despretensioso sobre o "Dia sem carros" (1º erro) no qual se imaginava a esmigalhar o crânio a uma mulher, (2º erro) já não me lembro porquê, o que é irrelevante, dado o tipo de texto. Claro que se exactamente no mesmo registo, JPH se tivesse imaginado num passeio ao Bairro Alto, a partir o crânio a um skinhead, não estava agora, coitado, a defender-se como pode. Alguns dos polícias, como se não bastasse, ainda lhe recomendaram umas férias, felizmente neste caso, também no sentido literal do termo. Ufa!
* Com a Rita Ferro Rodrigues, do No Parapeito (link na coluna da direita), atacada ignóbilmente por um pirata da blogosfera que lhe apagou todo o seu arquivo. Como é excelente pessoa, ainda teve força para nos dar, ao salgado Mar, uma ou duas dicas para nossa futura protecção.
OS LINKS DO FORUM CIDADE: Continuo fascinado com a evolução da coluna dos links do Forum Cidade, que sofreu, em dois dias, significativas alterações.
Registo a adição de novos blogues que, afinal e para minha grande decepção, é ditada apenas por imperativos de etiqueta bloguística de reciprocidade. E eu, no meu ingénuo contentamento, a pensar que a inclusão do Mar Salgado se devia à qualidade intrínseca dos textos... De toda a maneira, o esclarecimento já deve servir para apaziguar o sarcástico Luis, que, além de zurzir na política de linkagem do Forum Cidade (Afinidades Electivas), decidiu deixar de linkar o Mar Salgado nos seus posts, certamente para dar uma lição ao nosso FNV (coluna da direita). Vês, Filipe, quem te mandou possuir um software obscenamente inoperante, que não te permite incluir hiper-texto nos teus posts? Agora, por tua causa, vamos perder um porradal de inbound links. Que maldade tão malvada.
Registo também a incerteza que continua a dominar a inserção do Ter Voz (um Projecto a dois anos para o PS Benfica e S. Domingos de Benfica - Lisboa). Começou por estar nos "Outros Blog's" (sic), passou como um relâmpago pelos "Outros WebSites" e domina agora, isolado, os "Outros Blog's do PS". O País Relativo não tem link no Forum Cidade; a dúvida é se isso se deve a não o ter linkado (nem sequer, julgo eu, referido o seu surgimento; mas, pergunto eu, só quem linka é que é linkado?), ou se o nóvel blogue ainda não encontrou o nome para uma secção onde possa, com propriedade, incluir os relativos.
Isto de funcionar por secções tem muito que se lhe diga.
posted by PC on 11:24 da tarde
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GF JUNTA-SE AOS OFÍCIOS EM EXTINÇÃO: Regressado do fim de semana, noto com agrado que o Glória Fácil se junta à nossa ideia (4 e 5 de Agosto) de abrir uma secção relativa aos ofícios em extinção, inspirada pelos "objectos em extinção" do Abrupto. A coisa iniciou-se com um texto sobre o faroleiro, a que acresceu uma série de pistas para desenvolvimento enviada pelo 100nada (que, valha a verdade, nunca foram trabalhadas). Brevemente, espero editar um texto sobre o "pica" dos eléctricos.
O GF começou por alguns ofícios ligados ao jornalismo. Estarei atento, com redobrado interesse.
posted by PC on 10:35 da tarde
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NÃO É DE HOJE: Que o guarda-redes da Briosa perverte a etimologia. Não é Fouhami, é Fou-ami, de onde, feu-ami.
posted by FNV on 10:07 da tarde
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NÃO SE PERCEBE: O Nova Frente explode em raiva incontida contra Coetzee e com a valente merda que qualquer um tem em casa se coleccionar os últimos 5O Nobel da Literatura.
A opinião merece interesse porque se tem tornado popular, em muitos e variados círculos, que o Nobel da Literatura se tornou num referendo à literatura da esquerda bem-comportada. Até pode ser que sim, com uma ou outra excepção. Mas tal não invalida que por vezes bons escritores sejam distinguidos ou que as causas não fossem justas. A raiva contra o Nobel dá a essa grande mistificação, segundo a qual a cultura é de esquerda, um apetitosíssimo argumento. Mais valia, parafraseando o nosso NMP, os rapazes da Nova terem dado descanso aos seus dedinhos
posted by FNV on 9:44 da tarde
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O QUE FAZ FALTA II: É ainda acrescentar uma coisinha. O epíteto de ódio de estimação dos jornalistas, com que NMP julga interpretar o sentimento que classe nutre por este insignificante escriba, , começou a tomar forma quando denunciei nesta embarcação, a dualidade de critérios dos media face aos dislates: se nascem na esquerda virulenta, OK, se desaguam na direita trauliteira, o mundo está perdido.
Nesta terra não se perdoa. E assim rápidamente comecei a ser crismado de espancador de mulheres comunistas, de tolito divertido, obcecado com jornalistas, etc. A menos, claro, que me atire ao Expresso, à Felícia Cabrita ou à Sofia Pinto Coelho; aí já serei bem visto. Bem à vista ficam também os mecanismos de poder que são utilizados: não se ataca a mensagem, ataca-se o mensageiro. Mais não fosse, só para o demonstrar, já teria valido a pena vir aqui.
posted by FNV on 9:21 da tarde
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O QUE FAZ FALTA É AVISAR A MALTA, cantava o Zeca. E eu aviso que não é importante não compreender uma ironia de um blogger, mesmo quando se trabalha num media que usa e abusa dela, e muito bem: nos extintos Freud&Maquiavel, e Grande Jùri, no registo intímo dos Sinais, e por aí fora.
Também não é importante que eu divirta alguém com textos sobre a perda, a morte e a organização da memória. Ou sobre a localização das prisões cubanas. Também é indiferente se os jornalistas me odeiam ou não, o que aliás não acredito: sou absolutamente insignificante para esse mundo. Também não interessa se gostam ou não de mim, sou absolutamente independente dos seus afectos: nada tenho que me possam tirar. Igualmente irrelevante é a acusação que me possam fazer, como a outros, que gosto de me meter com jornalistas: é a mesma coisa que um tipo que acha que um médico foi mal educado com ele, receber em troca o labéu de anti-médico. É irrelevante e idiota.
O que é importante, e por isso a malta tem de ser avisada, é quando o outro somos nós, ainda que a espaços, e ao de leve. Quando uma rádio, uma TV, ou um jornal, dão uma notícia falsa sobre alguém, quantos de nós temos acesso ao telemóvel do jornalista, moendo-o até que ele, com a mesma pompa com que disse a mentira, fale sobre a verdade? A blogosfera permite ao jornalista-blogger, aquilo que ele nem em sonhos, no seu terreno, permitiria ao blogger.
Quanto ao que falta avisar, estes meses de blogosfera demonstraram cruelmente uma singela evidência: o direito de resposta nos media, é, para além de uma fábula convenientemente mal contada, uma peleja tão proporcionada como um Real Madrid Vs Cascalheira FC. Andavam mal treinados.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.