Mesmo que fosse verdade, o que , como diz o João Villa Lobos, é difícil de aceitar, a atitude de líder seria a de não fazer espavento.
posted by FNV on 4:35 da tarde
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MAIS LALANGUE:
O Público põe "a descer" Albino Almeida, presidente da Confederação de Pais, porque propôs a penalização dos pais cujos filhos façam maldade saos colegas da escola. O Público diz que é "a direcção errada" , mas não diz porquê. Bem, remetido para a peça ( na página 16) lá se percebe que são necessárias as inevitáveis equipas multidisciplinares. Pois. É azar os miúdos violentos, filhos de pais violentos ou relapsos, não serem dogues argentinos ,de donos violentos ou relapsos.
posted by FNV on 1:09 da tarde
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STASIS BENFIQUISTA*:
É altura de elogiar o Fóculporto. E porquê? Porque estamos quase a ser campeões e o mais difícil ainda não começou. Ser campeão num ano em que o principal adversário está empanturrado ,e o Spórtingue despede o treinador/formador no início da prova, é muito agradável, até porque será à custa de bom futebol, mas não é um feito homérico. A próxima temporada será decisiva para sabermos se o Benfica mudou. Aí temos de pôr os olhos na cultura vencedora do FCP. Em ambos os tetra, mesmo com mudança de treinador, o FCP soube manter a cultura da organização : Oliveira/ Santos e Adriaanse/ Jesualdo. Isto é saber sobrepor a cultura da organização ao clima organizacional. Vários passos, um exemplo. Como Vieira não é Pinto da Costa ( que quando um jogador se lesionava gravemente ia ao hospital renovar-lhe o contrato) , nem os respectivos thiasos são comparáveis, Rui Costa terá de se preocupar menos com os túneis e mais com a organização. Com ou sem Jorge Jesus, o Benfica tem de estabilizar rigor e espírito de cavalaria. Episódios como o de Ramires, que quando chegou anunciou que estava apenas de passagem ( embora depois tenha sido obrigado a feroz autocrítica maoísta) , não se podem repetir.
Isto já não nos incomoda, já não nos diz nada, já é normal. Em psicologia social, mais concretamente na teoria moscoviciana das representações sociais, chama-se a este processo naturalização. Algo que de início era estranho e inacessível, por exemplo, um termo psicanalítico ou da ciência, torna-se lentamente manejável, acomodável. É claro que, para que tal aconteça, o conceito tem de perder o seu significado original e adquirir outro.
posted by FNV on 9:33 da tarde
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ISSO TALVEZ EXPLIQUE MUITA COISA:
Por exemplo, por que motivo Marinho Pinto está tão empenhado na defesa de Sócrates. Sempre a cavalo no Rocinante contra a corrupção, não disse uma palavra sobre os casos do último mês ( TVI, Figo-Tagus e ramificações) . Porquê ? Porque "os tribunais é que julgam"? Não, porque lhe apetece. Porque, quando quer, é fonte, jornalista, investigador, acusador e juiz:
Tal como no PS quando Sócrates ganhou as directas, o PSD apresenta três homens. E ficamos por aqui. No PS, os três tinham peso no partido, quero dizer, pesavam realmente nas pessoas que votam PS, não apenas nas distritais. Alegre, mítica e obviamente; João Soares, representante do soarismo e ex-presidente da maior câmara do país; Socrátes, ex-ministro e simbolizando a renovação face ao desgaste aparelhista-soarista e tardo-alegrista. No PSD não acontece nada que se pareça. Passos Coelho é o cyborg experientíssimo, muito bem treinado e que agregou gente que trata a ambição por tu; Aguiar-Branco , um gentleman, foi fugazmente ( e ainda bem) ministro, é virtualmente opaco e não é reconhecido excepto pelos especialistas da caderneta de cromos. Rangel sobrevaloriza a vitória nas europeias e não apresenta nenhuma vantagem objectiva sobre os outros: não tem peso real e a imagem que transmite é, também, de técnico. Rui Rio é responsável pela entrega do partido e, provavelmente, do país, à equipa de Passos Coelho.
posted by FNV on 7:24 da tarde
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A LER, NO PÚBLICO:
Bom, muito bom: Pedro Lomba, sobre as eleições no PSD.
posted by VLX on 12:26 da tarde
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SIBILLA, SEMPRE:
Sibilla Aleramo, pseudónimo de Rina Faccio, feminista italiana do início século XX ( Una Donna, 1906), não tem coisas muito cortantes. Salvo esta, magnífica: "quase aprendo a ter orgulho, quase como um homem". Publicado em Selva D'Amore ( 1947):
Son tanto brava lungo il giorno. Comprendo, accetto, non piango. Quasi imparo ad aver orgoglio quasi fossi un uomo. Ma, al primo brivido di viola in cielo ogni diurno sostegno dispare.
Cuba. Quando tinha a idade do meu filho mais velho, era a mesma coisa: tudo invenção dos americanos, tudo pago pela CIA. O gulag, Katyn, a STASI, as purgas dos anos 30, a tortura, os fuzilamentos. Em Portugal, até o MRPP passava recibo verde à CIA.
posted by FNV on 7:09 da tarde
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A GRANDEZA DO ENTREVISTADO PERANTE ENTREVISTADORES INFERIORES:
Na Única, revista do Expresso de 27 de Fevereiro, uns tais de Christiana Martins e Manuel Tinoco entrevistam Abel Andrade, Advogado, anão. O entrevistado é de enorme categoria, bem como as suas respostas que revelam ser de uma pessoa extraordinária, oriunda de uma família corajosa e cooperante. Quaisquer que tenham sido as dificuldades pelas quais tenham passado na vida, elas foram vencidas com tenacidade e força de vontade.
Já os entrevistadores, por três vezes sugeriram o aborto. A primeira, possivelmente a mais cruel ("a sua mãe sabia, antes de você nascer, que seria anão?"). A segunda, igualmente imbecil ("se soubesse de antemão que o seu filho seria anão, que faria?") e a terceira, certamente por julgarem que, perante as respostas lúcidas, ainda não tinham sido compreendidos os seus propósitos, a mais directa ("não optava por abortar?"). Esta última mereceu do entrevistado a resposta óbvia: "não, ele respiraria, seria autónomo".
Na cabecinha enviesada daqueles infelizes entrevistadores certamente não passou a enorme ofensa das suas perguntas. E seguramente não têm consciência de que revelam que, com eles, não existiriam anões no planeta pois seriam todos vítimas de aborto. Na Alemanha nazi também havia imensa gente que pensava assim, era o apuramento da raça. Raça de gente...
E, se puderem, complementem com The Frontiers of Art and Propaganda, de Orwell, originalmente publicado no The Listener, em Maio de ....1941.
posted by FNV on 12:56 da manhã
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FIAMA, SEMPRE:
Fiama, já o disse, é madrinha desta série. E tanta, tanta, Fiama. Em Visões do Passado ( 1976), uma referência a um livro oferecido por Herberto ( Hélder) : Ofereceu do seu livro COBRA exemplares rigorosamente diferentes, pondo acrescentamentos e emendas à mão, sendo, portanto, esse um livro geneticamente impossível. Não quero imaginar Fiama a ler os seus poemas, ou a declamar . Coisa assassina. Não acredito, até porque ( Visões do Passado) :
Cada sentimento acumula demasiadas referências para uma respiração.
Alertado ( ver post anterior) por um rebocador de serviço, fui ler sobre o assunto do dia: a capa do jornal "i", a história do Jumento e o papel de garganta funda do Carlos Santos. Aqui há tempos, troquei, em privado, umas ideias com o Eduardo Pitta sobre o assunto, que complementaram as informações que recebi amável e directamente do Carlos Santos. O meu interesse foi de tal ordem ( e disso dei conta ao Eduardo ) que nunca escrevi uma linha sobre as supostas revelações. É que a minha teoria sobre o anonimato é simples. se o anónimo não vem a minha casa sujar o chão, cuspir para os guardanapos ou insultar a minha avó judia e o meu primo gay ( tudo verídico), estou-me nas tintas para a identidade do sujeito. O Jumento nunca cá veio fazer essas figuras, por isso não me interessa nada e não sei por que motivo foi assunto de capa. A tal capa insere-se, se bem compreendi, numa guerra e será bom deixarem-se de pruridos. No outro dia, um blogue famoso, e muito citado pelos que hoje rasgaram as vestes, expunha a vida privada de uma jornalista que assinou uma peça incómoda para o governo. Era sobre farmácias e esta foi uma das raras vozes críticas*.
* tão mais interessante que, quando disse o mesmo do referido blogue ( usam pseudónimos) fui classificado como "maluco" e "zarolho" por um tal de João Magalhães. É giro, não é?
posted by FNV on 3:04 da tarde
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PALERMO, PALERMO:
Na civilização, os jagunços são julgados. Na Sicília , são heróis, fazem "vigílias pela justiça" ( esta é de antologia) e publicam livros onde relatam as façanhas ( gosto sobretudo da parte em que "o polícia leva uma sarda e fica logo esticado").
posted by FNV on 1:26 da tarde
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BRAÇO ARMADO DO BENFICA EM JULGAMENTO:
De tempos a tempos vejo aí repetido o nome de uma cidade italiana. Curioso hoje não ver nada sobre o julgamento que se inicia contra a claque do Benfica (que a si própria se chamava pomposamente Braço Armado do Benfica) por associação criminosa, tráfico de droga, posse de armas, ofensa à integridade física, entre outros crimes. Mas se calhar nem é notícia.
posted by FNV on 11:29 da manhã
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O TUBO DE ANTENA :
Hoje, o ataque a Gabriela Canavilhas por causa das touradas; em Janeiro foi Pacheco Pereira , o canalha, por causa da adopção gay. Na semana passada, Mário Crespo e este.
Leitor / blogger amigo alertou-me. Mais uma vez: provocadores, violentos e com muito, muito mau perder. Repito: não se pode enganar toda a gente todo o tempo.
Outro homem do Midi ( região onde vivi e à qual regresso sempre ) , como Reverdy e Ponge ( que já aqui veio várias vezes), que morreu faz hoje 17 anos. Podem ler o elogio para-fúnebre neste texto do L'Humanité. E podem ficar com esta:
Je suis responsable de tout Ce qui n'a pu se former.
posted by FNV on 3:15 da tarde
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OS GUARDAS DA REVOLUÇÃO:
Na Pública , de ontem, vem uma peça sobre a eutanásia a pretexto do caso de um inglês. O tom do texto é sempre o mesmo: "batalhas morais", "matou porque não é egoísta", as autoridades "não têm compaixão", etc. Ou seja, os bons sentimentos, os nobres sentimentos, estão todos de um lado. Aí mais abaixo cito um texto ( Teoria Geral dos Cabrestos) que compara a tourada à mutilação genital feminina. No caso do tabaco, todos se recordam que a intenção era "proteger os não fumadores"; deve ser por isso Churchill e Pessoa vêem agora as suas fotografias retocadas. Na peça da Pública, um psicólogo diz que "se não fossem os sentimentos religiosos a maioria aceitaria a eutanásia". A jornalista questiona isto? Claro que não. O terreno é agora o da religião da política, da transformação das mentalidades conduzida pelos novos guardas vermelhos. Ou seja, e recordando I. Berlin, se fôssemos algo diferente do somos também concordaríamos com o que os outros entendem ser o melhor para nós. Eu, que não fui ainda abençoado pela fé ( talvez um dia ), devo ser um zombie: só poderia ter dúvidas sobre a eutanásia se fosse religioso. Serei uma espécie de Peng, de quem Qi Benyiu disse ser uma serpente venenosa inerte, mas ainda viva.
Mas, na TSF, um "especialista em assuntos da ETA" discorria sobre esta detenção ligando-a "exclusivamente a um problema político". Quando é que os neo-nazis e os fascistas aprendem esta cartilha?
posted by FNV on 7:25 da tarde
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DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO:
Note-se que o ( ou "a", pois há por aí umas libelinhas que pousam em muito lado) ex-dirigente não quis ser identificado e, no entanto, estava apenas a emitir uma opinião. Isto já não é um partido: é uma aula de ballet numa capoeira.
posted by FNV on 3:54 da tarde
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REVERDY, SEMPRE:
O eremita de Solesmes, gosto de o juntar a Ruy Belo ( falta-lhe o humor alimonado), pese a teoria literária desclassificar tal comparação. Fora de moda, fora de círculo. Aqui podem conhece-lo um bocadinho melhor ( se não o conhecem já) , mas o poema que escolhi não está lá. Foi publicado em Les ardoises du toit ( 1918):
La porte qui ne se ouvre pas Quelques animaux Sans leur ombre Un regard Une tache sombre La maison où l'on n'entre .
O nosso foi o país em foco no Festival Montreal en Lumière, este ano, entre os dias 18 a 28 de Fevereiro. Quem aterrasse no aeroporto canadiano deparava-se logo com imensas menções ao país e ao acontecimento. No Canadá, onde vive numerosa comunidade portuguesa, diversos chefes portugueses animavam a restauração com as suas criações (Airoldi, José Avillez, Luís Baena, Joachim Koerper, Vítor Sobral, de entre muitos outros). Vários produtores de vinho portugueses estiveram presentes com os seus vinhos (Aliança, CARM, DFJ Vinhos, Dona Maria, Dourum, Esporão, J. Portugal Ramos, Jose Maria da Fonseca, Luis Pato, Malhadinha, Niepoort, Paço do Conde, Quinta de Chocapalha, Quinta do Crasto, Quinta do Portal, Quinta do Vale Dona Maria, Quinta do Vallado e Quinta do Mouro), artistas portuguesas pontificaram (Mísia, Ana Moura, e Maria de Medeiros).
O Festival Montreal en Lumière é o maior acontecimento cultural e gastronómico promovido naquela cidade, mas foi igualmente uma festa sensacional de promoção do nosso país, dos nossos produtos e da nossa mais valia. Duas fenomenais lampreias, uma no sessenta setenta e outra mais familiar, permitiram-me beber, juntamente com diversos anos soberbos do Vale Dona Maria, as descrições entusiasmadas e sempre muito coloridas de Cristiano Van Zeller sobre o Montreal en Lumiére deste ano. Um sucesso tremendo para a comercialização dos vinhos e para a imagem global de Portugal.
Julgará o incauto leitor que o nosso país, os nossos impostos ou o nosso governo contribuíram para a coisa? – Nada, népias, nem um tostão! Eram precisos 70.000 euros, catorze mil contecos que o AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e todos os Ministérios contactados recusaram pagar. Como nenhuma das autoridades portuguesas o fez, pagaram os produtores de vinho essa quantia para que Portugal pudesse ser homenageado.
Por cá, na nossa querida terrinha, discute-se primeiro o que se há de fazer com o vídeo de 350.000 euros do Figo para os amigos. Para os amigos do primeiro, claro.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.