CATCH ME IF YOU CAN: A DEA anuncia "orgulhosamente" que oferece, desde o passado dia 26 de Fevereiro, um prémio de 5 milhões de dólares por informações que levem à captura de Ismael "El Mayo" Zambada-Garcia. Ao personagem é atribuída a entrada de 16 toneladas de cocaína nos USA nos últimos cinco anos. Zambada-Garcia é agora, depois de ter derrotado o cartel de Tijuana, a organização Félix-Arellano, um dos principais narco-traficantes mexicanos e tem desde a semana passada o seu nome na lista dos America's Most Wanted. Quem tiver informações ligue para a Srª Ramona Sanchez, disponível no 602 664-5725.
Um dia destes, no Almanaque, falaremos um bocadinho sobre os carteis mexicanos: estas histórias nunca são tão simples como parecem.
posted by FNV on 11:44 da manhã
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89!Curioso número..., pensarão alguns. Será, realmente. Mas se pensarmos que para uns quantos poderá constituir uma meta ou pelo menos o alcançar uma etapa difícil, as coisas poderão mudar de figura. E muda-se efectivamente de figura se se atingir aquele número depois de uma quantidade infindável de porcarias cozidas: de cenouras cozidas, batatas cozidas, peixe, brócolos, couves, massas, feijão verde, só faltou mesmo cozer alface! Apenas no aniversário se teve direito a rancho melhorado mas, ainda assim, não passou de um cozido à portuguesa - embora se possa fazer boa batota no cozido (sugere-se cozido normal, mas morcelas, alheiras e entrecosto deverão antes ir ao forno; para o arroz, necessariamente feito com o caldo das carnes, batatas e legumes acompanhantes, aconselha-se um refogado inicial de cebola e azeite – Romeu, que ainda não se fez melhor -; procedendo-se assim, adultera-se ligeiramente o cozido mas o dito melhora substancialmente).
Grelhados também enjoam. Que porcaria de coisa!... Mas o que mais dói é o fim dos acompanhamentos: as saudades de um bom arroz de feijão, de favas ou de ervilhas, ou de um arrozinho de tomate a colorir um rodovalho ou a abraçar uns filetes de pescada (uma marmotinha, que fosse!...). Ou de uma batatinha miúda, pintalgada de salsa e a acompanhar uns bons bifes de fígado mal passados. E uma açorda de tomate no forno, bem tostada, sob uma porção considerável de ovos? Ou mesmo apenas uma açorda de bebé, só com azeite e um dente de alho, a envolver um bifinho de vaca? E - já que se sonha - porque não uma simples farinha de pau com tortilhas de fiambre? Magoa também a recordação dos pratos compostos, de uma cabidela, de um arroz de rim, de uns rojões à boa maneira da Beira com grelos bem macios. Só de pensar nisso fica-se com água na boca... E quem diz água pensa logo no vinho: um fresquíssimo Muros de Melgaço, para estes dias primaveris, ou outros verdes familiares tão frescos e, pelo menos enquanto não se comercializam, tão em conta... Vem-me à memória um Redoma muito apropriado às lareiras das noites ainda frias e o Bombay dos felizes aperitivos crepusculares, aconchegado com tostas e foie-gras, com um Serpa ou um Azeitão. Recordo-me também de um LBV Noval de 94, parceiro amigo na escrita que irrita certos sectores. E, claro, um bom Johnnie Walker com Castello.
Se a falta disto dói e magoa, melhor não faz a companhia necessária para se atingir o numérico objectivo: o exercício físico. Sejamos sinceros: alguém preferirá esfalfar-se ao fim da tarde numa bicla à beira-mar quando é evidentemente muito melhor desfazer um Moskovskaya carregadinho de gelo e de água tónica à beira-bar?
E as aulas do health-club? Alongamentos? Alongamentos?!?... Já não chega ter conseguido apertar os cordões dos tenis?!?...
É certo que se brinca e exagera um pouco: a ginástica, além de politicamente correcta, faz excelentemente bem à saúde e até ao ego. Todos dizem – e eu não serei excepção - que é com enorme satisfação que se atingem os objectivos traçados inicialmente (os primeiros dez minutos de bicicleta seguidos, a primeira corrida na esteira sem cair para cima do parceiro do lado – a quem aproveito para desejar rápidas e sensíveis melhoras -, a primeira fase de três abdominais seguidas, enfim... todo esse tipo de conquistas). E devo confessar que se fazem bons amigos nesses estabelecimentos e que são todos muito simpáticos: ninguém se incomodou muito e perceberam todos perfeitamente a situação quando os pesos ganharam vida e foram a rolar descontraída e velozmente pelo chão fora até baterem violentamente na parede, infelizmente forrada a espelhos (parece que irão ser repostos esta semana).
Mas é duro. Atingir 89 é duro mas, na verdade, é agradável deixar de ser cumprimentado matinal e diariamente pela balança por um nove (pelo menos, no primeiro dígito), que é um número asqueroso e horrível, até porque faltam exactamente nove para o objectivo final. Acontece que isso hoje não me interessa nada pois amanhã é dia de folga e de lampreia e, por mim, os noves podem crescer o que quiserem este sábado!
GUTERRES: Num post com o mesmo nome, Vital Moreira (Causa Nossa) comentou o meu post intitulado "Vagalhão de fundo", apontando que este último denota (i) "...um frémito de inquietação com o eventual perigo de uma vaga de fundo guterrista...", e que (ii) eu, Neptuno, prefiro Santana Lopes a Cavaco Silva, por mera estratégia eleitoral.
Relativamente ao primeiro ponto, penso que VM acertou em cheio. De facto, assusta-me que Guterres possa vir a ser presidente. Sendo "o" político dos consensos, moldável num mesmo momento a opiniões e políticas contrárias entre si, seria de pensar tratar-se do presidente ideal para o dia a dia, facilitando eventualmente a acção governativa a qualquer partido no poder. No entanto, perante a sua (des)governação virtual seguida de fuga, parece-me que Guterres enquanto governante, mostrou claramente ser incapaz de tomar decisões de estado. Não revelou firmeza de convicções nem coragem política.
No que toca ao segundo ponto, devo reconhecer que VM tem parcialmente razão. Se o candidato da esquerda for Guterres a direita deverá apostar em Santana Lopes, se quiser ganhar as eleições. Penso que é possível antecipar o que seria um eventual mandato de Cavaco, em que previsíveis atritos com governos seriam compensados com o seu sentido de estado, bem patente nos seus anos como governante em que, reconhecidamente, serviu o país. Pensando exclusivamente no cargo, Cavaco seria a melhor escolha. Santana, seria uma verdadeira incógnita.
Perante isto, será de concluir que a opção Santana releva da mera estratégia eleitoral? Certamente que sim. Mas apenas fará sentido se Guterres for o candidato da esquerda.
Será legítima a escolha de Santana em detrimento de Cavaco? Certamente que sim se, pelos motivos acima enunciados, considerarmos (como eu considero) que a escolha de Guterres para candidato da esquerda também releva da mera estratégia eleitoral, não sendo Guterres - mesmo na perspectiva da esquerda - a melhor escolha para o cargo.
posted by Neptuno on 5:56 da tarde
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A DIFERENÇA: A grande diferença entre o ambiente na América e na Europa é o clima de guerra que se vive deste lado do Atlântico. Tal nota-se quotidianamente: na segurança apertada, nos programas televisivos com notícias da frente e cartas de soldados para casa, nas listas de feridos e mortos divulgadas na televisão (estes programas são normalmente de manhã para cobrir as audiências que ficam em casa, os idosos, reformados e donas de casa - pais e esposas dos militares).
Esta noção de estar em guerra começou no 11 de Setembro, como bem diz JPP no seu artigo de ontem, que é mais uma excelente análise dos desafios que o mundo enfrenta.
posted by NMP on 4:59 da manhã
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A TRADIÇÃO JÁ NÃO É O QUE ERA:Este post do Blogue de Esquerda é a prova viva de que as coisas mudam.
N.R. - Este post representa uma perigosa brecha aberta na muralha de silêncio laboriosamente imposta neste blogue sobre futebol. Temo, como dizia o outro, estar a abrir uma porta de Pandora.
posted by NMP on 4:40 da manhã
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EUROPA E AMÉRICA (2): Hoje tirei a noite para eles. No mesmo Causa Nossa, Luís Nazaré rebate um editorial de Sérgio Figueiredo no Jornal de Negócios. Não me interessa a parte final do post e a discussão sobre a Terceira Via, ainda que seja uma discussão interessante e Luís Nazaré possa ter um ponto. Interessa-me sobretudo a pergunta de retórica por ele efectuada: Será que alguém ainda se atreve a sustentar que não existem diferenças entre a esquerda (o Partido Democrático) e a direita (o Partido Republicano) nos Estados Unidos? Que Bill Clinton e W. Bush são duas faces de uma mesma moeda? Já tive aqui oportunidade de considerar que a emenda constitucional proposta por Bush sobre os casamentos gay me pareceu exagerada. E considero que por vezes os republicanos fazem concessões perigosas à direita evangélica. Mas isso são assuntos essencialmente internos. No que nos interessa, a política externa, a diferença é pouca, para não dizer nenhuma.
Vejamos. Os democratas (Kennedy) meteram a América no Vietname e um republicano (Nixon) acabou com esta guerra. Os republicanos (Reagan) invadiram Granada e os democratas (Clinton) a Somália. Reagan largou bombas sobre a Líbia de Kadhafi, Bush pai expulsou o Iraque do Kuweit e Clinton bombardeou o Sudão, o Afeganistão, a Bósnia, a Sérvia e o Kosovo (em nenhum dos casos com autorização da ONU, tirando, hélas,o Iraque). Como se vê, no pós-Guerra Fria, o mundo ficou mais perigoso.
A outra coisa que se poderia concluir desta lista era que os democratas têm um gatilho mais rápido, ainda que menos eficiente. Mas talvez seja precipitado ir por aí. Deixo no entanto aos leitores um exercício: seria Clinton, que mandou bombardear uma fábrica de medicamentos no Sudão no dia a seguir aos atentados nas embaixadas de África, capaz de reagir com a contenção que Bush mostrou nos dias a seguir ao 11 de Setembro ?
Sinceramente não sei. Tenho consciência apenas que, sendo um português que me revejo nas alianças do meu país de séculos (no caso inglês) e de décadas (no caso americano), acho que o governo português lhe deveria demonstrar o nosso incondicional apoio e conselho, como aliás Guterres fez (e bem) quando Clinton andava a disparar contra tudo o que mexia.
É que as alianças não são para ser válidas quando o governo do país aliado nos é simpático. Entre sociedades democráticas, os governos escolhidos livremente pelos povos nossos aliados são sempre para respeitar. Não para insultar ou humilhar.
posted by NMP on 3:48 da manhã
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EUROPA E AMÉRICA:Neste post do Causa Nossa, Vital Moreira (VM) divulga um artigo do The Economist que explica a simpatia europeia por Kerry. Concordo com a análise feita sobre os motivos da simpatia por Kerry, mas já me custa deixar passar em claro a ideia de que existe uma "...hostilidade larvar da opinião pública norte-americana em relação à Europa...".
Os motivos pelos quais muitos americanos (cerca de metade) simpatizam com Bush e antipatizam com Kerry são de origem bem americana e têm pouco que ver com uma imagem mais ou menos europeia. Têm origens diversas e bem antigas na história dos EUA, passam pela Guerra da Secessão, pela Guerra do Vietname, pelo movimento anti-guerra e hippie, pela luta pelos direitos civis, pela revolução conservadora reaganiana ou pelo tendencialmente maior conservadorismo do Sul relativamente ao Norte (que em tempos foi democrata e agora é republicano). Passa também pela imagem elitista que as gentes do Nordeste e os seus políticos em particular têm no resto da América, dada a menor diversidade da população aí residente (sobretudo WASPs - brancos protestantes).
Há neste tipo de argumento a tentativa de criar a ideia de que há duas visões do mundo muito distintas entre a América (ou pelo menos de metade da América) e a Europa. Não há. Há valores iguais, de respeito pelos direitos humanos, pela liberdade de expressão, de organização, de culto religioso. Onde há diferença é nos meios. A Europa há muito abdicou de ter uma política de defesa forte. Prefere uma vida confortável a ter de pagar o custo social e político de ter de se armar.
Quando as coisas aquecem, como se viu no Kosovo, na Bósnia, no Afeganistão e no Iraque, os americanos lá vão, quais mauzões, fazer o servicinho sujo que os europeus não podem, porque não conseguem, fazer.
Entretanto, demonstrando a mais despudorada das insensibilidades, parte da intelligentzia europeia entretem-se a apelidar os presidentes americanos de ignorantes, burros e outros elegantes epítetos - Reagan levou esta dose, Bush leva pela medida grande (vidé o post acima citado que o apelida lapidarmente de ignorante) e mesmo Clinton chegou a ser tratado como um mero tarado sexual que lançou bombardeamentos na Bósnia para encobrir os seus affaires. Estas pérolas argumentativas, vindas de um continente que deve em grande parte a democracia na segunda metade do século XX aos americanos, primeiro combatendo os nazis e depois fazendo frente aos comunistas. Estes insultos e esta arrogância intelectual, vindos de supostos aliados, após o bárbaro ataque de 11 de Setembro de 2001 que matou cerca de 4000 pessoas, entre as quais cerca de 500 britânicos, 4 portugueses e gente de mais de 30 nacionalidades e de todas as religiões. Os amigos são mesmo para as ocasiões.
Esta corrente de opinião, que atravessa grande parte da esquerda europeia, é certamente fruto de um anti-americanismo reflectido e ponderado e não tem nada de larvar...
posted by NMP on 2:48 da manhã
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THEY'LL BE BACK: Em resposta ao post 529 do Bloguitica, o comandante desta embarcação assegura que nenhum marinheiro foi ferido ou sequer beliscado em combate.
O nosso grande PC foi para lugar remoto tratar do aprovisionamento da nau, armado de uma cana, linha e isco.
O nosso não menos enorme VLX é apenas e só uma vítima do kafkiano sistema judicial português e debate-se por estas alturas brava e ferozmente com prazos e a consabida celeridade dos tribunais.
A seu tempo estarão ambos de volta. Tende medo, muito medo....
REGUADAS: Posso estar enganado, mas parece-me que nesta história do regresso dos exames (até o da 4ª classe!) se nota o dedo de uma certa direita inculta, básica, e saudosista. Estranho que David Justino tenha embarcado nisto, mas o facto é que eles - os exames - estão aí, para salvar a ignorância nacional. Os alunos que me chegam às mãos, vindos do ensino secundário, são pouco menos que analfabetos. Compreendo mal para que servirão exames, mantendo-se o pouco investimento na carreira dos professores, e continuando ignominiosamente baixo o nível de exigência nos vários graus do ensino. Há meses dei aqui conta do que se passou numa escola secundária de Coimbra, muito bem classificada no ranking nacional: passou a ter menos alunos, apesar do desgraçado do Presidente do Conselho Directivo balbuciar, como se fosse um crime, que a sua escola "não era elitista".
Uma certa direita, tacanha e apressada, com tias a substituirem-se à funesta escola Ana Benavente, deve entender que com exames isto vai lá. Mas, se os alunos não aprendem, os exames cumprirão a única função de reprovar e provocar o tumulto no sistema; se os exames servirem para passar analfabetos, gastou-se dinheiro e atrasou-se ainda mais o nível educacional do país.
posted by FNV on 7:27 da tarde
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A ESQUERDA SUPERFICIAL: Já aqui na blogosfera, no sítio do costume, o Bloco de Esquerda tinha lançado o mote, o "episódio Ferreira Torres é um exemplo da direita profunda". Profundo, de facto. Não represento direita nenhuma, mas convido qualquer cidadão a compulsar os jornais regionais: encontrará todos os anos, dezenas de episódios semelhantes, nos campeonatos semi-profissionais e nos amadores, envolvendo autarcas, presidentes de Junta, políticos locais, do PS, independentes e do PSD. Mas o Bloco, irmão gémeo do popularucho Partido Popular, vive das capas dos jornais, do prime time, do que passa na TV, e no futebol, da chalaça popular; deve ser por isso que nunca os vimos juntos dos desgraçados imigrantes que construiram os estádios, e que viveram em condições miseráveis, mas pudemos ver Louçã no camarote presidencial ao lado de Vale e Azevedo.
posted by FNV on 6:13 da tarde
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O QUE AÍ VEM: Agora que Kerry viu confirmada a já esperada nomeação como candidato democrata será submetido ao severo exame dos media e aos duros ataques dos republicanos.
Esta pequena lista dá conta de alguns dos assuntos em que a opinião do senador do Massachussets "evoluiu" nos últimos anos. Serve como pequena amostra do que está para vir.
SANTOS DA CASA II: O I é do Daniel Oliveira, do Barnabé (link na coluna da direita); Ferro Rodrigues absteve-se na votação do projecto de penalização do aborto da maioria PSD-CDS. E pensar que esteve para ser 1º Ministro de um governo PS. E pensar que havia muita gente que julgava que ele era de esquerda.
( Depois o Daniel faz de conta que não percebe o que é o "patrulhamento ideológico")
UM TROCA-TINTAS E UM PINTOR DE NUVENS: O Dr. Louçã dedicou-se à mais espúria das tarefas: reler antigos textos de Paulo Portas e compará-los com novas falas de hoje. Por seu lado, o visado pediu aos espectadores da SIC-Notícias compreensão para um rapaz de 19 anos (ele, na altura), e dedicou-se por sua vez, a imaginar o que seria reler os textos pós-adolescenciais de Louçã: "ocupação selvagem de fábricas" e outras traquinices do género.
Nunca tive o menor respeito por essa treta de que aos jovens, é suposto ser permitido (e aconselhado), o arroubo ideológico. Se se é novo, é suposto ser-se tolerante, aberto, curioso, e não fanático; muito menos com tiradas político-morais arrogantes, à esquerda e à direita, a tresandar a leite. Mas nesta troca epistolar entre estes dois neo-calvinistas, uma coisa sobressai: Louçã, permanece fiel o seu tenebroso livrinho de 1989, sobre nuvens passageiras, Uma Herança Tricolor, Portas estaciona no que sempre foi: um troca-tintas.
posted by FNV on 9:20 da tarde
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A BLOGOSFERA EM CRISE DE CRESCIMENTO: Como todos os espaços a blogosfera é uma realidade dinâmica. Após o entusiasmo inicial, surgem agora tendências mais firmes quanto à sua futura evolução. Fusões e aquisições agitam este espaço virtual - surgiu o Blasfémias, resultante da fusão do Mata Mouros, do Catalaxia e do Cidadão Livre. Temos esperança que esta fusão não siga o caminho das fusões empresariais e acrescente valor à mera soma das partes. Pelas primeiras leituras, um reforço feminino de qualidade vem reforçar esta ideia.
Entretanto, de forma infame e abrupta um dos nossos founding fathers deixou-nos, logo aquele que em termos de estilo de escrita eu mais apreciava - o Pedro Lomba poderá ser lido por aí em jornais ou quem sabe numa livraria qualquer.
Para compensar uma boa notícia: a Formiga de Langton está de volta para nos iluminar sobre os insondáveis mistérios do Universo e suas explicações científicas.
Surgiu também o incógnito e acutilante Post-Scriptum, com textos que denunciam um espírito livre e uma informação de insider.
Para os que partem um sentido obrigado e até breve, para os que chegam, voltam ou renascem, votos de boa navegação blogosférica.
posted by NMP on 8:47 da tarde
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ALMANAQUE DAS INTOXICAÇÕES XI: Quase nas vésperas da I Guerra do Ópio, em Dezembro de 1838, o Imperador Daoguang empossa Lin Zexu como Comissário Imperial. Chegado a Cantão, em Março do ano seguinte, apressa-se a proibir o consumo e a importação de ópio. Elliot, o mais famoso dos traficantes, recusa-se a obedecer e vai para Macau traficar. Lin Zexu reage:
(...) Apesar da política desta Celestial Dinastia afeiçoar os que vêm de longe, não permitiremos que a nossa lei seja vilipendiada. O único que faremos será privá-los dos compradores e cercar Macau para uma futura busca de tal produto. Com este severo castigo, bem receio que a presença bárbara em Macau não possa continuar por muito mais tempo. Que os bárbaros, antes de agir, pensem e repensem para não se arrepender mais tarde.(...)
O relacionamento das autoridades portuguesas com o Império do Meio, experiente de três séculos, estava emparedado pelo receio de uma ( nova) invasão inglesa de Macau. Por outro lado, os portugueses não acreditavam que os ingleses estivessem dispostos a estilhaçar o equilíbrio comercial na região. E o ópio era o ponto-chave desse equilíbrio. A 26 de Setembro de 1839, o Juiz de Direito de Macau, José Maria Rodrigues, num relatório enviado ao Barão de Sabrosa, Presidente do Conselho e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, revela-se prudente:
(...)"Porque se não aproveitar agora desta ocasião, em que o Sr.Delegado manda entregar o ópio, em apresentar-lhe toda a porção que há. Ele então há-de participar ao Grande Imperador, e será isto bastante, para que todos os Portugueses sejam olhados como obedientes às leis do Império, e como bons, e submissos Estrangeiros; e de certo receberão os louvores."(...)
Já o Governador de Macau na altura, Silveira Pinto, dava uma no cravo, outra na ferradura, e definiu uma política de neutralidade na I Guerra do ópio, (que durou de 1839 a 1842), sublinhando a necessidade de preservar uma boa relação com a Coroa Britânica, oferecendo proteção aos súbditos britânicos que não tivessem ligação directa com o comércio do ópio. Esta duplicidade tinha as suas raízes numa pretensão antiga: em 1823, Macau tinha tentado reactivar o comércio de ópio a partir de Damão, furando assim o monopólio inglês, ( o que agradava à China); tal não foi de todo conseguido, pois Lintim (vizinha de Macau) tornou-se uma placa giratória de trafico, para grande tristeza da alfândega da colónia lusa. Ficar de bem com Deus e o Diabo, acabou por custar a Macau, nesta primeira metade do século XIX, a perda de uma honorável insígnia: a de lugar-rei do tráfico de ópio no extremo-Oriente.
(Com a cortesia de Wu Zhiliang, Alfredo Gomes Dias e Ângela Guimarães, de quem, a pedido de eventuais interessados, fornecerei a bibliografia respectiva)
posted by FNV on 3:40 da tarde
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FICA SEMPRE BEM: Um dos Hospitais onde mais foi sentida a transformação em SA foi no Hospital de Viseu. De facto, a presidente do conselho de administração desse Hospital consegui, em pouco tempo, algo que é difícil: Reunir todos os médicos num uníco objectivo, a sua demissão. Para tal, bastou tomar algumas atitudes (talvez resultado do seu passado enquanto inspectora das finanças), como abrir correspondência alheia, interferir e questionar decisões clínicas, entre outras cenas trágico-cómicas.
De facto, as queixas foram tantas e tão graves, que só restou ao ministro a demissão da administração em causa. O que aconteceu com algum destaque mediático, partindo o governo de imediato à procura de potenciais substitutos.
Hoje soube-se quem irá assumir o novo lugar de director clínico. O seu nome é Cílio Correia e não é nada mais nada menos que vice-Presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM). Exactamente aquela estrutura que desde o início mais tem criticado o modelo de gestão empresarial, forçando por mostrar quais os riscos para a saúde pública e a ausência de benefício desta política.
Mas brilhante só mesmo as declarações à Lusa do nosso novo director clínico, quando confrontado com a sua mudança repentina de posição. Simplesmente afirmou "Não há nenhuma incongruência...!"
Pois não senhor director, pois não...
posted by TRM on 2:19 da manhã
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CIRCO M GUEDES: A triste peixeirada do telejornal de hoje, na TVI, entre MM Guedes e Avelino F Torres fez lembrar aqueles circos pobres, em que já não há animais selvagens mas apenas seres anormais ou deformados para exibir numa jaula, onde outrora existia uma fera. A domadora, cujo chicote já está no prego, limitou-se a cutucar o anormal com um guarda chuva, provocando as normais reacções próprias de um anormal.
Só não deu para perceber quem mais salivou. Se o anormal - por ser da sua natureza - se a domadora, pela percentagem na bilheteira.
posted by Neptuno on 1:23 da manhã
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VAGALHÃO DE FUNDO: Parece haver uma certa esquerda (ou centro-esquerda) que "rema" dia e noite para a vaga de fundo de Guterres, na sua corrida para Belém. Mais do que uma vaga, penso que estamos perante um vagalhão que não convem que dê à costa. No entanto, se repararmos nas sondagens do passado fim de semana, parece que o cenário começa a ser montado para uma corrida entre Guterres e Cavaco o qual, em minha opinião, é o que mais favorece uma eventual vitória de Guterres.
As sondagens que apontam Cavaco como candidato mais votado são sondagens em tempo de paz, que permitem às pessoas recordar apenas a sua boa governação e de como seria justa a sua vitória, como recompensa pela forma como serviu o país. Por oposição ao pródigo e fugitivo Guterres.
No entanto, numa campanha eleitoral, há (entre outros) dois factores que decidem a favor de Guterres. Por um lado, o seu maior poder de comunicação (é mesmo o rei da retórica ôca) o que, em Portugal, é decisivo. A memória é curta. Fará com que as pessoas o aceitem como presidente, sabendo-se que assim não terá que (des)governar. Por outro lado, Cavaco é em si mesmo um personagem datado, que será facilmente conotado com um Portugal do século passado que, provavelmente, já não existe. O tom cinzento do próprio candidato não ajuda muito.
Perante este quadro e por muito que custe a alguns, Santana Lopes será, do ponto de vista eleitoral, o melhor candidato da direita.
posted by Neptuno on 12:55 da manhã
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WELCOME TO ALGARVE: Bem sei que vou comentar assuntos já estafados mas, no Algarve, no meio do bom tempo e da beleza e hospitalidade de certos locais - em vias de extinção - há pelo menos dois aspectos negativos que são marcantes: o facto de certas localidades só já terem solução urbanística "à bomba" e também o facto de ser a única parcela do território nacional onde, em certos locais, nos podemos sentir estrangeiros. E, neste último aspecto que vem de longe, não se trata de uma qualquer globalização precoce mas apenas de subserviência e pedinchisse, em que quaisquer meios são "legítimos" para amealhar umas libras.
posted by Neptuno on 12:41 da manhã
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HONNI SOIT... Ainda bem que o JPH do Glória Fácil (nem precisa de link) gostou do arroz de bacalhau. Mas sem querer tirar mérito à publicação de receitas pelos nosso amigos jornalistas (antes pelo contrário), recordo que, aqui no Mar Salgado, há muito que eu e o VLX maçamos os nossos leitores com inconfidências de faca e garfo.
posted by FNV on 12:37 da manhã
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VENS DE CARRINHO: Podendo concorrer, Ferreira Torres já ganhou a Câmara de Amarante: é o sonho de qualquer munícipe nortenho-futeboleiro, e assim lá teremos daqui a dois anos, em Amarante, uma "Avenida Pinto da Costa" e uma "Praceta Reinaldo Teles".
Entretanto, de norte a sul, lá teremos também, inclusive em jogos do campeonato distrital de juvenis, cenas como a de ontem. O povo é quem mais ordena.
Mikhail Boulgakov, publica em 1927 o diário do Dr.Poliakov, morfinómano inveterado. Este personagem será o próprio autor, com mais ou menos morfina ( nunca se soube exactamente), em desintoxicação sofrida diante da Moscovo, hirsuta e violenta. De qualquer modo, a fragilidade, sempre a sólida fragilidade humana:
"Se a minha formação médica não me impedisse, eu diria que um homem só pode trabalhar normalmente depois de uma injecção de morfina. Mas na realidade, em que é que um homem pode ser bom, se a mais insignificante nevralgia o põe fora de combate?
Ana K. tem medo. Tranquilizei-a, dizendo-lhe que desde a minha infância me distingo por uma grande força de carácter."
da tradução francesa, Morphine, da Babel, Setembro de 2000.
Centenário Vermelho: Indagavam no porão desta nau, porque não tinha escrito eu ainda nada sobre a coisa. Acorrentado a miudezas, aguardava um bolo de aniversário vindo de Moreira de Cónegos. Não chegou.
Mas há mais; Tenho para mim que centenários, de velhas gentes ou de velhas coisas, são resistências contra o tempo. Assim acontece com as pessoas, como com os carros, as casas, os livros. Não há nada de particularmente vital na emulsão, necessáriamente fria. Ao tempo, esse grande escultor, adiciona-se a pedra. O resultado é o musgo. O Glorioso aguarda assim o fim, vencido da vida, arrastando ainda, por muitos anos, o peso da comoção colectiva.
Como assinou definitivamente Goethe, não há nada mais difícil de suportar do que uma sucessão de dias belos. Nem mais.
posted by FNV on 10:00 da tarde
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O IMPERIALISMO ATACA OUTRA VEZ: Lá estão os malditos americanos a mandar tropas outra vez para, sob o disfarce de uma intervenção para repôr a ordem e a segurança e evitar a barbárie, somarem o haitiano território ao seu já vasto Império.
O imperialismo capitalista nunca dorme...De certeza que há petróleo no Haiti.
posted by NMP on 8:47 da tarde
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QUIZ SHOW: Passa hoje na TV. Ainda bem que Carlos Pinto Coelho (CPC) está na TSF e não na pública RTP. Assim, foi apenas divertido, que escutei o seu programa de hoje, que tinha como convidados uma senhora professora, Manuela Magno ( nome que me provoca sinistras recordações), Manuel Monteiro e Villaverde Cabral. O objectivo era vociferar contra o "sistema" político partidário.
A tal senhora foi apresentada como candidata à Presidência da República, sem que ainda sequer tenha iniciado a recolha das necessárias assinaturas. E disse coisas como estas: "ao contrário dos políticos, nada tenho a esconder", "os portugueses que pensam pela cabeça deles vão prestar atenção ao que eu vou dizer", "O Presidente pode ir todos os dias à AR, trazendo mais alegria à política", "tenho muita energia".
Enquanto a senhora vertia estas águas sob o olhar derretido de CPC, Manuel Monteiro e Villaverde Cabral rivalizavam na produção de frases memoráveis. Monteiro saiu-se com esta: "A verdadeira democracia vai ser quando eles (ndr: os políticos) aceitarem um debate com a Drª Manuela". Villaverde concordou - "e o Zé Povinho tomará nota se eles recusarem" - rematando que "a política deveria ser uma coisa de todos como na Grécia antiga".
Notas: 1) a referida pré-candidata nada disse sobre o que pretende fazer em Belém, nem ninguém lhe perguntou: assim se prestigia o anti-sistema. 2) A "prova da democracia" seria portanto debater com alguém que assim se comporta. 3) O passatempo nacional do "Zé Povinho" é anotar a recusa do Eng Guterres ou do Dr.Santana em debater com a senhora Manuela. 4) Eu julgava que a democracia ateniense tinha deixado de fora escravos, mulheres e metecos.
Depois disto, eu digo: prefiro qualquer candidato do "sistema" ( inclusive o Dr.Monteiro, político profissional até há pouco tempo, hoje travestido de D.Quixote anti-sistema), a qualquer "independente" patrocinado por CPC's e Villaverdes.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.