BUSH NO VATICANO: A maior parte da comunicação social deu da visita de George W. Bush ao Vaticano uma imagem que deveria envergonhar quem se preza por dar notícias verdadeiras, isentas e imparciais. Quem queira ter uma visão realmente verdadeira, isenta e imparcial do acontecimento, vá aí à direita ao link de Valete Fratres. Verá que não se arrepende.
posted by VLX on 11:43 da tarde
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CANÍCULA III: ou mais uma página do Diário de um sofredor de Verão. O debate não terá a dignidade do de S.Tomás de Aquino contra os averroístas, na Paris de Duzentos, mas não deixa de ser essencial: qual o melhor método para nos proteger das melgas? A melga é um bicho manhoso, esconde-se no roupeiro ou por trás do aparador durante o dia, sai à noite para a caça, como o leão. Explora no homem dois defeitos mortais, o amor à lisonja e ao entorpecimento, injectando-lhe um analgésico antes de lhe sugar o sangue. Subdivido em três tipos os meios à disposição para escapar a esses micro-vampiros:
* os difusores de parede
* os sprays insecticidas
* as loções repelentes
O mosquiteiro fica de fora porque se é sabido que os leões não atacam sertanejo debaixo dele, não é menos seguro que desde Rio Maior não mais se topou felino desse jaez em terras ( no sentido nacional do termo) de Catarina Eufémia. Se realativamente ao primeiro e terceiro dos meios referidos se mescla uma variabilidade de condições materiais, pessoais e até genéticas, já quanto aos sprays, compartilho convosco algumas conclusões.
Sintéticamente, opto por dois finalistas, o Mafu e o Raid ( nenhum "Casa &Plantas"), pois que me parecem os mais aptos. Dados técnicos:
Mafu: Ciflutrina (0,025%) e Transflutrina (0,04%)
Raid: Fenotrina (0,08%) e Tetrametrina (0,35%)
Ora bem, isto agora não interessa nada ( como diria a Teresa Guilherme), porque o importante é o alcance do spray. E nessa categoria o Raid ganha aos pontos. Verifiquei que o Raid ( fabricado na Holanda e com 5,90% de destilados de petróleo) produz um jacto mais longo e mais consistente, que permite alcançar as melgas que pousam sossegadas em locais de difícil acesso, como o topo de reposteiros, o reboco dos tectos, etc. O Mafu tem um jacto obscenamente mais húmido, quase uma ejaculação precoce, que nos obriga a recarga insecticida, muitas vezes já em complicadas condições de tiro.
posted by FNV on 9:38 da tarde
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O COMBATE DOS CHEFES III: E a evidência é que nós estamos perante um candidato, Sousa Franco, que afere a existência de uma ofensa ou insulto contra a sua pessoa em função de estratégias políticas e não pelo facto ou afirmação em si.
Ora isso diz muito (e diz bastante mal) da pessoa que desta maneira age. Não me importa a actuação política e profissional de Sousa Franco no passado; do aspecto pessoal, eu tinha dele excelente impressão até perceber que coisa tão grave como um insulto pessoal é apreciado por ele em função da estratégia: se a estratégia política se harmoniza e coaduna com o enxovalho pessoal, ele não se importa.
Mas, caro Dr. Sousa Franco, esta atitude que se deixou assumir por estratégias partidárias e políticas, certamente mal aconselhado, no futuro possibilitará que da pessoa do Dr. Sousa Franco sejam ditas coisas bem piores do que aquilo que agora se ouviu. Coisas sobre a personalidade.
De todo o modo, o que se ouviu não lhe permite nem lhe dá o direito de proferir afirmações ofensivas, gratuitas e mentirosas. Vir o Dr. Sousa Franco falar de "racismo de extrema-direita", "xenofobia", acusar as pessoas de terem "tendências totalitárias" ou de se inspirarem em "Hitler" é obsceno, é pura mentira, é próprio de quem não tem argumentos, é ofensivo, é de bloquista, é patético e demonstra um total desprezo pelos eleitos e pelos eleitores. Por todos eles. Pelos da coligação, que não merecem qualquer dos epítetos ofensivos que proferiu. Pelos do PS, que sabem bem que tudo o que o Dr. Sousa Franco disse e eu aqui assinalei é puro disparate demagógico e mentira escandalosa. Pela minha parte, por parte deste gordo (não forte), qualquer dia careca (nunca calvo), pode estar seguro de que não voto nem votarei em quem se consente dizer disparates e mentiras deste tipo, apenas por estratégia política e partidária.
posted by VLX on 6:35 da tarde
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O COMBATE DOS CHEFES II: Acho sinceramente que João Almeida foi infeliz, produziu uma historieta sem graça e de mau gosto, mas não foi ofensivo nem insultuoso e se, como dizem, pediu desculpas, fez muito mal porque não tinha nada que as pedir.
Já não acho exactamente o mesmo de Ana Manso. A intervenção desta candidata parece-me ofensiva e, o que é pior, gratuitamente ofensiva. É gratuita porque vem a propósito de nada; podia ter um toque de interesse, ou de humor discreto, estilo "não lhe dêem ouvidos!..." ou "vamos descobrir a careca a esta gente!...", mas não: a referência é ofensiva e gratuita. Mas desinteressante, terá saído no calor do discurso, e, em boa verdade, inofensiva.
O curioso desta história toda, é que Sousa Franco, acompanhado e certamente aconselhado por todos os socialistas, resolveu apontar baterias contra João Almeida e não contra Ana Manso. Contra o CDS/PP e não contra o PPD/PSD. Os socialistas e Sousa Franco esqueceram-se de Ana Manso e do seu partido e centraram-se em João Almeida e no CDS/PP. Os motivos da estratégia política são evidentes: querem atacar a coligação e, como sempre, fazem-no disparando contra o CDS/PP, tentando minar a coligação (sempre sem sucesso). Sousa Franco e os socialistas devem pensar que os eleitores da coligação são tolos, que não vêem o que se passa e se vão deixar abalar com isso. Devem pensar que os dirigentes do PSD e do CDS não conhecem já a cantilena vulgar da oposição, que não sabem o que é que a casa gasta. Sousa Franco e os socialistas devem ainda pensar que os seus próprios potenciais eleitores são igualmente tolos e não vêem a evidência.
(cont.)
posted by VLX on 6:31 da tarde
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O COMBATE DOS CHEFES: A temperatura a que tem decorrido a campanha eleitoral faz-me pensar que mais uma ou duas eleições a partir desta e a loiça parte-se, passando a coisa resolver-se arregaçando as mangas e andando os candidatos à sarrafada, numa cena de pancadaria monumental, com mais ou menos poção mágica. No entanto, a vergonha que se tem vivido merece uma ou outra reflexão e alguns comentários. Até porque se andam a confundir deliberadamente as coisas como, por exemplo, o mau gosto e o insulto.
Em boa verdade, a intervenção do líder da JP não é insultuosa; ela é de evidente mau gosto, a historieta não tinha graça nenhuma, era perfeitamente dispensável e até podia ser desagradável mas não era insultuosa ou ofensiva. Queira-se ou não, Sousa Franco pode efectivamente ser descrito como uma pessoa careca e de óculos estranhos. Fosse o rapaz dizer o politicamente correcto senhor calvo e o motorista de táxi pensaria que falava de atum... Que diabo! Ando eu aqui há anos a pregar aos meus rapazes que não devem bulhar com os colegas quando eles lhes perguntam "quem é aquele senhor gordo que hoje vos veio buscar?...", por isso ser uma descrição perfeitamente natural e identificadora da pessoa que os foi efectivamente buscar ao colégio, não constituindo ofensa alguma, e eles agora atormentam-me diariamente porque aquele senhor da televisão careca e com óculos esquisitos, pai de um menino (eles pensam que défice é o nome de uma criança...), também não gosta que digam que é careca e tem óculos esquisitos... Tentei explicar-lhes que se tratava apenas de politiquice, mas não consegui fazê-los compreender o termo. Acho melhor não os ir buscar ao colégio durante uns tempos para evitar que se metam em mais brigas com os colegas (a generalidade) que insensatamente me acham gordo (pelo menos, é uma excelente desculpa para não ter de lá ir à hora do almoço...).
(cont.)
posted by VLX on 6:27 da tarde
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NEM MAIS: Os ex-maoístas são sem dúvida muito mais interessantes do que os ex-estalinistas ( sobretudo os que são bloggers e comentadores de blogues). Veja-se Maria José Morgado a responder ao inquérito do Expresso sobre o Euro-2004, sendo a pergunta sobre o que ganharemos nós com o certame: "música e fardamentos novos".
posted by FNV on 6:13 da tarde
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MELHORES DIAS VIRÃO: Alguém um dia me fez chegar uma descrição dela: "tipo peace&love". Não sei se a Ana Sá Lopes, que só conheço da blogosfera, é assim, mas envio-lhe daqui um beijo solidário, nestes dias de refrega com o director do Público. Como (ex)editora de política nacional, apesar das suas orientações ideológicas e culturais serem claras no Glória Fácil, parecia-me competente e suficientemente objectiva.
posted by FNV on 3:45 da tarde
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GLOBALIZACIÓN FUERA!: Não bastando a degradação progressiva da qualidade média de um dos principais simbolos nacionais - o bacalhau! - ontem apanhei um táxi, de cujo radio soava uma música em espanhol, com um refrão que era mais ou menos isto: "me gusta tu bacalhau con patatas, Maria(?)". O resto, dizia que o atúm também não era mau, que o carapau assim, assim, que a taínha o encantava mas que o bacalhau con patatas é que era.
Estamos perante mais uma escandalosa apropriação de um ícone nacional! Este país já lembra a queda do Império Romano, em que a derrocada acontece lenta e subrepticiamente e, quando as pessoas se apercebem já é demasiado tarde. A apropriação da tradição bacalhística é mais uma subtracção ao pouco que nos resta de verdadeiramente nosso. Antecipo, com uma espinha na garganta, a fria facada no nosso orgulho quando, num qualquer restaurante, tivermos que encomendar um Bacalhau Abraxas.
posted by Neptuno on 12:52 da manhã
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RACISMO TÍPICO DE DIREITA: É vulgar assistirmos à tentativa da esquerda de associar directamente a direita a manifestações racistas. A última tentativa coube a Sousa Franco, na forma como encontrou manifestações tributárias da extrema direita racista nos infelizes comentários sobre as suas características físicas, feitos por atrasados mentais de outro partido.
É frequente o recurso da esquerda à encenação da vitimização às mãos da direita (naturalmente) racista e xenófoba. É, ou tem que ser, um dado adquirido. Racismo é com a direita. Esquecendo que o Papá José Estaline foi porventura o maior recordista de purgas étnicas dos últimos cem anos.
posted by Neptuno on 12:40 da manhã
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CANÍCULA II: Podia chamar a esta série de posts Diário de um sofredor de Verão. Um leitor anónimo comentou o Canícula sob o ângulo sexual: "o tipo da varanda (moi?) tem é inveja das moças de seios rijos que vê na varanda oposta, pois que a sua Laura há muito se deitou". Isto leva-me a outras invejas. Na canícula sai-se de casa pela fresca e já se topam ombros e dedinhos do pé à mostra, nas mulheres. É abjecto. Em Fevereiro podemos calcular os odores que tais partes exalam, mas lãs e fibra barata poupam o invejoso. Saramago, na sua frase mais acertada, disse um dia a quem lhe perguntou, Ah... a inveja; Se pudessemos falar da inveja, estavamos dias a fio aqui..
Mas umbigos e coxas também se desmoitam com o desvario do termómetro. Um autocarro por estes dias faz-me sentir Serpa Pinto no Mucusso, atormentado por febres. As carnes ficam luzidias e cobertas por uma fina camada de suor que vai secando. Quase que se raspa. A inveja é um pouco assim, só que não é necessário raspar muito. Eu que o diga.
Uma psicanalista famosa no meio, Melanie Klein, estudou muito a coisa, em Envie et Gratitude (na tradução francesa), um livrinho notável. A inveja seria um processo primário se comparado com o cíume, porque a inveja é anterior à triangulação, e além disso é um processo que visa esvaziar o objecto invejado das qualidades invejadas. Viso eu esvaziar a transeunte dos seus dedinhos dos pés ou das suas coxas suadas? Não me parece. Preferia esvaziar o Verão, submergi-lo num imenso autoclismo ( o sítio dos especialistas para demolhar o bacalhau) e fazer reaparecer o Outono.
MANUAL DO CHICO-EURO-ABSTENCIONISTA: Fulano - Tu queres dar-lhes um tiro.
Sicrano - Mas não, eu nunca disse isso.
Fulano - Mas pensaste. Tudo o que tens feito nos últimos tempos tende a favorecer esse teu comportamento.
Sicrano - Não. Tu é que lhes deste um tiro há cinco anos!
Fulano - Não me lembro do que se passou há cinco anos. Mas se lhes desses um tiro, sempre era a única coisa que lhes davas nos últimos dois anos.
Sicrano - Mas...
( entra Beltrano):
- Pois, malandro do Sicrano, não me dás nada.
posted by FNV on 9:42 da tarde
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EM FORMA: Vai-se ao Blog de Esquerda ( link directo só disponível na coluna da direita) dos implacáveis defensores dos oprimidos e amigos das efemérides, Filipe Moura e Luís Rainha, e que lemos hoje, aniversário do massacre de Tian'anmen? Lemos sobre alperces, Santana Lopes, Matisse e as pombas, a vida sexual de Kant. É todo um manifesto de uma certa esquerda, hoje que passam 15 anos sobre o dia em que o Exército do Povo matou o Povo.
posted by FNV on 9:30 da tarde
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CANÍCULA: Os sons são variações dos perfumes, como diz o Pedro Rosa Mendes, na Baía dos Tigres, e neste Estio de canícula - constelação dos romanos - é bem capaz de ser assim. Não se pode estar à varanda em silêncio, os humanos também estão, e falam, riem, dizem asneiras, obrigam-nos a ouvir. Pode sentir-se-lhes o cheiro, das batatas fritas, dos churrascos, do cigarro, das melodias manhosas. Em Janeiro, da varanda, vê-se chuva e janelas fechadas, o que eles fazem, guardam para si. Fornicam como os gatos desse mês, mas com menos elegância e mais brevidade, ralham, comem, matam a sogra,é lá com eles e somos poupados.
O Inverno é decente como um tipo com cancro. As noites de Junho são um curso acelerado de tolerância pela espécie.
AGORA, OS "IMPERIALISMOS LARVARES", do "pensamento único" e do "neo-liberalismo". Noutros tempos, noutras horas, horas tardias, passa na RTP uma reportagem sobre Nova Gorica, uma célebre cidade jugoslava erguida por Tito para demonstrar a vitalidade da nova sociedade socialista. Do outro lado da fronteira, a sua ex-futura gémea italiana, Gorízia. O jornalista entrevista uma etnóloga sérvia que aparenta uns 50 anos, que se recorda dos tempos de Tito. Descreve a antiga fronteira: soldados com metralhadoras e cães.
Regressamos a um tempo em que só nos contam a parte boa de certos sonhos.
posted by FNV on 1:03 da manhã
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A FERA ANDA À SOLTA: Podia ser o título de uma descabelada notícia (?) do DN de hoje (ontem), segundo a qual teria causado frisson a presença do médico Ferreira Diniz no MacDonalds do Restelo, durante o jantar, na presença de diversas famílias com crianças. Não se indicava se o referido personagem estaria também ele a jantar mas, deixava-se perceber que, embora não esteja impedido de frequentar restaurantes, sempre se tratava do Dia Internacional da Criança...
Abstraíndo da inocência ou culpabilidade dos arguidos do caso pia, pode dizer-se que a acusação do crime de pedofilia é, em si mesma, uma nódoa que não sai. Seja pelo comportamento da generalidade das pessoas - que, normalmente, são mais facilmente atraídas pela presunção da culpabilidade - seja pelo comportamento de alguma imprensa (na qual não incluo o DN, apesar da escorregadela...) que não terá vontade de deixar cair no esquecimento alguém ou algo que vende tão bem.
BLOGAR - VÍCIO, PRAZER OU NECESSIDADE ? Recomenda-se vivamente a todos os bloggers lusos a leitura deste artigo do New York Times, em boa hora transcrito pelo Filipe Moura do BdE.
Certamente muitos se reconhecerão nas descrições efectuadas no artigo. Provavelmente não passamos de uma tribo de doentes mentais que encontra no acto de blogar um mecanismo de fuga e refúgio da nossa incapacidade de lidar eficientemente com a vida real e quotidiana. Que me dizem os psis ?
posted by NMP on 6:16 da tarde
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Á ESPERA:Neste post, o sempre amável Paulo Gorjão pergunta porque não informei a blogosfera a propósito do discurso de John Kerry sobre política externa. A explicação e simples: não percebi qual a(s) ideia(s) forte(s) de Kerry para esta área e as alternativas que propõe à actual Administração. Como aliás, o Paulo também não, como se depreende desta sua tentativa de sistematizar o que não é sistematizável, ou seja, o atabalhoado discurso de Kerry sobre estes assuntos.
Numa primeira fase, ainda durante as primárias pareceu haver uma preocupação em encontrar um corpo teórico que enformasse a política externa democrata. De que o melhor resumo foi o ensaio de James Traub no New York Times, The things they Carry, (carece de asssinatura para se poder ler o artigo) sobre o nationalist liberalism, o que em termos anglo-saxónicos tem uma conotação bem diferente de outros movimentos com o mesmo nome do século 19. Esta doutrina, nascida dos sectores mais conservadores do Partido Democrata era uma tentativa de acomodar as elites-falcão com os militantes-pomba do partido, como se depreende das palavras de Traub:
Last spring, a group of] foreign-policy thinkers from the conservative side of the Democratic spectrum proposed a doctrine of ''nationalist liberalism,'' which would ''consciously accept the critical importance of power, including military power, in promoting American security, interests and values,'' as the neoconservatives had in the 1970's. But the doctrine would also recognize that America's great power ''will create resistance and resentment if it is exercised arrogantly and unilaterally, making it harder for the United States to achieve its goals.'' The authors laid out a ''generous and compelling vision of global society,'' which would include ''humanitarian intervention against genocidal violence; family planning; effective cooperation against global warming and other environmental scourges''; foreign aid; free trade; and large investments to combat AIDS.
All the major Democratic candidates could be considered nationalist liberals. And it's no surprise: since this is more or less the consensual view of the foreign-policy establishment, practically everybody the candidates have been consulting takes this view. With the very important exception of Iraq, the major candidates hold essentially the same views. Hawkishness or dovishness on Iraq thus does not correlate with some larger difference in worldview, as, for example, the left and right views on Vietnam once did.
Entretanto toda a preocupação em criar um corpo teórico congruente e ideológico foi afastada pela pressão da campanha. As opiniões de Kerry são agora fruto de conveniências eleitorais e corroboradas por gente tão diferente como Joseph Nye, teórico do soft power e Richard Holbrooke, um diplomata mais pragmático e com experiência operacional, pouco dado a especulações teóricas.
Esta evolução não aconteceu apenas a Kerry. George W. Bush foi forçado pelos acontecimentos dos últimos meses no Iraque a descer do Olimpo ideológico do neo-conservadorismo e das decisões com base ideológica (como a que definiu o número de tropas a utilizar na intervenção) e a adoptar o multilateralismo como método de actuação.
Estamos assim numa espécie de limbo, á espera de novos desenvolvimentos. Bush anunciou 6 discursos sobre o Iraque e política externa durante Junho, Kerry afirmou que faria 3 discursos sobre os mesmos temas. Não passam de estratagemas para ganhar tempo. E perceber melhor o que se vai passar depois de 30 de Junho. As primeiras semansa do mês de Junho são teoricamente favoráveis a Bush, com as comemorações nacionalistas e saudosistas do Mmeorial Day e do desembarque na Normandia. Mas este clima favorável pode ser alterado por uma eventual agudização da situação no Iraque ou a mera manutenção, por muitas semanas, da actual situação descontrolada.
Paira a ideia de que as eleições de Novembro serão decididas por coisas que ainda não aconteceram: a estabilização ou ão da situação no Iraque, um possível atentado terrorista em solo americano, a detenção ou não de Bin Laden, etc...
Provavelmente não poderia ser de outra forma. A realidade poucas vezes se conforma à mera condição de confirmadora de ideias ou ideologias. Impõe-se por si mesma.
posted by NMP on 4:20 da manhã
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O SILÊNCIO ASSINADO E A MILITÂNCIA ANÓNIMA: O Comandante deixou aí um post relembrando a política do Mar Salgado de não opinar sobre processos judiciais em curso, sobretudo quando envoltos na fumaça de estratégias desinformativas. Fizeram-se aqui alguns comentários sobre aspectos técnicos de decisões públicas relativas ao processo Casa Pia - mas nunca alinhámos no pagode opinativo, à flor da pele e ao sabor dos jornais, da definição dos índios e dos cow-boys, nem da desconstrução das "cabalas".
O Manuel, da Grande Loja, deixou um comentário a esta política editorial, considerando que "o problema do abstencionismo é o de ser uma faca de dois gumes...". Embora o post seja do Comandante, trata-se de uma posição comum a todos os marujos, pelo que me sinto no direito de dizer uma ou duas coisas.
Em primeiro lugar, a afirmação do Manuel é ambígua; normalmente, a expressão "faca de dois gumes" utiliza-se para designar algo que pode conduzir aos efeitos desejados, mas que também pode causar efeitos indesejados por quem a usa. Seja qual for o sentido que se dê ao nosso silêncio, dificilmente se lhe pode aplicar a expressão - porque não se lhe podem ligar, pura e simplesmente, efeitos desejados ou indesejados. E a razão é singela: nenhum de nós é agente do Ministério Público, nem da polícia, nem conhecido ou amigo das pessoas envolvidas, nem militante de um partido - e, por isso, ao contrário de outros, não nos vemos compelidos a vestir esta ou aquela camisola.
Em segundo lugar, o silêncio não deve confundir-se com "abstencionismo". O silêncio, neste caso, deve-se ao respeito e à forma como entendemos o funcionamento da democracia. O abstencionismo insinua uma demissão de deveres de escolha - que manifestamente não existem aqui. Essa é, porventura, a pior faceta daqueles que não se coíbem de comentar o processo Casa Pia: não só se arrogam o direito de produzir as opiniões mais desvairadas sobre o caso, como acham que todos os outros têm o dever (cívico?) de o fazer, numa lógica política de "nós / eles".
Em terceiro lugar, é surpreendente que o remoque venha de quem vem: homem consabidamente informado acerca dos meandros do sistema judicial e da sua política, falta agora a Manuel dar o passo decisivo e pôr um nome verdadeiro por baixo dos seus agudos comentários. É mil vezes preferível um "abstencionismo" assinado, se abstencionismo fôra, do que uma militância anónima - sobretudo quando descamba para a pirotecnia.
posted by PC on 3:30 da manhã
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"UM POUCO DE HINO, POR FAVOR"*:Com típica parcialidade, mas com o habitual humor que o caracteriza, o meu antigo mestre da faculdade de Coimbra, Vital Moreira, do Causa Nossa (blog de esquerda apenas disponível em link aí à direita, por já célebre incapacidade minha), discorda do que eu escrevi há dias e acha que a culpa de parte da população nacional não conhecer o nosso hino se deve antes à direita. Porquê? Porque tem sido a direita quem mais tempo tem estado no poder desde 1976 (louve-se desde já a data do início da contagem do período, não muito vulgar nestas paragens).
E como poder dominou o Ministério da Educação sem que se tivesse incluído na aprendizagem dos estudantes uma disciplina de educação cívica onde se estudassem os símbolos nacionais. Por quem vem o recado!... Vir a esquerda acusar a direita de não proteger os símbolos nacionais é realmente uma novidade para mim. Ainda por cima promovendo-se, para defesa dos símbolos nacionais, coisa tão complicada como a criação de uma disciplina específica (quando eu modestamente me bastava com o ensino do hino como antigamente, cantado de vez em quando nas escolas. Possivelmente nas aulas de música, às segundas e sextas. Ou só às segundas, da parte da tarde. Mas sempre na infância: se a gente ainda se lembra de "palram pega e papagaio...", de "batem leve, levemente..." ou mesmo de "atirei o pau ao gato...", será assim tão difícil à mocidade de hoje aprender a dizer, compreender e soletrar "egrégios avós" sem necessidade de uma disciplina específica?).
Percebi - relendo o post - que VM estaria apenas a dar largas ao seu conhecido sentido de humor e a meter-se comigo. Tal como eu, VM sabe bem que se alguma vez algum governo à direita do PS promovesse a criação de uma disciplina do tipo da que defendeu, a esquerda em bloco, o bloco de esquerda e o próprio VM cairiam em cima do governo com críticas de toda a ordem. Como aliás já fizeram quando há uns anos se falou em cantar o hino nas escolas, ou quando mais recentemente se defendeu a bandeira nacional nas escolas. Ou estarei enganado?
* O título deste post é apenas reconhecível pelas gerações que se deliciaram com António Silva, em Canção de Lisboa. Um filme da ditadura, portanto.
posted by VLX on 1:22 da manhã
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DEBATE DAS EUROPEIAS: Miguel Portas anunciou logo ao que vinha, no primeiro debate das Europeias, que terminou à pouco na SIC-Notícias: "não estamos aqui para discutir entre oposições mas sim para contestar o Governo". E de facto o vento parecia-lhe favorável: 3 contra 1, o que deve avisar o PSD para não concorrer coligado nas próximas legislativas. Estava tudo na paz dos Deuses, mas Miguel Portas não contou com a amiga de Peniche Ilda Figueiredo, que conseguiu irritar Sousa Franco, que por sua vez presto contou com a solidariedade de Deus Pinheiro. E também não contou com a atitude impecávelmente honesta de Sousa Franco, que não se coibiu ( ao contrário do que faria supôr a lógica eleitoral, essa meretriz), de concordar com o cabeça de lista da Coligação em temas europeus essenciais: a recente revisão constitucional, a necessidade de uma política comum de defesa, entre outros.
Resta que a Miguel Portas (que esteve muito bem na análise da politíca agrícola comum, acentuando a necessidade hoje evidente excepto para tolos, de a harmonizar com a política ambiental), falta a tenacidade e obstinação do Rasputine do BE ( qualidades que sobram a Ilda Figueiredo de tal forma que eclipsam todas as outras), bem como outra que Louçã dispõe em quantidades generosas: mais atenção ao vento da discussão e aos adversários, e menos auto-contentamento.
Por último, embora se vá dizer nos media, como é habitual, que este foi pobre e confuso ( faz parte do jogo os media dizerem mal do discurso político para assim melhor evidenciarem a sua suposta independência e o seu papel vigilante) achei que o debate incluiu discussões e perspectivas razoavelmente interessantes sobre a União Europeia.
MITOS URBANOS: Já corre por aí, descobri-o afixado nos corredores do Instituto em que dou aulas, e pelo que apurei, circula em muitas caixas de correio electrónico. Um dos avisos que bispei, não sei como, reenvia pedidos de esclarecimentos para a Reitoria da Universidade do Porto. Falo de uma imbecilidade que dá pelo nome de Progesterex, mais uma suposta "droga dos violadores". O rumor começou a circular na Net em 1999, nos EUA, e avisa pobres raparigas frequentadoras de bares e festas de qualquer espécie, que andam por aí homens com uma pequena pílula usada em veterinária para esterilizar cavalos. Esta droga, admnistrada à incauta jovem, não só a colocaria à mercê dos instintos sexuais predatórios do malandro - porque a anestesiaria - como a esterilizaria para todo o sempre, para além de a tornar incapaz de se recordar do episódio. Este Progesterex seria admnistrado em conjunto com o velhinho Rohypnol com o papel de desinibir a miúda para o acto sexual. A vantagem do Progesterex seria a de impedir agravidez.
Convém informar que não existe na literatura médica nehuma droga chamada Progesterex, nem nenhum local que a venda.
A História das Drogas é prenhe de mitos e lendas ( muito haveria a dizer sobre isso), Robert Graves, por exemplo, defendia em 1976 a tese que ainda no século XX as bruxas portuguesas eram fãs de um fungo alucinogénio, o Panaeolus papilionaceus. Nos séculos XVI e XVII, as bruxas do Piemonte voariam porque sabiam preparar especialmente a Atropa belladonna, um arbusto da família das solanáceas. Nestes mitos urbanos dos nosso dias, a única coisa que voa é a inteligência.
CARO SENHOR ADJUNTO DO PRIMEIRO-MINISTRO: Perdoar-me-á que responda aqui à sua gentil missiva, mas o enevelope, posto que elegante, não continha o endereço do remetente.
Estou consciente de que o Euro 2004 é uma "oportunidade única para a projecção internacional do nosso País, da nossa riqueza humana" e, por que não confessá-lo, aqui que ninguém nos ouve, "da nossa riqueza patrimonial e da nossa ambição".
Porém, já desconhecia que, "ao longo de várias semanas, cerca de 8.500 jornalistas estrangeiros farão do nosso País o centro das atenções de todo o mundo" - mas fiquei contente com a notícia. Sabe-se lá o que os terá levado a tomar decisão tão favorável para Portugal e para o Governo que V. Exª superiormente coadjuva, mas... que importa? Pela minha parte, procurarei estar à altura do acontecimento e, para não dar má impressão ao mundo, encomendei já um fatinho de campino sorridente. A minha mulher, não tendo a sorte de ter nascido lusa, está já devidamente treinada para narrar a eventuais repórteres estrangeiros a imensa felicidade da vida de um estrangeiro em Portugal.
Quanto às eventuais "perturbações no [meu] quotidiano e na vida da [minha] cidade", estou certo de que o pior já passou. Aproveito, aliás, para felicitá-lo pela inusitada rapidez com que se fizeram obras de tão importante envergadura - embora sinta alguma pena por não haver um Euro, ou outra coisa qualquer, para crianças doentes. É que um novo Hospital Pediátrico, neste burgo periférico, dava mesmo jeito. Obviamente, tudo a seu tempo e na ordem devida.
Mais lhe garanto que estou pronto para "enfrentar um fluxo extraordinário de visitantes", mesmo que tenha ficado algo confuso acerca do modo como tal atitude se pode conjugar com a demonstração da nossa "intrínseca e cordial hospitalidade".
Agarremos, pois, "de forma determinada", esta "grande oportunidade". Também eu sinto que "Portugal está pronto".
Respeitosos cumprimentos deste seu criado,
Pedro Caeiro
PS: O carácter tão pessoal da original forma de comunicação que escolheu para se dirigir aos seus governados dá-me o à-vontade necessário para lhe pedir que satisfaça uma curiosidade que se me suscitou quando li a última linha da sua carta: também escreveu ao Vítor Baía?
posted by PC on 9:29 da tarde
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A PARTIDA DE MOURINHO E O INÍCIO DE UMA LONGA ESPERA: Depois de mais de uma semana de arrelias informáticas que me impediram de postar a gosto, não quero deixar de escrever a minha pena por José Mourinho abandonar o FC Porto e o futebol português.
Claro que eu também preferia ter visto um Mourinho feliz e festivo na vitória final. Claro que eu também preferia que Mourinho não tivesse dito muitas coisas que foi dizendo ao longo do tempo. Claro que eu também preferia que Mourinho tivesse levado de outra maneira a derrota contra o Benfica na final da Taça. Infelizmente, creio que aí Mourinho personificou aquilo que de pior (todas as associações de pessoas têm coisas boas e más) o meu clube tem. Foi, em certo sentido, mais papista que o Papa.
Mas um treinador não é candidato a deputado, nem à mão da nossa filha, e tudo aquilo não retira um miligrama à competência técnica de José Mourinho. O discurso da sorte, dos árbitros e do "sistema" é curto, demasiado curto, para explicar o êxito fulgurante do homem.
No último quarto de século, nenhuma equipa portuguesa jogou com a mesma determinação, frieza e profissionalismo arrepiantes, estivesse a perder ou a ganhar, a jogar em Old Trafford ou na Luz. E não se pode dizer que a Mourinho tenha calhado uma equipa de onze foras-de-série.
Por isso, lamento a sua saída. Arrogante, mal-educado, cabotino, o que quiserem - mas estaremos provavelmente mais um quarto de século à espera de outro treinador que acerte em 95% das substituições que faz e que, estando a ganhar em qualquer estádio, acabe o jogo a atacar. À campeão. Ah, campeão!
posted by PC on 9:05 da tarde
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COMUNICADO DA GERÊNCIA: O processo Casa Pia deu mais uma volta. A política da casa continua a ser a de não comentar processos judiciais complexos e sujeitos, desde o início, a estratégias informativas manipulatórias e intoxicantes.
posted by NMP on 7:27 da tarde
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NA PONTA DA CHUTEIRA: A euforia despoletada pela merecida e grandiosa vitória do FCP provocou algumas declarações e análises completamente exageradas e disparatadas. Chegou-se a afirmar que a vitória era boa para a retoma económica e para a "auto-estima" do país. Dado que este raciocínio terá terreno fértil no próximo mês em que se disputa o Euro 2004, talvez seja boa altura para relembrar qeustões básicas.
Os desafios que Portugal enfrenta são estruturais e não se resolvem em dois anos, não estão apenas dependentes dos ciclos económicos, muito menos do destino de uma bola saída da ponta de uma chuteira. A última vez que os poderes públicos em Portugal quiseram criar um clima de euforia em Portugal (em 1998, durante a Expo 98) deu um lindo resultado: caucionou-se o desbragamento nas finanças públicas e hipotecou-se o desenvolvimento económico do país por muitos anos.
Convém portanto fazer retornar as coisas à sua verdadeira dimensão: uma vitória futebolística é apenas e só uma vitória num jogo - que aliás se designa jogo e não ciência pelo papel fundamental que o acaso, a sorte e o azar nele desempenham. Por mais alegria que tal provoque (e em mim provoca), não deve fazer perder o sentido das proporções. O destino do país, o seu desenvolvimento e o progresso económico e social não dependem em nada do que os nossos futebolistas fizerem.
Seria bom que Portugal ganhasse o Europeu para dar uma alegria aos milhares de adeptos desse maravilhosos desporto que há em Portugal. E nada mais do que isso.
É um pouco absurdo ter de escrever estas linhas, mas infelizmente em Portugal há muito boa gente que perde o discernimento perante meia dúzia de jogadas de bola.
posted by NMP on 6:59 da tarde
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ELEIÇÕES EUROPEIAS: Tudo se conjuga para que aconteça uma gigantesca abstenção nas eleições do próximo dia 13. Para além da infelicidade da escolha da data, há causas que são comuns à totalidade da (não) participação política dos cidadãos. Desde logo, a falência do actual sistema eleitoral, que é uma negação da representatividade política e que faz com que as pessoas não acreditem no sistema. Por via disso, temos um monopólio da actividade política pelos partidos. E esse sistema, nivela por baixo o parlamento e permite que vários cromos obscuros se perpetuem na manjedoura do sistema, sem outro sufrágio que não o dos próprios partidos. A cujos generais apenas interessa ter soldados. Não há responsabilização directa dos eleitos - fora o líder e os mais chegados - e, assim, as mesmas caras repetem-se todas as eleições. Votar nos mesmos para quê?
As eleições europeias têm como agravante o facto da Europa, como organização política, ser um verdadeiro mistério para a esmagadora maioria dos portugueses e um mal necessário para a maioria dos restantes.
Ouvi hoje na rádio um senhor que afirmou que sem a participação dos eleitores a democracia é um falhanço. A seguir ao dia 13, antevendo esse mesmo falhanço, talvez os senhores deputados possam debruçar-se sobre a forma de corrigir o que está mal, talvez no intervalo de um qualquer "trabalho político". Imagino que será imediatamente criada uma comissão para o efeito. Para que nada mude.
posted by Neptuno on 6:43 da tarde
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CAÇAR À ESPERA: Esta modalidade de caça distingue-se pela confortável ( nem sempre, se for ao javali numa fria noite beirã), mas atenta, concentrada e expectante atitude do caçador. Apesar de tudo é mais desportivo caçar por perseguição, sobretudo se caçarmos animais perigosos. O CAA do Blasfémias ( link directo só disponível na coluna da direita) parece-me adepto da primeira destas modalidades, pois atira-se literal e fulminantemente ao António Lobo Xavier ( "pavão inchado", "carreirista", etc), numa esquina de uma opinião. ALX disse na Quadratura do Círculo, na SIC, que Mourinho mostrou não ter captado integralmente o modus faciendi do FCP, ao falar numa eventual saída do FCP, às portas da final da Liga dos Campeões. Está bem, pode ser discutível a opinião de ALX, que até me pareceu ter sido oficiosamente proferida, mas longe de constituir motivo para tão violento lance venatório.
Não foi a inusitada agressividade do CAA que me chamou a atenção, foi a inusitada agressividade do CAA que me chamou a atenção.
posted by FNV on 10:45 da manhã
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DISFORIA: A realidade está cada vez mais arredia da SIC-Notícias. Jornal da 1h da manhã, a repórter de serviço no Rock in Rio grita entusiasmada que estão milhares de pessoas a encher "o recinto", desfrutando um concerto de uns tipos cujo nome não fixei. Enquanto a repórter se descabela como um speaker da Volta a Portugal, a camâra vai mostrando o tal "recinto" cheio de milhares de pessoas. Desoladoramente vazio, nem percebi de início que era aquele o "recinto" do qual a excitada moça falava. Se isto é assim com um concerto de rock, o que não será com outras coisas, ou dito de outro modo, até onde irá a hegeliana inspiração jornalística de Carnaxide do tanto pior para os factos?
posted by FNV on 1:21 da manhã
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A MINHA CIDADE: Penso que é tristemente comum a todas as cidades deste país a falta de projectos urbanísticos com pés e cabeça. Normalmente, vemos construção em todo o lado, de qualquer tipo e para qualquer destino, sem critério, matriz ou gosto. Todos dizemos e pensamos, em surdina, que a avalanche urbanística é directamemnte proporcional ao dinheiro que circula pela porta do cavalo das câmaras municipais ou ao dinheiro que entra no famoso saco azul dos partidos, que estes reembolsam através das cm's.
Em Coimbra, capital portuguesa da especulação imobiliária, o desenvolvimento urbanístico tem verdadeiros requintes de malvadez. Tem todos os defeitos já citados mas com a agravante de não poupar os bairros antigos da cidade. Parece que não bastou o exemplo da criminosa destruição da Alta de Coimbra. Hoje em dia, mesmo os bairros nobres e os belos jardins de Coimbra são vítimas de atentados ao pudor urbanístico, em que qualquer metro quadrado é bom para edificar.
Parece-me que estamos perante mais um valoroso exemplo de dignificante trabalho político. Se ainda restarem alguns escrúpulos, apelava a que não se destruísse mais o pouco que ainda existe de bom porque, em boa verdade, tudo o resto não suscita já grandes esperanças.
SOLIDARIEDADE: Avesso a ameaças vindas de tipos-que-têm-o-ar-de-quem nos-vai-dar-com-uma-moca-na-cabeça, o nosso marujo PC deve estar aterrorizado e indignado com o novo cartaz do BE: um padeiro imponente com um rôlo da massa e a legenda por baixo: "Vota em quem lhes bate forte".
PC amigo, esta nau está contigo.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.