posted by FNV on 4:27 da tarde
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LONGE DE AMBOVOMBE (III):
Diz um jornal que a violência passou dos recreios para as salas de aulas. É justo. O recreio é um lugar. Não é organizado por pedagogos, não está sujeito a devaneios partidários, não é estudado por funcionários da teoria. A sala de aula é um não-lugar. É construído à pressa com materiais corruptos. Está-se de passagem, contrariado e aborrecido. Como num viaduto do Marc Augé.
posted by FNV on 9:35 da tarde
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A CAMINHO DE AMBOVOMBE (II):
Quando Kapek criou o termo, não sabia o que estava fazer. Robota: trabalha, robot. Não era necessário. Toda a revolução, como a conversão, muda a um tempo o meio e as criaturas ( Aron). Quando usamos robots já somos robots.
posted by FNV on 9:26 da tarde
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BENJAMIN, UMA MORTE INÚTIL:
Benjaminiano fanático ( o seu estudo sobre o haxixe devia ser obrigatório na faculdade vai sonhando vai) , leio o Público de hoje e a peça de Alexandra Lucas Coelho. Benjamim, os judeus, o Holocausto; depois lá vem o dedo em riste: " E 70 anos depois, os herdeiros dessa memória, que somos todos nós, continuam a impedir outros de atravessar fronteiras , a matar e a deixar morrer". O nascimento de uma nação, resultado de um longuíssimo processo, desordenado e caótico, provocado pela perseguição sistemática aos judeus de novo inflamada ainda no primeiro quartel do século passado ( bem antes de Hitler) e a auto-defesa dessa nação , que se arrasta há 70 anos - certamente com mortos inocentes, pois não conheço nações em guerra que não matem inocentes : tudo é equiparado à Shoa e ao regime nazi. Isto pode significar duas coisas; ignorância ( sobre o que foi o nazismo) ou fanatismo anti-Israel. Ambas boas qualidades para uma repórter do conflito israelo-árabe.
posted by FNV on 4:02 da tarde
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AMBOVOMBE (I):
Diógenes não podia viver sem Manes e Manes não podia viver sem Diógenes. E por que motivo as aberturas fáceis dos fiambres não funcionam ( embora funcionem melhor do que as dos queijos fatiados)? Precisamos de precisão na abertura.
Se os militantes do PSD parassem um nadinha para pensar perguntar-se-iam certamente por que razão os seus adversários directos são simpatizantes de Passos Coelho, indiferentes a Aguiar-Branco, e centram todas as baterias em Paulo Rangel.
posted by VLX on 11:22 da manhã
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UM VINTÉM CONTINUA A SER UM VINTÉM E O RESTO TAMBÉM:
Para não chorar. Imagine o Eduardo Nogueira Pinto que o orgulho paritário é levado para o Iraque ( não para o filme): " Finalmente o número de mulheres estropiadas aproxima-se do número de homens desmembrados." Quanto ao permanente delírio de classificar o que é "decente", já não há nada a fazer. Felizmente vivemos num Estado laico.
Salvo a frase final. Podia e pode. Foi sempre assim numa parte grossa da esquerda. Orwell descreveu-o muito bem nas colunas de opinião que manteve no Tribune nos anos 40, Aron continuou o trabalho nos anos 60 e por aí fora. É triste, mas é verdade.
Dizem sempre do assassínio do seu pai, dizem sempre do seu socialismo. Ligado aos primórdios da psicanálise, discípulo de Carducci ( que já aqui esteve), é um homem com uma vida cheia e corajosa. Socialista-positivista e cripto-simbolista ( os teóricos arrumam-no no romantismo decadente), tem a poesia como metástase da infância ( se me permitem a interpretação). E tem bem. Lembram-se do miles to go before I sleep, do Robert Frost? Então fiquem com uma versão italiana ( Myricae, 1892) 100% século XIX:
Lenta la neve fiocca, fiocca, fiocca. Senti: una zanda dondola pian piano. Un bimbo piange, il piccol dito in bocca; canta una vecchia, il mento sulla mano. La vecchia canta: Intorno al tuo lettino c'è rose e gigli, tutto un bel giardino. Nel bel giardino il bimbo s'addormenta. La neve fiocca lenta, lenta, lenta...
posted by FNV on 11:36 da tarde
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(publicidade institucional)
Andam umas morcelas da Beira no sessenta que estão de se comer...
Tem de ser criada uma comissão multidisciplinar: 10 psicólogos, 8 sociólogos, 20 pedagogos e um hamster. Será necessário apurar se a cadeira era de madeira, de metal ou de plástico. Será necessário conhecer o envolvimento psicoafectivo da cadeira: que tipo de relação teve com o marceneiro, de que tipo de suporte educacional benefeciou, o que sofreu com capitalismo neo-liberal, etc. A cadeira deveria ser enviada para aquele programa contra a violência no namoro de que os meninos de seis anos usufruem. Não tarda ela está na puberdade.
Quando recordo os modernaços e modernaças que defendem esta gente e que gozavam com os casacos e penteados de MFL, sorrio.
posted by FNV on 11:41 da manhã
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STASIS BENFIQUISTA*:
Mais trabalho e deslocações e escritas ( a ver se acabo um pequeno projecto antigo), por isso deixo com antecedência umas dicas para vocês compreenderem o futebol actual.
2) Amanhã a coisa pia fino. O problema dos laterais vai ser de novo evidente. Vejam se percebem: não é embirração minha, é a evolução. Há 50 anos, os relvados tinham as mesmas dimensões que têm hoje, mas os jogadores eram menos fortes, menos rápidos, menos resistentes. Ou seja, havia mais espaço. Isso mudou: há o mesmo terreno, mas há menos espaço.Uma equipa de topo tem de ter nas alas gente que defenda e que ajude a atacar. As duas coisas, compreendem?
* em memória do J.F.
posted by FNV on 10:55 da manhã
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ASSUNTO NADA ENCERRADO:
A propósito de uma parte da discussão que corre no post anterior: o currículo de quem pretende dirigir o país. Um comentador habitual da casa insurgiu-se logo:
"FNV, o que é que aprendeste com aquilo, afinal? É a velha queixa da falta de curriculum dos candidatos fora da politica, combinada com a nossa ainda mais velha mania dos catedráticos. Abaixo disso, é “idiota de aldeia” ;) Espero que nos EUA não tenham os mesmos critérios de recrutamento. Aliás, não têm. Nem para cargos políticos, nem noutras coisas. Por isso é que são os EUA".
O nosso comentador está pletoricamente errado. O problema não é o de vir de fora da política. Passos Coelho está na política desde a adolescência, mas fez exactamente o quê? Geriu câmaras municipais, ou ocupou cargos no governo e permitiu que fizéssemos uma avaliação do que pensa e do que sabe fazer? Claro que não. Esteve no partido, na mecânica do partido, nos cargos de nomeação partidária. E fora da política, o que exibe para que lhe confiemos o leme? Um percurso académico mais discreto e banal do que o Ucal e quatro anos divididos entre uma empresa e as corridas eleitorais no PSD . Nos América, dizia Tocqueville, um coveiro pode ser mayor. Pois pode. Ou um médico, ou um construtor civil, ou seja o que for, com peso e trapio. Com vida.
O autor, coitado, no seu afã feminista, pós-moderno e neo-primatólogo-aldrabão-de-feira , esquece que no mundo dos bonobos as mães fazem sexo com os filhos, as irmãs com os irmãos , os pais com as pequenitas, etc. Como dizia Walter Benjamin, é ao percorrer a selva de outrora que a moda encontra o aroma do que é actual.
posted by FNV on 12:37 da manhã
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O SÍNDROMA ADRIAANSE:
posted by FNV on 11:26 da tarde
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NÃO SE COMPRRENDE:
O Paulo Gorjão, companheiro de muitos anos de blogues, costuma ser justo na bagarre política, por isso estranhei isto. Ó Paulo: tudo o que o Pedro Correia elenca ( e que citei aí em baixo) resulta essencialmente do PEC agora proposto. A equipa de MFL não poderia ter feito tal resumo há cinco meses, mas também não necessitava: o governo adopta agora muitas das objecções levantadas pela tal "oposição liderada por MFL".
* adenda: aqui está um exemplo de como a equipa de MFL sempre analisou a dissonância entre as promessas e a realidade ( ver o comentário do Paulo Gorjão aí na caixa). É bem verdade que MFL estava ainda mais preocupada com as novas promessas, mas isso é outro osso.
posted by FNV on 3:05 da tarde
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IMBECILIDADE INFECCIOSA:
Ainda não percebi uma coisa: por que motivo era tão estranho nenhuma mulher ter ganho até hoje o boneco de Hollywood para melhor realizador? Tem havido centenas de bons filmes realizados por mulheres? Em que planeta?
Isto é justíssimo. No que me diz respeito, e neste número, um texto sobre um trotskista apaixonado por futebol. No próximo, Freud, Pascal e as grandes diversões.
posted by FNV on 12:05 da tarde
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O BLOGUE DE MALRAUX:
-Votre freudo-marxisme, demande Max, a naturellement commencé par la contestation sexuelle, une histoire de dortoir? - L'important n'est pas là. Tout les governements interprètent le nihilisme en termes politiques parce que ce sont des termes rationnels.
Podiam não ser profissionais, de acordo. Mas , como se diz em relação a muitas outras notícias, a coisa não terá saído da cartola. Assim sem mais nem menos.
Há seis meses estava a explicar aos palúrdios as vantagens civilizacionais de um governo minoritário ( é procurar nos arquivos do Público quem for assinante).
Quem é "provinciano", "reaccionário contra os comboios como no século XIX" e "miserabilista"? Quem falou verdade e perdeu as eleições ( também ) por causa disso. E mais: mentiram e ocultaram , pela razão acima denunciada, e com isso atrasaram as medidas que tinham de ser tomadas. Cometeram, bem vistas as coisas, alta traição.
Desejo a todas as mulheres um enorme sucesso na tarefa em que são verdadeiramente insubstituíveis: gerar seres humanos.
posted by FNV on 10:49 da manhã
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STASIS BENFIQUISTA*:
JJ disse, no final do jogo ,que o Benfica não marcou mais golos ,porque alguns jogadores estavam cansados. Não. O Benfica não marcou mais, porque jogou contra uma óptima equipa que, até ao 2-1, teve-nos bem amarrados. Restabelecer uma cultura desportiva benfiquista, imperial e planetária, passa por dar crédito ao adversário. Se Vieira e JJ não sabem fazê-lo, pois que arranjem vídeos dos tempos de Eriksson.
* em memória do J.F.
posted by FNV on 10:04 da manhã
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O BLOGUE DE MALRAUX:
-Le pays a choisi le cancer. Qu'y pouvais je? Il n'a jamais accepté de confondre le pays et les politiciens, mais il vient de dire: le pays, et non les politiciens.
Este blogue colectivo está quase ( dia 5 de Abril) a fazer sete anos de publicação ininterrupta , graças à boa vontade do Nuno Mota Pinto. Muita coisa mudou na blogosfera, é altura de mudar também um bocadinho. O Vasco Lobo Xavier saberá de si, pela minha parte as mudanças serão suaves e progressivas. A agressividade descabelada sobre os sujeitos, quase sempre potenciada pela segurança quentinha do pseudónimo/anonimato, e a patrulha nas caixas de comentários tornam difícil a discussão sobre quase tudo. Escapam alguns temas de natureza técnica e o futebol, se levado, como deve ser, desportivamente. Na outra encosta, os blogues como instrumento da mobilização infinita. Para vender os autores e as suas necessidades: ambições, vinganças, afinidades. Como na vida, resta a especialização. Ocupar territórios abandonados, usar linguagem não imediatamente aceite pelos lobos, ser recatado no discurso. Regressar às discussões amplas sobre assuntos, envolver gente que gosta de pensar e de discutir, ignorar a peneira.
posted by FNV on 11:54 da tarde
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A ESQUECER (III):
posted by FNV on 4:16 da tarde
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EGITO GONÇALVES, SEMPRE:
Arrumado nos neo-realistas, também pouco falado nos nosso dias, imagino-o marinheiro da pesca ao bacalhau. Comunista dos quatro costados, é famoso o Notícias do Bloqueio. Na busca da síntese, prefiro isto ( A Evasão Possível , 1952):
Um homem caminha com uma flecha no corpo E uma mala na mão buscando abrigo...
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.