CONVERSA DE EMIGRANTES: O nosso companheiro emigrante do Balta-zar afirma neste post que me vai criticar pela minha opinião sobre os casamentos gay. Depois, envereda por uma clara e brilhante explicação dos motivos que levaram George Bush a propôr a constitucionalização da sua proibição, com a qual aliás estou totalmente de acordo.
Eu percebo a motivação e as intenções eleitorais de George W. Bush. E nem sequer defendo a aprovação imediata dos casamentos gay. Parece-me apenas que meter uma emenda constitucional nisto é manifestamente exagerado.
Bush pode querer agradar a parte da sua base eleitoral de direita cristã e conservadora, mas esta proposta completamente disparatada arrisca-se a mobilizar apenas os activistas gay e a alienar eleitores moderados. Os americanos têm pela sua Constituição um respeito quase sagrado e, mesmo que não concordem com a autorização de casamentos gay, muitos não gostam de ver a sua Lei Fundamental a ser arremessada de um lado para o outro ao sabor das opiniões e conveniências políticas conjunturais.
posted by NMP on 6:59 da tarde
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DISCUSSÃO DESFOCADA: O filme A Paixão de Cristo reabriu velhas feridas entre religiões. A acusação que mais se ouve é a de o filme, retratando Pôncio Pilatos de forma relativamente benevolente em comparação com Caiaphas, reforça a acusação milenar de que os judeus mataram Jesus.
Esta discussão está completamente inquinada e ampliada pelas opiniões e sentimentos em torno da evolução recente da questão israelo-palestiniana, pelas atrocidades cometidas no Holocausto e durante séculos por cristãos, directamente ou com a sua conivência, contra os judeus. Ou seja, as trocas de acusações são oportunidades de ajustes de contas ou de aproveitameto político que pouco têm de sustentação histórica e nada têm a ver com a natureza da mensagem e do exemplo de Jesus. E que não são suportados pelos factos nem pela sua interpretação teológica.
Jesus era judeu. Pelo que afirmar que os judeus mataram Jesus, isolando este caso dos restantes, é uma aberração em termos de análise histórica. Os judeus entregaram às forças de ocupação milhares dos seus (calcula-se que cerca de 250 mil), forçados que estavam a tal por um acordo político imposto pelo exército romano, ocupante e repressor. Este acordo destinava-se a garantir um mínimo de ordem e quem sabe se a evitar o extermínio puro e simples de todo um povo (a que Jesus, José e Maria pertenciam). Ou seja, no limite, pode ter sido este acordo político, evitando extermínio dos judeus, que permitiu a existência de Jesus ali, naquele local e naquele momento.
A discussão assume contornos ainda mais estranhos, quando é analisada de um ponto de vista teológico. Jesus Cristo, filho de Deus, veio à terra transmitir a mensagem do Senhor e sacrificar-se perante e pelos homens. A vida, a mensagem de Cristo e a sua morte são parte do mesmo todo: Cristo viveu e morreu para salvação dos homens - o seu sacríficio é a prova, aos olhos do humanos, do seu carácter divino. A crucificação e resurreição são o momento da revelação final da sua mensagem de Amor, que foi levada ao extremo da entrega total e do sacríficio físico. A sua morte e ressurreição são o momento fulcral da sua passagem pela terra, em que o ciclo se fecha e um pregador talentoso prova a todos a sua natureza de filho do Senhor.
Desta forma, a morte de Jesus é, na revelação que permite, um ponto culminante e necessário que abriu caminho á poderosa Fé que arrastou milhões para o cristianismo nos séculos e milénios seguintes. A esta luz, é absolutamente irrelevante para um cristão o apuramento de quem matou ou mandou matar Jesus. Como Ele tantas vezes afirmou, veio à terra para, sacrificando-se, salvar os homens, deixando-lhes a Palavra da Salvação. E a sua morte, que o próprio previu, era parte da sua caminhada. Foi o acto que consubstanciou e confirmou a sua mensagem. Foi este exemplo de despojamento total, de generosidade sem limites, que marcou profundamente os seus seguidores de então e fez florir uma das maiores religiões do mundo.
Marcou de tal maneira o mundo, que o próprio Império que elaborou e aplicou a Lei que ditou a sua crucificação se vergou aos poucos ao poder da sua Palavra. E a sede de uma das suas Igrejas mais poderosas é agora na antiga capital (Roma) de onde saíam as directrizes para as forças repressoras que o crucificaram. Vistas as coisas deste prisma, a discussão sobre se os judeus mataram ou não Jesus é apenas e só deslocada e rídicula.
posted by NMP on 5:50 da tarde
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TERRORISMO BLOGOSFÉRICO ? Fomos alertados por um leitor para o facto da nossa página (sim, esta) apresentar links para "Jihad" ou "Hezbollah". O mesmo leitor questiona, igualmente, o facto da página do Diário de Coimbra ter sempre um link para a constituição Suiça.
Sobre a primeira questão, digamos que são coisas que acontecem. É claro que preferíamos um link para "Playboy" ou "Penthouse" (ou mesmo para o "Financial Times"), mas o nosso Comandante já está a trabalhar no assunto, exercendo o devido lobby junto de quem pode (just kidding).
O segundo link acima referido parece-me óbvio e deliberado, dada a identificação entre o pendular e rigoroso Diário de Coimbra e o paradigma Suiço, cuja constituição terá inspirado o modus operandi daquele matutino.
Que nunca se apague a luz na Rua Visconde da mesma !
A LIGA DA GLOBALIZAÇÃO:Este artigo da Foreign Policy dá conta do 2004 Globalization Index produzido anualmente pela revista e pela A.T. Kearney. Este índice mede o grau de abertura de um país na sua dimensão de integração económica, de contactos pessoais, em termos tecnológicos e de empenho político global. O índice pondera o tamanho do país, o seu PIB, a sua população (dependendo dos critérios a ponderação altera-se. Para detalhes, ver a ficha técnica no artigo). São analisados 62 países.
Segundo o índice, Portugal é o 16º país mais globalizado do mundo (descemos dois lugares em relação ao índice de 2003. Á nossa frente está a maior parte dos países com quem nos devemos comparar (sintomaticamente a lista é liderada pela Irlanda). Detecta-se uma clara relação entre o grau de globalização e o grau de desenvolvimento. Ainda assim batemos a Alemanha, a Noruega, a Espanha ou a Itália (por motivos diferentes).
No entanto, uma análise mais detalhada dos dados não nos dá motivos para descansarmos. Somos o 4º país do mundo em termos de globalização política, que mede de forma ponderada a presença em organismos internacionais (14º), participação em operações da UN (onde ostentamos um orgulhosos 2º lugar, apenas superados pela Nova Zelândia), adesão a tratados internacionais (9º) e transferências de fundos para ajuda a outros países (onde somos classificados em 6º).
Onde claramente temos de efectuar um esforço é na área do comércio (31º) em termos de maior integração económica, e em todos os critérios de globalização tecnológica - estamos em 24º em termos de Internet hosts e em 23º em termos de segurança de servers.
Enfim, o exercício é muito interessante e acrescenta a esta seriação de países, curiosas análises sobre por exemplo a relação entre o grau de globalização e a esperança de vida, a participação religiosa, as questões de igualdade entre os sexos. Recomenda-se vivamente uma leitura e análise detalhadas.
posted by NMP on 4:03 da manhã
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PAIXÃO DESTEMPERADA: O filme de Mel Gibson, como se previa, lançou a América num caos opinativo e de potencial divisão por motivos religiosos. Para dar uma ideia do grau de histeria e de loucura, a roçar o fanatismo, que por aqui vai, a Fox transmmite agora um debate em torno de uma igreja protestante que colocou um anúncio da rua, publicitando o sermão do dia, com a frase "os judeus mataram o Senhor Jesus". Há relatos de insultos e confrontos menores nas ruas entre grupos de jovens católicos que vão ver o filme e judeus em frente a sinagogas. O líder da Catholic League acusa um grupo de judeus furiosos de lhe partir o escritório. Acusações completamente descontroladas. Pode ser que isto seja apenas um aproveitamento mediático e de marketing (os pivots dos talk shows deixam as discussões alastrar até ao cheiro de recriminações e de sangue no ar se tornar insuportável). O ambiente está um pouco pesado.
Não sei se era esta a intenção de Gibson (ele desmente-a veementemente), mas convém recordar que em matéria religiosa o homem é barra pesada. É seguidor dos ensinamentos de Monsenhor Lefébvre (o outro seguidor desta seita de que me lembro foi um senhor que em Fátima quase deu uma facada no Papa).
Ainda não vi o filme pelo que qualquer opinião se basearia nesta cacofonia mediática. Assim, limito-me a recomendar que leiam o que o Nuno Guerreiro tem escrito sobre o assunto na Rua da Judiaria. Dá excelente conta do ambiente reinante por este lado do Atlântico, com a vantagem de já ter visto a obra.
posted by NMP on 3:25 da manhã
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HORA DECISIVA: As eleições primárias dos Estados Unidos estão a chegar ao ponto decisivo. Na próxima terça-feira, 2 de Março, o combate entre Edwards e Kerry poderá resolver-se definitivamente. O debate que agora decorre em Los Angeles é sintoma disso. Pela primeira vez em meses Edwards atacou Kerry. É pena que o tenha feito com base numa demagogia proteccionista, contra o comércio livre. Talvez isto lhe garanta votos, mas não sossega quem acredita na liberalização e abertura dos mercados mundiais. Para além disso, foi igual a si próprio: boa imagem, verbo fácil e empolgante, capacidade pouco usual para se insinuar e arrancar ovações.
Kerry mais uma vez demonstrou aguentar-se muito bem em debates. A resposta da noite foi dele. Pressionado por Larry King para comentar a acusação que Bush lhe fez de que mudava muito de opinião, respondeu espontaneamente "Não vou discutir a evolução das minhas opiniões com quem mantem teimosamente opiniões comprovadamente erradas". O homem tem notório talento para a resposta rápida e para o soundbyte.
posted by NMP on 3:11 da manhã
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NÃO Á GUERRA: O The Economist sempre defendeu o direito ao casamento entre homossexuais. Neste brilhante editorial reafirma-o e demonstra como a proposta de George W. Bush de constitucionalizar a sua proibição é disparatada.
Em termos de questão de princípio, não vejo como é que uma medida que leva mais gente a casar (os homossexuais) é considerada uma ameaça para uma das instituições-base da nossa sociedade. Em Portugal estamos ainda muito longe de chegar a este debate - não há pressão nem aparente necessidade social suficiente para ele se fazer. Admito que esta seja mais uma questão para referendo. Que antes de se chegar a admitir o casamento entre homossexuais se deva regulamentar a atribuição de direitos fiscais, da adopção de crianças (com eventuais restrições), e de questões de direito sucessório e patrimonial. Mas já me parece totalmente descabido inserir na Lei Fundamental uma proibição preventiva. Aquilo que hoje choca grande parte dos cidadãos pode perfeitamente amanhã ser encarado de forma mais natural. A instituição-base da nossa sociedade "casamento" tem evoluído e já passou por muitas fases - pelo casamento poligâmico, pelo casamento combinado pelas famílias, pelo casamento indissolúvel perante a Lei e pela fase actual de dimensão contratual, dependente da livre vontade das partes.
Há quem veja neste acto a abertura de uma saudável guerra cultural. Engana-se. Estamos perante um tiro de pólvora seca. O exagero da proposta é apenas uma demonstração de intolerância, de falta de abertura para possíveis evoluções futuras. Bem longe do compassionate conservatism que tanta gente atraiu em 2000. Manda uma concepção liberal do mundo e da vida que não se feche liminarmente a porta a uma futura evolução neste campo. Como muito bem afirma o Economist, é pelo menos tão errado proibir exagerada e extemporaneamente esta possível evolução, como saltar etapas na sua aprovação/imposição.
Além de que do ponto de vista eleitoral é como combater mosquitos à bomba. Apesar de as sondagens indicarem que a maioria dos americanos é contra o casamento gay, esta é uma das suas últimas preocupações, muito atrás da economia, da guerra contra o terrorismo, do défice, do ambiente, da segurança social, etc.. Os únicos eleitores que este disparate irá mobilizar são os que são afectados mais ou menos directamente por ele.
Na minha opinião, ao contrário de outras guerras legitimamente feitas em nome da liberdade e segurança de milhões, esta é uma guerra da qual George Bush se poderá arrepender amargamente.
posted by NMP on 2:19 da manhã
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A PAIXÃO DE LULA: Alguma imprensa brasileira (como a Veja) vem analisando a queda de popularidade do Presidente Lula, apontando como marca frustrante do seu mandato a "retórica oca". Frases como "É muito mais fácil acabar com a fome no mundo do que acabar com uma nação ou fazer a guerra.", "Se fosse fácil resolver o problema da fome, não teríamos fome." ou "Não tem ser humano 100% mau, como não tem ser humano 100% bom." marcam o seu discurso.
Tratando-se do país irmão, devemos avisá-lo. É que, em Portugal, a retórica oca calou bem fundo. Se Lula começar a apregoar as suas paixões (educação, saúde, etc.) desconfiem...
ALMANAQUE DAS INTOXICAÇÕES IX: O autor das linhas que se seguem, recomendava um ano de internamento para quem fosse encontrado simplesmente embriagado. Eram os primeiros passos da Temperança, longe ainda (ou talvez não), da Prohibition, que só entrou em vigor a 16 de Janeiro de 1920. Pretendia o médico,
"(...)special asylums for the inebriates on a par with criminal lunatic asylums. They should resemble those provided for the insane in being under medical care; and in possessing equal powers of detention and control, and will differ from insane asylums in their stricter discipline and in constant employement of their patients.(...)"
M.W.Baker, M.D., in Journal of Inebriety, Abril de 1887.
posted by FNV on 7:06 da tarde
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LEITURAS APRESSADAS: O Bisturi ( link na coluna da direita, até o Rui Tavares, do Barnabé, me explicar como fazê-lo directamente com o meu Mac) depreende que a minha adenda ao caso do sargento finlandês ( ver posts anteriores) que se autuou a si próprio, me coloca entre os facínoras rodoviários. Isto porque entendo que a autoridade só faz sentido num plano relacional, cujo significado seja construir algo, o que o polícia finlandês, não fez. Ao autuar-se a si próprio, dizia eu, o sargento exibiu uma concepção mecânica do exercício regulador das normas. Passo a ser cumplíce da sinistralidade rodoviária, segundo este Bisturi de corte rápido, porque preferia que o finlandês perdoasse a quem, com o cadastro rodoviário limpo ( sublinhei este aspecto), tivesse deixado caducar a carta por meia-dúzia de dias.
Mas claro que há sempre gente herdeira do calvinismo puro e duro, assépticamente cumpridora, moralmente insuperável. Esta gente encontra na miníma falha do outro, um pretexto para anunciar o caos e agitar o chicote. Ou o bisturi.
posted by FNV on 5:27 da tarde
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O PROBLEMA DO ARROZ DE BACALHAU: Resolvi no passado Domingo um problema que me afiligia há muito: como conciliar a exacta cocção do arroz de bacalhau com a regra de ouro. Passo a explicar:
Qualquer de arroz assenta num caldo, que lhe serve de base: o de pato, na cozedura do marreco, o de lagosta idem, o de tamboril idem aspas (mai-lo o fígado refogado). Ora, a regra de ouro de um bom apreciador de bacalhau manda que nunca se coza o dito. O gadídeo cozido liberta a sua gordura natural, que se perde onanisticamente na água ebuliente. Mas então, como conciliar o necessário caldo com a tal regra?
Simplesmente assim: depois do refogado obrigatório, adicione-se água e as postas do peixe, levante-se a fervura como o orgulho benfiquista, e retirem-se as ditas cujas. Seccione-se a carne amarela e reserve-se. Volte-se a pôr na panela as espinhas e a pele, e faça-se o caldo. Só depois deste amorosamente resolvido, e já depois do arroz adicionado (não lavado!) ter começado a abrir, se juntarão então as lascas bacalhoeiras, que à mesa e no prato, manterão a untuosidade original.
Um arroz destes, alegrado com tiras de pimento verde e chouriço de Portalegre, acolitado de um tinto de Palmela, resiste até às palermices de um tal Sr.Camacho. Olé!
O PERDÃO E O BASTÃO: Numa primeira versão do seu post, o nosso NMP tinha interpretado mal o meu (post) sobre o sargento finlandês, depois acertou o tiro: eu nunca pretendi glorificar o "civismo" de quem se autua a si próprio. Não viria a terreiro só por isto, evidentemente. De facto, a atitude do sargento finlandês prestou-se a comentários do género "eles é que são civilizados" ou "cá era impossível". Vale a pena acresecentar uma ou duas coisas.
Concebo a autoridade e o poder como válidas apenas no plano relacional, isso mesmo tento passar aos filhos: recordo-me da naturalidade com que o meu filho mais velho, na altura com 6 ou 7 anos, recebeu um primeiro pedido de desculpas meu. Dito de outro modo, a submissão à autoridade, e a parental é molecularmente idêntica à policial ou à docente (o contexto e as consequências é que são diferentes), necessita de um invólucro relacional, que a humaniza e lhe confere sentido. Este sentido, significado, se preferirem, assinala a relação da autoridade como algo que serve para construir, mais do que para resistir.
O polícia finlandês, ao multar-se a si próprio, exibiu uma concepção amputada da obediência às normas. Nada de fértil resulta da sua atitude, apenas a repetição abstracta do mecanismo regulador. Melhor seria que ele não se multasse, e passasse a perdoar a quem por exemplo, com cadastro rodoviário limpo, se não tivesse apercebido que a sua carta tinha caducado na semana anterior.
posted by FNV on 6:39 da tarde
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FINLANDESES VOADORES E CIVILIZAÇÃO: Nem de propósito. Aqui há dias o nosso FNV escreveu este post sobre um agente policial finlandês que se multou a si próprio. Concluía o nosso marinheiro que tal poderia ser resultado de um prazer especial em aplicar a autoridade, até em si próprio.
Ora, segundo esta notícia, o Director Nacional da PSP foi apanhado a conduzir a sua moto particular num viaduto em que o trânsito a motociclistas é proibido. O Director da PSP, nas suas horas fora de serviço, é um cidadão com os mesmos deveres e direitos dos outros e como motard arrisca-se a involuntariamente violar o Código da Estrada.
Segundo se depreende da leitura da notícia, a PSP aplicará (e bem) ao seu chefe o tratamento destinado a qualquer cidadão normal.
Afinal, num tempo de pessimismo nacional, ainda há destas manifestações de civismo em Portugal. Que tal parta do comando da PSP é um sinal muito positivo. Afinal, não são só os finlandeses voadores que sabem ser cruelmente civilizados.
Como motivação para tão louvável atitude, ao eventual prazer especial em aplicar a autoridade, citado pelo nosso FNV, acrescentaria o muito português e vingativo gozo em castigar o chefe. Quem nunca sonhou com isto ?
A POLÍTICA NO SEU MELHOR: No caso, na Câmara de Odivelas. A autarquia pôs à disposição, gratuitamente, dos idosos pobres do concelho, um reparador de torneiras, fechaduras, tomadas de electricidade. O homem chama-se Sr.Jorge e já ajudou cerca de 170 velhos.
Não é só o dinheiro que é importante. Nesta demencial época de cultura juvenilóide, é crucial perceber que para um velho, muita coisa lhe faz confusão, inclusive desenvolver a estratégia correcta para proceder a uma trivial reparação doméstica. Nem todos os velhos são Ápio, que mantinha quatro filhos robustos, cinco filhas, uma grande casa e uma vasta clientela, como conta Cícero, na boca de Catão-o-Velho.
Assim vai bem a Câmara de Odivelas, a nova.
posted by FNV on 7:32 da tarde
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PONHAM-SE MAS É A ANDAR: Uma fonte do Departamento de Estado norte-americano, diz a CNN on-line, explica que o envio de 50 marines para a capital do Haiti é porque "we have decided it is essential to take out nonessential personnel until the situation is more stable". O que era "essencial" era vocês irem pôr ordem naquilo, mesmo que uma vez lá, os carecas do costume que vos acusam de terem estado quietos, vos viessem acusar depois de imperialismo.
posted by FNV on 7:26 da tarde
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ALMANAQUE DAS INTOXICAÇÕES VIII:
"Na incontinência nocturna da urina e no onanismo:
Um pouco de algodão hydrophilo embebido n'uma solução de cocaína a um por cento e introduzido entre a glande e o prepucio, attenua a sensibilidade e consegue moderar os reflexos que são determinados pela accumulação da secreções na ranhura balano-prepucial ou debaixo do prepucio e que se traduzem pela erecção occasionada pela irritação que essas secreções originam."
in Cocaína e suas Applicações, Teixeira Ribas-Junior, Dissertação Inaugural apresentada à Escola Médico-Cirurgica do Porto, Porto, 1904.
posted by FNV on 3:00 da tarde
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PAUSA PARA PUBLICIDADE: O que é Nacional é bom...
ÓDIOS DE ESTIMAÇÃO: A forma como Miguel Sousa Tavares despeja fel sobre Santana Lopes, na sua crónica da passada 6ª Feira no Público, denota uma (ausência de) lucidez apenas presente (ausente) em MST quando se debruça sobre o futebol. Pelos vistos, também Santana lhe turva a visão, deixando-se apoderar por emoções fortes, a ponto de referir que se Santana for PR ele vai ter vergonha de ser português e que, prefere ser bielorrusso, apátrida, monárquico, anarquista ou qualquer outra coisa menos cidadão de uma república em que Santana seja PR.
Embora eu não tenha nada contra os ódios de estimação, esta crónica parece mais uma carta de uma namorada enganada do uma análise política. Uma coisa seria limitar-se a dizer que não gosta do gajo tout court, que Santana lhe fez isto ou aquilo ou que não passa de um imbecil. Outra coisa seria "desfazer" Santana apenas com base apenas em argumentos sérios. Coisa diferente é tentar mascarar um qualquer... espinho na carne (situação que ignoro em absoluto) com uma mistura de um único (e realmente importante) motivo válido - a falta de ideias ou de projecto político para o país por parte de Santana - com uma série de bocas e desabafos, mais adequados a conversas privadas de corte e costura e próprios de quem está magoado com algo. Como, por exemplo, a alegada falta de "curriculum" para o cargo - será inferior ao de Sampaio quando se candidatou pela primeira vez?
Culminando a sua crónica em beleza, MST apela desesperadamente à união dos socialistas em torno do general Guterres, para evitar a vitória de Santana. Parece-me o mesmo que confrontar os portugueses com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento.
No entanto, este apelo ao gelatinoso Guterres é também a mais bela declaração de ódio da imprensa portuguesa recente
posted by Neptuno on 5:00 da tarde
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LÊ-SE NA TURBO: Um polícia de trânsito finlandês, o sargento Lasse Asklin, multou-se a si próprio em 200 euros. Motivo: descobriu que andava a conduzir com a sua carta caducada e que "não era justo andar a multar os outros pelos mesmos motivos e desculpar a minha própria falta".
Também se pode pensar que o tal finlandês tem um prazer especial em aplicar a sua autoridade, seja em quem for. Como dizia o Marquês de Sade, a crueldade não é um vício, é uma virtude.
posted by FNV on 11:53 da manhã
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REMORDIMENTO: Todos os noticiários da TSF desta manhã me deixam um sabor amargo nos ouvidos ( sim, nos ouvidos, que se sabem escutar palavras doces, também escutam as amargas). Em Israel, um autocarro cheio de civis levava um 8ºPassageiro, entre mortos e feridos, dezenas. O amargo não provêm dos estilhaços, que naquelas bandas, são lançados de um e de outro lado. A jornalista de serviço não se cansou de sublinhar as palavras, não sei de quem, segundo o qual "este atentado é um pretexto para a construção do muro".
Pretexto para namorar contigo é convidar-te para ir a praia, pretexto para ir beber um copo é dizer que se vai beber um café, pretexto para encornar um amigo é ir fazer companhia à mulher. A pretexto de construir um muro, o proprio Estado de Israel mata um punhado de donas de casa e velhos, e manda uma qualquer facção extremista árabe assinar a coisa? Não me parece.
posted by FNV on 10:03 da manhã
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BRIOOOOOSA! (palavras para quê?...)
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.