UMA BELA QUESTIO II: O lobo do mar P.C., talvez ainda incomodado por ter inadvertidamente poisado o olhar nalguma crónica do Prof. Espada, desliza para uma confusão por certo acidental. Libertários e libertinos não são a mesma coisa. Os liberais têm horror aos libertários, quem tem horror aos libertinos são os puritanos, de qualquer espécie, como Orwell bem mostrou. Não convém esquecer que Sade foi incomodado pelo ancient régime, mas foi preso pela revolution. Adiante. O que agora nos ocupa é a resposta em itálico irónico que P.C. dá ao seu enigma: os liberais têm horror aos libertários porque a liberdade é para ser gozada com juizinho.
Satisfazendo o desejo de sangue do meu caro P.C., substituo o itálico: a liberdade é para ser gozada com muito juízo.
Nem sequer irei pela estafada fórmula a liberdade total dos lobos equivale à morte total dos carneiros, pois que P.C. por tal não a discute. Já a expressão juízo, remete-nos para discernimento, ponderação, cautela no uso da coisa. Berlin distinguiu liberdade positiva, a liberdade para(fazer, propor, mudar) da liberdade negativa, a liberdade de(de resistir ao que nos querem impôr).Ao contrário do que lêem alguns leitores apressados, como João P.Coutinho, Berlin não desprezava a liberdade positiva. Muitas das conquistas modernas ( o voto universal, os direitos das mulheres, a protecção do ambiente) foram fruto do uso da capacidade de uns em persuadir outros, em plena civilização capitalista-liberal. O que Berlin temia era uma particular utilização da liberdade positiva: uma possível boa intenção resultando num funesto enterro. Ou, regressando a Kant, que ainda consta no index prohibitorium tanto do Vaticano como da gauche revolucionária, uma fórmula que obriga a considerar os homens como meios, e não como fins.
Um episódio na batalha de Estalinegrado, reúne, tal como Antígona, os elementos constituitivos da fragilidade dos laços morais naturais face à cultura megalopata do Estado. Ainda na fase em que o 6º exército de Von Paulus dominava a situação, Estaline, via Beria e Krutchov, deu a ordem: ningúem retira. Assim, naquele Inverno de 42, grande parte dos 120.000 civis de da cidade foram morrendo, sobrando milhares de crianças. Estas habituaram-se a fazer pequenos favores aos senhores da situação, as tropas alemãs, em troca de água e rações de combate. Quando a NKVD soube, ordenou, agora via Estaline, que todo o soldado soviético que visse um miúdo russo a fazer fretes às posiçoes alemãs, tinha por dever patriótico puxar do gatilho. Compreende-se a situação dos frontovik: um pequeno Igor podia levar a uma barricada nazi uma informação que custasse a vida do soldado soviético ou dos seus camaradas. Do outro lado, o medo, esse motor de busca da alma humana: quem vacilasse era abatido pelos destacamentos especiais da NKVD, in situ. Mas mais impressionante são as descrições( descobertas após a abertura dos arquivos da KGB) dos oficiais e sargentos que obedeceram às ordens de Estaline: já não sou nada.
Este post já vai longo, a discussão continuará, talvez. Quando, e se regressar, de 10 dias de praia com as crianças, chamarei o velho Freud e o seu incontornável ( e mal-amado) O mal-estar na Civilização, à colação.
posted by FNV on 8:48 da tarde
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O PEDIGREE: É uma mulher destemida, não desiste nem emigra, para meu azar. Está certa não de uma cabala, mas de uma central de urdidura contra o PS. Por último entende que existem alguns juízes e magistrados que precisam de uma reciclagem sobre direitos, liberdades e garantias. Está lá todo, o pedigree: o jogo de palavras genuínamente políticamente correcto, ou seja, estalinista, a convicção em verdades intemporais, e por consequência um projecto de reciclagem. Que noutro mundo qualquer, seria decidido pela Drª Ana Gomes, imaginando eu as actividades diárias do campo de correcção onde seriam instalados os juízes a reciclar. A falta de vergonha também não se esconde: porque é que ninguém faz agora nada na Libéria?. Ora, minha cara, porque sabe tão bem como eu que os americanos ainda não encarceraram sem águas correntes, nenhum soldado do presidente Taylor.
Não sei, de concreto, o que a senhora fez por Timor. Sei, concretamente, que Timor só se safou quando A América boa de Clinton, rezam as crónicas a pedido do Eng. Guterres, mandou a Indonésia recolher os cães. Como dizia o enorme Fialho, a História nem sempre fixa os nomes dos que bebem champagne.
posted by FNV on 4:54 da tarde
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A BELA QUESTIO: Porque os liberais têm horror aos libertários. Vamos ter de ir por partes. O pensamento liberal, por muito imprecisa que seja a designação, pode históricamente definir-se pela sua relação com o Estado, ou seja contra o monolitismo político e ideal. Não é por isso de estranhar, que os três grandes regimes do terror do século XX, o nazi, o fascista e o comunista tivessem em comum uma raíz e um propósito: uma matriz anti-burguesa e o domínio da sociedade pelo aparelho de Estado. E, como não podia deixar de ser, uma vontade libertadora, a da construção de um mundo melhor.
A corrente anti-moderna, e por conseguinte anti-liberal do século XIX era uma revolta contra o triunfo da mui materialista e burguesa Europa. Nietzsche, Sombart, Spengler, Pareto, Burkhardt, (name droping inevitável) e muitos outros desprezavam a sociedade de massas, a moral do rebanho, a alfabetização, a decadência dos valores espirituais. A essência da moral burguesa, cristã, capitalista e liberal assentava na propriedade privada e numa fórmula, que Maquiavel muito bem pressentiu,os Bens supremos não podem coexistir entre si. Terrível, a contribuição de Maquiavel, porque ferozmente anti-utópica, e muito bem aproveitada por Berlin: Liberdade é liberdade, não é justiça social, felicidade ou segurança. A perda de alguma liberdade terá por vezes de ser auto-pronunciada para favorecer alguns dos valores acima referidos.
Ora aqui chegamos a um ponto euxino. O que cada um está disposto a abdicar, mediante arranjos estabelecidos a partir da herança helénica e de uma concepção iluminista do direito natural, os libertários do século XX resolveram de outro modo. Baseados na certeza segundo a qual os homens, se fossem outra coisa qualquer diferente do que são, também haveriam de querer o que eles lhes propuseram, operacionalizaram a utopia. Como dizia Bukharine, pode levar 5, 10 ou 50 gerações, mas do cidadão soviético haverá de ser extirpado o amor à propriedade.
O horror aos libertários (expressão muito feliz), é o espelho do horror dos libertários.
Quanto ao uso com juizinho da liberdade, conforme prometi, tentarei mais tarde, com todo o gosto, aceder a discuti-lo.
posted by FNV on 12:38 da tarde
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UMA EXCELENTE QUESTÃO: E uma não menos deliciosa resposta, ou como o lobo do mar P.C. me estimulou: porque será que os liberais tem horror aos libertários? Porque a liberdade é para ser gozada com juizinho. Lá mais para o fim do dia (ou da noite), aceitarei o desafio, con allegrezza.
posted by FNV on 11:11 da manhã
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AINDA A TSF: Como é da praxe na blogosfera, agradecem-se, ainda que com atraso, as referências de outros blogues ao nosso. É o que faço ao Carlos Vaz Marques, e ao seu Outro, Eu (link só disponível na coluna respectiva) que sucintamente incluiu o meu sucinto post na discussão sobre a troca de argumentos que manteve com Pedro Mexia.
Apreciei em CVM o tom sereno da defesa que fez da sua dama, e em geral, concordo com o que escreveu. Excepto num ponto. CVM afirma como se tal fosse contraditório com a constatação de Mexia- a TSF é uma rádio de esquerda- que aliás subscrevo, que a sua rádio é isenta e plural. Não tem de ser assim. A TSF é tendencialmente de esquerda nas escolhas editoriais que faz, mas nem por isso deixa de ser isenta e plural. Espanto? Não. Se partirmos do princípio que não há orientações editorias brancas nos media de referência, a TSF é o mais plural que pode ser uma boa rádio.
posted by FNV on 10:59 da manhã
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PORTUGAL A ARDER: Infelizmente, este título é-nos tão familiar todos os anos como a proverbial burocracia dos serviços públicos, as mortes nas estradas, a (não) justiça kafkiana, a esperteza saloia, as listas de espera ou mesmo a pobreza dos últimos programas do Herman. Por vezes, é difícil não sentir que o barco não só encalhou como se afunda a olhos vistos e que os políticos deste país fazem parte de uma grande e desafinada orquestra, em que cada músico nunca tenta tocar melhor que os outros. Apenas mais alto e mais baixo.
posted by Neptuno on 2:33 da manhã
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UMA QUESTÃO DE LINGUAGEM?: Pergunta: Por que têm os auto-intitulados liberais um horror tão fundo aos libertários e aos libertinos?
Resposta: Porque a liberdade é para se gozar com juizinho.
posted by PC on 1:53 da manhã
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O PRIMEIRO POST DE EDUARDO PRADO COELHO (II): Em segundo lugar, parece-me claro que o texto de EPC não é mais um artigo, mas sim, em verdade, o seu primeiro post. O suporte físico do papel de jornal é irrelevante para este efeito: o conteúdo e o estilo têm a marca do blogger em potência (visto que o próprio nega ser já um blogger em acção). A evocação de tempos passados (in those days...); a frase curta; a ironia leve; um certo umbiguismo; e, por sobre tudo, a necessária superficialidade da reflexão (sendo EPC um perito da comunicação e da sua filosofia, seria certamente capaz de publicar um artigo de opinião com uma análise muito mais profunda).
Deixem-me lembrar, com pequena maldade, o delicioso texto (1972) do grande mestre da sátira portuguesa contemporânea que dá pelo nome de Artur Portela Filho (A Funda, 1º vol.), a propósito do texto homónimo de Arnaldo Saraiva no Suplemento Literário do Diário de Lisboa (que o havia tomado de empréstimo do conhecido poema de Boileau sobre Malherbe): Enfin, Edouard vint... Resta-nos dar-lhe as boas vindas à blogosfera, com duas certezas: por um lado, os seus posts podem melhorar imenso; por outro lado, prepare-se para um mundo onde dificilmente alguém se pergunta, antes de publicar: "que irá dizer disto o Eduardo? que irá ele pensar?".
posted by PC on 1:18 da manhã
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O PRIMEIRO POST DE EDUARDO PRADO COELHO: A blogosfera tem discutido com frequência a relação entre os blogues e a chamada imprensa tradicional e, mais recentemente, o texto de Eduardo Prado Coelho no Público de ontem (dispenso-me de remeter para os blogues que o fizeram, pois seria mais simples elaborar uma lista dos que não comentaram o facto). Todavia, e com a devida vénia a todos, creio que o texto de EPC contém duas dimensões que ainda não foram totalmente exploradas.
Em primeiro lugar, apesar do muito respeito que tenho pelo colunista (embora prefira o crítico de cinema ao opinion maker; nunca esquecerei o artigo "A hipótese do anjo", sobre as Asas do Desejo, publicado no Expresso mais de uma década atrás, cuja cópia infelizmente se sumiu na selva dos meus arquivos), parece-me que a sua análise do fenómeno bloguístico deixa muito a desejar. Certo que é um texto assumidamente "didáctico", uma pequena introdução elementar à blogosfera para leigos. Mas a perspectiva de que parte é, a meu ver, errada, porventura prejudicada pelo mal-disfarçado despeito de EPC sobre os blogues e os seus autores, presente logo no título em pseudo-papiamento ("Blogue Blogue").
Tudo gira à volta da descrição dos blogues como "espaços (...) onde uma pessoa ou grupo de pessoas se sente autorizado a escrever" (itálicos meus), por contraposição à imprensa tradicional, onde vigoraria uma "complexa malha de legitimações", uma ascensão lenta e difícil e uma presença "assídua e responsável", que resultariam numa legitimação objectiva (estar autorizado a escrever).
Pois bem. Sucede que, como EPC bem sabe, não é verdade que a imprensa tradicional seja um mundo meritocrático; há lugar, como em todos os outros sectores sociais, para os parceiros ideológicos, os conhecimentos, os escreve-benzinho-e-é-filho-de-fulano-de-tal, independentemente do seu mérito pessoal. Depois, o blogger não tem um défice de legitimação (de estar autorizado a escrever) porque, pura e simplesmente, não precisa dela: não se enquadra numa instituição; não é pago pelo que escreve; não tem que respeitar uma linha editorial; não tem compromissos com os seus leitores, reais ou supostos; e, not the least, não produz ruído indesejado, ao invés do que sucede com a rádio e com a televisão (por que razão tenho de ouvir os comentários de Carlos Magno no táxi ou de gramar Conceição Lino na TV do restaurante?): é preciso procurá-lo na sua toca. Neste sentido, a comunicação na blogosfera é muito mais genuína e arriscada do que a da imprensa tradicional, porque a legitimação do blogger é, exclusivamente, pessoal(cont.).
BONS SINAIS: Na mesma edição do Economist, dá-se conta do bom desempenho da economia americana no 2º trimestre de 2003 (ver aqui). Poderão ser sinais de uma retoma global progressiva. Que ainda não chegou à Europa.
posted by NMP on 9:40 da tarde
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CARTA ABERTA: Já aqui manifestámos que, apesar de uma possível coincidência ideológica, não simpatizamos especialmente com Berlusconi. Não lhe admiramos o percurso (político, porque o económico é indiscutível), desconfiamos do estilo e para humoristas sinceramente preferimos os Monthy Python. Mas, ao contrário da esquerda, não discutimos a sua legitimidade democrática. É e bem o primeiro-misnistro italiano, porque para tal foi eleito livremente pelos italianos.
Uma das razões para esta desconfiança tem sido a posição do The Economist. Que é para nós uma revista de referência. Pois bem, hoje e numa atitude inédita a revista revisita o caso e envia a Berlusconi uma carta aberta a solicitar o esclarecimento de diversos casos. Aqui fica para que cada um faça o seu julgamento íntimo e pessoal.
posted by NMP on 9:34 da tarde
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AI QUE SAUDADES AI AI: Quem não se lembra dos escritos pungentes por essa imprensa fora sobre o menino iraquiano que ficou sem pernas? Têm hoje, pelo menos no Público, a imagem de um pai liberiano, em despero, com o filho mortalmente ferido, deambulando pelas ruas de Monróvia. Só é necessário chegarem os americanos para que os escritos pungentes possam voltar a ser lidos.
posted by FNV on 9:25 da tarde
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PENSAMENTO DO DIA: O ar condicionado é o melhor amigo do homem.
posted by NMP on 9:23 da tarde
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INVERSÃO: Algum dos brilhantes juristas a bordo ou na blogosfera me explica este resultado do caso FP-25 ? (ver noticia) Eu já nem quero discutir se o Otelo devia ou não ter sido aministiado. O que me intriga é como é que os arrependidos, que colaboraram com a Justiça na desmontagem da organização, são condenados e os restantes supostos implicados saiem em liberdade. É que, salvo melhor opinião, isto parece-me a inversão total dos resultados expectáveis ou até desejáveis (para quem, como eu, não simpatiza minimamente com organizações de bandidos terroristas).
posted by NMP on 9:20 da tarde
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MARKETING INDIRECTO: De há uns tempos para cá, temos recebido e-mails da Relógio D'Água a publicitar as suas novidades semanais. Parece-nos sinceramente uma atitude meritória. Uns mais que outros, sempre vamos tendo alguma audiência. Pelo que não deixa de ser um sinal de dinamismo e atenção na política de marketing da editora.
Por aqui destacaremos o que na nossa opinião pessoal entendermos merecer destaque. Sem problemas de estarmos ou não a ajudar a política comercial da editora (onde, aliás, não conhecemos ninguém). Há coisas que merecem necessariamente ser publicitadas.
Há uns tempos o velho lobo do mar FNV queixou-se da falta de edições de autores russos em Portugal. O nosso amigo e leitor Luís Abel Ferreira contribuiu para a descoberta de algumas edições. A Relógio D'Água dá-nos agora conta de que essa falta está aos poucos a ser suprida. Editou um livro de contos de Púchkin (aqui fica a transcrição da nota que a editora nos mandou).
1) CONTOS: Aleksandr Púchkin
«Aleksandr Púchkin (1799-1837) nascido no mesmo ano que Garrett em Portugal, não é apenas, na sua curta vida atribulada e na sua criatividade assombrosa, a entrada triunfal do Romantismo na Rússia, após anos em que "antigos" e "modernos" lutavam pela supremacia: é não só, ainda hoje, o maior poeta da Rússia, como também a personalidade de quem decorre toda a literatura russa moderna, à qual abriu todos os caminhos que ela veio a trilhar, e de quem as artes vieram a inspirar-se profusamente na Rússia, para a magnificante floração estética da segunda metade do século XIX, que colocou o país na vanguarda da cultura ocidental.» Jorge de Sena
Tradução e notas de Nina Guerra e Filipe Guerra / Introdução de Filipe Guerra
posted by NMP on 9:12 da tarde
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ESCLARECIMENTO: No Mar Salgado não há opostos (como bem chama a atenção PC). Há porventura opiniões divergentes. Todos são necessários para levar o barco a bom porto. Como muito impressivamente aprendi com a mais exaltante experiência literária das minhas férias: a leitura de Linha de Sombra de Joseph Conrad (em post posterior darei conta de tal, ainda estou a digerir os efeitos.).
posted by NMP on 8:59 da tarde
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A DIFERENÇA:Do nosso rato de porão, o sempre atento Baeta, recebemos a reclamação que eu e o P.C. trocavamos posts cifrados. Aproveitando a chiadeira do nosso imperdível rato de porão, abordo sintéticamente um tema meta-bloguistíco que já há um tempo me interessa. Tal como num jornal, é perfeitamente aceitável que as pessoas que nele opinam, seja sobre política, seja sobre cinema, seja sobre o que for, se refiram por vezes aos textos uns dos outros. É o que se passa com o MAR SALGADO, que ao contrário de muitos outros blogues, não é unipessoal. Não há nenhum problema desde que observadas regras de frugalidade (no hábito) e de clareza: os posts, ao contrário do que diz o Baeta, não são cifrados, aqui no salgado mar.
posted by FNV on 7:09 da tarde
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PREZADO SR. QUEIRÓZ:Venho por este meio agradecer o facto de nos ter obsequiado com um exemplar do seu novo romance "A Capital", recentemente publicado, o qual retrata de forma tão fiel esta nossa querida Lisboa. Estaremos sempre disponíveis para apoiar os novos autores, já que a cultura é para nós um afrodisíaco.
Creia-me, com elevada estima e consideração pessoais,
O Prefeito
PS: não nos teremos já cruzado ali para os lados da Brasileira?
posted by Neptuno on 4:10 da tarde
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AINDA O TERROR:Um dos bons exemplos da maquilhagem que a esquerda revolucionária conseguiu ao longo do último século, é a distinção entre as violências. A comunista ou utópica-revolucionária é uma violência para libertar, todas as outras, violências de regime. Assim os meninos compreendem a ETA, o IRA, e usam no peito o trombil do Che, que inventou o primeiro campo de trabalho correctivo em Cuba e iniciou no Outono de 1958, na prisão de Cabana, o hábito mui habano de executar adversários políticos.
Mas como sempre, é no terreno da linguagem e da memória que a propaganda lavra soigneusement as suas vitórias. É assim que a Drª Isabel do Carmo, que assina o seu texto no Público de 4ª feira, como antiga dirigente das Brigadas Revolucionárias, se indigna com essa moda idiota das T-shirts e das calças de musselina a imitar tecido de guerra. A celebração dos Rambos!. Mas se forem lenços dos fedahyin do Hamas ou capuzes dos guerrilheiros de Chiappas, já é evocação romântica da luta contra a tirania.
A última grande vitória, e de uma ironia geográfica tenebrosa, é de facto Guantanamo. Quando Fidel foi recebido há 3 ou 4 anos no Porto, os agora paladinos dos direitos dos que lá estão detidos, das duas uma:
* ou foram dos que assistiram embevecidos aos discursos do carrasco,
* ou estiveram calados, as suas mãos decididamente imóveis diante do teclado ou do papel.
De entre as duas categorias, prefiro os primeiros. A double talk é de facto, insuportável.
posted by FNV on 11:08 da manhã
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EU TAMBÉM GOSTO, mas não é tom trágico. É Tom Waits e a música chama-se Tom Traubert's Blues.
Como diz um velho ditado chinês, ao isco mais apetitoso acorre logo o peixe mais guloso.
posted by PC on 2:19 da manhã
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EU GOSTO: Do nosso querido lobo do mar P.C., e da sua previsibilidade. Cada vez que escreve sobre a America, diz que é o último post, cada vez que o sarrazinamos, responde. E enfuna-se, com aquele tom trágico de sailor encurralado, que tão bem lhe fica. Gosto das coisas previsíveis, gosto do P.C. enfunado e a dar troco.
posted by FNV on 1:55 da manhã
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VELA LATINA: Enquanto não regresso a Cuba e ao querido Che, vejo na TV uma reunião de generais com direito a comunicado final. Eu sei que a propaganda encontrou o palerma, e produziu essa fantástica história da Revolução de Abril. Ninguém gosta de perceber que tudo começou e se sentenciou por causa da progressão na carreira dos oficiais do quadro, ultrapassados pelos seus camaradas milicianos. E também havia, claro, aquela maçada do Ultramar, aliás, claramente ligada à questão anterior.
Mas não creio que os generais do Vela Latina tenham pica para muito mais que um comunicado.
posted by FNV on 1:51 da manhã
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AS DUAS AMÉRICAS (POST FINAL): Não tencionava voltar ao tema. Porém, sob pena de ser maçador, permito-me fazê-lo por o nosso Comandante ter andado ocupado com outras costas que não o Mar Salgado. Regozijo-me com o seu regresso ao nosso meio - embora a sua figura tutelar nunca tenha abandonado o espírito dos que ficaram.
Creio porém que estas curtas férias lhe aumentaram em energia o que lhe roubaram em discernimento. Vejamos:
1) É errado confundir clareza com "simplismo".
2) A minha mente é demasiado exígua para se ocupar com "tácticas" em discussões blogueiras. Receio bem que o NMP tenha passado ao lado do essencial da questão - mas não vou explicar-me novamente.
3) A última coisa que me interessa é militar na política interna americana, a favor de democratas e contra republicanos, ou vice-versa. Estou-me nas tintas. Como, aliás, poderia depreender do meu post quem não estivesse tão preocupado em descobrir "estratégias", "tácticas" e raciocínios animados por segundas e obscuras intenções. Se nem a política partidária portuguesa me interessa, havia de ocupar-me com a americana?
4) A linha de argumentação do nosso Comandante lembra-me de repente uma bela música do Tom Waits: também eu começo a ficar um pouco "tired of all these soldiers here...". Bem sei que é demoníaca a tentação de eleger um "símbolo do oposto" para afirmarmos a nossa identidade (os soviéticos fizeram isso décadas a fio com o ocidente, Cuba continua a fazê-lo, Bush criou o Eixo do Mal). Provavelmente, também já cedi a essa tentação. Mas não gostaria de ser sistematicamente confundido com o "símbolo do oposto" dos meus caros companheiros de embarcação. Isso, sim, é uma redução fácil e simplista. Quando sou verdadeiramente "oposto", julgo que as minhas bandeiras se vêem bem.
No mais... bom regresso, Comandante, e avante!, a todo o vapor (não resisti!). Parafraseando o amigo Baeta, fica um abraço tipo Nuno Salvação Barreto.
DÚVIDAS ANGUSTIANTES: Dentro de cada Baltasar Garzón, há um potencial Rui Teixeira. Será isto positivo ou negativo ? Qual será a causa e qual será o efeito ?
posted by NMP on 9:27 da tarde
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A AMÉRICA: Comecemos pelo tema as Duas Américas. O nosso querido amigo PC lançou esta distinção. Brilhantemente como sempre. Mas a sua intenção era mais a de provar que nada o move contra a América, mas sim contra esta Administração. Que até gosta de algumas facetas da América. Que partes da sua cultura são referências suas. E se esta intenção é tacticamente compreensível (não vá a gente pensar precipitadamente que é o sistema económico e o liberalismo da sociedade americana que o fazem não a apoiar) mas é incompleta, simplista e como tal uma mera mistificação. Não há duas américas, há múltiplas facetas da América.
Apenas como ilustração gostávamos de mencionar que o Kennedy da América de PC e da esquerda europeia lançou os Estados Unidos na sua guerra mais aventureira deste século: o Vietnam. Há por aí um cineasta que acha que o mataram porque entretanto se tinha arrependido - tudo conjecturas no mundo das boas intenções, no esquema mental do nós e eles.
Quem terminou com a escravatura foi o Partido Republicano (o partido de Lincoln). O governador que, nos anos 60, proibiu estudantes negros de frequentar universidades, provocando a ira e explosão do movimento dos direitos civis, era democrata, do Alabama.
A verdade é que existe apenas uma América - onde coexistem Noam Chomsky e Wolfowitz. Pacifica e democraticamente. Que George W. Bush ganhou as eleições com uma agenda de compassionate conservatism, que se traduz no respeito pelos direitos das minorias (aliás de outra forma seria impossível ser popular no Texas, onde grande parte da população é imigrante.
É óbvio que a América não aceita o Estatuto de Roma porque sabe onde isso irá dar. Refira-se a talhe de foice que é curioso que as mesmas vozes que atacam domesticamente (e por vezes muito bem) os supostos desmandos do juíz Rui Teixeira idolatram o justiceiro global Garzón. Será que há por aqui dois pesos e duas medidas ? (do que lhe conheço, acho que o nosso PC está absolvido deste pecadilho).
É por a realidade ser mais complexa do que as análises simplistas ou os artíficios argumentativos, que nas horas graves nos devemos refugiar no que é perene e historicamente comprovado. A nossa (portuguesa) amizade e aliança com a América. Os amigos são para as ocasiões. Para estarem lá nas horas díficeis (e os tempos pós-11 de Setembro têm sido bem duros). Para poderem discordar e aconselhar (como no caso de Guatanamo). Não para discorrerem sobre se acham que os americanos deviam ter escolhido o presidente A ou B. Ou se a América de C nos cai melhor que a América de D. Muito menos para condicionar os seus apoios em função dessas opiniões. Ou se acredita no sistema democrático das nações nossas amigas ou não. O resto é fumo e espuma para esconder preconceitos ideológicos e anti-americanismos antigos. Espontâneos. Ressentidos.
posted by NMP on 9:25 da tarde
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I'M BACK: Depois de um período de retemperador descanso, volto a esta embarcação. Muitos temas foram lançados e discutidos durante este período: as supostas duas américas, comentários ao caso Casa Pia e demais devaneios. Tudo textos de grande qualidade. De tal forma que antecipei o meu regresso. Fui assaltado pelo vírus dos workaholics. Dos que nunca tiram férias. O temor de nos apercebermos que o mundo continua a girar sem a nossa intervenção. E um medo ainda mais assustador: que os outros percebam que a nossa contribuição pode ser dispensável. Assim aqui estou e agora... vão ter de me gramar!
posted by NMP on 8:49 da tarde
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CUBA: Uma das grandes vitórias da esquerda revolucionária, foi e é, a do seu terror se nomear vaga e imprecisamente. A maior parte dos alunos de uma qualquer Universidade conhece Auchwitz, Pinochet, Guantanamo, Tarrafal, a PIDE, e com sorte ouviu falar do gulag. Eu escrevi aqui há uns dias, que toda a gente conhece e situa Guantanamo, mas muito poucos estão familiarizados com instalações mil vezes piores, pertença da sinistra ( natural?previsível?) revolução cubana. Então aqui vai.
Comecemos pela Kilo 5.5, assim chamada por se situar ao km 5.5 da estrada para Pinãr del Rio. Esta instalação, também para presos de delito comum, oferece como especialidade a tortura do sono e as tostadoras, celas disciplinares para sauna involuntária. Outra bem conhecida é de Cabana, onde na purga de 1982 foram fuzilados 100 delinquentes políticos. Boniato foi morada do poeta Jorje Valls, que pôde usufruir de uma boa estadia nas ratoneras, ou seja, buracos. No menu desta cadeia entravam também espancamentos, violações, etc.
Em Havana a mais conhecida é a prisão de Nuevo Amanecer, onde esteve presa a ex-amiga de Castro e ex-representante de Cuba na Unesco, a Drª Martha Frayde. Depois existem os campos de concentração, El Mambi, Siboney, e muitos outros, dedicados ao trabalho de reeducação política dos dissidentes.
O que não tem graça, é que a história se repete. Depois da perestroika e da queda do muro de Berlim, a desculpa de muitos transfugas da órbita comunista, foi a de que desconheciam a verdadeira face desses regimes. Voltaremos a ouvir estas palavras vergonhosas daqui por uns anos.
posted by FNV on 4:37 da tarde
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O BLOGGER YANNIS RITSOS: "Une chaise était son bateau - il voyageait. Comment
faisait-il pour ne pas tanguer sur l'eau du large?
Il écrivait sur ses genoux sans regarder.
Les vagues se brisaient sans mouiller ses papiers.
Il était grand comme la solitude
mais de deux mètres plus bleu"
(Jeux du ciel et de l'eau, trad. Michelle Barbe)
Bem vindo a bordo, navoeta Yannis.
posted by PC on 2:40 da manhã
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OH LORD!: Há pessoas tão aburguesadas que, até para ir ter com Deus, preferem ir confortáveis. Daí o recente caso de um sujeito (com pinta de empreiteiro) que mandou construir um caixão em forma de Mercedes.
Será o marceneiro um taxista com ambições de uma bandeirada gigante? Seja como for, se a moda pega, já imaginamos caixões em forma de cassette - para os membros do comité central - em forma preventiva - para os nossos juízes - em forma de saco azul - para os nossos autarcas - em forma gelatinosa - para os dirigentes do PS - em forma de banana - para o Presidente - em forma de tanga - para todos - e em forma de tampão - para o Príncipe Carlos.
posted by Neptuno on 2:04 da manhã
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MAR IRISADO (II): Sobre o post com o mesmo título, ocorrem-me várias questões, entre as quais: que género de pessoa é que busca "marinheiros gays"?
Invertendo a situação, em finais do século XIX, o avô de um grande amigo meu passeava pelos Restauradores quando foi interpelado por um marinheiro: "V.Exa. desculpe mas porventura desejaria levar no cú?" Ou seja, o fenómeno já vem de longe mas com a irrepreensível educação que um qualquer "hetero" teria se, um dia, lhe fosse dada a oportunidade de "atacar", por exemplo, a Catherine Deneuve, sublinho, a Catherine Deneuve.
De qualquer modo, este é um sinal de que o capitão NMP deveria tratar urgentemente de contratar uma sereia.
MAR IRISADO: Guiado por uma curiosa busca do google que atingiu o Mar Salgado, visitei o site http://buscador.terra.com.br/ e escrevi no diálogo de busca "marinheiros gays". Em 114 resultados, qual é a página que aparece em primeiro lugar...? Eta...
posted by PC on 7:16 da tarde
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BEM VISTO!: Ontem ouvi duas notícias na rádio que me deixaram contente e confiante no futuro. 1) O Conselho Técnico-Científico (suponho que da) Casa Pia entregou ao Ministro Dr. Bagão Félix um relatório onde recomenda, entre outras coisas, que se proceda com mais cuidado na selecção do pessoal que trabalha com as crianças. 2) O Ministro da Administração Interna Dr. Figueiredo Lopes anunciou que o novo plano de combate aos incêndios (talvez não se chame precisamente assim) aposta essencialmente na prevenção, prevendo uma estreita colaboração com os privados na limpeza dos bosques e das florestas.
Assim, sim.
posted by PC on 7:07 da tarde
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SECÇÃO "PRICELESS": Uma fotografia da Dra. Manuela Ferreira Leite a dar pedacinhos de pão aos patos num jardim público qualquer.
posted by PC on 7:00 da tarde
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"HIT ME WITH MUSIC": Já que os corsos andam aos tiros com a PSP em Viseu, este título parece-me bem sugestivo. De tempos a tempos há uma música que não conseguimos deixar de ouvir a toda a hora e que cantarolamos o dia todo. Isso acontece-me agora com o Trenchtown Rock, de Bob Marley & The Wailers - Live at the Roxy, 1976, recentemente editado. Recomendamos vivamente. E, como diz a música, "... when it hits you feel no pain."
posted by Neptuno on 4:10 da tarde
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ABAIXO SCHENGEN!: Terroristas corsos assaltam bancos em Viseu para financiarem a sua luta independentista. E nós temos que levar com isto?
posted by Neptuno on 4:01 da tarde
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BLOG DE ESQUERDA: O link só está operacional na respectiva coluna, o que não me impede de cumprimentar o José Mário pelos seus dois posts. Um recusando o corporativo apelo de Miguel Portas aos seus colegas de barricada para não desancarem no Prof. Boaventura, o outro sobre Cuba. São dois posts muito bem escritos, no problema em com eles concordar.
posted by FNV on 12:59 da tarde
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A ALCAIOTA: O país arde, as bandeiras azuis também. Ela está calada, talvez a contar petites histoires do Parlamento a parolos embevecidos, algures numa praia fluvial. Mas se Bush vier a Praga ou a Tallin, voltaremos a ouvir o seu silvo, o da Srª deputada ecologista, Isabel de Castro, a verde.
posted by FNV on 12:58 da manhã
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REGRESSA DEPRESSA. Deve estar mais mal disposto do que o costume, por isso, ainda mais apetecível: Vasco Pulido Valente.
posted by FNV on 12:52 da manhã
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AINDA O RETORNO: Passando por cima dos exageros psicanalíticos, matar alguém no coração é a mesma coisa que nos morrer quem amávamos? É que o problema mantém-se: regressa-se sempre à coisa.
E a coisa é a necessidade de refazermos a narrativa. Podem ser risos e passeios a Penacova, podem ser memórias de raiva, sons, e despeito. Porque na verdade, a quem estivemos ligados, regressa-se sempre. Ás mães que tenho na consulta e que perderam filhos, digo-lhes que a sua memória contratou um advogado. Passam a ser obrigadas a responder às convocatórias, mesmo se estiverem a assar o peru de Natal. A chave talvez esteja no próprio laço. O acto de nos ligarmos a alguém não é inteiramente voluntário, a possibilidade de o abandonarmos também não.
Matar alguém no coração, ou morrer-nos alguém é um ditirambo frágil: só somos o que perdemos.
DESCULPEM A MAÇADA: Voltemos ao Congo (podia ser a Libéria) e ás novas chacinas, desta vez em duas aldeias no distrito de Ituri. Um força multinacional comandada pela França sob mandato da ONU, está na capital do distrito, Bunia, mas não se movimenta pelo resto do distrito onde já morreram (note-se, só neste distrito)desde 1999, cerca de 50.000 pessoas e 500.000 estão em fuga. O Dr. Fernando Nobre, da AMI, previa no início da guerra do Iraque, por culpa dos horrendos americanos, uma tragédia de pelo menos 1 milhão de refugiados.
Confiemos pois, na ONU e no Dr Fernando Nobre. Não nos custa nada, não somos congoleses.
posted by FNV on 12:01 da tarde
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PURO ENGANO: O nosso amigo Adeodato, do Santa Ignorância (o link terá de ser feito na coluna de links) escreve que eu terei ficado ofendido com qualquer coisa que ele escreveu sobre mim. Caríssimo, está enganadíssimo. Critique-me sempre que puder. Essa coisa das ofensas é para os blogues pernas-fofas.
Ainda por cima eu tive por hábito, durante algum tempo, participar no inenarrável Bancada Central, da TSF. Acredite que não há melhor tarimba.
COLD PLAY, HOT STUFF: De vento em popa vai Chris Martin, ao leme dos Coldplay. Depois dos inúmeros prémios conquistados pela banda este ano - e lembre-se o memorável concerto do Atlântico - eis que consegue apoderar-se da bela musa Gwyneth Paltrow. Para a semana, deve ganhar o Totoloto.
Para que este post não seja totalmente cor-de-rosa, valha-nos o irrascível Liam Gallagher que, a propósito de Chris ter aproveitado um show de beneficência para crianças com cancro para fazer propaganda contra a guerra do Iraque - ninguém é perfeito - decidiu apodar a pombinha de "passarinho estúpido", os membros da banda de "estudantes cabeçudos" e afirmar que o bom do Chris tem pinta de professor de geografia. É isso aí, proféssô!
posted by Neptuno on 11:11 da tarde
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IN MY END IS MY BEGINNING: O Crítico Musical decidiu presentear a blogosfera com a inclusão de várias peças no seu magnífico blogue (post 27-07). Desde já, os entusiásticos agradecimentos do Mar Salgado e votos de boas férias!
Para os devotos de Eliot (até chegar à blogosfera, desconhecia que existia em Portugal um tão vasto clube de fans do poeta; alguns lêem-no tantas vezes que até lhe dobram o "l" quando escrevem o seu nome): experimentem ouvir "Ma fin est mon commencement" de Guillaume de Machaut (1300-1377) enquanto lêem o East Coker.
posted by PC on 4:27 da tarde
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ATEÍSMO: Li no Público que o Papa alertou os peregrinos presentes em Castelgandolfo para o crescimento do ateísmo na Europa. Espero que algum dos peregrinos tenha alertado o Papa para o mesmo fenómeno.
posted by Neptuno on 3:51 da tarde
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NO ENTANTO: Pedro Mexia tem razão na classificação, digamos, ideológica que faz da TSF: esquerdinha. Mas não vem daí mal algum, o que aliás ele explica. No que diz respeito ao Fórum, é realmente um mistério o tom global dos telefonemas. Nem sequer se trata do domínio da palavra de esquerda. Não há, pura e simplesmente palavra: tal coisa implica linguagem, organização e raciocínio. No Fórum, domina o ódio boçal.
posted by FNV on 11:30 da manhã
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PEDRO MEXIA: Não se cansa de pôr no seu blogue todas as desavenças que tem com malta conhecida. Não sei porquê, mas faz-me lembrar a menina Eugénia, do Sade.
P.S: não é soissante huitard, é soixante huitard. A menos que tenhas costela belga.
posted by FNV on 1:47 da manhã
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ÚLTIMOS DESEJOS III: Enquanto espero pelo post do P.C. sobre o assunto, adianto mais algumas trivialidades. Ao ler a página do Departamento de Justiça sobre as últimas refeições dos condenados à morte, o meu filho de nove anos sentenciou: Que luxo! Como não reconhecer a infantilidade daquela descrição, ou como desconhecer a crueldade das crianças? Então os gajos comem aquilo tudo? Mas para os psicólogos do metropolitano em hora de ponta, a coisa levanta um último problema, ou se quiserem, um último silogismo:
* Todos os condenados à morte estão deprimidos.
* Todos os deprimidos têm falta de apetite.
* Todos os condenados à morte têm falta de apetite.
A chave da maior parte dos silogismos reside no chamado termo médio, neste caso, na validade do enunciado todos os deprimidos têm falta de apetite. Mas a validade de um silogismo também pode depender do primeiro enunciado, por ex., todas as baleias são mamíferos, o que é inquestionável.
Este silogismo categórico estará então errado, porque nem todos os condenados à morte estarão deprimidos. Estranham? Experimentem serem obrigados a libertar-se da angústia de morte, ou seja, imaginem-se libertados do medo da sede, da solidão, de um filho burro, do desemprego, de um par de cornos, da velhice. Aí estão prontos para saborear frango frito.
O único problema, para um anti-utópico feroz, como o velho lobo do mar que escreve estas linhas, é que a nenhum ser pode ser concedido o poder de oferecer esta graça.
posted by FNV on 1:11 da manhã
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Ó AMIZADE!: O alerta chega-nos de Aveiro, na mensagem de um amigo desta tripulação: que a blogosfera não se substitua nunca às tertúlias bem regadas, petiscadas e conversadas. Aprovado, por unanimidade e aclamação!
O BERLOQUE: Com a devida vénia, publicamos na íntegra o e-mail que nos enviou o amigo J. P. Baeta:
O BERLOQUE! Confesso que não sabia o que era um Blog, mas como nunca é tarde para aprender e como fui alertado por uns amigos, acabei por fazer várias visitas, primeiramente ao blog denominado “Mar Salgado” e depois a outros.
Agora já sei alguma coisa sobre este novo meio de comunicação na NET, que no fundo serve essencialmente para veicular a opinião de cada um dos residentes (leia-se donos do blog), sobre os mais variados temas. Opina-se sobre tudo e sobre todos, mas em circuito fechado, sendo as criticas, quando elas existem, feitas pelos outros interventores residentes do blog, e só esses.
O circuito só é aberto quando outros Blog´s entram na liça, e esta é outra das características deste mundo. Andar sempre com um olho na burra (o meu blog) e no cigano (os outros blog’s) concorrentes.
Acaba por se verificar que existem blog’s que comungam dos mesmos interesses e formam assim uma grande comunidade em que os temas levantados num, são dissecados noutro(s), formando assim uma grande pescadinha de rabo na boca.
O título O BERLOQUE, serve na minha modesta opinião (aí vem crítica) para caracterizar esta realidade virtual de fazedores de opinião que deixaram a página dos jornais tipo “coluna do leitor” para agora se dedicarem a escrever no éter.
Passando à vaca fria, o BERLOQUE denominado Mar Salgado, é capitaneado por cinco “velhos lobo do mar”, sendo estes (a maioria) marinheiro de água doce, dado navegarem unicamente na NET e não nos oceanos...
Ainda em relação ao quarteto borguista mais um, lembro-me que antes desta coisa chamada Internet existir ao cimo da terra, as discussões eram mais terrenas e feitas cara a cara na mesa do café, acabando invariavelmente, ou em casa de um qualquer para um jogo de king (vários), ou num sítio mais prosaico com comida e/ou som. (Uma lágrima furtiva acaba de cair).
O importante é que os meus amigos borguistas que intervêm no Mar Salgado se divirtam, a eles e a quem os lê!
Um abraço, para todos, tipo Nuno Salvação Barreto
JPB
posted by PC on 11:45 da tarde
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CORRESPONDÊNCIA: O amigo José do Anti-Direita Portuguesa (o link não está operacional, use por favor a lista da direita) escreveu no passado dia 23 um post referindo-se a um texto humorístico meu, sobre uma eventual força pacifista portuguesa na Libéria. Agradeço-lhe as palavras elogiosas, ( o epíteto de queque é bem suave, comparado com os que habitualmente usam) devendo-lhe dizer no entanto que não é só sem a PIDE que as coisas estão mais difíceis. Se posso escrever-lhe estas linhas em segurança é porque também já cá não temos a sua TchEKA, NKVD, KGB (soviéticas), OGPOU e MBP (polacas), a Dajava Sigornovost (búlgara), a AVO, depois AVH, húngaras, a Terceira Secção, norte-coreana, a Securitate romena, a STASI alemã-oriental, a Angkaar Padevat, de Pol-Pot, a DSE ( a Gestapo Vermelha) e o DTI, cubanas, sem esquecer o SNASP dos nossos queridos irmãos moçambicanos. Bons velhos tempos, heim?
posted by FNV on 4:18 da tarde
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WITKIN: O Mar Salgado é uma nau atenta às solicitações dos seus visitantes. Deparei com a busca google de um cidadão brasileiro que chegou até nós à procura de "imagens" + "exageradas". Aqui fica um link para uma web-expo de Joel-Peter Witkin. Pessoalmente, gosto muito (alguém se lembra da extraordinária exposição de Witkin organizada pelos Encontros de Fotografia no Edifício das Caldeiras?).
posted by PC on 4:01 da tarde
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ÚLTIMOS DESEJOS (II): Há uns tempos que queria escrever um post sobre isto, mas como o Público e o FNV se anteciparam, fica já o link para essa necro-página. Não posso deixar de registar a coincidência de o Público topar subitamente com esta página, existente há já alguns anos, escassos 15 dias depois de o Mar Salgado ter feito o link para um site (http://consumptive.org/) que remete precisamente, nos seus links, para a dita necro-página (ver o meu post INTERLÚDIO IMPRESCINDÍVEL, de 12 de Julho).
É o que se chama o Mar Salgado ao serviço do Público.
posted by PC on 3:54 da tarde
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ÚLTIMOS DESEJOS: O Público informa que o Departamento de Justiça do Texas passou a acrescentar á sua página na Internet a lista dos pedidos para a última refeição dos condenados à morte. Como a maior parte são negros (40,7%), o prato mais requisitado é frango frito. Um ex-vivo pediu um banquete, outro pediu camarões gigantes mas serviram-lhe hamburger de queijo. Morra gato, morra farto.
Parece quase uma infantilidade, mas estes últimos apetites encobrem uma velha lógica do equílibrio humano. Estamos programados, (cerebralmente falando, ao nível da área tegmental ventral e do nó acùmbeo) para aceder ao prazer sempre que pudermos. E isto porque registamos a memória do prazer, sendo esta antecipação mais poderosa do que a fonte do prazer em si mesma. Aliás, reside nesta conexão a força das drogas: é a memória do prazer que provocam que aumenta a quantidade de dopamina libertada.
Quando li isto, lembrei-me da crueldade elegante de um velho pirata, o capitão Low (contemporâneo de Fly no saque das Antilhas) que costumava matar os prisioneiros cortando-os aos bocados. Um dia resolveu inovar, permitindo ao infeliz condenado retempererar forças comendo as suas próprias orelhas temperadas com sal e pimenta.
Talvez que a estes carcereiros texanos um dia caia em cima uma velha profecia de Hamlet: Qualquer homem pode pescar com um verme que comeu um rei e comer o peixe que dele se alimentou.
posted by FNV on 12:47 da tarde
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DO JUÍZ BICHONA: Não me move comentar as opções sexuais de qualquer cidadão deste planeta. No entanto, nos tempos que correm, em que se pretende a modernização do país, a agilização de processos, a eliminação da mentalidade burocrata, eis que um juíz com arreigado sentido de funcionário público decide fazer acompanhar a sua candidatura ao Supremo de um certificado de homossexualidade. Como é que alguém se lembra disto? E que certificado é esse? Mais um guichet na Loja do Cidadão? Por amor de Deus, não bastaria uma entrevista ao 24 Horas?
posted by Neptuno on 3:47 da manhã
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GUANTANAMERA MCII: A propósito do post "Os dinossauros também cantam Guantanamera", do estimado Causidicus, volto ao tema das "Duas Américas" que, a bem dizer, é a "sopa do dia" desta tripulação.
E para dizer que rejeito liminarmente a ilação - sobre o meu post - de que "os fins justificam os meios". O que eu afirmo é que os EUA, graças a Deus, são uma democracia e que, como tal, os seus dirigentes serão objecto do escrutínio dos respectivos eleitores livres - e digo isto com a desconfiança com que observo a "democraticidade" das actuais democracias ocidentais (material para futuros posts).
Agora, num plano mundial, nas relações "estado a estado", só é legítimo exigir uma observância escrupulosa dos tais princípios se todos os outros estados alinharem pelo mesmo diapasão. E não me refiro apenas a Cuba, China, Coreia do Norte e outros abencerragens mas também e principalmente aos restantes países da NATO. Mais, não me lembro de melhor exemplo para ilustrar a hipocrisia reinante nas relações entre estados do que o comportamento "distraído" do Vaticano relativamente a Timor enquanto lá decorriam as matanças, a troco da estabilidade nas dioceses da Indonésia.
E ignorar esta realidade é tão ou mais hipócrita do que a hipocrisia reinante na sociedade americana. E essa hipocrisia só é ultrapassada pela constante censura dos EUA e pela constante falta de censura a países com comportamentos igualmente reprováveis. Como lembrava há dias o meu companheiro de tripulação FNV, saberá alguém o nome de alguma prisão cubana onde, em nome do sistema comunista que é imposto à população, se vêm matando pessoas nos últimos 50 anos? Alguém se lembra do navio do Greenpeace afundado com a respectiva trripulação a bordo pelos serviços secretos franceses por importunarem as suas experiências nucleares em Muroroa? De Tianamen? De Angola? Do Ruanda? Das expulsões do Partido Comunista português?
No entanto, toda a gente conhece Guantanamo.
Presumindo que o Estado de Direito que o causidicus proclama incorpora um princípio da igualdade e que e o mesmo não se revê, como certamente é o caso, num sistema totalitário de esquerda ou direita, então não poderá tratar de forma diferente o que é igual.
E, igual, temos a hipocrisia reinante "Estado-a-Estado". Desigual, há sempre o good old bode expiatório para os problemas do Mundo:os EUA.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.