O SANGUE NÃO É TUDO: De todas as perdas, as piores são as de sangue. Um corte com o pai, com a mãe, até com um irmão, instala uma espécie de desconfiança básica. Um filho que se despede da mãe ainda em vida, altera a ordem das coisas, tanto quanto um pai que enterra um primogénito. Mas a ruptura em vida, rema contra a lógica do sangue, dá-nos a impressão, por mais certos que estejamos, de navegarmos contra a nossa própria rota. São raros os casos, mas não menos sanguíferos, et pour cause. Se quem nos criou, criou-nos mal, e daí a ruptura, somos inevitávelmente mal criados. Como regressar?
No fundo, como no luto, há um longo trabalho de reconstrução pela frente. Como na cidade bombardeada, há que voltar a pôr tijolo sobre tijolo, há que voltar a afixar o letreiro com o preço do pão. Mas não nos larga uma sensação de desperdício. De anos de vida.
posted by FNV on 11:59 da tarde
#
(0) comments
HUMAN, AND BEYOND (II): O que não gostei: o lado "estandarte-dos-oprimidos" dado pelas imagens projectadas por trás da banda (género lançamento de bombas entremeado com crianças famintas, agricultores orientais paupérrimos e índios desesperados por vender os seus produtos). Explico.
Sawhney assume-se como um British Asian, cuja identidade e história são definidas pelo próprio: "beyond politics, beyond nationality, beyond religion and Beyond Skin" (contracapa do CD com o mesmo título). Ora bem: o lugar da música de Sawhney é, justamente, o não-lugar que está para lá de todas aquelas formas de dividir o mundo. É aí que se cruzam os elementos étnicos e tecnológicos que tornam a sua música original e boa. Por isso, não tem sentido aquele "clin-d'oeil", através daquele infeliz expediente, aos movimentos engajados. A música de Sawhney não é a música de Dylan, nem (felizmente) a do Sting mais recente: ela vale sobretudo como produto estético. Querer torná-la em mensagem através da projecção simultânea daquelas imagens não beneficia a fruição do produto, é politicamente inócuo (como se vê pelo presente post) e, sobretudo, nega o (não-)lugar que lhe dá sentido, porque aprofunda as divisões que pretende transcender.
Que Sawhney queira expressar as suas ideias pacifistas e anti-racistas nas letras das suas músicas (como em Broken Skin), óptimo; que profira palavras inconvenientes quando recebe prémios, é com ele; se vier a adoptar o seu próprio índio Juruna, já é mau sinal; mas que não estrague as suas performances ao vivo com a sobreposição de imagens que são, afinal, incongruentes com a mensagem mais importante da sua música.
PS: Esportulei pelo ingresso 22,50 euros. Não consta que o produto da venda reverta, sequer em parte, para as personagens captadas nas imagens projectadas.
posted by PC on 7:36 da tarde
#
(0) comments
HUMAN, AND BEYOND (I): Comecemos pela música. O Sá da Bandeira dá um ambiente único aos concertos. Um espaço pequeno, concentrado, quase íntimo, com a sua patine decadentista acentuada pelo carácter licencioso dos espectáculos que acolhia até há pouco (filmes XXX e revistas; vamos ter pesquisas do google engraçadas, a somar à já célebre "mamudas" + "tintin"). Agora imaginem este Teatro cheio como um ovo, a vibrar, como eu o vi, com a música dos Saint-Germain... ou com a música world "beyond everything" de Nitin Sawhney. Inesquecível, portanto.
O concerto foi, globalmente, muito bom, embora algo irregular. O mais aplaudido: os hits de Beyond (Letting Go, Homelands, Immigrant, Nostalgia... infelizmente, a banda não tocou o fabuloso The Pilgrim) e o tema Prophesy. O extasiante: os dotes do vocalista indiano (creio que não era Jayanta Bose; se alguém souber o nome, p. f. acuse-se). Vale a pena ir ver a voz do homem. Já tinha ouvido o Bobby McFerrin imitar uma guitarra, já conhecia o tabla (excelente versão do dueto com Sawhney em The Conference, com uma bateria de ritmo quebrado pelo meio; para um exemplo de tabla clicar aqui e depois no mp3 Shiela Chandra), mas nunca tinha visto um homem vocalizar uma orquestra inteira e os sons dos elementos, do mar gutural ao cascalhar das pedras. Isso sim, foi beyond human.
posted by PC on 7:06 da tarde
#
(0) comments
IMPRENSA REGIONAL: Há tempos prometi iniciar aqui uma secção dedicada à imprensa regional. Informo que a primeira página do Diário de Coimbra (só hoje descobri que a vetusta instituição se converteu à web), dando provas de grande cosmopolitismo, providencia um link para a Constituição helvética. Ena!
PS: O link funciona e a página parece estar actualizada.
posted by PC on 6:12 da tarde
#
(0) comments
CELERIDADE: Tomando uma bica no café do bairro, ouvi o seguinte diálogo entre um anónimo casal:
"- Então, achas que ele também é?
- Claro. Não vês, na televisão, a forma como ele cumprimenta as pessoas, sempre com palmadinhas pelas costas abaixo?" Por isso, celeridade é o que se pede à justiça por forma a começamos tão cedo quanto possível a reconstrução da moral nacional. Se por mais nada por favor.
posted by Neptuno on 6:06 da tarde
#
(0) comments
BOAS VINDAS: Ao ex-Aba, Rui Curado Silva, que lançou, juntamente com Gregor Samsa, o Klepsýdra, zarpando, aparentemente, de Coimbra.
A camada mais idosa da tripulação do Mar Salgado - 75% dos marinheiros (este número continua a perseguir-me) não pertencem à geração de 70 (mas têm muita pena) - lembra-se bem do Café Clepsidra e do seu ambiente peculiar. Faz falta, o Clepsidra. Votos de boa navegação ao Rui: a viagem começa bem!
posted by PC on 6:03 da tarde
#
(0) comments
CASA PIA: Quando toda a poeira assentar sobre esta inelidível história, muita gente terá de comprar um aspirador.
PROTESTO: Parafreasando o famoso-anónimo José Favinha, que pedia nos jornais para não ser seguido por elicópteros da aviação, venho por este meio blogoprotestar pela retirada do mercado, pelo menos na cadeia Pingo Doce, da carne de porco da Inter-Suínos. Estes produtos eram de qualidade elevadíssima, era aliás a única carne de porco que obedecia aos requisitos legais: indicava a proveniência da exploração pecuária e os métodos utilizados na criação dos animais. A explicação que me foi dada foi a de sempre: era mais cara, não se vendia.Informo a blogosfera que a diferença de preço para o porco estoniano ou polaco que habitualmente nos impingem era de 2 euros/kg. Ou seja, dois pares de costeletas (1/2kg) custavam mais duzentos escudos que as outras. Porra! Não há classe média-alta que sustente a Inter-Suínos?
posted by FNV on 10:03 da tarde
#
(0) comments
UM BOM BLOGUE: É aquele que diz as coisas com clareza. O SantaIgnorância pertence a este grupo: Ao criticar-se as prisões políticas em Cuba pretende-se uma evolução para alguns milhões de pessoas. Ao criticar-se Guantanamo pretende-se que biliões de pessoas não sejam atiradas para um mundo totalitário(...). Criticar milhares de execuções sumárias, espancamentos, perseguições abjectas, enfim, a castração de todo um povo, cometida durante meio século, nada é ao pé dos problemas de direito internacional colocados pelo estatuto dos presos de Guantanamo. Mas o Santa Ignorância já está do lado dos vencedores: ninguém conhece sequer um nome de uma das muitas prisões-túmulo de Cuba. Para além disso, todos os que ao longo do tempo se opuseram a Pol-Pot, Estaline, Ceausescu, Castro e afins, sabiam o que os esperava. Depois disto, resta-me ficar como o judeu de Plock: mudo.
posted by FNV on 9:31 da tarde
#
(0) comments
MAKE MY DAY!: Não se trata de uma escalada no tom dos posts deste blog, mas apenas de uma referência ao velho Clint. Segundo o Público de hoje, Clint Eastwood anunciou que não voltará a incarnar "Dirty" Harry, o seu mais emblemático personagem. Parece-nos uma decisão acertada e já esperada de alguém que nunca precisou de viver à custa de sucessos antigos, deste modo respeitando e enobrecendo a sua própria obra. Como fan indefectível deste actor/realizador, gostava de sublinhar a forma como soube "crescer" (e mesmo envelhecer) no mundo do cinema. Desde os tempos dos "Western Spaghetti" - dos quais destacaria "O Bom, o Mau e o Vilão", "Por um Punhado de Dólares" e "O Pistoleiro do Diabo" - até aos westerns adultos - como o "Justiceiro Solitário" ou o sublime "Unforgiven". Da bruteza seca da saga Dirty Harry aos deliciosos "True Crime", "Na Linha de Fogo", "Absolute Power", "Blood Work" e "A Perfect World", entre outros. E com elasticidade para filmes memoráveis como "Caçador Branco Coração Negro", "Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal" e "Bird".
Correndo o risco de me ter esquecido de alguma obra, perante este legado - que ainda espero ver aumentado - penso que pdemos afirmar: "He did make our day!"
posted by Neptuno on 5:56 da tarde
#
(0) comments
RELAX!: Já percebi que os restantes lobos do mar não concordam com o post Duas Américas. Por mim, já tinha encerrado o caso. Mas os argumentos que avançam levam-me a dizer o seguinte: claro que a perspectiva deles é uma forma de ver as coisas - este é o mundo real. Isso é indiscutível e eu nunca afirmei o contrário. Mas então, ninguém se queixe do terrorismo. Ele faz parte do mundo real. Como no Matrix, "welcome to the desert of the real". Remeto novamente para o livro do Slavoj Zizek com o mesmo título; a sua leitura poderia ser interessante para quem gosta tanto de mostrar que faz os trabalhos de casa. De toda a maneira, agradeço o apoio ao Linhas de Esquerda, ao Whisky2000 , ao Causidicus (via e-mail) e ao Santa Ignorância.
E agora, aproar ao Porto, Teatro Sá da Bandeira, para ver o grande Nitin Sawhney, apresentando o seu novo álbum, Human. Espero que seja pelo menos tão bom como o Beyond Skin.
posted by PC on 2:51 da tarde
#
(0) comments
TÊM RAZÃO: Os que desdenham de alguma americofilia balofa, porque têm razão ao dizerem que a América apenas defende os seus interesses. Nunca foi de outro modo, leia-se Mazzarin, Clausewitzs ou Tocqueville. A americanofilia acéfala apenas encobre o desdém pelo mundo, confundindo o polícia com o filósofo.
posted by FNV on 12:37 da tarde
#
(0) comments
HIPOCRISIA:Pois é Neptuno, mas não te apoquentes: muitos meninos conheço (discrição,discrição), que no 11 de Setembro repetiam envaidecidos agora é que eles viram o que é ter a guerra em casa/ estão a recolher o que plantaram e outros mimos do género, tudo enquanto partilhavam os valores da América boa.
Agora, escrutinam se os prisioneiros de Guantanamo têm TV Cabo nas celas ou não, mas muitos desses mesmos meninos receberam há 4 ou 5 anos, no Porto, excitados como sopeiras com o Toy, Fidel Castro. Explicação? Gostam tanto da América que lhe exigem a perfeição, não lhe aturam hipocrisias. Valentes.
Como a memória faz bem à saúde, convém recordar que se agora até a pena de morte em Cuba, ou aleivosias mais suaves como a luta contra a globalização são justificáveis face à hegemonia da América, nos anos 60 ou 70, a indignação selectiva era promovida por outras razões: defender o mundo comunista, a tal sociedade livre, justa e verdadeiramente democrática, como explicava o Dr Cunhal, do malvado ocidente capitalista.
posted by FNV on 10:28 da manhã
#
(0) comments
GUANTANAMERA: A não perder! a sequela da soap "Guantanamo", aqui mesmo, no seu blog favorito. Os inocentes de Guantanamo são degolados na Times Square. O Nasdaq trepa. O nosso PC, após aturadas investigações da CIA, é detido sob prisão preventiva em San Quentin - "No PC, No sex" deixa de fazer sentido - e, o epílogo desta história tem lugar em Paris, com um zoom de Chirac e Freitas do Amaral, entretanto convertidos à Opus Gay, que se amam loucamente enquanto tropas marroquinas desfilam sob o Arco do Triunfo.
Um mundo sem regras permite todo o género de ilações (e barbaridades, como o parágrafo anterior). Um mundo perfeito, onde impere o direito (de facto) permite condenar a "segunda américa" (cfr., o post "Duas Américas" neste mesmo blog). Num mundo sem hipocrisia, os estados agem por princípios.
No mundo que temos, impera a lógica dos interesses - aplicável a qualquer estado, Vaticano incluído - e dos mais fortes, ou vencedores, se admitirmos uma lógica de guerra.
Num plano ideal, estamos todos de acordo. No plano real, não me parece correcto condenar certos países (e, desse modo, goste-se ou não, branquear outros) com base numa realidade que... não existe. É o mesmo que esperar que o maior empreiteiro do país termine uma obra dentro do prazo, quando nenhum dos seus concorrentes mais pequenos o faria.
No mundo real - o hipócrita claro está - temos a sorte do "hipócrita-mor" ser uma democracia, onde quem decide está sujeito a uma severa fiscalização, eleitoral e jurídica. Não é o ideal mas, atendendo à realidade e ao que poderia ser, não é assim tão mau. E preparem-se para o Schwarzenegger!
posted by Neptuno on 2:56 da manhã
#
(0) comments
NO PC NO SEX: Há dias atrás, topei um post com este título no Dicionário do Diabo. À primeira, como imaginam, fiquei alarmado. Depois, li o post e fiquei mais descansado - tratava-se apenas de problemas informáticos. Lembrei-me então das aulas do meu professor de português Dr. Gabriel Domingues (também ilustre latinista), quando nos explicava a importância da pontuação através da frase bíblica "Resurrexit. Non est hic." (na versão revisionista, "Resurrexit? Non. Est hic").
Imaginei então algumas variações; a versão enfática: "No PC, no sex!"; a versão nostálgica: "No PC, no sex..."; a versão dubitativa "No PC, no sex?!"; a versão autoritária: "No, PC, NO SEX!"; e a versão casta "No, PC... No sex...". Muito trabalho aqui para o FNV.
TERNURA: Também há, nesta vida solvente de Prof. Karamba. Já há uns anos que dou apoio ao Nelson ( por assim dizer), um sossegado esquizofrénico quase na casa dos 40, que vive hoje uma existência miraculosamente pacata e controlada. O Nelson vive num lugarejo de quinze habitantes a 20km de Oleiros, Beira Baixa. O que torna este personagem especial é por um lado a sua candura, por outro a sua obsessão: o surto psicótico, como é dos livros, encontrou-o tinha ele 22 anos, estava na PSP há três. Foi aposentado compulsivamente, e desde aí, interpreta sinais. Só tem uma carreira semanal para Oleiros, às terças-feiras, que aproveita para se abastecer de jornais: o DN e o Correio da Manhã. De resto, passeia no lugarejo todas as manhãs, com o ouvido colado à TSF. Nestes últimos anos, dizia-me sempre que a sua interpretação das notícias o faziam crer que iria ser readmitido na PSP, pois que havia mensagens que lhe eram claramente dirigidas.
Este ano, e pela segunda vez, o Nelson, com sábia sensibilidade pela situação económica actual do país, disse-me esta coisa fabulosa: Sabe, pela minha interpretação do que dizem os jornais e a TSF, a minha situação está congelada.
posted by FNV on 9:31 da tarde
#
(0) comments
NÃO ESQUEÇAIS, CAMBADA (II): A propósito do meu post DUAS AMÉRICAS, o FNV replicou com o texto abaixo. Só uma curtíssima nota, para recentrar a coisa. É óbvio que o problema não é de linguagem, mas sim de partilha de valores e de identificação. À excepção de alguma genuína intenção libertadora - que também a houve -, não tenho nada em comum com o sistema de valores dos Estados autoritários que o FNV refere, e por isso os atropelos que cometem, ou cometeram, são-me exteriores e apenas objecto de juízos racionais. Ao invés, partilho de muitos dos valores da sociedade americana, e por isso o - insisto - double talk da política americana mexe comigo, porque nega os valores que também são os meus e em cujo nome diz actuar, implicando-me na acção. É disso que eu não gosto. Esclarecido este ponto, I rest my case.
posted by PC on 5:54 da tarde
#
(0) comments
NÃO ESQUECEIS CAMBADA:É como diz o povão, nau sem comandante, é nau pujante. Saúdo o retorno do lobo do mar P.C., quiçá algo ruborescido em virtude das muitas horas a pescar robalos na ocidental praia. Oxalá não tenha escrito nada sobre o tema à maneira do Sr. Alegre. Vamos à matéria.
Diz P.C., num texto muito bem arrumado, que em sede de direitos individuais, os regimes comunistas não têm duas faces, os lamentáveis atropelos que praticam condizem com a roupa que vestem para sair à rua, mas não causam surpresa. A América, pelo contrário teria duas faces, seria por exemplo a guardiã dos direitos civis ao mesmo tempo que tem Guantanamo, será a América de Luther King e Kennedy, mas também a de quem os matou.
O problema está na linguagem. Eu ainda hoje me surpreendo com os 10 milhões de vítimas políticas, religiosas e étnicas, do terror soviético, para falarmos só da casa-mãe. Mas mais relevante, e também do domínio da linguagem, é a propaganda. Diz P.C. que esta gente nunca escondeu a concepção que tinha dos direitos humanos, e por isso subordinou-a sempre à razão de Estado ou de Partido. Pois, a 16 de Março de 1919, destacamentos da TchEKA assaltaram a fábrica Putilov, em Petrogrado, prendendo 900 operários e fuzilando sem julgamento, dias depois na fortaleza de Schlusselburg, cerca de duzentos. Coerência? Sem dúvida, mas não a mesma que P.C. fala, certamente.
Quanto às duas Américas, convém recordar que Luther King ou Kennedy não foram apagados pelo Ministério da Verdade, dos registos oficiais. Ainda hoje sabemos que existiram. Dos filhos das utopias sangrentas, embora coerentes e previsíveis, não podemos infelizmente dizer o mesmo.
posted by FNV on 3:51 da tarde
#
(0) comments
VIVA LA REVOLUCION: Depois dos disparates do bébé-proveta sobre aquele paradigma da democracia que é a Coreia do Norte, eis que outro dirigente comunista deixa cair a sua máscara civilizada, escancarando o verdadeiro estalinismo que lhe corre nas veias. "Tenho dúvidas se a pena de morte não se justifica em Cuba", exclamou Rubinho, O Terrível! Não há nada como uma boa purga social para revitalizar o intangível bem maior que é o comunismo. Como é possível respeitarmos pessoas cujo ideal passa pela eliminação (física, se necessário) daqueles que não pensam da mesma forma? Se pensarmos que a nossa constituição proíbe associações de índole fascista...
posted by Neptuno on 3:03 da tarde
#
(0) comments
AS DUAS AMÉRICAS: As discussões recentes entre anti-americanistas e americanófilos acerca dos mais variados temas, em que participei lateralmente por causa dos processos de Guantanamo, levaram-me a reflectir sobre o que move cada uma das partes. Interroguei-me por que razão os ditos processos me suscitam tanta repulsa, quando nada disse sobre o julgamento sumário e a execução dos balseros cubanos pelo regime de Fidel. É verdade que nessa altura ainda não me encontrava a bordo do Mar Salgado, mas, se tivesse sentido vontade, nada me teria impedido de pegar no assunto. Por que não o fiz? Terão razão aqueles que nos acusam (a mim e aos que criticam os processos de Guantanamo, ou vergonhas análogas) de enviesamento anti-americano, de um parti pris tão forte que nos leva a apontar o dedo acusador sempre que estão em causa os EUA - sendo todavia incapazes de fazer o mesmo quando fenómenos parecidos ocorrem em países que consabidamente não respeitam os direitos humanos?
Creio não ser culpado de sentimentos tão primários. O que se passa é que existem, de facto, duas Américas. A América de Lincoln, Luther King e Kennedy - e a América dos que não quiseram que eles morressem naturalmente. A América das sagradas liberdades constitucionais - e a América que sequestra Noriega, no seu país, para o julgar no estrangeiro. A América que se empenha em montar os Tribunais Internacionais de Nuremberga, para a Antiga Jugoslávia e para o Ruanda - e a América que se recusa a ratificar o Estatuto de Roma por "razões de Estado". A América de Whitman - e a América de Ezra Pound. A América de Noam Chomsky - e a América de Wolfowitz. A América de Henry Miller - e a América de McCarthy. A América de Jesse Owens e Carl Lewis - e a América do Ku Klux Klan. A América de Woody Allen - e a América de Archie Bunker. Em certo sentido, a Guerra da Secessão nunca terminou.
Julgo que é aqui que está o ponto. Nem a China, nem a ex-URSS, nem Cuba, alguma vez se arvoraram em defensores das liberdades individuais - que encaram como valores relativos, ordenados a interesses superiores (do Estado, do Povo, da Revolução, etc.). Por isso mesmo, os lamentáveis atropelos que praticam condizem com a roupa que vestem para sair à rua - mas não causam surpresa. Diversamente, a política norte-americana pratica com descaramento crescente um double talk insuportável para quem leva a sério as liberdades individuais. E daí a crítica, o dedo acusador. E daí o nojo que sinto quando vejo pôr sob a capa do que a América tem de mais nobre políticas próprias do autoritarismo mais reles e repugnante. Como se a América fosse só uma: como se por cada Woody Allen tivesse de haver, por inerência, um Archie Bunker. It ain't necessarily so.
PS: Felizmente, por cada G. Bush, cuja única certeza é a de que os presos de Guantanamo são "bad people", há uma associação profissional de advogados que denuncia a farsa dos processos (obrigado, de novo, ao NS do Causidicus).
posted by PC on 2:58 da tarde
#
(0) comments
REGRESSO A BORDO: Tal como eu temia, a anarquia usualmente reinante a bordo desta nau agravou-se sensivelmente com a partida do nosso Comandante (é comovente a ingenuidade com que deixou aquele lancinante, posto que implícito, apelo no seu post de despedida). Em consequência, o tom dominante nos posts sobre política mais recentes terá certamente ruborizado (passe o paradoxo) muitos dos blogues proto-fascistas que por aí pululam. Dei por mim a murmurar: O Captain! My Captain! Our fearful trip has just begun.
Mas a verdade é que, ao contrário do que aqui escreveu FNV, há coisas a que se regressa mesmo, porque só mudam nos seus acidentes: as coisas muito boas e as coisas muito más. Neste ponto, vou quebrar uma regra que tem guiado a minha navegação: não elogiar com sinceridade os meus companheiros de viagem. Foi bom regressar e rir com vontade ao ler o poema de Mourão Ferreira posto pelo Nuno antes de desembarcar ("ficámos nós os dois, parados, de mão dada ... / Como podem só os dois governar um navio?"); e foi bom ver Neptuno a celebrar Calvino; e foi bom ler os belíssimos posts do Filipe acerca das armadilhas do retorno.
Pronto. Apeteceu-me. Prometo não reincidir.
posted by PC on 1:54 da tarde
#
(0) comments
DA FRENTE:Chegam-nos mais novas da expedição pacifista portuguesa na Libéria. Correm rumores de dissidências na stavka, pois ao que parece o Dr Soares não gosta que Herr Freitas, o Marechal Rosas e a comandante Pintassilgo tomem decisões quando ele estar a dormir a sesta. Por outro lado, o Prof. Boaventura, responsável pelos delitos de opinião nas N.T. (nossas tropas) e o Dr Vital, encarregado de inconstitucionalizar desvios pró-americanos da ralé liberiana, não andarão perfeitamente sincronizados. Parece que ainda é qualquer coisa relacionada com as manifestações do Forum social de há semanas atrás. Seja como for, trabalhando em equipa, estão prestes a levar ao TPI um taxista de Monróvia que terá exclamado I like coke.
Também pude apurar que a OPUS GAY e o Bloco de Esquerda propuseram a realização de uma parada gay em Monróvia, mas a iniciativa está a deparar-se com escolhos surpreendentes: as liberianas submetidas à excisão do clitorís não decidiram ainda em qual dos carros alegóricos querem ser transportadas. O Prof. Machado Vaz já foi chamado de urgência.
E assim vai a frente, quando puder envio mais novidades. Entretanto, viva la revolucíon.
posted by FNV on 12:51 da tarde
#
(0) comments
DR. ALI AHMED: Recebemos um email deste fulano, oriundo de Lagos, Nigéria, propondo um negócio manhoso que terminaria na partilha de uns milhões de dólares. É, sem dúvida, o insulto mais soez até hoje dirigido à blogosfera. Que fizemos nós para sermos tomados por lorpas e potenciais vítimas do Ali vigário? Impõe-se alguma reflexão.
posted by Neptuno on 1:17 da manhã
#
(0) comments
ESQUECIMENTO:Ataques planeados, tiros, mortos e feridos de ambos os lados. E no entanto já não há directos, militares fardados na TV, debates, artigos de opinião. O Iraque passou ao limbo. Normal? Claro, na lógica da apropriação do espectáculo pelo espectador. Mas há mais qualquer coisa. Já não se fala do Iraque, como nunca se falou da queda de Berlim ou de Roma, em 1944/45. Não há filmes, não há laivos de memória colectiva sobre os rabos da guerra. Tudo se passa como se as batalhas exibissem créditos finais como nos DVD. São apêndices à grande narrativa. Porventura o circo mediático nunca esteve tão bem sintonizado com o seu público: mostramos-vos o essencial, não percam tempo com ninharias. Essas são para os especialistas.
ESCUTAR O QUÊ?: Segundo a imprensa de hoje, mais de 1700 conversas telefónicas de Ferro Rodrigues terão sido escutadas desde a detenção de Paulo Pedroso. Tomando como referência a qualidade (?) política das declarações de Ferro ao eleitorado, desde já sugerimos a canonização do "cristo" da PJ encarregue de tais escutas, depois de uma "via sacra" de tais proporções.
SÓ MAIS UM SOLDADO PARA A LIBÉRIA: É o grito que trepida nas gargantas inflamadas dos pacifistas desempregados após a invasão do Iraque. Sei de fonte segura que Portugal está na linha da frente na missão de socorro à Libéria. A stavka é composta pelo marechal Fernando Rosas, responsável pela educação política, pelo almirante Mário Soares, que irá escrever as memórias da intervenção, e pela comandante Pintassilgo, encarregada dos momentos poéticos. O sargento Carvalhas terá a seu cargo a distribuição de chouriços de Celorico, enquanto que a Herr Freitas do Amaral caberá a espinhosa missão de beber chá na assembleia da ONU enquanto a crise durar. O Prof. Boaventura, avesso a confusões, ficará no território nacional a anotar os delitos de opinião eventualmente cometidos pelas N.T. (nossas tropas), para depois os enviar ao Centro de Documentação 25 de Abril, em Coimbra, que procederá em conformidade. O Dr Vital Moreira, segundo apurei, será o nosso homem em Monróvia, investigando possíveis desvios pró-americanos, diga-se, claramente inconstitucionais, por parte dos liberianos. O Dr Louçã deterá o pelouro das conversações bilaterais com a ETA (sempre úteis) e a jovem deputada Joana Dias entreterá as N.T. com o show African Madonna afixado para diversas datas en Monróvia. E pronto, logo que saiba mais, mandarei notícias. Entretanto, viva la revolucíon!.
posted by FNV on 7:07 da tarde
#
(0) comments
"LIBÉRIALISMO": Para que não se pense que esta embarcação adornou a bombordo - por via do post anterior - registamos com tristeza e apreensão a situação que se vive na Libéria. Notícias mais recentes dizem-nos que civis liberianos depositaram vários cadáveres à porta da embaixada americana em Monróvia, com o objectivo de pressionar uma intervenção dos EUA.
Este infeliz quadro faz-me questionar o comportamento dos portugueses se ocorresse uma situacão idêntica em Portugal. Imagino romarias à representação diplomática da França, pedidos de ajuda aos boy(i)s de Bruxelas e discursos do Presidente no sentido de aceitarmos com serenidade e em amplo consenso o normal decurso do genocídio até à eventual intervenção da ONU. Qualquer subversão deste cenário seria produto de "mentes liberais" ao serviço do imperialismo americano.
Felizmente e tal como os liberianos, os portugueses saberiam quem é que lhes poderia valer.
posted by Neptuno on 12:53 da tarde
#
(0) comments
ESTADO-DE-NÃO-DIREITO: Como manifestação do espírito livre e aberto que norteia esta tripulação concordamos em absoluto com Vital Moreira, no seu artigo de hoje no Público, em que verbera a denegação de justiça ocorrida no processo de Paulo Pedroso. Para além dos políticos que, semanalmente, se encarregam de descredibilizar as instituições que deveriam servir perante a população que os elegeu, também os juízes - que o são por "inspiração divina" e que estão corporativamente a salvo de qualquer censura - se encarregam de ostentar o seu poder perante os pobres cidadãos comuns, fazendo tábua rasa de direitos liberdades e garantias constitucionalmente estabelecidos.
posted by Neptuno on 12:25 da tarde
#
(0) comments
AQUELE VERÃO DE HOJE: O Verão sempre me recorda as "férias grandes" dos tempos de estudante, tanto tempo e tantos destinos à escolha. Acabávamos sempre nas praias do costume. No entanto, não faltaria lugar para a novidade. E a escolha dos novos destinos, entre uma cerveja e outras, salvo as restrições económicas era bem simples. Não pude deixar de revisitar esses tempos, com um sorriso na alma, ao reler a descrição de Isidora por Marco Polo a Kublai Kan nas Cidades Invisíveis de Calvino: "...onde quando o forasteiro está indeciso entre duas mulheres encontra sempre uma terceira..." As coisas eram bem mais simples.
posted by Neptuno on 1:51 da manhã
#
(0) comments
RETORNO II:Por vezes, temos apesar de tudo, a impressão que regressamos a algo que se manteve intacto durante a nossa ausência. Acontece, embora raramente, com uma falésia, uma rua perdida, a saleta da avó. Não pode ser engano, tudo está como estava. A impressão é reforçada pelo nosso estado emocional: revivemos cheiros, passeios e gargalhadas. Recuamos, de facto, no tempo. Mas tromperie, uma vez mais. O que ficou intacto, foi o envolvimento da nossa relação com a representação do lugar. Só porque tudo mudou, é que podemos viajar pela cartografia da memória, ajustando contas antigas. Raris nantes in gurgite vasto, aconselhava Virgílio, que muito sabia dos poucos náufragos nadando no vasto abismo.
RETORNO:É o que se pede aos lobos do mar que procuram outras lonjuras nestes dias de estio. Ficaremos, assim, com Neptuno ao leme da incauta nau, oxalá não aportemos à ilha dos lotófagos. Os lobos do mar que agora partem obrigam-nos a pensar no velho tema do eterno retorno, tão caro a Nietzsche. Nunca verdadeiramente se regressa a lado nenhum, nem à amante desperdiçada, nem ao filho morto, muito menos a uma casa onde um dia nos sentimos bem. Quem regressa, já não é quem partiu (não é Ulisses?), o que nos acolhe já não é o que de nós se despediu. Só a nossa inquebrantável tonterie nos permite pensar o contrário.
posted by FNV on 11:39 da tarde
#
(0) comments
GANHAR NÃO É TUDO: Antes de zarpar, tenho de dar conta do que vi. Um daqueles momentos que guardamos para sempre na retina. O desporto como ele deve ser. Lance Armstrong e Jan Ulrich vigiavam-se no início da subida do Tourmalet. Subitamente, Armstrong cai, por encaixar o boné de um espectador no seu guiador. Ulrich e o resto do grupo, em vez de aproveitarem a infelicidade alheia, abrandam a pedalada e esperam pelo campeão. O grupo recompõe-se, como se a intervenção externa não tivesse acontecido. Foi bonito. Comovente.
Depois foi o costume. O espectáculo incomparável de capacidade física, espírito de sacrifício e de sofrimento que o ciclismo em geral e o Tour em particular sempre dão. Armstrong andou uns minutos com o mesmo grupo e, de repente, arrancou por ali fora, imparável até à vitória lá em cima (que pode muito bem ter sido decisiva). Mas Ulrich contribuiu hoje para uma vitória bem mais importante: a do espírito desportivo. Por mostrar ao mundo que alta competição é compatível com civilidade e desportivismo. Perdeu a etapa (e pode ter perdido o Tour) mas ganhou o meu respeito eterno.
posted by NMP on 5:49 da tarde
#
(0) comments
A SECRETA VIAGEM:
No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada ...
Como podem só os dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de maneira, à proa...
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos...
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa...
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter? - Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!
(...)
David Mourão-Ferreira
posted by NMP on 2:29 da tarde
#
(0) comments
PODE-SE TUDO, MENOS UM MOTIM: O comandante desta tripulação vai de férias. A nau fica entregue à insurrepta tripulação (como aqui se diz). É tempo para recordar a política editorial da casa:
Os textos são da exclusiva responsabilidade individual de quem os assina. Nunca se praticou, não se pratica nem se praticará qualquer tipo de censura nesta escuna. Os limites da escrita serão única e exclusivamente ditados pela consciência individual de quem aqui escreve.
posted by NMP on 2:19 da tarde
#
(0) comments
GESTÃO POR OBJECTIVOS: Meu caro Diogo, posso responder-te depois de vir de férias ?
posted by NMP on 2:14 da tarde
#
(0) comments
NOVAS DESCOBERTAS: «O caminho faz-se andando». Diz-nos um excelente blogue, o Caminhante, onde se encontra uma saudosista e bem escrita descrição da zona onde vivo (também concordo que o Jardim do Príncipe Real é o mais bonito de Lisboa).
A Ciência ganha proeminência na blogosfera (brevemente faremos uma revisão dos campos onde estão os links na coluna da direita): o Em Expansão vertiginosa, o E Deus tornou-se vísivel, e o Einstein. Com o Mocho, portal de ciência português, são grandes reforços para o sector científico do ciberespaço luso.
O Upgrade transmite à blogosfera as novidades informáticas e o Cibertulia recria uma hábito antigo: o da tertúlia.
Por último, o incisivo Criticar os Blogues, um autêntico Mário Castrim da blogosfera portuguesa.
posted by NMP on 1:58 da tarde
#
(0) comments
ENDIVIDAMENTO:Artigo que alerta para os riscos de sobreendividamento das famílias portuguesas e europeias. A situação requer alguma cautela mas, devido à queda das taxas de juro, não significa que o esforço financeiro das famílias estaja ainda nos limites. Como as coisas estão, um crash do imobiliário ou o aumento das taxas de juro significariam um aperto insustentável para as famílias.
posted by NMP on 1:29 da tarde
#
(0) comments
O DEBATE EUROPEU: Interessante artigo sobre a Constituição Europeia que defende a realização de um referendo e ataca a estatização implícita que está incluída neste primeiro draft.
O governo português tem-se comprometido (e muito bem) com a realização de um referendo. O debate está aberto.
MAGNO: Desta vez os controleiros da blogosfera não lançaram campanhas, se bem que existam algumas semelhanças com o caso do programa do Herman. De que se trata? Da entrevista que Ferro Rodrigues concedeu ontem à TSF, na qual o magnífico quebra-brilhas Magno sarrazinou Ferro sobre uma cena que nunca viu eslarecida, a saber um comício do PS, em que Ferro aparece aparece rodeado de jovens com idade muito baixa. Ana Sá Lopes, no Público demonstra a sua estupefacção pelo interrogatório a que o inenarrável Magno submete o Dr Ferro sobre tão pertinente assunto.
Não nutro especial simpatia por São José de Almeida, Ana Sá Lopes e a restante kamarilla políticamente correcta do Público. Mas não deixa de ser intrigante o que faz uma personagem como Magno numa rádio como na TSF. Estaria melhor no programa do Herman.
posted by FNV on 9:38 da tarde
#
(0) comments
BREVE ESCALA: Aproveitando uma escala do Mar Salgado na ocidental praia, vou desembarcar e apanhar um pouco de sol até 4ª feira. Não vou fazer dieta, mas talvez faça algumas fotografias e dedicar-me-ei a vários prazeres verdadeiramente "incultos". Não levarei livro algum. E aconselho todos os veraneantes a procederem da mesma maneira, para que Clara Ferreira Alves continue a ter tema. Enquanto escreve sobre estas coisas, não ofende ninguém em particular.
posted by PC on 4:08 da tarde
#
(0) comments
DAVE HOLLAND BIG BAND: Magnífico concerto no Pátio da Universidade, presenciado por El-rei D. João III e mais algumas centenas de pessoas. No ouvido, ficaram Blues for C.M. (excelente), What goes around (com um solo de bateria endemoninhada)e First snow (alguns temas disponíveis aqui). Coimbra 2003 já valeu a pena. Mas uma vez mais (vd. post "Private joke?", de 15 de Julho), terá passado despercebida à audiência coimbrã a ironia de Dave Holland, ao apresentar o tema dedicado a Charles Mingus como "Blues for C.M.". Em verdade, e como explicará João Lisboa na Actual da próxima semana, o contrabaixista queria homenagear o popular Cândido Mota.
posted by PC on 2:44 da manhã
#
(0) comments
CARPE DIEM: Como diria Lili Caneças, a morte tem o dom de nos ligar ainda mais à vida. De nos fazer assumir o tempo como O bem absoluto, que dissipamos de forma tão vertiginosa. Perante algo tão assustador e inelutável resta-nos sermos melhores pessoas e tentar deixar aos restantes o nosso legado, humano ou quejando, o melhor que soubermos e pudermos. E é bom ter amigos que nos mantêm ligados a tantas coisas (por vezes à própria Terra!) que não conhecemos e outras que esquecemos ou precisamos e não sabemos. E não desprezar nunca certas máximas como esta de Beaumarchais (que morreu, como outros): "Beber sem ter sede e fazer amor a qualquer momento: somente isto nos distingue dos animais." Na melhor tradicão panfletária: "Não sejas um animal!"
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.