OXALÁ II: Tendo tratado de outros assuntos por via discreta, resta-me lembrar ao nosso Comandante que não crtiquei a vinda dos Stones a Coimbra. Referi isso sim, que eles vão actuar num estádio que custou perto de 18 milhões de contos, numa cidade que tem o seu centro histórico em ruínas, facto que pode ser constatado por quem a esse trabalho se der. Prioridades, leva-as o vento.
posted by FNV on 7:44 da tarde
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ACUDAM! Gritei, emergindo da escotilha da ré. Tinha acabado de arriar a vela da gávea e evitei atemorizado os vitupérios do Comandante, enquanto passava pela verga grande. Ainda pensei que tivesse deixado alguma bigota solta na mesa das enxárcias, mas os patarrazes estavam bem fixos ao gurupés. Assim esperei que o navio virasse de querena, e que o Harmatão que soprava forte não incendiasse ainda mais os humores do Preboste.
posted by FNV on 4:07 da tarde
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ORDENS CUMPRIDAS: O Lérias foi devidamente linkado. Saudações para este novo palrador da blogosfera.
posted by NMP on 1:39 da tarde
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HOJE DEU-ME PARA ISTO: Para me meter com o nosso FNV. Não gosto de tornar este blogue numa conversa entre amigos, pelo que este post é uma excepção. Mas ao nosso FNV, fugiu-lhe o pé para a demagogia barata no post Oxalá.
Nasci e estudei em Coimbra, mas já não vivo lá há bastantes anos. Regresso com alguma irregularidade. Para rever família e amigos. Tenho hoje, portanto, uma relação mais afectiva que efectiva com Coimbra. Constato (e não gosto) que a cidade nos últimos vinte anos ficou mais feia (urbana e esteticamente falando). Que porventura perdeu influência à escala nacional, ainda que eu ache que a suposta importância do burgo sempre foi mais mítica que real. Tudo isto graças a um conjunto de factores: nascimento de novos pólos de ensino pós-25 de Abril e aumento da concorrência como centro do saber, o conservadorismo de algumas instituições da cidade e sobretudo cerca de 3 décadas de gestão autárquica ruinosa, sem rasgo, desprovida de ambição e (não gosto muito da expressão, mas lá vai ter que ser) provinciana.
No entanto, a cidade tem ainda muitas coisas das quais se deve orgulhar: por exemplo, um pólo de ensino universitário muito relevante nacional e internacionalmente (isto não se altera em vinte anos), é um centro de excelência na Saúde e permite uma qualidade de vida difícil de obter em grandes metrópoles (que o descalabro urbanístico ainda não destruiu totalmente).
O nosso FNV resolveu mencionar que a cidade vai receber os Rolling Stones sem ter a Alta recuperada (que tem de ser uma aposta estratégica dos próximos anos) e com problemas como o Hospital Pediátrico por resolver. Ora bem, isto é demagogia (involuntária talvez, mas demagogia). Porque o concerto dos Rolling Stones é uma iniciativa privada, que se paga a si mesmo. Ou seja, não houve nenhum desvio de verbas públicas destinadas a outros fins para se efectuar este concerto.
Coimbra só fazia bem se alastrasse esta lógica a outras áreas: a Alta só será recuperada se se conseguir atrair capitais e interesses privados, numa parceria com as entidades públicas para esse projecto. Se essa recuperação tiver interesse económico e o espaço tem bastante potencial para isso. Tal depende de muitas coisas (alterações legislativas, da lei do arrendamento, da ousadia da autarquia) mas não do concerto dos Rolling Stones. Nesta medida o facto de se efectuar um concerto desta dimensão é até uma boa nova, quanto a uma nova ambição para a cidade.
Por isso vão a Coimbra curtir os Stones e, se puderem, deitem uma olhada e passeiem pela linda Alta da cidade. Porque é da mistura de tradição e modernidade, de cosmopolitismo e bairrismo, de urbanidade e ruralidade que se farão as cidades médias competitivas no futuro. Sabendo que nessas mudanças, nem todos ficarão contentes: uns por conservadorismo, outros por ficarem aquém do seu progressismo exaltado, outros ainda por mera tacanhez de espírito e gosto pela maledicência (um hábito há muito instalado por aqueles lados). Mas como bem canta o Mick Jagger, you can't always get what you want !
posted by NMP on 1:27 da tarde
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CONVERSAS EM FAMÍLIA: Aqui há uns tempos JPP afirmou que a blogosfera era para ele impessoal. Manifestámos a nossa leve discordância: não nos parece que valha a pena fingir que não conhecemos pessoalmente quem é nosso amigo, nem temos de passar confiança a mais e trocar intimidades com quem nunca nos sentámos à mesa. Desde que seja natural, a pessoalidade ou impessoalidade não é uma questão relevante na forma como nos tratamos.
Mas cair no extremo oposto... também não havia necessidade. No Eternuridade, esta nossa embarcação está linkada sob o sugestivo, familiar, intimista e carinhoso epíteto de Filipinho. O autor do blogue é um excelente jornalista chamado Luís Gouveia Monteiro, com uma incrível coincidência onomástica nos nomes de família com uns primos do nosso FNV, e que saudamos vivamente.
Por vezes parece que estamos apenas a ter uma agradável conversa à lareira. Alguém me passa a garrafa de Porto ?
posted by NMP on 1:04 da tarde
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ADIVINHAS II: Mais outra, para aquecer: alguém me adianta uma razão objectiva que explique porque é que os blogues de esquerda, sempre tão atentos a Tel-Aviv, não dedicaram uma linha à recusa dos 27 pilotos israelitas?
posted by FNV on 12:18 da tarde
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AH VALENTE! O presidente Lula afirmou ontem em Cuba: "não dou palpite sobre a política de outros países".
Fascina-me sempre o azar geográfico dos desgraçados que são defendidos pelos paladinos da dignidade humana.
posted by FNV on 11:45 da manhã
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ADIVINHAS: Aqui há umas semanas, o Bloguítica Internacional (link na coluna da direita) lançou uma advinha que muito divertiu o nosso lobo P.C.
Consistia em saber quem conseguiria adiantar um motivo pelo qual a expulsão de Arafat favoreceria o processo de paz.
Já que gostam de riddles, aposto-vos outra: alguém consegue adiantar uma razão pela qual o Sheik Yassin nega qualquer legitimidade a qualquer governo formado por Arafat, bem como qualquer acordo com Israel?
posted by FNV on 11:23 da manhã
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OLHA QUE NÃO, OLHA QUE NÃO... Talvez o nosso P.C. estivesse na altura ainda na Áustria. Escrevi, aqui no Mar, uma crítica a toda a trapalhada Maria Elisa-Ribeiro Cristovão, pelo que só posso concordar com o seu texto.
posted by FNV on 11:06 da manhã
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NÁUSEA II (PARA ELISA): Não sei se falar disto causará náuseas ao nosso FNV; se for o caso, peço desde já desculpa e disponibilizo-me para lhe fazer um café forte.
Ouvi hoje num telejornal que o Governo nomeou (ou nomeará, não percebi bem) a Sra. D. Maria Elisa Domingues para o "cargo" (perdoem-me o exagero) de Conselheira de Imprensa em Londres. Mas não era Conselheira Cultural? - perguntará o leitor desinformado. Resposta: sim, era Conselheira Cultural, mas surgiu um pequeno contratempo. É que a lei exige que os Conselheiros Culturais sejam licenciados e a agraciada não possui essa certificação. Assim, como esclareceu, matreiro, o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, ela será nomeada Conselheira de Imprensa (embora já exista lá alguém que recebe como tal), mas, na verdade, desempenhará as funções de Conselheira Cultural. Pelo que, como esclareceu o Sr. Primeiro Ministro, o Governo cumprirá a lei.
Eis uma forma simples de resolver os problemas chatos da lei, só comparável à criação das fundações pelo defunto governo do PS, já comentada aqui, retrospectivamente, pelo divino Neptuno.
Eu também acho inacreditável que a lei seja tão exigente em matéria de Conselheiros Culturais: de repente, lembro-me de milhares de não licenciados infinitamente mais aptos para aconselhar cultura do que outros tantos licenciados que conheço. O problema não é esse. O problema é ser o Estado a tornear as regras que ele próprio criou para o provimento de cargos públicos com o intuito de beneficiar uma pessoa em concreto. O problema é que o Estado keeps blowing jobs for the boys and the girls.
Mas, convenhamos, o Governo, no seu descaramento, foi púdico: podia sempre ter nomeado a D. Maria Elisa Conselheira Militar. (Título reeditado no Domingo, 28-09, às 00.50).
posted by PC on 3:08 da manhã
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OLHE QUE SIM: Muito bem vai a Aba de Heisenberg (link na coluna da direita), na crítica aos desmandos da astrologia mediatizada. O último parágrafo do post do Sérgio pode bem ser aplicado à psicologia; ou a boa parte dela. Vão lá, que vale a pena.
posted by FNV on 3:05 da manhã
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RAZÃO TINHA O JOSÉ FAVINHA, que há uns anos, nos classificados do Diário de Coimbra, pedia o favor de não ser seguido por elicópteros da aviação. Como em Portugal nunca houve nem uma verdadeira Revolução, nem um aperto dos valentes, que limpasse o pó aos costumes, os nosso traços de carácter começam a parecer necrofílicamente anacrónicos. Vejam o caso do Heli dos Bombeiros de Lamego, no qual a SIC fez de juiz de instrução, de ministério público, de defesa e de acusação particular. Toda a gente que agora fala, sabia, há muito, dos putativos abusos helicoidais: uns tinham ouvido falar, outros tinham visto, outros albergavam suspeitas e certezas. De facto, no outro dia pareceu-me lobrigar um helicóptero no quintal, mas como estava a ver um filmito do Bruce Willys, pensei que era sugestão.
Até à SIC abrir o dossiê, ninguém alguma vez, fora da venal Lamego, tinha respirado o affair. Um infeliz de cara distorcida e com a inscrição "bombeiros" na camiseta preta, explica ao jornalista da SIC que assim era, porque "toda a gente encobria".
Dos cúmplices cobardes aos denunciantes anónimos: este micro-caso revelará alguma coisa, no estilo e na sarjeta, que outros macro-casos, bem mais salientes, ainda ocultem?
OLHA QUE NOVIDADE: Luis Queirós, da Markteste, empresa de sondagens, ao Ouvido Crítico, da TSF. O Bloco de Esquerda canta o seu encanto a 10% das classes altas e média-altas, a 8% da classe média, a 4% das baixas e média-baixas. Não sei exactamente como é a estratificação das classes, mas certamente que não é pela altura dos inquiridos. O BE agrada e alimenta-se sobretudo de meninos-família e ex-OCMLP's agora ao volante dos seus Mercedes-Benz? Que novidade.
posted by FNV on 10:52 da tarde
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CONTINUO A GOSTAR do Epicurtas (onde aliás encontrarão uma visão original do match SIC vs. Desembargador, que eu compreendo, mas não consigo acompanhar: as más-criações não se anulam, somam-se) e do Bloguítica Nacional, onde Paulo Gorjão faz hoje, com a lucidez e a serenidade a que nos habituou, um interessante comentário ao Abrupto. E descobri o Lérias, e gostei (link na Boa Onda, ó Comandante).
posted by PC on 6:42 da tarde
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OXALÁ me engane. Amanhã, na minha cidade, que não tem um centro de congressos, que não tem uma Alta recuperada(ver Público de hoje, se não acredita); que tem um hospital Pediátrico que serve toda a região centro, instalado num misto de antigo convento com pré-fabricados, amanhã tocam os parkinsonicos Stones. O concerto vai realizar-se no novo estádio, que custou aproximadamente 18 milhões de contos (sim, Coimbra sabe das suas prioridades), mas cujo espaço envolvente está transformado num imenso estaleiro. Esperam-se 40.000 pessoas. Oxalá tudo corra bem.
posted by FNV on 12:00 da tarde
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A INTERACTIVIDADE: No salgado mar é natural. Por isso, intrigado com o invulgar elogio do nosso P.C. ( ao arrepio de conversas antigas), a Miguel Sousa Tavares, fui espreitar o tal artigo.
Retive duas ideias. Uma consiste no desenterrar do sonho Karl Otto Apel e de outros da escola de Frankfurt, de uma sociedade transparente, atribuindo aos media os alicerces de um ideal-tipo romântico, herdeiro dos esquemas da Zivilisations-Kritik. O ideal de auto-transparência realizar-se-ia, suportado na emancipação das ciências sociais, desde que os media não se deixassem condicionar por ideologias, interesses particulares, etc. Mas como dizia Nietzsche, com os media, o mundo verdadeiro tornou-se finalmente numa fábula.Para MST e para o Prof. Boaventura, eleições são tremoços, pois se o voto mudasse alguma coisa, já tinha sido proibido. Restam as confabulações.
A segunda ideia, a bem dizer, é incompleta. Como MST não gosta da concentração dos media, pressuponho que defende a existência de jornais e televisões obrigadas a não se associarem a nenhum tubarão concentracionário. Quem as fundaria, quem aceitaria tais termos, isso não diz MST, nem o BE. O que interessa é que existam jornalistas com certificado de isenção, passado pelo Dr. Louçã e por MST, e libertos da ganga dos grandes grupos capitalistas.
Exceptuando a triste história dos media estatais, nunca vi tais aves. Mas MST, agora que é novamente rigoroso, como diz o nosso P.C., irá por certo elucidar-nos em breve.
posted by FNV on 11:25 da manhã
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RETOMA ECONÓMICA: A retoma económica já foi anunciada várias vezes. O PIB dos EUA cresceu no segundo trimestre cerca de 3,1% (taxa anualizada), o que encheu de esperança os agentes económicos pelo mundo fora. No entanto para que a consolidação desta retoma se verifique é necessário que a economia americana continue a crescer em bom ritmo durante um período de tempo maior.
Como toda a gente reconhece a saúde da economia mundial está muiito dependente do estado da economia americana. No entanto, alguns desequilíbrios da economia dos EUA (nomeadamente o défice orçamental que apresenta e o défice da sua balança comercial) lançam algumas nuvens de suspeita sobre a consistência deste novo ciclo. É aqui que entra a questão cambial.
O dólar tem-se desvalorizado (o que aumenta a competitividade das exportações americanas). Mas esta desvalorização é apenas relativa ao euro, uma vez que o iéne e o yuan (da China) se têm também desvalorizado. A baixa competitividade das exportações americanas relativamente a produtos japoneses e chineses pode limitar a expansão económica americana. O que teria efeitos limitadores do crescimento económico em todo o mundo.
Daí ter havido um apelo do G7 (assinado também pelo Japão) para impedir as intervenções dos bancos centrais na cotação das moedas, ou seja, que não se promovam desvalorizações artificiais. Este artigo do Economist faz um excelente enquadramento do que está em causa
Curiosamente tem sido a Europa (com a sua política de euro forte) que tem aguentado o esforço necessário para a recuperação económica mundial. O euro forte impede o aumento da competitividade dos produtos europeus em termos nominais. A Europa apenas crescerá se alcançar aumentos de produtividade e de confiança no clima de investimentos e de consumo. Resta a outras zonas económicas tomar as medidas necessárias a potenciar os sinais de retoma económica que têm surgido.
Estas questões são o melhor exemplo de como o mundo se tornou interdependente.
posted by NMP on 11:15 da manhã
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GOSTEI II: Outro texto que diz o óbvio é o Acórdão do Tribunal Constitucional de ontem, que declara inconstitucional, por violação do direito de recurso, a "interpretação normativa" (este é um outro problema) levada a cabo pela Relação de Lisboa, segundo a qual o recurso interposto da decisão de prisão preventiva teria perdido utilidade por força da nova decisão tomada (em antecipação) pelo juiz de instrução.
PS: O Tribunal Constitucional é por vezes acusado de emperrar o andamento da jurisdição ordinária, protegendo os direitos e garantias dos arguidos. Acusado???
PS 2: Mantenho-me fiel ao princípio de não comentar no Mar Salgado casos judiciais não terminados, sobretudo quando não conheço os elementos dos processos; sucede que se trata aqui de uma decisão final e pública, cessando por isso aquele impedimento.
posted by PC on 9:40 da manhã
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GOSTEI: Do artigo de Miguel Sousa Tavares no Público de hoje. De há uns anos para cá, a qualidade da sua intervenção jornalística e "comentarística" tem sido, em minha opinião, algo irregular. A (indiscutivelmente merecida) reputação de que começou a gozar em certo momento tê-lo-á levado, por vezes, a deixar o desassombro descambar no simplismo, o empenho na labilidade, a independência na arbitrariedade. Mas o texto de hoje é desassombrado, empenha-se numa causa justa e explica bem o óbvio: a independência é uma virtude absoluta - ao menos para um jornalista, que nunca pode ser demasiado independente.
ENFIM... Prosseguindo na minha senda, adquiri recentemente mais uma edição de coleccionador, de um autor russo. Desta vez trata-se de uma edição brasileira de Terra e Sangue, de Mikhail Cholokov ( ou Sholokov), de 1945, que exibe um prefácio de Jorge Amado, e a orgulhosa chancela de Prêmio Stalin. Cholokov, como Maikovsky, fez parte do estéril grupo de escribas do regime, moralmente co-responsáveis pelo assassinato e degradação do povo soviético. Felizmente, para a posteridade, ficaram Tolstoi, Tchekov, Pasternak, Pouchkin, Bulgakov, etc. Agora vejam o que esse arauto do humanismo e das liberdades, Jorge Amado, escrevia no prefácio do livro de um vencedor do Prêmio Stalin:
"Em Terra e Sangue", estão as qualidades mais marcantes da jovem literatura soviética, que se afirma dia a dia uma das mais poderosas do mundo, dia a dia se impondo sobre a decadência de uma literatura burguesa intimista, falsamente realista, trancada na aridez de mesquinhos problemas.".
posted by FNV on 9:09 da tarde
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ESCREVAM-NOS: Isto de andar no alto mar dá saudades das vozes e das opiniões de outras gentes. Qualquer comentário, opinião ou insulto é favor ser remetido para lobosdomar@hotmail.com
posted by NMP on 7:58 da tarde
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OLHAR EM FRENTE: O excelente editorial de hoje de José Manuel Fernandes, apesar de pessimista, é uma excepção em Portugal (incluindo a blogosfera). Quase ninguém interpretou o discurso de Kofi Annan em toda a sua dimensão. Optou-se por relevar a sua defesa do multilateralismo, sendo estauma atitude natural vinda do Secretário Geral da ONU. Mas a grande novidade foi o repto lançado para uma reflexão sobre a compatibilização entre as teorias de acção pre-emptiva (tenho dúvidas sobre esta expressão, prefiro acção preventiva) e um processo de decisão partilhada pelo maior número de estados possíveis.
A crise iraquiana feriu de morte o actual Conselho de Segurança. Sou da opinião que este resultado foi involuntário. Resultou de um erro de cálculo da Administração Bush de que conseguiria obter uma segunda resolução, autorizando o uso da força. Ora bem, como os factos provaram, esta segunda resiolução era totalmente inútil: as resoluções que, por mais de uma década, obrigavam Saddam a ser mais transparente relativamente aos seus planos de armamento já legitimavam por si uma intervenção internacional. Uma nova resolução em nada alterava este estado das coisas, como aliás os factos vieram comprovar: verificou-se uma intervenção sem resolução. O único resultado foi uma divisão perigosa no bloco ocidental.
Mas as palavras de Annan foram muito avisadas. Convém reflectir no funcionamento da ONU, num mundo em que as inervenções preventivas serão cada vez mais necessárias para conter estados párias, para terminar genocídios (já ninguém se lembra que a NATO bombardeou a Sérvia sem mandato da ONU) e para evitar a proliferação de armas de destruição massiva.
A ONU não é perfeita (uma organização que tem a Líbia a chefiar a Comissão dos Direitos Humanos cobre-se a si de ridículo). Mas é o único fórum onde todos os países do mundo têm voz. E isto é um acquis civilizacional que não devemos deitar fora. Acresce que a ONU tem uma experiência em processos de nation buiding que tem de ser aproveitada (com aparente sucesso por exemplo em Timor-Leste), bem como organismos de ajuda humanitária que funcionam razoavelmente.
Manter a discussão no multilateralismo e unilateralismo (como fez o inefável Villepin) é prolongar a discussão pré-Guerra do Iraque. Olhar em frente pressupõe participar construtivamente na reconstrução do Iraque e unir esforços contra os inimigos comuns, dos quais o maior é o terrorismo (era bom que não fosse preciso a explosão de um autocarro em Paris ou Berlim para os alemães e franceses perceberem o que está em causa). Nesta medida, a tentativa de Annan de lançar a discussão sobre o enquadramento jurídico e institucional do mundo que temos (e não o que deveríamos ter) é um acto de visão e ousadia políticas louváveis.
posted by NMP on 7:55 da tarde
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QUE RAPIDEZ !: Ontem dia 24 de Setembro de 2003, cerca de 14 anos depois da queda do Muro de Berlim, mais de uma década após a implosão da União Soviética e dos regimes comunistas por todo o mundo, do declínio dos partidos comunistas, da mudança de nome do Partido Comunista italiano (o maior da Europa Ocidental, recorde-se), EPC concluiu argutamente: O que podemos dizer hoje é que continuam a existir diferenças de classe, mas as formas tradicionais de luta de classes estão em vias de desaparecimento.
Está assim oficialmente declarado o fim da luta de classes como motor da história. O tempo que mediou entre os factos descritos acima e a conclusão ontem retirada foi certamente gasto num processo de observação, maturação intelectual e de consolidação da bagagem e artilharia teórica que permitiu chegar à científica e inatacável conclusão de ontem.
Há certamente uma acusação que não se poderá fazer a EPC: a de se ter precipitado.
posted by NMP on 7:23 da tarde
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AGRADECIMENTOS ATRASADOS: A quem gentilmente mencionou o facto de eu ter cumprido 33 primaveras na semana passada. Tal dia seria apenas um dia como os outros, não fosse dar-se o caso de a Charlotte comemorar 33 anos precisamente na mesma data. Um homem só pode sentir-se feliz e honrado por celebrar o seu aniversário em tão agradável e brilhante companhia (ainda que a milhares de quilómetros de distância - maravilhas da blogosfera).
O nosso contra-almirante PC comparou-me subtilmente a Che Guevara, que sei ser um dos maiores elogios que poderia fazer a alguém - para ele um abraço agradecido e comovido.
posted by NMP on 6:56 da tarde
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AOS COMANDOS: Novamente ao comando da embarcação dou conta de mais detecções no radar do Mar Salgado. A blogosfera parece ter explodido e os novos blogues surgem às dezenas.
Do alto desta embarcação avistámos a Ocidental Praia, onde aportaremos frequentemente. Na mesma boa onda encontrámos O Velho da Montanha (de um companheiro de ofício - marinheiro espacial), bem como um clássico que só por desleixo não tínhamos ainda linkado - o El Coronel.
Devido à sua condição, só agora demos conta da Armada Invisível, com quem esperamos não nos termos de bater, a medir pela fina ironia e acutilante humor que brotam dos seus comentários. De fino recorte é obviamente o Bisturi que saudamos.
A esquerda mantém a sua ofensiva e surgem blogues de esquerda uns atrás dos outros. O Descrédito que é editado pelos bloggers portugueses mais persistentes (uma verdadeira fonte de spam), presença simpática e inundadora na nossa caixa de correio. Saudações para eles, auto-proclamados representantes da esquerda moderna (tremo cada vez que ouço esta expressão...).
Por falar em crédito, estamos em falta para com o 3 tesas não pagam dívidas, que há muito navega por estes mares e que linkaremos brevemente. Com tantos blogues a morrerem, não admira que por aqui aparecessem uns Abutres.
Com vontade de interrogar a portugalidade encontrámos o Ser Português (ter que) e a Saga do Povo Português que estamos certos nos iluminarão ácerca de crises existencias sobre a nossa identidade. Terão certamente muito que discutir com o Viva Espanha.
Por último um blogue que é claramente um fruto do tempo que vivemos, o Hora Absurda.
A todos estes novos companheiros de navegação, saudações bloguísticas.
posted by NMP on 6:37 da tarde
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A PROPÓSITO DE UM GRAFITO: Na parede da Faculdade de Letras, está um grafito vermelho onde se lê "Somos só ideias. Nada existe", seguido do inevitável A dentro da circunferência. Quem me falou dele a primeira vez tresleu-o e narrou-mo assim: "Temos ideias, mas não existimos".
Não sei se a versão original pertence a algum conhecido guru, mas gosto mais da adulterada.
posted by PC on 6:06 da tarde
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cabalat Schabat: Vinte e sete pilotos israelitas recusaram-se a continuar a matar civis. Fizeram um requerimento, foram entrevistados e disseram de suas razões. Israel discute a coisa, entre a surpresa e a curiosidade. É natural que assim seja, porque em Israel há eleições, há pornografia, há concursos de beleza, há capitalismo, há democracia. Noutras terras em guerra, ali bem pertinho, igualmente com religião e sangue à mistura, estes pilotos nem teriam chegado sequer a fazer o requerimento: seriam executados, crismado de traidores e as suas famílias pagariam o ónus de os terem gerado, ou deles terem descendido.
No Outono de 1942, a 37ª Divisão de Atiradores da Guarda, sob comando de Chuikov, foi obrigada, por ordem directa de Estaline, a atirar sobre os orfãos civis de Estalinegrado. Os miúdos, em troca de pão ou de um pedaço de chocolate iam encher os cantis dos alemães ao Volga, mas a NKVD não quis saber disso. Os oficiais e sargentos que não cumprissem ou não fizessem cumprir a ordem eram abatidos in situ.
Felizmente, os pilotos israelitas, embora vivendo uma guerra feroz, muitas vezes no seu próprio território, vivem também noutro mundo. Aceitam a soberania de Deus, e não do seu carnívoro general, assim como escolhem a misericórdia do novo dia: cabalat Schabat.
posted by FNV on 3:29 da tarde
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"VIEL TÄUSCHET ANFANG / UND ENDE": Recebi hoje um e-mail do Francisco Amaral a confirmar o rumor que corria por aí: no próximo sábado é a última emissão da IF na TSF. Estou, evidentemente, triste, pelo Francisco - e por mim.
Mas há uma coisa que o deve alegrar. Creio que foi a primeira vez que uma parte da blogosfera juntou esforços por um projecto. A Janela e a Retorta montaram o IF No Ar, dedicado a recolher textos sobre a IF e ideias para a sua continuidade. Este blogue também vive no ambiente sereno da IF, no "lugar onde, suavemente, está", como escreveu o Luis. Não é coisa pouca, Francisco.
É imperioso, agora, encontrar uma nova concha (isso mesmo, concha) para a IF. Porque (de novo Hölderlin) "uns ist gegeben / auf keiner Stätte zu ruhn".
Um abraço, Francisco, e até já.
posted by PC on 1:28 da tarde
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UM JUIZ EXCEPCIONAL: é como o Luis, do Natureza do Mal, (link na coluna da direita) define o juiz presidente do Tribunal da Relação que ameçou partir aquela merda toda, vulgo, a camâra da SIC e a Sofia Pinto Coelho. Estranhei, num blogue tão sensível, pacifista, e defensor dos direitos das mulheres, tamanha exaltação de violência marialva. Mas depois percebi que o Luis tinha percebido que a Sofia andava a sondar os presentes sobre desfecho do caso FP-25. Não andava. Andava a inquirir os juizes sobre o que é ser juiz em Portugal, hoje. Vê moinhos, são moinhos, vê gigantes, são gigantes...
posted by FNV on 11:59 da manhã
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E ESTA? Um frezador de moldes quarentão, desempregado com 20 anos de contribuição para a segurança social e com três filhos a cargo, passará a receber um subsídio de desemprego maior do que um jovem solteiro desempregado que viva em casa dos papás. Uns facínoras neo-conservadores, estes tipos do governo.
posted by FNV on 10:29 da manhã
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SUPREMUM VALE II: Nestas deambulações sobre morte e encobrimento, ficou, da semana passada, uma ou outra coisa por dizer. Tenho aprendido que quem perde alguém lentamente, organiza a memória de forma diversa da de quem perde alguém de rajada.
Um elefante apresenta-se desde logo à porta: as últimas recordações são penosas, insuportáveis. Mais de perto, a coisa assume contornos delicodoces, pois a memória dos últimos tempos, dos últimos cheiros, das últimas pálpebras, é ao mesmo tempo a última, e por tal de valor inestimável. É aqui que o cancro opera uma mutação amável: o sobrevivente decide que quem está a morrer-lhe, já não é quem vivia.
Tolstoi conta muito bem isto num diálogo entre um Ivan Ilich moribundo e a voz, do ópio que bebeu. Ilich explica à voz, que já não consegue lembrar-se das boas coisas por que passou, que elas lhe parecem ter sido vividas por outra pessoa qualquer.
Quando um bloco de tempo depois, em golfadas, começamos a recordar os últimos dias de quem amavamos, deparamo-nos com um dilema: recordaremos os dias bons e pujantes ou os dias da miséria? Os meus doentes preferem, como Ivan Ilich, pensar o viajante como ele era antes da viagem, não reconhecendo no ser emaciado e babugento, quem antes os fazia rir e respirar. Assim a memória, como a doutrina, divide-se: a mãe ou o marido saudável, é de quem se lembram, quem definhou foi outra pessoa qualquer.
ALFAMA: Navegando por Manhattan em missão transatlântica (alguém ponha acentos nisto, p.f.), encontrei este simpático restaurante no West Village, com um belíssimo bacalhau acompanhado do nosso tinto, onde o nosso NMP poderá matar saudades da terra que o viu nascer. E que isto de ser português entranha-se under our skin...
posted by Neptuno on 11:53 da tarde
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O HOSPÍCIO DE SÃO BENTO: O Dr.Lacão, com aquela sua cara de guarda-fiscal, o ar feijoento, sem passado político, e, muito provavelmente, sem futuro, acha que não há qualquer questão ética no caso Maria Elisa. Antigamente, metiam-se os microcéfalos nos asilos, agora o Parlamento acolhe uma gafaria de irresponsáveis.
posted by FNV on 11:22 da tarde
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O SEU A SEU DONO: Nem sempre concordo com as opiniões de José Miguel Júdice sobre os problemas da justiça e as suas soluções. Porém, não sendo eu advogado, creio que JMJ faz bem o que a chamada "sociedade civil" espera de um bastonário da Ordem. Na semana passada, depois de visitar uma prisão (na veste, suponho, de bastonário), JMJ convidou a Sra. Ministra das Finanças a passar alguns dias lá antes de se decidir o orçamento da justiça e, dentro da justiça, das prisões. É que JMJ sabe que a luta pela dignidade humana está para lá das divisões direita / esquerda e acima das fidelidades político-partidárias. E por isso faz o que se espera de um bom bastonário. Nós é que já estávamos esquecidos.
posted by PC on 1:22 da tarde
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NÃO SE FALA MAIS NISSO: O caso FP-25 teve o encierro que alguns desejavam, que outros sonhavam, de que muitos se alhearam. Não foi o caso do juiz Martinho, indignado, e de Souto de Moura, preocupadíssimo. Pois não, este processo nada teve de político, que ideia a minha. Mas se algum pobre espírito conceder que enfim, talvez neste caso, a justiça tenha sido permeável a factores externos, logo outro rico-espírito se apressará a dizer que foi caso único e irrepetível. Pois.
posted by FNV on 11:22 da manhã
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"INDIREITAS": Em homenagem a uma senhora massagista que hoje me foi apresentada pela TVI que também se auto-intitulava de "Indireita". Esta bondosa senhora foi notícia por ter cortado duas orelhas a duas clientes, uma delas ainda hospitalizada. Confrontada com o facto, explicou a faena como necessária dado ser junto à orelha que o nervo ciático se apresenta mais saliente. Assim, munida de uma tesoura da poda previamente esterilizada com um maçarico (!) "cortou o mal pela raiz", livrando as pacientes da maldita ciática. Desconhecemos se alguma vez alguém se lhe apresentou com dor de cabeça...
Não sei o que acontece pelo mundo fora relativamente a este fenómeno, mas sei que assenta que nem uma luva ao nosso país. A nossa superior esperteza permite-nos sempre lançar mão de um dos inúmeros esquemas alternativos para chegar a determinado objectivo, qualquer um desses esquemas com consideráveis vantagens sobre a prática socialmente instituída. Tal como noutras áreas, é sempre possível justificar tal opção pelo mau funcionamento das instituições de saúde. De qualquer modo, a regra será sempre "contornar" - leia-se "furar" - o sistema e nunca melhorá-lo.
Há poucos anos, um governante criou uma série de fundações, atribuindo-lhes competências que caberiam ao ministério a que pertencia e devidamente preenchidas com boys do seu partido. Confrontado com o facto, explicou com a maior naturalidade - e descaramento assinalável - que a criação das fundações era apenas uma forma de obviar à ineficiência do próprio ministério.
E não me lembro de assistir a qualquer censura social de maior. Pudera!
NÁUSEA: Do tom nonchalant dos que descobrem um demagogo acéfalo em qualquer espírito que não se alheie do caso Maria-Elisa. Do tom moraleiro dos que acham que um deputado, tem de ter toda a legislatura, a virtude que eles não são capazes de exibir num só dia.
posted by FNV on 11:12 da tarde
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LEÕES: Telejornal da RTP2, Fátima C.Ferreira entrevista o presidente do Instituto da Conservação da Natureza. Motivo: dois pumas e um tigre morreram quando deveriam ter sido anestesiados, num zoo ilegal nos Açores, para posteriormente serem trazidos para Lisboa.
Entrevista é um eufemismo. Fátima faz uma pergunta, e mal o convidado começa a responder ela desmente-o e faz-lhe mais duas perguntas de rajada. O exercício, penoso, arrasta-se por mais 15 minutos, sempre no mesmo tom. Fátima, descobri, é uma perita em xilazina, em técnicas de neutralização de felinos, eu sei lá. Julgou, cruxificou e empalou o seu convidado, que recorde-se, tinha sido chamado para esclarecer o assunto. O que ele foi lá fazer foi outra coisa.
Em Angola e Moçambique, sobretudo no Cuando-Cubango e no Alto-Limpopo, respectivamente, havia duas formas de caçar leões: ou a salto, a mais desportiva, ou à espera. Nesta última forma, matava-se um cabrito-do-mato ou um inhacouze, e arrastava-se o bicho esventrado pelas redondezas do local da espera. O caçador, ou ficava numa mutala( espécie de palanque montado numa acácia, a 5 metros de altura) ou num abrigo de espinheiros. Aqui a doutrina divide-se, Henrique Galvão achava impossível existirem leões tão burros, José Pardal assevera que serviu de white hunter em muitas ocasiões similares.
O presidente do ICN deu razão a José Pardal.
posted by FNV on 9:48 da tarde
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TELEGRAMA: Quase a voltar a posto de comando STOP Conversa a nivel do porao STOP Opus Gay, Parque Eduardo VII, vida sexual de jogadores de bola e o Porto-Benfica ainda se aceitam STOP Agora JAS ? STOP A descer assim, daqui a pouco, vamos ao fundo STOP
posted by NMP on 8:56 da tarde
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NÚCLEO DESOPILANTE: Vão ver o post "Toda a verdade" do Vostradeis no Núcleo Duro e cliquem no link. Genial.
(Estava a pensar cá com os meus botões se faria uma graça sem piada sobre a eventual importação do método para auxiliar os guarda-redes. Mas é melhor não).
posted by PC on 6:27 da tarde
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ÓLARILOLÉ!"A Opus Gay não me merece qualquer crédito.". Fosse eu a escrever isto, e 25% da equipagem do salgado mar tentava atirar-me ao mar. No contexto mais vasto da blogosfera, acreditariam que tal dislate teria saído da pena de um qualquer fascista primevo ou de um putativo homofóbico inveterado. Mas não. Quem o disse ao Público de hoje, foi António Vitorino, do Bloco de Esquerda. Pelos vistos o SR.Serzedelo, chefe da Opus Gay, não anda a apreciar as tradicionais tácticas de golpes muito típicas dos trotskistas e eles respondem-lhe à letra. Segundo o Sr.Serzedelo, o Bloco de Esquerda quer controlar o movimento. E que movimento? O LGBT (Movimento Lésbico, Gay e Transexual) que irá participar no Forum Social Europeu, em Paris a 12 de Novembro.
Mas o que significará dizer que a Opus Gay não merece qualquer crédito? Significará que os seus dirigentes são afinal heterossexuais infiltrados? Significará que os gays e lésbicas que lá trabalham não são verdadeiros, de gema? Mas que raio será isto?
Pensando bem, sim, porque um heterossexual como eu, mero homossexual recalcado, também pensa, já vi este filme. Julgo que numa passeata qualquer, ocorrida em Lisboa há coisa de três meses, que pôs à batatada o BE, a CGTP, o PCP, o Prof. Boaventura e outros.
Caramba, que frenesim: deixem os gays, lésbicas e transexuais sossegados. Como eu costumava dizer a uma ex-doente minha, e agora minha amiga for ever, a Patrícia, finalmente lésbica assumida, ( se estiveres a ler isto, um beijo) com amigos destes, não precisam de inimigos.
P.S.: Porque é que "transexual" só tem um S, e heterossexual tem dois? Discriminação, ou foi um S que se perdeu no processo de transformação?
posted by FNV on 4:40 da tarde
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AI É ASSIM? Eu já desconfiava, mas a leitura do diário desportivo de hoje dissipou qualquer suspeita: Derlei, o Ninja vai ser pai. Qualquer pessoa sabe que um homem casado normal, quando a mulher está grávida, transfere a energia que gastaria no sexo para outras áreas. Ora, se for futebolista, evidentemente que faz uma época cheia de ganas. Por isso Scolari interditava o sexo nos estágios do escrete, como aliás acontece com a generalidade das equipas latinas. A excepção são os morcões escandinavos e alemães, o que não admira: para além de fornicarem pouco, abusam do cunnilingus, o que não os cansa nada. Assim o Deco, no ano passado, andou com o gás todo, pois só foi papá no Verão, agora é com o Derlei, como foi com o Jardel, que nos anos que esteve no FCP engravidou a Karen duas vezes.
Só no Benfica, clube de burros, é que o planeamento familiar é feito ao contrário. O Miguel viu acabar-se-lhe o pão e água em Julho (!!!), o que explica o excelente fim de época que fez, e a porcaria de época que está a fazer agora: como já se enrola outra vez, já não tem pica nem concentração dentro de campo.
Urge planear sexualmente a próxima época do Glorioso. Aos solteiros, incluiremos no contrato um prémio especial se se casarem, os já casados engravidarão as respectivas lá por alturas de Julho próximo, e assim andarão nove meses na linha. O título não escapará: não dever ser muito difícil, faz-se como com as ovelhas.
posted by FNV on 11:54 da manhã
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CORREIO DO LEITOR: Passamos a publicar uma farpa queirosiana de um estimado leitor, que se apresenta na blogosfera como Elói Cardoso. Um abraço para ele:
"OS GOVERNANTES QUE TEMOS: Num artigo que assina na última edição do Expresso, o Secretário de Estado-Adjunto do Ministro da Presidência (Feliciano Barreiras Duarte) desafia as noções e classificações de geografia europeia, ao escrever: "Os países do Centro da Europa, como por exemplo, Inglaterra (...?????)".
Perante esta pequena contrariedade geográfica, vem-nos à memória o saudoso Conde ´D'Abranhos, perante os deputados que lhe notaram que Moçambique não ficava na Costa Ocidental de África: "Que fique na costa ocidental ou na costa oriental, nada tira a que seja verdadeira a doutrina que estabeleço. Os regulamentos não mudam com as latitudes!".
É verdade que um membro do Governo deve ter cuidado com o que escreve (apesar de tudo o Conde de Abranhos foi "apanhado" num discurso na Câmara), ou, pelo menos, estudar um bocado de Geografia. Estamos certos, contudo, que, como o genial Conde, o Sr. Secretário de Estado "...se ocupa(va) sobretudo de ideias gerais, dignas do seu grande espírito, e não se demora(va) nessa verificação microscópica de detalhes práticos, que preocupam os espíritos subalternos". Parece que o citado Sec. de Estado é um "Boy", como a seu tempo o terá sido Alípio Severo Abranhos. De facto, não há coincidências...
Elói Cardoso
posted by Neptuno on 11:29 da manhã
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NÃO FOMOS NÓS!: O Mar Salgado desmente peremptoriamente qualquer envolvimento do seu Comandante no estranho caso do desaparecimento, algures no Golfo Pérsico, do barco australiano que carrega 57.000 ovelhas a bordo.
Além disso, a tripulação do Mar Salgado oferece-se graciosamente para acolher 4 espécimes dos pobres animais à deriva, desde que acompanhados por arca frigorífica condizente para futura acomodação.
JÁ ESTAVA A ESTRANHAR (mas diga-se, em abono da verdade, que o homem aguentou calado o defeso inteiro).
posted by PC on 11:41 da tarde
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TUDO COMO DANTES II: Existe apesar de tudo no referido artigo de Helena Matos algo de estranho, de quase tão absurdo quanto a tese de Manuel Alegre segundo a qual vivemos agora pior do que no tempo da ditadura, porque o inimigo é invisível. E não é o ódio, que o Natureza do Mal melhor faria em perscrutar noutras paragens, é a amnésia.
Conheço de gingeira as tentativas que o PCP fez, no pós-25 de Novembro, para equiparar o Estado Novo ao verdadeiro fascismo, preocupando-se de súbito com as liberdades individuais quando nunca deu ( nem dá)um chavo por elas, noutras terras e noutras histórias. Mas o problema é outro. Prezo a memória, tanto individual e colectiva, e há aspectos do artigo de Helena Matos que iludem a realidade. Ignorando a tagarelice (para ser educado) de Manuel Alegre, convém recordar que houve de facto em Portugal entre 1926 e 1974, uma polícia do pensamento. Claro que ninguém se arriscava à deportação por ser apanhado a ler Tolstoi, mas os seus efeitos foram devastadores. Ainda hoje em Portugal, a palavra discussão tem uma conotação negativa, ainda hoje sofremos com a reverência à pequena autoridade, ainda hoje temos medo de dizer ao empregado que o jantar estava uma merda.
Talvez a PIDE tratasse de modo diferente o trolha ou o frequentador da Brasileira, mas o simples facto de anular qualquer resquício de inteligência não conforme ao ideário provinciano-tradicionalista do regime, foi letal para Portugal. A maior parte dos herois foram comunistas que não nos teriam trazido nada de bom se tivessem vencido, e meninos (com excepções) que perante uma comissão na Guiné, descobriram de súbito as delícias transfugas da luta contra o colonialismo.
Ou seja, o mofo e o medo que o regime cultivou, impediu uma luta no terreno não-comunista. Obrigou universitários, músicos, filósofos, a emigrar, sangrando o país de uma elite intelectual e culturalmente pujante. E pior, quando alguns deles regressaram, tiveram de travestir-se de revolucionários para não serem apelidados de fascistas ou de agentes do imperialismo americano. Este fardo, Helena Matos escamoteia no seu artigo. Nesses tempos, por mais conjuntural e estranha que fosse a situação, havia de facto bons e maus.
posted by FNV on 11:10 da tarde
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DESCONTRACÇÃO E ESTUPIDEZ NATURAL, dizia o mui amado José Maria Pedroto, que para mim, além de mal criado, inventou o estilo português de jogar para o lado. Mas aplica-se bem, no Porto-Benfica de ontem, a dois actores:
*ao Miguel e ao Benfica em geral.
*a Lucílio Batista, que segundo o insuspeito jornal O Jogo, expulsou mal Ricardo Rocha e poupou a expulsão a Costinha e Maniche. Deve ter sido descontraídamente que confundiu a aritmética: em vez de 11 contra 10, como foi, deveria ter sido 9 contra 11.
(o nosso Comandante autoriza-me a abordar estes temas, desde que com parcimónia)
posted by FNV on 11:54 da manhã
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MEMÓRIA: Prolongando a discussão da crítica do nosso P.C. ( com a qual concordo)ao editorial de JAS, no Expresso, pelo lado que mais me interessa, o do retorno do puritanismo. Diz P.C. que mal vão as coisas quando o director de um jornal como o Expresso envereda por tais caminhos. Mas o puritanismo, deixando agora de lado a sua raíz histórica, religiosa e social, desde a rebelião escocesa de John Knox aos jejuns do Parlamento na época de Cromwell, tem costas ambíguas.
Tocqueville espantava-se com a contradição em que tropeçavam os puritanos discípulos de Calvino, na Nova Inglaterra do século XVII: ao mesmo tempo que elegiam todos os cargos executivos, enquanto a Europa continuava mergulhada na velha ordem feudal, condenavam à morte as adúlteras. Do mesmo modo, nos podemos ainda hoje espantar com as políticas sexuais oficiais dos países comunistas, que nos faziam lembrar as orientações, na matéria, do Partido Interno, no 1984 de Orwell. Também já ninguém se lembrará das repetitivas 1ªs páginas do extinto O DIÁRIO, na altura orgão oficioso do PCP. Durante muito tempo, lá vinha escarrapachado sobre Sá Carneiro: Bígamo!. Resta que Sá Carneiro nunca se casou com Snu Abecassis, apenas tinha com ela uma relação amorosa.
O puritanismo, que Tocqueville considerava ser a herança europeia dos colonos da Nova Inglaterra, é transversal ao ideário político. Não me assusta que JAS escreva o que escreve, porque é jornalista. Outros há, que caiem no pólo oposto. Recordo-me de um que escreveu uma vez, que em príncipio, não se deve ter sexo com crianças. Assustar-me-ia isso sim, se JAS fosse deputado, legislador ou governante.
posted by FNV on 11:27 da manhã
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TUDO COMO DANTES: A Helena Matos desmonta muito bem no Público de Sábado, a deliciosa tese de Manuel Alegre, segundo o qual vivemos agora pior do que no tempo da ditadura, porque ao menos nesses tempos sabíamos quem era o inimigo. Não chama cavalgadura nem gagá a Manuel Alegre, não lhe atribui intenções vergonhosas. Mas a Natureza do Mal, (link na coluna da direita) neste texto de Helena Matos, entrevê ódio e raiva, quando em outros textos carregados de vitupérios, decortinava apenas puro debate político. Tudo como dantes em Abrantes.
posted by FNV on 10:50 da manhã
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A DIFERENÇA: O nosso companheiro de embarcação, P.C., rebate sem piedade, o editorial de JAS no Expresso de hoje. E fá-lo sem insultos ou juízos de caracácter. E assim demonstra limpidamente que não é necessário utilizar o estilo arruaceiro e virulento de alguns blogues da dita extrema esquerda para discutir ideias. Mas há, continua a haver, quem não perceba a diferença.
Quanto ao conteúdo, óbviamente que estou de acordo com P.C.. Restará uma ou outra nota, sobre o mau serviço que J.C. Espada e outros fazem à causa liberal, que nunca foi puritana. Ficará para outra altura.
posted by FNV on 12:50 da manhã
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DOLOROSO: O cenário com que nos deparamos em certas regiões do país, dilaceradas pelos incêndios. Ficamos dilacerados também. Apetece-nos sentar no meio das árvores chamuscadas e velar em silêncio. E com um sentimento, talvez deplorável, de que apesar da maquilhagem continuamos a ser, em muitos aspectos importantes, um país do terceiro mundo. Que parece não ter a noção da sua verdadeira riqueza, do pouco que realmente é seu e que ano após ano permite a sua destruição. Como algo de inevitável e que será porventura remediado por quem ainda nos dá a mesada, qual troca errónea e irreal de um dedo por um anel de fantasia. Sobrou algum dedo para esbanjar? Logo se vê. Somos ricos...
O DIA SEM CARROS: Sempre me irritou a forma como certos políticos insistem em tratar os seus representados como atrasados mentais, atirando-lhes com paliativos folclóricos em vez tomarem medidas sérias que permitam uma real melhoria das condições de vida nos grandes centros urbanos. Mas, todos sabemos que as medidas de médio e longo prazo podem ter um certo preço político no curto prazo. Mais vale enrolar os "gajos" com a "banhada" da demagogia do costume. Pão e circo.
Sócrates também tem discípulos no Governo...
posted by Neptuno on 11:27 da tarde
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NOVO RECRUTA NA BVP (BRIGADA VITORIANA PORTUGUESA): Os Profs. João César das Neves e João Carlos Espada devem ter rejubilado durante este fim-de-semana, com a auto-apresentação, pública e voluntária, de mais um membro nas suas fileiras.
A propósito da alegada clientela ilustre dos prostitutos (note-se bem, dos prostitutos) do Parque Eduardo VII, li ontem um texto, intitulado O Parque Eduardo VII (para ingressar na Brigada Vitoriana Portuguesa, nada melhor do que este título), de que transcrevo, sem descontextualização alguma, o seguinte excerto (destaques meus): "E, independentemente da questão de saber se essas personalidades cometeram ou não crimes (dado alguns dos jovens serem muito novos), há uma questão para mim mais inquietante. Que é a seguinte: onde estão e o que fazem hoje esses clientes do Parque, que procuravam furtivamente prostitutos entre as árvores? Onde estão e o que fazem essas figuras públicas que se escondiam para não ser vistas, que por vezes se disfarçavam para não ser reconhecidas? Essas pessoas não podem deixar de ter taras, problemas, descompensações. Não podem deixar de estar carregadas de traumas, recalcamentos, mazelas. Ora, será que essa gente nos governou ou nos governa? Que fez ou faz opinião nos jornais, na rádio ou na televisão? Será normal que um político que toma decisões em nome de um país ou um colunista que influencia milhares de leitores ande disfarçado atrás de jovens no Parque Eduardo VII?
E não o digo por razões morais - embora fosse legítimo fazê-lo. Digo-o porque estes frequentadores do Parque (...) não podem deixar de reflectir os seus problemas na actividade que exercem. Não podem agir e reagir de forma inteiramente normal. São forçosamente pessoas cujas humilhações sofridas em vidas paralelas marcam as suas vidas reais. Ora isto faz delas seres imprevisíveis. Seres incapazes de nos dar tranquilidade e confiança". Este arrazoado foi escrito por alguém que, até ontem, eu respeitava (embora muitas vezes dele discordasse) como homem sereno, tolerante, ponderado e liberal. Chama-se José António Saraiva e é director do Expresso.
O texto de JAS fala por si. Mas podemos condensá-lo assim: mais do que a questão de saber se as alegadas personalidades ilustres cometeram crimes sexuais contra menores, interessa saber se as personalidades que procuraram sexo furtivo com prostitutos jovens tiveram ou têm uma intervenção político-social relevante. Porque essas pessoas são, "forçosamente", anormais, marcadas pelas suas "taras", "recalcamentos", "descompensações", "traumas". E, por isso, imprevisíveis, e incapazes de nos dar tranquilidade e confiança. E daí, inquisitória, a pergunta repetida: "onde estão elas?", que é como quem diz, "quem são os anormais?".
A pretensa ligação entre este "vício privado" (recorde-se que JAS expressamente afasta das suas preocupações o problema jurídico-criminal) e o perigo público é, evidentemente, uma construção puramente ideológica e, na verdade, de uma ideologia puritana insuspeitadamente revivescente (para uma visão diametralmente oposta ao que aqui sustento, vejam-se os posts do Mata-Mouros sobre "A Homossexualidade e os políticos", especialmente o post IV).
Ficaria JAS preocupado se as mesmas personalidades frequentassem, sem cometerem crimes, bordéis ou escort services de jovens prostitutas? Nunca ficou - ou isso não existe? Ficaria JAS preocupado se as mesmas personalidades tivessem amantes mais ou menos secretas e fossem, por isso, mais ou menos vulneráveis a chantagens? Nunca ficou - ou isso também não existe? Exigiria JAS saber onde estão e quem são as personalidades (da política, das artes, das letras, do desporto) que consomem compulsivamente, contraindo dívidas incomportáveis pelos respectivos patrimónios e expondo-se assim à tentação dos negócios escuros? Nunca exigiu - mas, se calhar, isso também não existe. Podíamos prolongar a retórica de JAS com exemplos imaginários: será normal que um conhecido colunista (ou médico, ou professor, ou advogado, ou engenheiro, ou administrador de uma empresa pública, ou qualquer outro profissional com "responsabilidades sociais") se disfarce para contratar uma jovem prostituta? E, supondo que isso não é normal, será o comércio sexual venal ou o acto do disfarce um facto tão interessante (e tão importante) para a opinião pública? Será que, por esse facto, o visado deixa de pensar, de operar, de ensinar, de advogar, de desenhar, de administrar com competência?
Como JAS deveria saber, a invasão da esfera privada das pessoas só se justifica em duas situações: pelas autoridades, quando há suspeita de crime, e pela imprensa, quando a conduta colide frontalmente com a intervenção política ou social do actor na esfera pública (e aqui, de Profumo a Clinton, as nuances são incontáveis e discutíveis; aliás, se bem me lembro, no segundo caso, JAS escreveu, e muito bem, que o problema de credibilidade não estava no affair, mas na mentira sob juramento). Mas não se justifica por JAS sentenciar que os clientes de prostitutos jovens são pessoas anormais e, portanto, inconfiáveis.
Se este tipo de discurso infecta o director do principal jornal português, nada de bom se avizinha. No fim de contas, talvez Oscar Wilde tenha tido sorte em ter vivido no século XIX.
A todos, as minhas desculpas pela extensão do post.
posted by PC on 10:35 da tarde
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TÉCNICAS: A 9 de Setembro contestei aqui no salgado mar a estratégia de JPP do Abrupto (link na coluna direita) face ao blogue da Casa da Pia. Escrevi na altura, que embora compreendendo o argumento segundo o qual falar de uma denúncia anónima seria conferir-lhe importância, discordava da estratégia. Ora, JPP escreveu há dois dias que nunca mais voltou ao dito blogue, mas que agora era necessário desmascará-lo. Também veio explicar a técnica do blogue, o que era fácilmente perceptível, tanto assim que eu já o tinha feito no meu post de 9 de Setembro: misturam-se factos plausíveis, que não necessáriamente verdadeiros, com dislates venenosos. O truque, disse eu na altura, é levar o leitor a pensar que distingue uns dos outros, e de facto distingue. Só que orgulhoso do seu trabalho, o leitor tende a tomar como verdadeiros os factos que são apenas plausíveis: e a mentira está feita.
Escrevi a 9 de Setembro que ignorar olímpicamente a coisa era perigoso, porque toda a gente a lia, dentro e fora da comunidade de blogers. O pudor e a reserva só contribuiriam para o endeusamento da denúncia. As coisas são o que são, e agora JPP vem justificar a alteração do discurso dizendo que o blogue é lido por muita gente. Já o era há duas semanas, como já o era há três ou há uma. Disse na altura no salgado mar, que a melhor forma de lidar com ele era naturalizá-lo, ou seja, tratá-lo como outro qualquer blogue anónimo e disparatado. Trazê-lo para o escrutínio da crítica, por vezes cerrada, da blogosfera, citá-lo, linká-lo, empalá-lo, se quisessem.
Agora, JPP,o mais acérrimo defensor do silêncio sobre o blogue da Casa Pia vem à SIC falar dele. Nada, rigorosamente nada, mudou. Eu não percebo. Alguém percebe?
posted by FNV on 8:50 da tarde
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ANGÚSTIA DE UM BENFIQUISTA: Tudo se conjuga, o fim do Verão, o céu amuado e choramingas, um Domingo, que nos envia directamente para a semana inglesa, sem tempo de recuperar. E depois a tarde toda, vaporosa e imóvel, como se não fosse nada com ela.
Que noite se advinhará, que a vista não me deixa alcançar? Lucrécio, no meu livro preferido da Rerum Natura, ( o V) aponta-me o caminho: não nos deixemos atemorizar pelo dragão das Hespérides, que com o seu corpo monstruoso nega os rios do Atlas e os oceanos, seja a romanos seja a bárbaros. Diz Lucrécio, que este e outros monstros há muito desapareceram, e mesmo que não tivessem sido já vencidos, que mal nos poderiam fazer? Nenhum, ita ad satiatem terra ferrarum, tanto a terra pulula de feras.
Assim sossegado, contento-me: para quê temer hoje a derrota, se amanhã ela pode nos pode encontrar noutro campo qualquer?
posted by FNV on 11:53 da manhã
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POUCO PARA DIZER, MUITO PARA ESCUTAR, TUDO PARA SENTIR: Acabou há pouco mais uma emissão da Íntima Fracção. Dizem que dura duas horas, mas, na verdade, dura apenas alguns minutos. Como se os rios de memórias e emoções que nas noites de sábado se soltam dentro de nós quisessem suspender-se e recusassem a foz.
Quanto mais raras, mais as pérolas brilham de dentro para fora. As palavras também. Ao Francisco Amaral, obrigado pela melhor rádio dos últimos 20 anos.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.