ALTERNATIVA? Aproveitei o meu sábado para pôr a leitura em dia. Como já vem sendo hábito na maioria dos jornais portugueses, o “Tal&Qual” acopla um suplemento deveras interessante sobre medicinas alternativas. Ao longo de algumas páginas vamos obtendo informação sobre reflexologia, quiromassagem, osteopatia, acupunctura, fitoterapia, entre outras, com nomes mais ou menos difíceis de pronunciar e que não ajudam nada a perceber em que consistem.
Nesse caderno chamou-me a atenção uma reportagem sobre Pedro Choy, homem que já não vejo há muito tempo e que tenho em apreço e consideração. Fiquei a saber que é o presidente da Associação Portuguesa da Acupunctura e Disciplinas Associadas (APADA) e desde Setembro um dos vice-presidentes da Federação Mundial das Associações de Medicina Tradicional Chinesa (FMAMC). E é investido destas funções que emite um comunicado no Dia Mundial da Saúde no qual defende a inclusão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) no SNS Português, argumentando que reduziria em 90% as despesas do estado com medicamentos.
Com afirmações destas não nos resta “alternativa” senão afirmar que Pedro Choy vai ter muita dificuldade em manter a sua credibilidade perante a opinião pública. É que 90% da despesa com medicamentos é muita coisa. Acima de tudo é muito medicamento, que trata muitas patologias. Assume Pedro Choy que a MTC trata infecções e assim se poupa dinheiro com antibióticos? Ou que trata cancros e se poupa dinheiro com citostáticos e fármacos afins. E a esquizofrenia, poupando-se dinheiro com neurolépticos? Talvez a hemofilia, poupando-se dinheiro com factores hemostáticos; quem sabe a diabetes, eliminando-se os gastos com insulina...também os doentes com parkinson, insuficiência renal, glaucoma, esclerose múltipla, psoríase, hipertensão arterial e Alzheimer não necessitariam de estar medicados. É que todos estes doentes necessitam de medicação, e só os gastos com estas patologias por certo atingem mais de 10% do orçamento do SNS com medicamentos.
Defendo que medicina só deve haver uma, a que mostra resultados! E se realmente alguma destas práticas tem resultado (e assumo a minha ignorância na matéria), então deverá ser incorporada no sistema de saúde, sem quaisquer preconceitos. Até lá, o caminho não pode passar por comunicados com afirmações polémicas, pois leva a que se olhe e se continue a olhar com desconfiança para estas ditas medicinas.
P.S. – Enquanto médico custa-me escrever este post. Facilmente surge o argumento da atitude corporativista ou do medo das medicinas alternativas. Dou a minha palavra que ao escrever este post tentei ser o menos médico e o mais isento possível. Vale o que vale...a palavra!
HÁ QUE DIZÊ-LO COM FRONTALIDADE: Tenho seguido com interesse a cruzada da Bomba Inteligente, secundada por vários blogues, para a erradicação de certas palavras ou expressões. Mas, nos idiomas como no corpo humano ou nas ideias, nem sempre é fácil distinguir a patologia da fisiologia. Há de tudo: erros (o inigualável "há-des"), usos incorrectos (o "portanto" no início de uma frase, quando ainda não se formulou ideia alguma), expressões que soam mal ("a nível de" e "no capítulo de", sobretudo quando aplicadas às lesões dos futebolistas, tipo: "no capítulo dos ligamentos, o Nuno Gomes não é muito forte") e as embirrações pessoais, mais ou menos susceptíveis de partilha por um número maior ou menor de indivíduos que orbitam na mesma esfera cultural (esta é forte candidata ao index).
As últimas, sendo embora inteiramente legítimas (o 25 de Abril também se fez para isso), não devem ser alvo da mesma fúria inquisitorial, com pretensões de regra objectiva, que justamente persegue as restantes. São como, sei lá (também gosto desta), o jeito excessivamente simpático do Carlos Pinto Coelho ou a Barbra Streisand (em qualquer das suas dimensões).
Pessoalmente, embirro com o uso despropositado de expressões estrangeiras, sobretudo (é o ar do tempo) anglo-americanas. Não me refiro, evidentemente, às expressões intraduzíveis (não é possível traduzir it's raining cats and dogs sem se ser muito, mas muito, malcriado), nem sequer àquelas que, traduzidas, perdem por completo o significado que lhes é dado pelo contexto (não é possível traduzir o I have a cunning plan do Baldrick). Falo das expressões comuns, que macdonaldizam gratuitamente a comunicação, como thanks for that, you know what I mean (com a honrosa excepção do Octávio Machado), that's it, full stop, à la longue, Ersatz, one to go, etc. (aceitam-se contribuições para aumentar a lista). Claro, são só gostos, e gostos...
That's all, folks.
posted by PC on 10:20 da tarde
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O DESPREZO: Tenho muito gosto em todo este frenesim comemorativo do 25 de Abril, embora em algumas praças ( media) me pareça que está a ser vendido como bacalhau a pataco. Mas por mais enjoativa que seja esta unanimidade nacional-porreirista, muito mais enjoativa e bolorenta ainda, era a unanimidade asfixiante e medíocre do way of life do antigo Regime, da qual só um imbecil pode ter saudades. Até porque a data está condenada a ser engolida pelo tempo ( imaginam as comemorações dos 50 anos de "Abril"?) e os seus personagens em breve habitarão o limbo a que os portugueses condenam a História, não faz mal este foguetório. E é por aqui que o gato vai às filhozes. O leitor conhece algum filme português de jeito sobre a viagem de Vasco de Gama, a vida do Infante D. Henrique ou sobre a batalha de Aljubarrota? Mas conhece e viu dezenas de filmes americanos sobre a conquista do Oeste, o Vietnam, Gettysburg. Ou excelentes adaptações cinematográficas inglesas de Hamlet, da Revolução de Cromwell ou das Cruzadas. Ou sucessos de bilheteira franceses que obrigaram Joana D'Arc ou D'Artagnan a tornarem-se familiares ao pessoal da baguette. Mas todos os anos se estreiam em Portugal, convenientemente financiados, dezenas de curtas e longas metragens abundantemente dedicadas a conflitos interiores, divórcios dilacerantes, sexualidades reprimidas, meditações adolescenciais-filosóficas a tresandar a pastilha elástica. Nos livros, a mesma coisa, nem vale a pena falar, salvo algumas excepções. Basta dizer que, a primeira aproximação popular a D. Afonso Henriques, foi uma biografia publicada por Freitas do Amaral já no século XXI.
Do que falo não é de ensaios universitários ou eruditos. Falo de produtos para toda a gente. Como o filme Capitães de Abril, de Maria de Medeiros, ou de Balada da Praia dos Cães de Fonseca e Costa.
Este desprezo das elites centrais pela História de Portugal sustenta muito da baixa auto-estima nacional. Um puto de 15 anos conhece mais figuras da História americana do que da sua, e cresce pensando que este país se fez à beira do telemóvel e do Luis Figo.
posted by FNV on 9:11 da tarde
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ASSASSINATO E ASSASSÍNIO: Depois de acesa discussão aqui na nau, o nosso Comandante enviou um e-mail à Bomba Inteligente, onde sustentava que a palavra inglesa assassination se teria formado a partir do francês assassinat e que, em consequência, "assassinato" seria um galicismo.
A genealogia das palavras é uma coisa curiosa.
É verdade que a maioria das palavras inglesas de raiz latina se formaram a partir do anglo-normando (até ao séc. XI, a influência do latim foi diminuta e quase exclusivamente relacionada com a religião cristã) e são, em regra, uma segunda designação para significados que já possuíam, na altura, um nome anglo-saxónico (de raiz germânica) - à excepção, porventura, de gastronomy...
Alguns termos franceses passaram a coabitar com os originais saxónicos, ganhando uma certa autonomia no contexto em que eram utilizados: pig e cow continuaram a designar os ditos animais, que todavia, ao chegarem à mesa da aristocracia normanda, se transformavam em pork e beef. Outros termos substituiram as palavras anglo-saxónicas homólogas, por força do domínio, pelos normandos, de certo sector ou aparelho político-social: é o caso de crime, indict, jury, verdict, judge, etc.
No que diz respeito aos nomes dos crimes, não parece possível estabelecer uma regra. Se não existem dúvidas de que corruption provém do francês antigo e theft do germânico, murder vem do inglês antigo morthor, que por sua vez foi gerado (tal como o francês murdre/meurtre) pelo germânico mur-thra, o qual procede da raiz indo-europeia mer- - sim, a mesma que terá dado o latino mors.
Por seu lado, a etimologia da palavra assassínio parece estar numa terceira via entre as hipóteses avançadas pela Charlotte e pelo FNV (ver post abaixo), derivando (via italiano) do árabe assassiyun (os que são fiéis ao "fundamento" da fé - assass), nome por que eram conhecidos os membros de uma seita ismaelita do séc. XII e cuja crueldade levava alguns a dizer que só a ingestão de drogas (haschichiyun) podia explicar tais actos (ver, p. ex., este texto de Margarida Santos Lopes, no Livro de Estilo - Público / Fevereiro de 1998).
Seja como for, aquela etimologia é congruente com a noção de que o assassínio é um homicídio particularmente grave. As Sete Partidas (séc. XIII) já diziam: "assesinos son llamados una manera que ha de omes desesperados, e malos, que matan a los omes a trayción, de manera que non se pueden dellos guardar" (P. VII, 27, 3). Desde então, e até hoje, os espanhóis conservam na sua lei, como homicídio qualificado, o crime de asesinato, tal como os franceses conservam o assassinat e os suíços (na versão italiana) o assassinio.
Pode então concluir-se que, se for verdade que o termo foi importado do árabe, em primeira mão, pelos italianos, a nossa palavra é mais fiel ao "original" do que assassinat, assassination, ou asesinato. Embora, como se viu, murder esteja linguisticamente mais próximo do português do que assassínio ...
Esta coisa da genealogia das palavras é muito traiçoeira.
posted by PC on 2:51 da manhã
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A JUSTIÇA E O TIMING DOS BANDIDOS: A propósito da recente detenção, por motivos de eventual corrupção, de figuras públicas do mundo do futebol (e, simultaneamente, do sub-mundo da política), há dois tipos de comentários que me fazem alguma confusão.
Por um lado, os que censuram o timing da investigação policial, que incide sobre o futebol justamente em vésperas do Euro. Este comentário é absurdo e ridículo. Levado ao extremo, a justiça deveria regular a sua agenda não de acordo com a ocorrência de crimes mas sim em função de eventos internacionais a decorrerem no país. Estranhamente, esta "gestão" da justiça não choca algumas almas mais pragmáticas. Provavelmente, foi graças a este tipo de politização da justiça (leia-se subjugação da justiça a interesses políticos, de que a "arquivadoria" foi baluarte durante 16 (?) anos) que Vale e Azevedo só foi acusado pelo MP quando deixou de ser dirigente do Benfica. Por exemplo.
Por outro lado, os que manifestam o seu espanto pelo facto do país estar atascado em corrupção. De facto, novidades só no Continente! Foi preciso deter algumas pessoas do futebol para chegar a essa conclusão, manifestando perplexidade como donzelas apalpadas? Em que planeta é que têm vivido? No mínimo dos mínimos, já terão ouvido falar em situações suspeitas no futebol, em histórias de subornos a funcionários das finanças e das câmaras municipais, na GNR do Algarve, nas "cunhas" que sempre dominaram 90% do mercado de trabalho nacional, em certos políticos que enriquecem rapidamente (alguns com sobrinhos na Suíça, outros que mandam faxes...), nas cartas de condução compradas, etc. De tudo isto, sempre se falou. A diferença reside no facto de, bem ou mal, haver processos a correr contra passarinhos e passarões e, por via disso, o reacender de uma centelha de esperança. De que a justiça seja uma realidade, para que possamos recuperar o nosso lugar entre as nações civilizadas.
OS ASSASSINOS E A LENDA: Sobre a questão linguística não me pronuncio, já quanto à interpretação da Charlotte (a Bomba Inteligente, link directo na coluna da direita) via Sá Nogueira e o seu Dicionário, vai sendo tempo de desfazer equívocos.
Infelizmente, até em alguns livros sobre a matéria ( por exemplo a Sociedade Intoxicada de M.Xiberras) se repete a lengalenga segundo a qual "assassin", assassino, viria de hashashin ou hashashyun, os fedayin comedores de haxixe e saqueadores de viajantes, da seita do Velho da Montanha, Hasan Ibn al sabbah Homairi, personagem descrita por Marco Polo. Infelizmente, esta etimologia não passa de um rasgo de imaginação de um grande orientalista françês, estudioso das campanhas napoleónicas de 1789 no Egipto, Silvestre de Sacy, que anunciou a 7 de Julho de 1809, em Paris, a sua descoberta. Mais tarde, por volta de 1840 em diante, um grupo de pândegos literatos - Dumas, Nerval, Balzac, Baudelaire - marcados por Moreau de Tours (autor do célebre Du haschish et de l'alienation mentale 1948, ed. fac-similada pelas Eds Slatkine, Paris 1980) - fundam o Club des Haschischins, sito no Hôtel Pimodan, nº 17, do Quai d'Anjou, Isle de St Louis, em Paris. E regalam-se com as histórias do Velho da Montanha.
Haxixe, hâx, tanto quanto hoje em dia, nos meios dedicados à História das drogas se sabe, deriva de um termo árabe que significa feno, erva. Quanto à etimologia de assassino, deixo isso a querida Charlotte, mas talvez ela me diga se a hipótese latina "assanitae", designando "sarracenos", se aproveita.
TORPOR ANIMI: Peço emprestado o título a Petrarca, Mestre maior em Psicologia, que aconselhava para escapar ao desânimo, tomar consciência da fuga do tempo. A rapariga tinha 15 anos quando a barriga da mãe desenvolveu um alien que lhe comeu as entranhas por tanto tempo que, quando acabou, a miúda já era maior de idade. Fez de enfermeira da mãe, acamada em casa, uma casa grande e farta. O pai retirou-se para a quinta, a irmã mais velha já estudava em Coimbra.
Hoje, com 22, também cá estuda, a conta-gotas. Não tem grande vontade de fazer coisa alguma, é bisonha, passa longos períodos na cama. A fluoxetina não lhe vale de muito, o namorado tão-pouco.
O que esta miúda gosta é de zarpar para a terra, meter-se no quarto onde sempre viveu, passear cosida às paredes da casa que viu morrer a mãe. A irmã, o pai , a família, dizem que ela é infantil, acriançada. Também tu leitor o eras, se te tivessem roubado o futuro: esta rapariga regressa sempre à infância, ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Ao último lugar onde foi feliz, embora na altura não o soubesse.
Nestas idades, ao contrário da vulgata juvenil-hedonista, o que os miúdos precisam é de estabilidade e de modelos. Só assim podem crescer, revoltar-se, contestar. Se o processo é interrompido pela morte de uma mãe absolutamente vulgar ( ou pela separação abandónica de um ou de ambos os pais), o miúdo/a é obrigado a queimar etapas.
Esta minha doente foi adulta quando deveria ter sido miúda, é miúda agora, quando já devia ser adulta. Porque regressa ao quarto e à casa?
Talvez porque a valorização social (com influência dos circuitos neuronais da recompensa) que faz de um tempo bom, seja superior á antecipação que elabora do tempo que está para vir. E assim regressa. Sempre.
posted by FNV on 11:55 da tarde
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DE PEQUENINO SE TORCE O PEPINO: Sobre Avelino Ferreira Torres, correu ontem o boato que estaria em parte incerta. Assim como poderia correr o boato que Ana Drago esteve calada cinco minutos. Já hoje pela manhã, estava o homem no tribunal, a responder o que tinha de responder. Que fez o Barnabé (link directo na coluna da direita), pela pena do justiceiro Daniel Oliveira, no dia em que correu o boato? Publicou um post jocoso, dando corpo ao rumor, e juntando a fotografia de F.Torres à de Fátima Felgueiras, insinuando fuga e idílio.
Quando eu era puto, lá pelos idos de 1975, dizia-se em minha casa que "o boato é a arma da reacção". Era uma boa ideia para a colecção de "cartazes da Revolução" do Barnabé.
posted by FNV on 11:35 da tarde
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IVOLUÇÃO: Não houvesse a mui produtiva polémica sobre os cartazes do 25 de Abril, imagino que uma larga percentagem dos estudantes portugueses escreveria assim a palavra "evolução". No entanto, por mais imbecil que seja o tema, penso que vale a pena tecer alguns comentários.
Suponho que o interesse subjacente à escolha da palavra "evolução" radica numa atitude prospectiva e positiva, de evidenciar - decorridos trinta anos - os benefícios colhidos pela sociedade graças ao 25 de Abril. O que não implica qualquer negação da existência de uma revolução. No entanto, da mesma forma que foram precisas mais de duas décadas para eliminar certas expressões da Constituição, serão talvez necessárias outras duas para eliminar os atavismos inerentes à época em que ocorreu a revolução e, concorrentemente, realizar as reformas que o país precisa e aproximá-lo dos restantes países da UE.
Aguardo ansiosamente por essa evolução, digo revolução, das mentalidades. Que dispense posts como este ou discussões estéreis e abstractas e se interesse pelo que realmente é importante.
posted by Neptuno on 10:07 da tarde
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POLÍTICA DE RECREIO: A política internacional parece o recreio. Uns atrás dos outros, cambalhotas, inimigos que voltaram a ser amigos porque agora são amigos dos nossos amigos, piscadelas de olhos, cenas de bofetada...tudo acontece no pátio do mundo.
Um exemplo típico é o menino Khadafi, desde 1969 presidente da Républica Árabe Libia Popular e Socialista, e que durante anos foi odiado pelos outros meninos (contribuindo para isso a nacionalização do petróleo em 1973 e um acidente aéreo terrorista em 1998). Mas de repente tudo mudou. O menino Kadhafi decidiu que bastava e chamou os meninos “bem” para o verem brincar ao jogo do eixo: explicou a todos que abandonava o programa de armas de destruição maciça, que aceitava a entrada de inspectores no País e ainda entregou uma lista de nomes de supostos membros da Al-Qaeda...e já está, salta-se do eixo do mal para o eixo do bem. Jogo fácil e que traz sucesso. Basta ver que o menino Blair em Março deste ano já o visitou na sua tenda beduina onde assinou um chorudo contrato petrolífero.
Embalado com tais proezas, o menino Kadhafi toma a coragem de sair do seu País e rumar à Europa, onde na próxima terça-feira irá ser recebido pelo menino Romano Prodi (sim, o mesmo que ficou satisfeito com a saída do contingente Espanhol de território Iraquiano). Posto isto, resta-nos observar quais os próximos acontecimentos.
No pátio vão-se sucedendo as brincadeiras do costume. Na apanhada, o menino Bin Laden está a conseguir escapar-se para desespero do mauzão do menino Bush, que ainda por cima tem que aturar o menino Sadr a pôr-se em bicos de pés. Já o menino Kim Jong Ill anda muito calado...esperemos que não esteja a preparar nenhuma traquinice!
O que me chatei é que a professora ONU nunca vem ao recreio. Diz-se que não tem mãos nos garotos. Coitada, está a precisar da reforma...
posted by TRM on 6:19 da tarde
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BOCA CALADA II (ou Morgado Salgado): Esta coisa das dietas faz perder a mão e lá se vão os cozinhados. Quer-se fazer um refogadozinho simples, para oferecer a Morgado, e sai Salgado!... Felizmente não estava intragável, comia-se razoavelmente, mas é sempre chato o travo a queimado no refogado.
posted by VLX on 10:54 da manhã
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O MODELO: O campeonato que é o modelo para todas as organizações desportivas proifssionais entrou na sua fase decisiva. Pela transparência das regras de contratação e disciplinares, pela capacidade de marketing, pela competitividade sempre presente e assegurada (as piores equipas de um ano escolhem os melhores jogadores do ano seguinte), a NBA é o mais bem organizado campeonato do mundo.
Entrámos agora nos decisivos playoffs e os trepidantes jogos podem ser vistos na Sportv. Graças ao sucesso do chinês Yao Ming (dos Houston Rockets), do nuestro hermano Gazol (dos Memphis Grizzlies), do argentino Ginobili (dos campeóes San Antonio Spurs) e de mais umas dezenas de talentosos basquetebolistas de todo o mundo, a NBA de hoje tornou-se num espectáculo desportivo verdadeiramente global.
posted by NMP on 4:18 da manhã
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OS CEM MAIS: O número desta semana da Time tem uma lista das cem pessoas mais influentes do Mundo na política, nas artes, na ciência, na cultura e nos negócios. Como todas as seriações, certamente que esta comete injustiças, promovendo alguns personagens menores e esquecendo-se de outros mais relevantes.
É apenas uma curiosidade mas é sempre interessante conhecer os nomes de alguns dos que hoje vão moldando o Mundo como o conhecemos. Aqui fica o link para a lista (infelizmente para ler o texto online é preciso esperar uns dias, até queo bloqueio para assinantes desapareça).
P.S. - É curioso como a ditadura das regras mediáticas levou este tipo de listas. É óbvio que se escolhe 100 e não 150 ou 200 por meros constrangimentos de espaço e por ser um número redondo (porque não 102 ou 86 ?). É mais uma manifestação de simplificação da realidade de um mundo complexo, com muitos mais actores e protagonistas centrais dos que uma revista de referência nos poderá alguma vez dar.
posted by NMP on 4:01 da manhã
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BOCA CALADA: Para gáudio das televisões e dos jornais, parece que por aí há mais um daqueles processos que não nos abandonará tão cedo. Não o comento – seguramente por defeito profissional – porque acho que as questões jurídicas tratam-se nos tribunais, entre os Advogados e o Ministério Público, com os Juizes a avaliar. E porque as pessoas são inocentes até prova em contrário: no final se verá.
Mas o acontecimento não me deixa esquecer a responsabilidade daqueles que têm cargos de responsabilidade. Um advogado ou médico estão obrigados ao sigilo profissional; um magistrado também; aqueles que exercem cargos públicos igualmente, a todos os que exercem funções de importância crucial se exige um mínimo de segredo ou, para não se dizer mais, de decoro.
Há uns tempos atrás, certa pessoa que exerceu cargo importante na investigação criminal decidiu falar à vontade para jornais e revistas, televisão e rádio, sobre alguns assuntos de que tratava nas funções que exercia. Assuntos sérios, depreenderá qualquer leitor.
Essa pessoa, certamente movida por particulares (ou familiares...) ódiozinhos ao Governo ou a alguma Ministra, decidiu queixar-se das falhas das investigações que entendia deverem existir. Apontou até objectivos das investigações e culpados, embora de uma forma generalista e evasiva. Deixava subentendido (essa pessoa, ou alguém por ela em diversos noticiários) que o Governo pretendia abafar determinadas situações, que o Governo teria até sido particularmente escolhido e determinado com esse intuito sujo e torpe.
Hoje, depois de alguns desenvolvimentos, sabemos que assim não é, que tudo não passava de lixo para ser divulgado pela comunicação social (sempre favorável a estas coisas e a este tipo de pessoas), para afrontar o governo com intuitos políticos e para se vingar de determinadas situações.
Mas sabemos também que uma pessoa que faz alarde gratuito dos seus conhecimentos obtidos por via da sua função, que é de responsabilidade, não é pessoa de fiar. Podia até ter estragado qualquer investigação policial, queixando-se da sua não publicidade. E a questão é exactamente essa: uma pessoa que tem responsabilidades na investigação criminal não deve nem pode andar por aí a falar sobre aquilo que lhe apetece. Podia até ter prejudicado as investigações com as suas vaidosas declarações.
Eu não sei se as pessoas de que se fala praticaram alguma ilegalidade ou não: sei que nunca confiaria em Maria José Salgado. Ela agora diz que vai ficar de boca calada para não estragar as investigações mas, de qualquer maneira, agora é tarde: o mal, sobre a sua própria pessoa, está feito.
posted by VLX on 2:24 da manhã
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EXORCIZAR A TVI: A inacreditável TVI transmitiu um exorcismo em directo no Jornal Nacional. Ocorreu-me que também será melhor exorcizar a TVI do meu televisor antes que fique possuído por tanto lixo.
posted by PC on 11:24 da tarde
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ASSASSÍNIO DE CARÁCTER: Talvez este post não seja muito popular num dia como o de hoje. O jornalista do Público Manuel Mendes, faz hoje uma apreciação técnica muito negativa ao árbitro Bruno Paixão, e a páginas tantas diz o seguinte: "Foi ele que em Coimbra, num Académica-Imortal, foi acusado por duas mulheres de atentado ao pudor". Isto é escrito depois do desfiar de críticas técnicas a Bruno Paixão, e antes de rematar com um atestado de incompetência ao referido árbitro.
Paixão foi acusado de atentado ao pudor, e o jornalista entendeu que essa acusação, da qual não se sabe o desfecho jurídico, cabe numa apreciação a penalties e cartões vermelhos. Pequenos mullahs auto-justificados, alguns jornalistas portugueses.
posted by FNV on 7:32 da tarde
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DA PALESTINA AO SUEZ: A criação pela força das armas ( embora sob o patrocínio da ONU), do estado de Israel, em 1948, baseada na História da diáspora e da shoa, embrulhou, por outros motivos, a retórica negocial por muitos e bons anos. Sob a inspiração de Nasser, que queria a todo custo escapar às amarras do pacto de Bagdad, a proposta negocial feita a Israel, em nome da nação árabe, envolveu os negociantes num double bind: os países árabes queriam de volta boa parte dos territórios conquistados em 1948 por Israel, sem assegurar a paz nas fronteiras, Israel queria a paz sem oferecer território, na fórmula feliz de Kissinger. Pelo meio, a questão do canal do Suez. Americanos e ingleses, J.F. Dulles e A. Eden, quedam-se na estratégia soviética, que pela mão de Shepilov vai ao Cairo oferecer ajuda financeira a Nasser, e acabam por empurrar este para os braços dos russos. A 26 de Julho de 1956, Nasser explica em Alexandria a uma multidão excitada porque vai nacionalizar o canal:
This, O citizens, is the battle in which we are now involved. Its a battle against imperialism and the methods and tactics of imperialism, and a battle against Israel, the vanguard of imperialism.
Mas mais interessante:
Arab nationalism progresses. Arab nationalism triumphs. Arab nationalism marches forward; it knows its strenght. Arab nationalism knows who are its enemies and who are its friends.
Atenas nada devia a Corcira, mas os corcireus acabaram por envolver os atenienses na guerra do Peloponeso. O seu putativo papel num equílibrio de forças contra a aliança espartana e seus aliados corintíos, de Tucídides a Kagan, parece ter sido um factor essencial na decisão ateniense. Os EUA nada deviam a Israel ( na fria lógica da geopolítica), mas o seu papel num contrabalanço ao namoro soviético ao nacionalismo árabe, pode ter estimulado decisivamente a aliança israelito-americana.
Soroush é ocientalmente muito interessante, quando assume a condição frágil e predadora do homem (baseado em textos do Corão e em poemas de Rumi e de Hafez), apostando assim num Estado que accione a liberdade e a justiça como virtudes independentes: única forma de sustentar um governo baseado no equílibrio das diversas tendências humanas. Para Soroush, a secularização do Islão, ainda que especial, é essencial para promover estes valores. Mas, por muito sedutora e merecedora da ajuda ocidental que a proposta de Soroush seja, o passado recente na região, da Palestina ao Suez, parece erguer-se como uma parede. Uma parede feita com tijolos sobrados da velha geopolítica da Guerra Fria, que impedirá, talvez ainda por muitos anos, que os muçulmanos ouçam o bom Soroush.
PS:Ao assalto israelita de 29 de Outubro de 1956 sobre o Sinai, seguiu-se uma cínica política anglo-francesa, na prática forçando o Egipto a abrir mão do canal, enquanto apelava à retirada das tropas israelitas. Os EUA demarcaram-se do eixo anglo-francês, e Lippmann disse na altura que não desejou a intervenção europeia, mas que uma vez lançada, também não desejava o seu inêxito. Os EUA ainda apostavam na doutrina Eisenhower: dinheiro, assistência, desenvolvimento aos países livres, separação absoluta das tendências coloniais europeias. Depois da aventura do Suez, franceses e ingleses entregaram aos americanos a responsabilidade da defesa ocidental ante o simpático urso soviético. Quando estalou a Coreia, e depois o Vietnam, mandaram dizer aos americanos que se lembrassem do Suez.
posted by FNV on 11:49 da manhã
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A SALVAÇÃO: No mesmo mês, os dois maiores representantes das qualidades do Vinho do Porto editaram discos. Ambos a atravessar uma fase de fascínio/desencanto com a América.
Com Foreign Sounds, Caetano Veloso regressa ao inglês, acrescentando a sensualidade tropical da sua voz a famosos temas de compositores americanos. De Sinatra a Kurt Cobain. Como eu gostava de aprender a envelhecer assim !
Num disco pacifista, de desencanto e revoltado pelos conturbados tempos que vivemos, David Byrne está de volta. Com elegância e beleza inigualáveis. Inovador. Ousado. Aventura-se por árias e canta em francês. É uma daquelas demonstrações de tanto virtuosismo que até mete nojo.
Tenho para mim que o contacto com estes exemplos de génio simples, puro, intemporal nos insinua o caminho da Salvação. Levando-nos por momentos a pequenos recantos do Paraíso.
posted by NMP on 4:46 da manhã
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O MAR SALGADO é uma nau caótico-pluralista tripulada por marujos indisciplinados, com mau feitio e apetite voraz. Pedidos de consultas e conselhos sentimentais para lobosdomar@hotmail.com
posted by NMP on 4:41 da manhã
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CARTÃO AMARELO: Alguém me explica o que quer dizer a expressão mostrar um cartão amarelo ao Governo ? Tem conteúdo político ? Contém uma proposta política ? É uma expressão de esquerda ou de direita ? É calão ? Jargão científico ou profissional ? Não me digam que é uma expressão com origem nalgum jogo ou desporto ?
Não é por nada, mas desde que tomei conhecimento de uma queixa por causa do slogan (aliás não muito feliz) Força Portugal, por este ter supostamente implícito um aproveitamento do futebol e do Euro 2004, tornei-me muito mais rigoroso e escrupuloso.
Não há causa com que eu mais concorde do que separar política e futebol.
posted by NMP on 4:21 da manhã
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QUE LAS HAY, LAS HAY: O senhor Zapatero vai mandar retirar as tropas espanholas do Iraque. Certamente por coincidência, o novo farol da resistência global anti-imperialista Moqtada Al-Sadr deu ordens para as suas milícias não atacarem mais soldados espanhóis.
Eu não acredito em coincidências, pero que las hay, las hay.
posted by NMP on 4:15 da manhã
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DOUBLE STANDARD: Por estes dias, assistimos a mais um escandaloso exemplo deste tique de jornalistas, analistas e comentadores, no mundo real e na blogosfera.
Bush apoiou o plano de Sharon de retirada da Faixa de Gaza e Margem Ocidental. Dias depois, John Kerry concordou.
A administração americana condenou o ataque ao líder do Hamas, apelando à contenção do governo de Sharon, mas manifestando a opinião de que Israel tem todo o direito de se defender de terroristas. Kerry, em entrevista no Meet the Press, apenas concordou com esta parte final.
Lendo a imprensa portuguesa e grande parte da blogosfera, conclui-se que jornalistas, analistas e comentadores entendem que Bush deu uma machadada violenta nas perspectivas de paz e apoia uma política de terrorismo de Estado e de assassínios selectivos. Sobre o mesmo assunto e posições idênticas (ou quiçá até mais pró-Israel) ficamos a saber que o bom e generoso Kerry apenas assumiu estas posições políticas por razões eleitoralistas, para não alienar o voto judeu.
Como nos explicaram, o senhor Bush é um homem mau, com maus instintos, enquanto o pobre senhor Kerry se limita a flexibilizar os seus bons princípios para cumprir com as regras do jogo democrático. O que em Bush é retratado como manifestação de natureza ruim e má formação torna-se um elegante e quase genial artifício retórico e brilhante jogada política na imaculada boca de Kerry.
Esta cobertura noticiosa e análise tendenciosas não são novidades. Basta estar um pouco atento para perceber este favoritismo por um dos lados da disputa pública que domina as redacções e os meios intelectuais. Mas em anos eleitorais a coisa costuma agravar-se. Espíritos normalmente sensatos e equilibrados chegam a dar cobertura às teses mais abstrusas, como a que Bush soube do 11 de Setembro antes desse dia (este argumento anedótico foi muito popular aí há coisa de 2 semanas atrás).
Preparem-se para a ampliação deste triste espectáculo. Mantenham-se atentos. Convoquem o espírito crítico. Porque a manipulação e o descaramento informativos já andam por aí a todo o vapor. E daqui até Novembro será sempre a piorar.
posted by NMP on 3:45 da manhã
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ALGUÉM PODE EXPLICAR? De toda esta questão que a auditoria à anterior gestão da Câmara Municipal do Porto tem revelado, e sem querer saber se alguém é ou não culpado (isso ser-nos-á certamente esclarecido através de uma qualquer carta enviada pelos arguidos ao Presidente da República, como tem vindo a ser habitual depois de este ter resolvido passar a intervir periodicamente nos processos judiciais em curso), há um ponto que ninguém ainda explicou nem se quis perguntar: a que propósito os cheques eram passados em nome da Vereadora? Isso é comum?
DURÃO, O SAPATEIRO E O CARAMELO SOLANA: Começaria por fazer uma pequena ressalva sobre o título deste post: Durão e o Sapateiro são duas personagens distintas. Retomando, penso que um dos sintomas da pequenez deste país - situação que, pelos vistos, ainda vai demorar uns anos a debelar - é a forma como certa imprensa nacional repercute declarações de estrangeiros sobre Portugal ou sobre instituições Portuguesas. É quase sempre de mão estendida, como quem espera avidamente uma esmola de reconhecimento ou como quem se apresenta ao castigo, humildemente, para levar umas merecidas reguadas de povos mais civilizados. E que, por virem de povos "mais civilizados", serão sempre justas e adequadas.
O Sapateiro, com a delicadeza característica do mister, afirmou que não queria ficar na fotografia dos Açores. Durão atira-lhe a carapuça - certeira - de ajoelhar perante os terroristas caso optasse (como optou) pela retirada das tropas do Iraque. Cai o Carmo e a Trindade e Durão começa a ser fustigado pela imprensa. Como se não bastasse, ainda aparece o caramelo Solana - do partido do Sapateiro - a criticar directamente o PM Português, abstraindo do seu cargo e do local onde se encontrava a prestar declarações. E o que fez a nossa imprensa? Fustigou Solana e alertou para a inacreditável ingerência por si protagonizada? Exigiu a sua demissão por falta de isenção para o cargo? Exigiu a devolução da parte do seu salário que é paga por Portugal, atendendo à sua parcialidade? Claro que não! Engoliu o "caramelo", com papel e tudo e... fustigou Durão novamente!
É óbvio que o Sapateiro não esteve bem e que Durão também não. Mas, com esta mentalidade miserabilista nunca passaremos da cepa torta.
PS: Esperemos que o exagerado empolamento desta situação pelos espanhóis - e pela imprensa portuguesa - não seja um mero pretexto para o endurecer das posições do nosso estimado vizinho nas negociações - que se avizinham - sobre as águas fluviais da península. Veremos.
posted by Neptuno on 10:54 da tarde
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PRIMEIRA MÃO: O Mar Salgado pode divulgar, em primeira mão, que o Ministro da Administração Interna português convidou oficialmente o seu homólogo finlandês para uma visita às indústrias têxteis do Vale do Ave. Ao que parece, uma empresa finlandesa de confecções pretende importar vários quilómetros de tecidos fabricados em Portugal para executar as fardas das forças de segurança daquele país nórdico, que o seu Governo posteriormente adquirirá. As despesas da deslocação correm, como é natural, por conta das ditas indústrias.
Estão já agendadas outras visitas semelhantes: proximamente, o Ministro da Economia alemão visitará as nossas indústrias corticeiras, para avaliar a qualidade do projecto apresentado por uma empresa alemã que consiste em forrar a cortiça (portuguesa) todo o interior do Bundesbank; e a Dra. Ferreira Leite deslocar-se-á ao País Basco para testar, in loco, a qualidade dos dez milhões de barretes bascos, adornados com uma pequena insígnia metálica em forma de 2,99%, com que o Governo nos presenteará, ele próprio, no termo de 2004.
O que mostra que Martins da Cruz abandonou o Executivo, não por causa dos boatos que por aí circularam, mas sim porque o seu conceito de diplomacia empresarial era já, notoriamente, antiquado.
posted by PC on 10:31 da tarde
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POLÍTICA: Aproveitando o repto do Vostrodamus, passo a citar António Barreto (de quem sou insuspeito admirador), na sua entrevista de hoje ao Diário Económico:
"A classe política é muito pequenina. (...) Criou-se um sistema de partidos fechado, um aparelho de defesa de uma raça. (...) É uma fortaleza, só entra quem eles quiserem. É uma partidocracia, não tenho dúvidas nenhumas. Nunca lhes ocorre mudar as regras, a maneira de fazer política. Ninguém quer é alterar o seu estatuto de predador." António Barreto pensa - e com razão - que a justiça é uma prioridade absoluta já que tudo depende dela e é um dos pilares da democracia. Sobre a classe política disse: "Frágil, temerosa, mais interessada em defender-se que em mudar, alterar e transformar-se, provinciana e ainda uma boca predadora." Sobre as elites: "Muito incultas, parasitárias do Estado. Os melhores são os que foram lá fora. Os que nunca saíram daqui são muito provincianos."
posted by Neptuno on 10:30 da tarde
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ROSCA MOÍDA IV: Certamente que me perdoarão, mesmo aqueles mais aguerridos e que gostam de ver sangue, aqueles que se perdem por uma valente sarrabulhada, mas compreenda-se que quem vive em dieta não consegue pensar noutra coisa. Vai daí, por mais que tente concentrar-me no computador não consigo deixar de pensar numa bela, grande e fofa regueifa ou, como se diz em muitas zonas do país, rosca.
Há lá coisa melhor do que uma grossa fatia de rosca, acabadinha de fazer, bem untada de manteiga amarelinha e cremosa?... O único senão das roscas é o caminho da padaria para casa pois qualquer que seja a distância, ele parece ser sempre excessivamente longo e demorado, dá quase vontade de ir à padaria comprar a rosca já munido de um pacote de manteiga e de uma faca apropriada. Há por aí tanta lei, devia ser criada uma que obrigasse o padeiro a vir a casa entregar as roscas para se evitarem aqueles momentos de dura ansiedade, em que já temos a rosca debaixo do braço mas ainda não estamos em casa, devidamente munidos da faca e da manteiga.
Durante anos, para me distrair, vinha da padaria a tentar decidir-me se atacava a rosca logo, de imediato, fresquinha, ou se a torrava. Hoje já tenho por hábito, sempre, comê-la no dia, fresca, em grossas fatias bem barradas de manteiga (convém tirar a manteiga do frigorífico antes de ir comprar a rosca, para que esta fique com a consistência ideal). Guardo para o pequeno-almoço do dia seguinte a possibilidade de comer a rosca, também em grossas fatias mas agora torradas. Torradas, não. Levemente tostadas. Devem ficar apenas amareladas... no máximo, talvez cor de canela. Sugiro – para torradas de rosca - que se derreta a manteiga (sem nunca a deixar queimar!) e que seja usado um pincel para passar a manteiga (se ninguém estiver a ver, passar dos dois lados). Pode-se acrescentar sempre uma compota, a de cereja liga magnificamente. Chá, claro, à escolha do freguês. Uma lareira bem puxada vem a calhar e, para ler, um bom livro.
É verdade que um bom sarrabulho também é agradável, muito bom, mesmo, gosto bem e não fujo a ele. Mas sarrabulho todos os dias, sempre, sempre que uma pessoa se senta à mesa acaba por se tornar desagradável, incómodo e enjoativo. A rosca, por seu turno, nunca se torna enjoativa.
Além de tudo, a regueifa, ou rosca, dá para vários dias. Ao fim de dois ou três ainda se fazem boas torradas dela. Tem um travo levemente adocicado e é excessivamente fofa pelo que não serve para pão ralado, mas tenho reparado ultimamente que há gente que a guarda dias e dias a fio, à espera do momento mais conveniente (geralmente, na primeira hipótese) para a moer e, depois de bem moída, certamente dela fazer uma grande açorda, pois não vejo que mais se possa fazer com rosca moída.
Eu cá gosto muito de açordas, também. Perco-me por uma boa açorda de tomate, no forno, com ovos estrelados ou escalfados. Mas acho que a consistência e o sabor da rosca não a tornam muito propícia a confeccionar açordas. Para mim, tenho por certo que o melhor para se fazer uma açorda à maneira ainda é o velhinho papo-seco...
posted by VLX on 8:07 da tarde
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ROSCA MOÍDA III: Só um curto, mas importante, esclarecimento. Os leitores mais atentos do Mar Salgado terão estranhado a profusão de elogios e advérbios apologéticos com que o nosso FNV brindou o meu post anterior. Ora bem: para que não passe a impressão errada de que o caro FNV falava a sério, convém esclarecer que o "amigo" que fez as hediondas afirmações sou eu. Assim, fica clara para todos - e não só para mim - a finíssima ironia do marujo. E, por outro lado, liberta-se o homem de um "segredo" de polichinelo a que já aludiu aqui indirectamente umas quantas vezes: já se tornava penoso vê-lo contorcer-se assim para não falar abertamente de uma conversa a dois, nos idos de 2001, que alguma coisa lá no muito fundo dele lhe dizia dever ser privada, porque tida num contexto privado.
Fechado este parêntesis, que permite compreender todo o alcance do texto de FNV, o mais curioso é que a discussão que assim se estabelece é a demonstração perfeita do que pretendi enunciar: não se discute o tema proposto (ser o "cuidado com o teu telhado!" a apóstrofe subjacente a grande parte dos comentários políticos na blogosfera), mas sim a suposta incoerência do contendor; e a espiral de verbosidade inútil vai-se alargando (como se vê pelo presente post).
Por isso, aplicando-me o meu conselho e porque a discussão não pode reduzir-se a isto, páro aqui.
posted by PC on 12:06 da tarde
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É BEM VERDADE: O nosso PC sintetizou muito bem algo que já por vezes, de forma menos clara pretendi aqui expressar. Quando ocorreu o massacre do 11 de Setembro, fui beber uma cerveja com um amigo meu, que desfilou uma série de pecados praticados ou apadrinhados pelos americanos, repetindo a intervalos regulares "agora é que eles sabem o que é ter a guerra em casa". Para minha estupefacção, este meu amigo (compreendo agora depois de ter lido o excelente post - Rosca Moída do nosso PC) quis deixar de discutir um massacre bárbaro ( uma coisa de cada vez) preferindo repescar a História Universal ( outras coisas). O que ele pretendeu foi evidentemente, mostrar o telhado de vidro dos sevandijas norte-americanos. Ficou assim por discutir, nessa noite (ainda não tinha havido guerra do Iraque, que parece ser hoje, juntamente com a Palestina a causa de todos os males), a motivação do ataque: a incomodidade do Islão integrista face à homogeneização da cultura ocidental, desembaraçada da alternativa comunista, baseada na secularização e nos direitos dos homens, como explica Soroush. Ficou também por discutir, uma coisa de cada vez, a própria matriz do ataque: uma declaração de guerra por um não-estado, que foi ao mesmo tempo a guerra-em-si-mesmo, mas massacrando civis apenas, coisa que Hitler, relativamente à Inglaterra, só aceitou fazer depois de verificar que Churchill não cedia, e já no quadro de uma guerra instalada.
Esse meu amigo fez assim o que o nosso PC brilhantemente definiu como um artifício retórico, colocando-se na pele do Grande Julgador, justificando a pedrada de uns, pelos telhados de vidro de outros: de facto, acabei a noite a discutir Israel, Chile, Nicarágua, Pancho Villa, etc. Da próxima vez, já não me apanha.
posted by FNV on 9:59 da manhã
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A ROSCA MOÍDA: Grande parte dos comentários políticos na blogosfera (Mar Salgado incluído) têm por apóstrofe implícita "cuidado com o teu telhado!".
Trata-se, na verdade, de um estratagema retórico que consiste em abdicar da crítica das coisas em si mesmas para apontar uma situação paralela, que se define como análoga, onde o contendor presente terá (ou terá tido) uma posição incoerente com a que agora defende. Por cada Hitler há um Estaline, por cada terrorista palestiniano há um Sharon, por cada Guantanamo há um Fidel, por cada artifício financeiro de Ferreira Leite há um défice oculto de Pina Moura.
Faz lembrar as discussões sobre futebol às 4 da manhã (às vezes antes): não te queixes da roubalheira de hoje, porque em 1987 o Eufrásio Pilheto apitou aquele penalty inexistente que vos deu o campeonato. E este tipo de argumento leva a não discutir a roubalheira de hoje para passar a discutir a acção do Eufrásio Pilheto, ou, na melhor das hipóteses, a questão de saber se se as duas situações são de facto semelhantes.
Os objectivos do estratagema podem ser vários: do estulto "não somos piores que vós", passando pelo cínico "somos só um bando de moscas diferentes", até ao paranóico-conspirativo "verão como se dará um outro nome a um evento igual".
Claro que a denúncia do enviesamento e da incoerência é importante; mas a controvérsia não pode reduzir-se a isso. Por três razões.
Em primeiro lugar, porque provoca uma desertificaçãoo da discussão, tornando-a desinteressante e, sobretudo, estéril, na medida em que a afasta da substância do tema proposto.
Em segundo lugar, porque quem faz essa denúncia tem também, via de regra, uma visão enviesada do problema, o que provoca um jogo de espelhos e uma espiral de verbosidade cada vez mais inútil e de onde é progressivamente mais difícil de sair.
Em terceiro lugar, e decisivamente, porque obriga a um contínuo e fatigante exercício tendente a mostrar a disparidade das situações que o outro definiu como análogas.
Por isso, a menos que se acredite ser-se o Grande Desmascarador e se faça disso a missão da vida, talvez fosse produtivo discutirmos uma coisa de cada vez: hoje, as roubalheiras de hoje; amanhã, a exibição do Eufrásio Pilheto em 1987.
PS: Não sei se vim "meter a colherada" a meio de uma conversa alheia, eructando este bouquet de coisas "sem sentido". Pareceu-me uma coisa inócua: espero estar no bom caminho. Se assim não é, as minhas desculpas ao nosso VLX.
POLÍTICA À PORTUGUESA: A rubrica do Expresso desta semana debruça-se sobre Carlos Queiroz e o momento do Real Madrid. Penso que continuaremos a ser pequeninos enquanto o sucesso ou insucesso profissional de um qualquer português (com ou sem bigode) no estrangeiro for objecto de análise no semanário de referência da imprensa portuguesa - a menos que se trate da secção desportiva.
posted by Neptuno on 10:36 da tarde
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OS SOPRANOS: Sem querer, tornei-me espectador desta série desde que subscrevi a Sport Tv. Há um padrinho que lidera incontestavelmente a sua quadrilha mas que estende os seus tentáculos a todos os figurantes - talvez a troco de uma "quinhentinha". No entanto, penso que a versão disponível é made in Hong Kong, já que também mete dragões...
posted by Neptuno on 10:23 da tarde
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SAMPAIO: Segundo o Expresso, o PR vai arrasar o Governo no discurso do 25 de Abril. Oxalá tivesse tido a mesma diligência aquando do mandato Guterres, em que a gestão ruinosa era bem evidente - neste Governo, pelo menos, ainda ninguém fugiu... Se o tivesse feito, cumprindo o seu dever, talvez este seu próximo discurso pudesse ter um conteúdo diferente
posted by Neptuno on 10:18 da tarde
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DIREITOS DE AUTOR: Apreciei a forma como a generalidade dos media portugueses se têm referido ao assassinato de Abdel Aziz. Aguardo, infelizmente, a forma como se irão referir à retaliação. Algo me diz que verei Judite de Sousa ou as meninas da SIC-Notícias anunciar, por exemplo, que "dez crianças e dois velhos morreram hoje em Telavive, num atentado da autoria do Hamas".
Percebem? Morreram assim como quem morre num acidente de viação, num atentado, coisa vaga, com conotações políticas. Nada de pormenores, como convém: helicópteros, mandantes, identidade das vítimas ( sempre cidadãos anónimos), pormenores técnicos, etc.
Uma das razões do sucesso do terror reside na indeterminabilidade destas identificações. Quando o exército israelita mata alguém, sabe-se quando, como, com quê e porquê. No 11 de Março, meio-mundo andou pelo menos 48 horas sem sequer saber a identidade dos assassinos. Ainda hoje, a identidade dos assassinados ( ou das vítimas?) é um detalhe. A estas confusões identitárias deve-se uma boa fatia do sucesso do terror: nada se concretiza, a não ser a coisa-em-si. E essa, esquecemos e arrumamos depressa no sotão das más recordações. Coisas que acontecem, como um desastre de avião.
posted by FNV on 8:13 da tarde
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ONDE ESTAVAS, HEIM? A TSF está indignada porque Durão Barroso não aludiu ao seu passado revolucionário, numa conferência sobre o golpe de estado ( seguido de Revolução, sim, não me esqueci) de 25 de Abril de 1974. Antes que cheguem a mim, eu confesso: nesse dia, eu estava na escola, tinha levado os TPC por fazer, e passei a manhã toda a catrapiscar a Filipa. Ao almoço comi linguadinhos com batata cozida, e à tarde brinquei com o meu cão da altura, um podengo chamado Toy. Nos dias anteriores lembro-me de ter ido à Serra da Estrela com alguns dos meus irmãos. Em Março tive dores de garganta. Nos meses que seguiram, li afincadamente toda a literatura que me puseram à disposição; a Vida Soviética e o Avante, recordo-me, eram discutidos em reunião plenária, antes da velha cozinheira Florinda e das outras duas empregadas internas servirem o almoço.
Espero que me perdoem este prosaico desvio contra-revolucionário.
posted by FNV on 1:12 da tarde
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FILHOS & ENTEADOS Já que estamos a fugir do lápis azul, recordo que aqui há meses, caiu o Carmo e a Trindade em cima da GNR, porque não deteve o Sr. Ferreira Torres quando este provocou desacatos num campo de futebol. Esta semana, o jogador do SLB, Zahovic, foi intereceptado a conduzir com 1,88 g/l de álcool no sangue. Outro que fosse, teria sidio detido e apresentado em tribunal no dia seguinte. Zahovic não: prometeu aos agentes que ia para casa sossegado e no dia seguinte lá se apresentaria no sítio certo.
Para lá de ser certo que os agentes eram do Sporting, pois um GNR benfiquista não perderia a oportunidade de possibilitar ao Benfica jogar com 11 de vez em quando, outra coisa é certa: a patrulha não teria ficado calada, se em vez de Zahovic, a coisa tivesse envolvido Ferreira Torres ou Vasco Graça Moura.
posted by FNV on 1:04 da tarde
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O AREIAS E OUTROS CAMELOS: A minha formação profissional de base está ligada a esse fabuloso embuste que é a psicologia modernaça. Felizmente pude aprender psicologia a sério, com Séneca, Pascal, Nietzsche, Schopenhauer, Freud, entre outros. De qualquer forma, devido a essa e outras formações, sempre achei que o sistema, no futebol português não tem nada a ver com nomeações de árbitros, penalties ou expulsões. O sistema português reside na inteligência, no conhecimento, e no interesse, coisas que, como se sabe, são menos espectaculares que golos mal anulados ( como o de Romeu, em Guimarães, com o adversário no tapete) ou a defesa de certo guarda-redes fora de área ( com a sua equipa cansada e entalada).
Esse sistema não é conspirativo nem obscuro. Por um lado, assenta no perfeito conhecimento de todos os mecanismos de controlo da mecânica do espectáculo - onde vive fulano, de que clube é beltrano, com quem almoçou sicrano - coisas que periódicamente são trazidas à luz do dia: "sabemos de que o Sr. X esteve a almoçar anteontem com o delegado Y, cuja filha namora com com o sobrinho daquele". Resultado: os actores compreendem rápidamente que enquanto uns vigiam o que eles fazem no rectângulo, outros sabem até qual a praia brasileira que preferem. Passam a pensar duas vezes antes de afrontar gente tão meticulosa.
Por outro lado, o interesse, corporizado em rendas pagas religiosamente, permite às organizações menores, que só lateralmente competem com os arquitectos do sistema, receber a horas certas. Por isso, o defesa esquerdo Areias, que tem sido o melhor jogador do Beira-Mar esta temporada, e que está de malas feitas para o adversário de hoje do seu actual clube, por uma original opção técnica, não alinhará esta noite. Limpinho, sem espinhas nem bossas.
posted by FNV on 12:35 da tarde
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CENSURA: Por vezes não consigo deixar de pensar nos divertidos efeitos laterais da existência de uma censura e da falta de liberdade de expressão. O que não deviam gozar antigamente os cronistas dos jornais, os que faziam letras para canções! Aqui neste barco é mais consentido arrombar a porta da despensa e da adega do que falar daquele desporto que, enfim..., eu não posso falar muito dele, compreendam..., mas que tem 11 tipos de cada lado (ou menos, se se portarem mal), num campo relvado, atrás de um esférico, tentando metê-lo na baliza adversária que geralmente é defendida por um guarda-redes (mas nem sempre...), arbitrados por três inteligentes mais um, todos dependentes de um nunca muito bem identificado sistema (pelo menos a avaliar pelo argumento a que recorrem invariavelmente os não vencedores crónicos). Enfim, vocês sabem: aquele desporto que deixa quase sempre, no fim do ano, uns quantos verdes de inveja, a maioria vermelha de raiva e os restantes num paraíso maravilhoso, completamente nas nuvens alvas, branquíssimas, num fundo de azul celestial, em felicidade suprema, após todo o esforço do ano e dedicação ao trabalho, devidamente orientado. Fugir ao lápis censor (azul, também ele; até o lápis se resignou) é um dos bons e divertidos momentos desta vida. Principalmente não havendo Sibérias no horizonte.
posted by VLX on 4:04 da manhã
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EXCELENTES CABIDELAS: Confesso que não sou particular adepto do frango. Não simpatizo com ele assado, de churrasco ou grelhado, não lhe acho graça estufado, mesmo que com ervilhas e cebolinhas pequeninas; e apenas o tolero em empadinhas se a massa folhada for boa e se estiverem ainda quentinhas. Já vejo o frango com outros olhos se bem misturado num carregado arroz, um arroz de frango bem puxado, no tacho ou no forno, com finas rodelas de chouriço a enchê-lo de calorias... Assim sim, já me começo a dar bem com o frango. Então se passarmos a falar de um arrozinho de frango de cabidela, aí eu sou um adepto fervoroso e faço os quilómetros que forem necessários para o provar.
Cá em casa sai bastante bem mas eu acho que ainda não está completamente nos níveis em que eu o pretendo (mas lá chegará). Aqui ao lado, no Chanquinhas, continua a comer-se um excelente arroz de cabidela, não falha (e, se falhar, é um dos poucos sítios onde se come uma belíssima farinha de pau, mas isso fica para outro dia).
Uma das melhores cabidelas de frango que provei fora de casa foi no Favas Contadas (agora Cepa Torta), na Foz do Douro, quando o Carlos Rocha nos deliciava com a sua cozinha maravilhosa. Mas o melhor arroz de frango de cabidela que se faz e que já comi é, de longe e de caretas, o de casa do meu irmão. Eu nem posso falar muito disso que começo para aqui a comover-me e é uma choradeira danada. Na belíssima e feliz ilustração de Luís Fernando Veríssimo, se falo muito nessa cabidela começa “estranhamente a nascer-me uma lágrima no canto da boca...” Que cabidela de frango! Que senhor arroz de cabidela!... Ai, ai... é melhor nem pensar nisso.
Aprecio também o Ricardo, esse rapaz da selecção; mas é melhor parar por aqui porque senão é uma empanturradela de frangos e eu não me posso esquecer de que estou de dieta!
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.